No dia seguinte, eu estava de pé bem cedo. Estava disposta passar mais um tempo com o meu marido e acompanhar sua rotina de trabalho na fazenda.
Eu havia delegado algumas funções pra as funcionarias da minha loja em São Paulo e me ausentaria um pouco enquanto estivesse aqui, mas, ainda assim gostaria de estar a par de tudo que estivesse acontecendo por lá.- Bom dia, meu amor. - Falo quando o Fernando chega a mesa para tomar café.Ele parece realmente surpreso ao me ver acordada tão cedo, até eu estoou surpresa com esse feito.- Não te encontrei na cama quando acordei, pensei que estivesse trabalhando em algum projeto. - Ele diz se sentando ao meu lado e me dando um beijo carinhoso nos lábios.- Não, vou descansar um pouco do atêlie, por alguns dias. Quero te acompanhar hoje, vê algum problema? - Pergunto e ele sorri.- Claro que não, linda. Fico feliz que vá me acompanhar hoje. - Ele diz e sorrio.Quando o Fernando confirmou que já tinha se relacionado com a Júlia, mil coisas se passarão pela minha cabeça e eu só consegui imaginar o quanto aquele almoço com ela ontem foi bem perfomatico, ela poderia muito bem estar tentando ser simpática comigo, tentando me passar confiança, enquanto não parava de falar o quanto ela e o Fernando eram amigos, quando estava claro que eles haviam sido muito mais que amigos. Ele ter dito pra mim que qualquer coisa que eu perguntasse sobre esse período, não me fez enchê-lo de perguntas, pois eu sabia muito bem que poderia me arrepender muito depois, então, preferi ficar quieta e não perguntar nada sobre, afinal. Ela fazia parte do seu passado, ou pelo menos o relacionamento deles e eu não gostaria de trazer isso a tona.- Aqui é bem amplo e arejado. - Falo pro Fernando depois ndele fazer um tour comigo pela transportadora.A fazenda era uma grande produtora de cana de açúcar e também responsável pela sua exportação. Era uma fazenda da família do meu marido, mas como ninguém estava muito interessado a voltar a trabalhar nesse ramo, ele resolveu assumir a frente dos negócios.- Sim, demos uma mudada aqui, era muito pequeno e não tinha ventilação. - Ele diz e cumprimenta alguns funcionários.- Carol, como é bom ver você por aqui. Posso te mostrar um pouco da transportadora e como as coisas funcionam por aqui. - Júlia diz saindo de uma sala e sorri ao me ver.Sinto como se ela tivesse ficado decepcionada com minha presença, ela me avalia de cima a baixo.- Oi, Júlia. É bom ver você também. Muito obrigada pela gentileza, mas o Fernando já fez um tour comigo. - Falo e ela sorri.- Bom dia, Nando. - Ela diz docemente.- Bom dia Júlia. Como estão as coisas? - Meu marido pergunta.- Adoraria dizer que está tudo bem, mas houve um problema na carga que saiu ontem, acabamos perdendo toda a mercadoria.- Como isso aconteceu Júlia? - Ele pergunta visivelmente preocupado.- Eu não sei, estou tentando ver o que posso saber. Tinha algum solvente no interior de um dos caminhões. - Ela diz.- Mande o José passar na minha sala para me explicar direito isso. - Fernando dizz irritado e me guia para dentro de sua sala.Por dentro, o escritório é bem arejado e iluminado, mas um lugar sem muitos detalhes. Apenas um computador em cima de uma escrivaninha e um porta retrato chama minha atenção na mesa. Pego o porta retrato pra ver qual a foto que está nele e é uma nossa, de nosso casamento. Não sei porque me sinto aliviada ao ver que é uma foto nossa.- Meu dia vai ser um pesadelo, ainda bem que você está aqui. Vai fazer tudo ser mais tolerável. - Meu marido diz e se senta na sua cadeira abrindo o computador.- Deixa eu te ajudar com alguma coisa, meu amor. Quero ser útil. - Falo colocando o porta retrato em cima da mesa e ficando ao seu lado.- Carol, eu sei que odeia ficar parada, então se você puder me ajudar a dar uma organizada naqueles arquivos. - ele aponta para um gaveteiro no fundo da sala.Passo a manhã organizando por ordem alfabetica o gaveteiro de arquivos que parece não ter sido arrumado há muito tempo.Não deixo de notar toda a irritação e estresse do Fernando com a questão da carga.- Nando, consegui contornar a situação da perda da carga, mas não sem um enorme prejuizo. - Observo a maneira que a Júlia entra no escritório, sem bater.- Não podemos ter mais prejuízo, Júlia. - Fernando fala muito estressado. - Onde está o José? Quero que ele me explique o que aconteceu.- O José foi até lá trazer toda a carga de volta e levar a outra. Fernando, ele não tem nada a ver com o que aconteceu, essa responsabilidade é toda minha. Eu contratei outra pessoa e deixei responsável por fazer a entrega dessa carga. Ele não tinha experiência na rota, parece que parou na rodovia e abriu o fundo do caminhão para levar uma coisa para alguns conhecidos na mesma cidade e isso aconteceu. Eu sinto muito por isso, irei me responsabilizar pelos danos causados. - Júlia se explica.- Olha, Júlia, não estou afim de conversar sobre isso no momento, mas você está há anos em um cargo de confiança, não deveria estar cometendo esses tipos de erros como se fosse uma iniciante, você não é! -- Eu sei, sinto muito por isso. - Ela diz e sai.Me levanto de onde estou e não dá para disfarçar que o Fernando esteja muito impaciente.- Quer ir almoçar agora, meu amor? - Pergunto sendo polida.- Não, Carol, estou cheio de problemas que precisam serem resolvidos.- Imagino que possa fazer isso depois do almoço, Fernando. Você está uma pilha de nervos. - Falo e ele respira fundo.- Você não deixa as coisas do ateliê para resolver depois, por que eu deixaria as minhas coisas para depois? - Ele me repreende com um humor péssimo.- Eu estou apenas tentando cuidar do meu marido, você deveria deixar de me alfinetar o tempo inteiro, isso é muito chato. Eu estou aqui tentando fazer as coisas de uma maneira diferente, estou do seu lado, Fernando. Sei que você está segurando uma barra aqui com todos esses problemas na administração da fazenda. Não mine o nosso relacionamento com problemas de trabalho. - Falo perdendo a paciência e saindo de dentro da sala.Quando saio da sala tem meia dúzia de funcionários, caminhando de um lado a outro parecendo bem ocupados em suas funções.Apenas caminho para o lado de fora, precisando de um pouco de ar. Penso em voltar para a sede da fazenda, mas como estou sem carro aqui, a única maneira de fazer isso sem precisar pegar o carro do meu marido é indo a pé e só não faço isso pois não sei o caminho de volta. Respiro um pouco de ar fresco e observo do lado de fora da transportadora a Dodge Ram do Fernando parado em frente a empresa e ao lado uma Hilux branca que imagino ser da empresa também.- Vamos almoçar na fazenda, Carol. - Sinto os braços do Fernando me abraçarem por trás e respiro aliviada.Me viro para abraça-lo e dou um beijo carinhoso em seus lábios. Eu gostaria de poder ajudar mais o meu marido com tudo e confesso que estava tão focada em meu ateliê que acabei jogando meu casamento para escanteio, sem perceber que ele estava enfrentando tantos problemas e sem fazer nada para ajuda-lo.Com o passar dos dias eu já estava cada dia mais habituada com as coisas da transportadora, as coisas estavam melhorando e os negócios estavam indo de vento em polpa. O irmão do Fernando tinha vindo para cá passar um tempo aqui juntamente com a sua esposa, Ana, que era uma amiga que eu adorava. O que tornou as coisas mais leves por aqui, pois eu não me sentia mais tão sozinha sem uma amiga. - Carolzinha, quando pretende ir em São Paulo? - Ana pergunta enquanto almoçamos. - Não sei, Ana, mas acredito que não vá demorar muito, eu preciso checar como vão as coisas no ateliê. - Ela diz e não deixo de notar que está usando um lindo vestido da minha marca - E obrigada pelo apoio de sempre, esse vestido é realmente lindo. - Falo e ela sorri. - Está brincando? Eu amoo essa marca. - Ela diz e me recosto na cadeira tomando um pouco de suco. - Fiquei sabendo que o Fernando namorou com a Júlia durante um período. - Comento como quem não quer nada, mas a verdade é que a falta de detalhes sobre
Depois do desentendimento que tive com o Fernando, senti uma vontade imens de chorar, mas me contive. A vontade de pegar minhas coisas e voltar para São Paulo era imensa, mas fazendo isso só desencadearia uma crise maior em meu relacionamento, e eu queria evitar isso a todo custo.Dentro de mim eu sentia uma angústia e sabia que teria problemas muito maiores em breve, eu queria muito fugir ou evitar isso, mas sabia que era inevitável, eu teria que enfrentar o que quer que fosse.***Os dias estavam passando e eu sentia que meu casamento estremecia a cada dia que passava, não sabia o que podieria fazer para salvá-lo, sentia que estava apenas deixando isso acontecer.- Carol, você é minha amiga, converse comigo. Você está se fechando mais a cada dia que passa. - Ana diz quando estou sentada na varanda desenhando um croqui.Era sábado de manhã e a noite seria oferecido um jantar aqui na fazenda pelo desempenho nos negócios da transportadora.Dou um longo suspiro me sentindo emocionalment
Quatro anos depoisMeu dia estava sendo cheio e eu não via a hora de ir para casa para deitar e descansar um pouco. Desde que cheguei de Portugal, estava tudo sendo uma loucura, tive que alugar um carro, resolver pendências no ateliê e dessa vez tive que trazer o Pedro, pois a babá dele estava de férias e eu não confiava em outra pessoa para cuidar do meu filho.Já se passava das 16:00 da tarde quando fui montar um manequim na loja, aproveitei que essa hora o movimento era reduzido e fui fazer isso enquanto esperava minha mãe voltar do parquinho com o Pedro.- Mari, tem certeza que não quer passar aqui em outro momento? Eu tenho algumas coisas para fazer mais tarde. - A voz que ouço me deixa petrificada no lugar, tento sair mas acabo me atrapalhando com algumas roupas da arará e caio no chão.- Moça, você está bem? - Minha ex cunhada vai até mim, mas quando me vê ela abre a boca levemente, parecendo surpresa.- Oi, Mari, como vai? - Falo e me levanto do chão.Ela
No dia seguinte bem cedinho, eu estava na empresa da família do meu ex marido, seria difícil encarar todas as pessoas que fizeram parte da minha vida um dia, eles me odiariam pelo que fiz, assim como tenho certeza, a Marina estava me odiando.- Olá, Maria. O Fernando já chegou? - Pergunto assim que chego no andar onde o Fernando cuidava da administração. Pra mim não tinha sido difícil entrar no prédio da empresa, afinal, eu fui esposa dele, portanto, ainda tinha acesso a empresa com meu sobrenome, já que continuei com o nome do Fernando, mesmo após o divórcio. A funcionária de longos anos do Fernando pareceu surpresa ao me ver ali. - Carol, faz tempo que não vejo você, como estão as coisas? - Ela pergunta e sorrio forçadamente. A Maria não era uma pessoa ruim, eu sempre simpatizei com ela, mas naquele momento eu estava tão nervosa, não consegueria ser simpática com ninguém. - Estou bem. Que horas o Fernando chega? - Voltoa perguntar.- Ele já deve estar chegando, quer tomar alguma
- Como foi filha? - Minha mãe pergunta assim que chego no meu apartamento. Eu queria me enfiar debaixo de minhas cobertas e chorar o dia inteiro, mas não poderia fazer isso, era difícil, mas eu tinha que resolver meus problemas como adulta. - Não foi bom, mas não foi tão ruim. - Respondo. - Onde está o Pedro?- Está na sala assistindo. - Ela diz e assinto. - Aí mãe, eu não sei o que fazer. O Fernando quer conhecer ele. - Carol, ele ainda é pequeno, vai ser melhor fazer isso agora do que em outro momento.- Eu sei, vou aos poucos conversando com ele. Preciso que me ajude com isso mãe. - Eu estou aqui pra ajudar você, Carol. - Mamãe chegou? - Ouço a voz do meu pequeno e vou até ele na sala.Ele se joga em meus braços quando me vê e parece que fiquei longe durante uma eternidade.- Cheguei, meu amor. - Falo e me sento com ele no sofá.- Mamãe, a vovó colocou patulha canina pa eu sistir. - Ele conta. - Que legal, Pedro. Você gosta desse desenho? - Pergunto e aninho ele em meu colo
Fernando- Você é o meu papai? - ouvir aquele serzinho me perguntando aquilo, me deixava em euforia, e ao mesmo tempo, fazia meu coração se estraçalhar. Saber que a mulher com quem passei cinco anos compartilhando uma vida junto, havia sido capaz de esconder uma coisa dessa de mim, acabava comigo. Eu sempre fui apaixonado pela Carol, desde o momento em que coloquei meus olhos nela, eu quis que ela fosse minha. E foi o que aconteceu, namoramos durante um tempo, mas ela era uma garota diferente das outras que eu havia me envolvido. Ela era recata, sexo seria apenas após o casamento. Ela fez questão de deixar claro quando a pedi em namoro, que se eu não tivesse intenção de casar com ela, que nem começassemos a namorar, pois ela só iria se entregar a um homem após o casamento. Esse pedido poderia ter me afastado dela, e ter voltado atrás com o pedido do namoro, mas a partir daquele momento, eu me apaixonei ainda mais por aquela garota. Eu soube que ela seria minha esposa, ela era uma me
CarolA cada dia que passava, o Pedro estava mais apegado ao Fernando, ele sempre falava do pai. Isso me deixou de certa forma, aliviada. Eu havia ficado apreensiva do Pedro não aceitar muito bem essa ideia, afinal, sempre foi apenas nós dois.Na segunda feira de manhã, eu havia chegado cedo ao ateliê. Não sabia como estava o andamento dos vestidos da Soraya, mas sabia que estava na hora de tomar as redeas da situação, ou a cliente jogaria o nome do meu ateliê na lama. Assim que cheguei, entretanto, ouvi o barulho de uma máquina costurando e fiquei atenta, era muito cedo. Entro dentro da confecção e encontro a Aline debruçada sobre a máquina, costurando alguma coisa. Vejo que tem algumas latas de energetico e alguns copos de café de uma cafeteria aqui da paulista, em cima de uma mesa. - Aline? - Chamo ao ver que ela sequer nota minha presença.Ela se assusta com minha presença e quando levanta o olhar noto que tem olheiras enormes em seu rosto.- Você passou a noite aqui? O que acon
- Você quer tomar café? Ainda não comi nada hoje. - Chamo o Fernando que está junto com o Pedro sentados na poltrona do meu escritório enquanto desenham alguma coisa. Minha mãe viajou me deixando desnorteada, não sei como vou fazer esses dias sem ter nenhuma babá aqui, mas vou ter que dar um jeito.- Você quer deixar o Pedro comigo, Carol? Tenho algumas coisas para fazer na empresa, mas minha mãe está lá. - Fernando pergunta enquanto caminhamos a uma cafeteria. - Não, vou dar um jeito. Meu filho sempre está em primeiro lugar na minha vida, o trabalho vem depois.- Mamãe, quero ir com o papai. - Meu filho diz no colo do Fernando.- Minha mãe está louca para conhece-ló, Carol. - Ele diz e suspiro. Agora que o Fernando tinha conhecimento da paternidade, eu sabia que em breve sua família teria que conhecer o Pedro, só não imaginava que fosse tão rápido. Não conseguia nem imaginar como a Irene passaria a me odiar por eu ter lhes privado de conhecer o Pedro. Depois de tomarmos café, vo