Capítulo 5

Quatro anos depois

Meu dia estava sendo cheio e eu não via a hora de ir para casa para deitar e descansar um pouco. Desde que cheguei de Portugal, estava tudo sendo uma loucura, tive que alugar um carro, resolver pendências no ateliê e dessa vez tive que trazer o Pedro, pois a babá dele estava de férias e eu não confiava em outra pessoa para cuidar do meu filho.

Já se passava das 16:00 da tarde quando fui montar um manequim na loja, aproveitei que essa hora o movimento era reduzido e fui fazer isso enquanto esperava minha mãe voltar do parquinho com o Pedro.

- Mari, tem certeza que não quer passar aqui em outro momento? Eu tenho algumas coisas para fazer mais tarde. - A voz que ouço me deixa petrificada no lugar, tento sair mas acabo me atrapalhando com algumas roupas da arará e caio no chão.

- Moça, você está bem? - Minha ex cunhada vai até mim, mas quando me vê ela abre a boca levemente, parecendo surpresa.

- Oi, Mari, como vai? - Falo e me levanto do chão.

Ela me abraça e me cumprimenta com um beijinho.

- Não sabia que estava aqui, Carol. - Ela fala e olho para o Fernando.

Ele parece estar mais forte, mais maduro e por Deus, ele está definitivamente mais bonito, seus cabelos estão maiores e suas feições parecem cansadas.

- Oi, Carol. Como você está? - Meu ex marido me cumprimenta e me lembro que há qualquer momento minha mãe chegará com o Pedro.

Essa possibilidade me deixa nervosa.

- Fernando. - Falo apenas isso, pois é a única coisa que consigo, pois logo em seguida ouço o grito estrondoso do meu filho entrando pela porta do ateliê.

- Mamãe!!! - Pedro corre em minha direção e se j**a em meus braços.

Não consigo olhar para a Marina, tampouco para o meu ex marido.

O Pedro era uma cópia fiel do pai, eu sabia que no momento em que o Fernando colocasse os olhos nele, ele saberia. Eu só não imaginava que isso aconteceria por um descuido meu.

Minha mãe entra logo atrás do Pedro e ela fica boquiaberta com a presença da Mari e do Fernando.

- Quantos anos ele tem, Carolina? - ouço a voz do Fernando soar atrás de mim e estremeço.

Meu filho se revira em meus braços e olha para o Fernando.

- Mamãe, ele está falando comigo? Eu tenho três anos. - Pedro fala e minha mãe me olha assustada.

- Mãe, leve o Pedro lá pra dentro. - Falo nervosa.

- Você não seria capaz de fazer isso. - Seu tom de voz sai rude.

Minha mãe se atrapalha ao passar por eles e me viro para que o Fernando não fique olhando muito para o Pedro, mas sei que o estrago já está feito.

- Mãe, rápido. - Falo e ela estende os braços para pegar o Pedro, mas ele não quer sair do meu colo.

- Quero ficar com você, mamãe.

- Carol? - Mari chama e ignoro-a.

- Meu amor, a vovó vai dar frutinha e suco pra você ficar bem forte, tá bom? Eu já tô indo pra lá ficar com você. - Falo e ele assente, aceitando ir para os braços da minha mãe.

Minha mãe entra rapidamente para a parte interna do ateliê e sinto-me jogada aos leões.

- Quer nos falar alguma coisa, Carol? - A voz da minha cunhada soa bem alta.

- Mari, por favor... - começo mas o Fernando se altera.

- Fale, Carolina! - Ele eleva o tom de voz.

- É isso mesmo, Fernando. Ele é seu filho. - Falo em um fio de voz.

- Você não tinha o direto de fazer isso, Carolina, você não tinha!! - Ele diz.

- Podemos conversar em outro momento, agora não. - Quase suplico, mas os olhos do Fernando estão marejados, ele parece que vai desabar a qualquer momento.

- Pra você sair do país e esconder o menino, como em todos esse anos? - Ele grita e olho em volta da loja, por sorte não tem ninguém, apenas algumas funcionárias. - Como você teve coragem de fazer isso comigo, de fazer isso com uma criança?

- Você não foi o melhor marido do mundo, Fernando. Quando descobri sua traição, eu sofri um acidente, sai tão alterada daquele lugar, que sofri um acidente. E não sou apegada a bens materias, mas não fiz questão de nada no divórcio...

- Carol, por favor, você escondeu um filho. Você não nos deu a chance de ver crescer e amar essa criança, você entende a gravidade disso? - É a vez da Mari falar.

- Você entrou com um divórcio litigioso, não me deu a chance de conversar, de explicar nada, saiu do país e ninguém teve mais notícias suas. Eu vou ser implacável com você agora, não me sentirei culpado por isso, e nem tente sair de São Paulo, a justiça vai atrás de você. Eu vou atrás de você, você está com meu filho. - Ele diz e se vira e sai com a Marina.

Nesse momento sinto meu mundo desmoronar, a vida que criei para mim e para o meu filho, acaba de ir pelo ralo.

Quando eu descobri que a Júlia estava grávida, eu peguei meu carro e sai da fazenda sem olhar para trás, sentia-me destruída, traída. Sentia-me culpada pela traição. A Ana foi a São Paulo juntamente com o Felipe dizer que o Fernando havia expulsado a Júlia da fazenda, e tinha reincindido o contrato de trabalho dela na transportadora, por que tudo não se passou de uma mentira, dias depois, com mais calma, eu olhei as câmeras de segurança da transportadora e da fazenda e descobri que a Júlia realmente havia mentido, isso me deixou aliviada, mas eu resolvi que não teria mais nenhum tipo de contato com o Fernando, por isso optei pelo litígio para dissolver o casamento.

Eu sempre soube que o Fernando não rejeitaria minha gravidez, ele sempre adorou crianças e quando estávamos casados, tínhamos planos de ter filhos. Quando eu descobri a gravidez, já estava divorciada. Eu pensava que todo o enjoo e mal estar que vinha sentindo forá por conto do drama do divórcio.

Fui passar um tempo na cidade dos meus pais, pois o término do meu relacionamento havia me deixado devastada e minha mãe sugeriu que eu fizesse um teste de gravidez.

- Fica calma, filha. Vai dar tudo certo, você vai ter que encontrar uma maneira de resolver isso. - Minha mãe diz quando já estamos em meu apartamento.

O Pedro já estava dormindo, e eu fiquei na minha sala com minha mãe. Já tinha chorado tanto.

- Que besteira que eu fiz mãe? Por Deus, eu deveria ter dado a oportunidade ao meu filho de crescer com um pai presente, eu fui péssima. - choramingo.

- Carol, você sabe que eu sempre fui contra você esconder o Pedro do Fernando, mas você quis que assim fosse... filha, você tem uma chance de fazer tudo novo agora. É a chance de você dar ao Pedro a oportunidade de ter um pai presente.

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