Com o passar dos dias eu já estava cada dia mais habituada com as coisas da transportadora, as coisas estavam melhorando e os negócios estavam indo de vento em polpa. O irmão do Fernando tinha vindo para cá passar um tempo aqui juntamente com a sua esposa, Ana, que era uma amiga que eu adorava. O que tornou as coisas mais leves por aqui, pois eu não me sentia mais tão sozinha sem uma amiga.
- Carolzinha, quando pretende ir em São Paulo? - Ana pergunta enquanto almoçamos.- Não sei, Ana, mas acredito que não vá demorar muito, eu preciso checar como vão as coisas no ateliê. - Ela diz e não deixo de notar que está usando um lindo vestido da minha marca - E obrigada pelo apoio de sempre, esse vestido é realmente lindo. - Falo e ela sorri.- Está brincando? Eu amoo essa marca. - Ela diz e me recosto na cadeira tomando um pouco de suco.- Fiquei sabendo que o Fernando namorou com a Júlia durante um período. - Comento como quem não quer nada, mas a verdade é que a falta de detalhes sobre esse assunto me deixava realmente incomodada. O Fernando já havia dito que me responderia o que eu perguntasse sobre isso, mas eu não queria ter que perguntar sobre isso e me sentir insegura.A verdade era que eu vinha notando que a minha presença na transportada estava incomodando bastante a Júlia, ela não havia deixado isso claro, até por que ela era apenas fúncionaria que ocupava um cargo de confiança na administração, mas eu sempre notava a maneira como ela me tratava quando o Fernando não estava comigo e até mesmo seus olhares e falas cheios de deboches e cinismo.- Eles engataram um romance da adolescência até a vida adulta, terminaram algum tempo antes dele conhecer você. Foi uma paixão e tanto, da parte da Júlia foi mais intensa obviamente. Mas o Fernando deu aquela Hilux pra ela mesmo após os dois terem terminado. - Ana fala e me engasgo com o suco. - Carol, você está bem?- Aquela Hilux branca é da Júlia? - Pergunto depois de dar algumas tossidas - Não, pera. Vou reformular a minha pergunta. O Fernando deu um carro para a Júlia? - Pergunto e a Ana fica sem jeito.- Carol, me desculpe. Aí meu Deus, o que eu fui falar? Olha, eu pensei que soubesse. - Ela diz visivelmente nervosa.- Ana, o Fernando me falou que o relacionamento deles foi algo sem importância, um romance adolescente e agora eu fico sabendo que eles estavam juntos até um tempo antes de nos conhecermos? Pra mim não faz o menor sentido. Ele deu um carro de luxo pra ela, como que foi algo sem importância? - falo tentando me manter séria.- Carol, pode ser que tenha sido sem importância mesmo, ai meu Deus, meu cunhado vai me matar. - Ela diz se levantando.- Não se preocupe, não irei perguntar nada para o Fernando. - Falo e ela me lança um olhar de descrença.- Como não? Você está uma pilha de nervos!- Eu quero saber por que ele mentiu para mim dizendo que foi algo sem importância? - pergunto começando a sentir dor de cabeça.- Essa história não é minha para eu conta-lá, Carol, sinto muito.****Depois de almoçarmos, a Ana sobe para deitar e descansar um pouco e eu, resolvo ir na transportadora. Eu ainda estava sem carro, mas peguei o carro da Ana e do Felipe.- Carol, não sabia que viria hoje. O Fernando comentou que resolveu ficar em casa descansando com a Ana. - Júlia que está com uma prancheta nas mãos conversando com um outro funcionário na frente ds transportadora, fala para mim.- Eu semprei estarei por aqui, Júlia. - falo.- É que você estava tão ativa aqui nas últimas semanas, pensei que não tivesse aguentado a rotina. Como é algo que você não está habituada, com essa rotina de trabalho, imagino que deva estar sendo difícil para você. - Júlia diz e não gosto nadinha da maneira como ela usa as palavras.- Notei que o carro do meu marido não está aqui, ele saiu para algum lugar? - pergunto e ela sorri.- Sim, mas o Felipe está aí dentro. - ela diz e faz um gesto desinteressado para dentro da transportadora.- E Júlia? - falo antes de entrar-sim?- Você deveria repensar a maneira como fala comigo, não gosto nadinha das suas falas desdenhosas. Você não me conhece, não sabe nada sobre mim, não que eu te deva nenhuma explicação, mas eu não casei com um homem rico por interesse. Jamais volte a mencionar que não estou acostumada a uma rotina de trabalho. - Ela fica boquiaberta com o que falo, mas nem me interesso pela sua reação e entro dentro do escritório.Fiquei exasperada durante toda a semana, tendo que ouvir insinuações e deboches por parte da Júlia, mas dizer que eu não estava acostumada a trabalhar, foi o cúmulo para mim. Tudo tem limite, e é bom deixar isso explícito para que esse tipo de comentário não volte a acontecer.- Cunhada, como você está? - Felipe pergunta assim que entro na sala, mas assim que ele olha na minha cara vê minha irritação. - Aconteceu alguma coisa?- Não, a Ana foi deitar um pouco e eu peguei seu carro para vir aqui. - Falo e me sento.- Você parece irritada. - ele menciona.- Acabei d ouvir que não estou acostumada a trabalhar e que deve estar sendo bem difícil pra mim estar aqui. - meu cunhado faz uma cara de confuso.- Quem falou isso, Carol?- Júlia. - Falo e ele parece espantado.- Você se importa com isso? Não deveria, nós conhecemos você Carol. Ela pode ter uma ideia distorcida de você, afinal, não te conhece. - Ele diz e me recosto na cadeira tentando controlar minha irritação.Foi um comentário que realmente me irritou, mas também não quero ficar pensando muito sobre isso. As pessoas julgam as outras e fazem comentários infelizes o tempo todo, não da para controlar isso.- Para onde o Fernando foi? - Pergunto.- No banco, ele foi fazer alguns depósitos da empresa, pela hora que saiu, já deve estar voltando. - Ele diz se levantando e indo até o fundo da sala se servir de um pouco de café.Fico algum tempo dando uma olhada nas revistas de gado, enquanto meu cunhado trabalha no computador.- Carol, vi o carro do Felipe lá fora, fui ao banco resolver algumas coisas. A Júlia mencionou que você teve um atrito com ela, que foi super grosseira, o que aconteceu? - Fernando entra no escritório e já chega falando comigo.- Ela logo correu pra te contar, hein? - pergunto me levantando irritada.- Não que eu deva explicação sobre isso, já que você apenas chegou me julgando... - falo e ele me interrompe.- Eu não estou julgando você, Carol, apenas estou perguntando o que aconteceu. - ele diz fechando a porta atrás de si.- Gente, vocês precisam de um momento? - Felipe pergunta observando a cena.- Não. - respodemos em uníssono.- O que aconteceu, Fernando, é que sua ex namorada fez um comentário extremamente infeliz e eu coloquei ela em seu devido lugar.- O que a Júlia disse, Carol?- Que eu não estava habituada a uma rotina de trabalho, e que deveria estar sendo difícil pra mim estar aqui. - Falo e ele mantém sua expressão impassível.- E por isso você foi grosseira? - ele pergunta e mal consigo acreditar que ele esteja defendendo-a.- Exatamente, por esse motivo. Porque odeio julgamentos, odeio pessoas que não me conhecem fazendo comentários maldosos sobre mim, eu não estou acostumada a uma rotina de trabalho, segundo ela, mas imagino que deve ser muito bom trabalhar em um lugar onde seu ex te deu uma caminhote. - Ele recua quando falo isso e passa as mãos no cabelo.- Você deveria ter me perguntado sobre esse assunto, Carol. - Ele fala.- Eu nem sei se quero ouvir essa história. - Falo e passo por ele, saindo de dentro do escritório.Eu sou loucamente apaixonada pelo Fernando, ele não foi o meu primeiro namorado, mas foi o meu primeiro amor verdadeiro, o primeiro homem com quem fiz sexo, ele quem me mostrou um mundo incrível. Agora sinto que esse mundo está desmoronando, e não sei se tenho forças para lutar contra isso.Depois do desentendimento que tive com o Fernando, senti uma vontade imens de chorar, mas me contive. A vontade de pegar minhas coisas e voltar para São Paulo era imensa, mas fazendo isso só desencadearia uma crise maior em meu relacionamento, e eu queria evitar isso a todo custo.Dentro de mim eu sentia uma angústia e sabia que teria problemas muito maiores em breve, eu queria muito fugir ou evitar isso, mas sabia que era inevitável, eu teria que enfrentar o que quer que fosse.***Os dias estavam passando e eu sentia que meu casamento estremecia a cada dia que passava, não sabia o que podieria fazer para salvá-lo, sentia que estava apenas deixando isso acontecer.- Carol, você é minha amiga, converse comigo. Você está se fechando mais a cada dia que passa. - Ana diz quando estou sentada na varanda desenhando um croqui.Era sábado de manhã e a noite seria oferecido um jantar aqui na fazenda pelo desempenho nos negócios da transportadora.Dou um longo suspiro me sentindo emocionalment
Quatro anos depoisMeu dia estava sendo cheio e eu não via a hora de ir para casa para deitar e descansar um pouco. Desde que cheguei de Portugal, estava tudo sendo uma loucura, tive que alugar um carro, resolver pendências no ateliê e dessa vez tive que trazer o Pedro, pois a babá dele estava de férias e eu não confiava em outra pessoa para cuidar do meu filho.Já se passava das 16:00 da tarde quando fui montar um manequim na loja, aproveitei que essa hora o movimento era reduzido e fui fazer isso enquanto esperava minha mãe voltar do parquinho com o Pedro.- Mari, tem certeza que não quer passar aqui em outro momento? Eu tenho algumas coisas para fazer mais tarde. - A voz que ouço me deixa petrificada no lugar, tento sair mas acabo me atrapalhando com algumas roupas da arará e caio no chão.- Moça, você está bem? - Minha ex cunhada vai até mim, mas quando me vê ela abre a boca levemente, parecendo surpresa.- Oi, Mari, como vai? - Falo e me levanto do chão.Ela
No dia seguinte bem cedinho, eu estava na empresa da família do meu ex marido, seria difícil encarar todas as pessoas que fizeram parte da minha vida um dia, eles me odiariam pelo que fiz, assim como tenho certeza, a Marina estava me odiando.- Olá, Maria. O Fernando já chegou? - Pergunto assim que chego no andar onde o Fernando cuidava da administração. Pra mim não tinha sido difícil entrar no prédio da empresa, afinal, eu fui esposa dele, portanto, ainda tinha acesso a empresa com meu sobrenome, já que continuei com o nome do Fernando, mesmo após o divórcio. A funcionária de longos anos do Fernando pareceu surpresa ao me ver ali. - Carol, faz tempo que não vejo você, como estão as coisas? - Ela pergunta e sorrio forçadamente. A Maria não era uma pessoa ruim, eu sempre simpatizei com ela, mas naquele momento eu estava tão nervosa, não consegueria ser simpática com ninguém. - Estou bem. Que horas o Fernando chega? - Voltoa perguntar.- Ele já deve estar chegando, quer tomar alguma
- Como foi filha? - Minha mãe pergunta assim que chego no meu apartamento. Eu queria me enfiar debaixo de minhas cobertas e chorar o dia inteiro, mas não poderia fazer isso, era difícil, mas eu tinha que resolver meus problemas como adulta. - Não foi bom, mas não foi tão ruim. - Respondo. - Onde está o Pedro?- Está na sala assistindo. - Ela diz e assinto. - Aí mãe, eu não sei o que fazer. O Fernando quer conhecer ele. - Carol, ele ainda é pequeno, vai ser melhor fazer isso agora do que em outro momento.- Eu sei, vou aos poucos conversando com ele. Preciso que me ajude com isso mãe. - Eu estou aqui pra ajudar você, Carol. - Mamãe chegou? - Ouço a voz do meu pequeno e vou até ele na sala.Ele se joga em meus braços quando me vê e parece que fiquei longe durante uma eternidade.- Cheguei, meu amor. - Falo e me sento com ele no sofá.- Mamãe, a vovó colocou patulha canina pa eu sistir. - Ele conta. - Que legal, Pedro. Você gosta desse desenho? - Pergunto e aninho ele em meu colo
Fernando- Você é o meu papai? - ouvir aquele serzinho me perguntando aquilo, me deixava em euforia, e ao mesmo tempo, fazia meu coração se estraçalhar. Saber que a mulher com quem passei cinco anos compartilhando uma vida junto, havia sido capaz de esconder uma coisa dessa de mim, acabava comigo. Eu sempre fui apaixonado pela Carol, desde o momento em que coloquei meus olhos nela, eu quis que ela fosse minha. E foi o que aconteceu, namoramos durante um tempo, mas ela era uma garota diferente das outras que eu havia me envolvido. Ela era recata, sexo seria apenas após o casamento. Ela fez questão de deixar claro quando a pedi em namoro, que se eu não tivesse intenção de casar com ela, que nem começassemos a namorar, pois ela só iria se entregar a um homem após o casamento. Esse pedido poderia ter me afastado dela, e ter voltado atrás com o pedido do namoro, mas a partir daquele momento, eu me apaixonei ainda mais por aquela garota. Eu soube que ela seria minha esposa, ela era uma me
CarolA cada dia que passava, o Pedro estava mais apegado ao Fernando, ele sempre falava do pai. Isso me deixou de certa forma, aliviada. Eu havia ficado apreensiva do Pedro não aceitar muito bem essa ideia, afinal, sempre foi apenas nós dois.Na segunda feira de manhã, eu havia chegado cedo ao ateliê. Não sabia como estava o andamento dos vestidos da Soraya, mas sabia que estava na hora de tomar as redeas da situação, ou a cliente jogaria o nome do meu ateliê na lama. Assim que cheguei, entretanto, ouvi o barulho de uma máquina costurando e fiquei atenta, era muito cedo. Entro dentro da confecção e encontro a Aline debruçada sobre a máquina, costurando alguma coisa. Vejo que tem algumas latas de energetico e alguns copos de café de uma cafeteria aqui da paulista, em cima de uma mesa. - Aline? - Chamo ao ver que ela sequer nota minha presença.Ela se assusta com minha presença e quando levanta o olhar noto que tem olheiras enormes em seu rosto.- Você passou a noite aqui? O que acon
- Você quer tomar café? Ainda não comi nada hoje. - Chamo o Fernando que está junto com o Pedro sentados na poltrona do meu escritório enquanto desenham alguma coisa. Minha mãe viajou me deixando desnorteada, não sei como vou fazer esses dias sem ter nenhuma babá aqui, mas vou ter que dar um jeito.- Você quer deixar o Pedro comigo, Carol? Tenho algumas coisas para fazer na empresa, mas minha mãe está lá. - Fernando pergunta enquanto caminhamos a uma cafeteria. - Não, vou dar um jeito. Meu filho sempre está em primeiro lugar na minha vida, o trabalho vem depois.- Mamãe, quero ir com o papai. - Meu filho diz no colo do Fernando.- Minha mãe está louca para conhece-ló, Carol. - Ele diz e suspiro. Agora que o Fernando tinha conhecimento da paternidade, eu sabia que em breve sua família teria que conhecer o Pedro, só não imaginava que fosse tão rápido. Não conseguia nem imaginar como a Irene passaria a me odiar por eu ter lhes privado de conhecer o Pedro. Depois de tomarmos café, vo
- Você gosta dele. - Henrique fala quando o Fernando vai embora do meu apartamento. Henrique fica anallisando minhas reações e me medindo. - Eu não desgosto, ele é o pai do meu filho. - Sei disso, Carol. eu só não quero ficar no meio de nada, se você tiver sentimentos por ele, eu não vou ficar no meio disso. - Henrique fala e solto meu cabelo do coque, tentando disfarçar meu nervosismo.- Henrique, eu gosto do que temos, apenas não estrague isso com achismos. - Falo me sentando na poltrona da sala. O Henrique e eu iniciamos um relacionamento há um ano, ele só foi conhecer o Pedro há pouco menos de seis meses, eu não queria que meu filho associasse o Henrique a uma figura paterna, então eles só se viam pouquissimas vezes, não queria confundir a cabeça do meu filho. - Eu vou voltar para o hotel. - ele diz vindo até mim e me abraçando. - Não vai ficar para jantar comigo? - Pergunto quando ele me beija. - Amanhã nos vemos, você deve estar cansada. E nosso almoço foi bem proveitoso.