Depois da degustação, cada casal seguiu para seu chalé. A viagem, além de reunir os amigos, também era uma oportunidade para momentos de conexão. Assim que entramos no chalé, Henrique tirou o casaco e passou a mão pelos cabelos, parecendo tão cansado quanto eu. A temperatura havia caído drasticamente, e a lareira já acesa tornava o ambiente aconchegante. Ele se aproximou, os olhos pousando em mim com um brilho sugestivo. — Estava pensando em ficarmos um pouco na banheira quente, o que acha? A ideia me pegou de surpresa, mas não de forma ruim. O calor do dia havia se dissipado completamente, e um banho quente parecia a maneira perfeita de relaxar. — Me parece uma ótima ideia — respondi, com um sorriso discreto. Henrique abriu um meio sorriso, satisfeito com minha resposta, e foi até a varanda preparar a água. Enquanto isso, tirei a roupa e coloquei um roupão, peguei uma garrafa de vinho e duas taças, colocando-as sobre a pequena mesa ao lado. O som da água enchendo a banheira, mi
O celular vibrou na mesinha de cabeceira, quebrando o silêncio do chalé mergulhado na penumbra da madrugada. Meu corpo despertou automaticamente ao ver o nome de Carol brilhando na tela.Atendi de imediato.— Cíntia, precisamos voltar pra casa. — A voz dela soou urgente, carregada de tensão.Demorei apenas um segundo para me sentar na cama, o coração disparado. Henrique, ao meu lado, despertou no mesmo instante, percebendo minha inquietação.— O que aconteceu? — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia.Do outro lado da linha, Carol hesitou. Pude ouvir sua respiração rápida, trêmula.— Cíntia… — Ela começou, mas sua voz falhou.Meu estômago se revirou, e minha garganta se fechou em um nó sufocante.— Carol, pelo amor de Deus, fala logo!Henrique tocou meu braço, preocupado, mas eu mal sentia qualquer coisa além da ansiedade crescente dentro de mim.— A fazenda pegou fogo.O ar me faltou.— O quê?— Não sabemos como começou. A Irene ligou agora, eles não sabem o que aconteceu, pare
O mundo ao meu redor parecia distante, como se eu estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Minha respiração estava rasgada, ofegante, e minha mente girava em pensamentos desconexos. O fogo… a fazenda… o corpo… Tudo aquilo parecia um cenário surreal, como se nada fosse real, mas a dor no meu peito me dizia o contrário. Henrique me segurava firme, sua mão forte me mantendo de pé enquanto eu tentava processar o que tinha acabado de ouvir. Meu peito subia e descia rapidamente, como se o ar estivesse escapando por entre os meus dedos, e o peso da notícia me fazia vacilar. Eu não conseguia focar em nada ao meu redor. Apenas o som do meu coração batendo parecia preencher o espaço. De repente, ouvi o barulho de pneus derrapando na terra seca, quebrando o silêncio pesado da manhã. Os outros tinham chegado. — Cíntia! — A voz de Carol foi a primeira a me alcançar. Ela saiu do carro às pressas, os olhos arregalados, e o pânico estampado no rosto. Antes que eu pudess
Oi, pessoal! Nos últimos dias, postei alguns capítulos bem intensos, e percebi que não tivemos nenhum comentário. Sei que a correria do dia a dia às vezes nos impede de interagir, mas queria saber se vocês estão por aí, acompanhando a história. O feedback de vocês é super importante para mim! Preciso confessar que a história tomou um rumo tão intenso que nem eu estou conseguindo lidar com isso! As coisas cresceram de uma forma que eu não esperava, e agora estamos nos aproximando de um momento crucial. Vou publicar mais alguns capítulos e, a partir daí, a história vai precisar entrar em uma segunda fase. Sim, a trama tomou vida própria e vai seguir um novo caminho, ainda mais impactante! Por isso, conto com o apoio e a leitura de vocês nessa nova etapa. Me digam: estão gostando? Estão por aqui? Seu comentário faz toda a diferença para mim! Obrigada por estarem nessa jornada comigo!
Henrique A Cíntia havia ficado no casarão Belmonte com a Ana e a Carol. Ela estava distante, em estado de choque. Seu olhar perdido denunciava que sua mente ainda estava presa ao incêndio, às chamas consumindo tudo, à brutalidade do que havia acontecido. E eu sabia exatamente no que ela estava pensando. Alonso tentou botar fogo na casa com ela dentro. Era impossível ignorar essa conclusão. Ele devia ter imaginado que a Cíntia estava lá, especialmente porque o Felipe havia deixado o carro dela na garagem antes de sair para a viagem de casais que planejamos. Ele queria que ela estivesse lá. Ele queria que ela queimasse junto com a casa que um dia compartilharam. O pensamento me embrulhava o estômago. Fernando e eu havíamos voltado para a fazenda. A casa onde Cíntia morou por anos, onde construiu uma vida ao lado de Alonso, agora não passava de um amontoado de destroços. Cinzas e fuligem tomavam o lugar onde antes havia paredes, móveis, memórias. O cheiro de queimado ainda im
O casarão Belmonte nunca esteve tão cheio, mas, ao mesmo tempo, nunca pareceu tão silencioso. Meus pais estavam ao meu lado, minha mãe segurando minha mão com força, como se quisesse me manter inteira. Meu pai permanecia de pé ao lado do sofá, o olhar perdido no chão, a expressão fechada. Irene, Felipe, Carol, Ana… Todos estavam ali, me cercando de apoio. Mas, por dentro, eu me sentia vazia. Era como se minha alma tivesse ficado presa no meio das chamas que consumiram minha casa. A casa que agora não existia. Eu mal tinha dormido desde que tudo aconteceu. O cheiro de fumaça ainda parecia grudado na minha pele, e a lembrança do fogo devorando tudo o que um dia foi meu lar não saía da minha mente. Então, o som de um carro parando na entrada me fez erguer a cabeça. Meu coração disparou. Poucos segundos depois, passos ecoaram na varanda, e a porta se abriu. Fernando entrou primeiro, o rosto carregado de tensão. Henrique veio logo atrás. Ambos pareciam exaustos, como se tivessem
Os dias foram passando, mas eu ainda me sentia estranha, até mesmo sufocada… minha família estava comigo, mas o sentimento de sufocamento era algo que não passava. Eu não me sentia bem, não sorria. Odiava ficar repassando tudo na minha cabeça, mas a realidade me atormentava. Eu não sabia o que doía mais: a traição, o desejo dele de me ver morta ou a sensação de que tudo o que vivemos nunca significou nada. Quando saí de casa para ficar com Alonso, eu tinha apenas 16 anos. Meus pais me alertaram, tentaram me impedir, mas eu estava cega, apaixonada demais para enxergar qualquer outra coisa. Eu achei que amor fosse isso. Achei que bastava amar alguém o suficiente para fazer dar certo. Quantas noites chorei sozinha, sentindo falta da minha família, tentando convencer a mim mesma de que tinha feito a escolha certa? Eu queria tanto que meu casamento desse certo, que meu amor fosse o suficiente para compensar tudo o que eu perdi. Mas amor não salva. Amor não apaga o que é tóxico. Agor
Dois anos depois: O dia estava quente. O sol entrava pelas janelas do escritório, iluminando os papéis espalhados sobre a mesa. Projetos finalizados, outros em andamento, alguns aguardando fechamento. Tudo ali era um reflexo do que eu havia construído nos últimos dois anos. Minha vida tinha voltado a ser minha, e eu finalmente sentia que pertencia a ela. Meu celular vibrou ao meu lado, e o nome do meu primo brilhou na tela: Fernando. Sorri, porque já imaginava o motivo da ligação. Eu evitava os reencontros há tempo demais, não por medo ou dor, mas porque precisava desse espaço para mim. Dois anos atrás, eu não fazia ideia de quem era sem a sombra do meu passado. Hoje, eu sabia. Atendi no exato momento em que meu pai entrou no escritório. — Oi, Fernando. — Falei, apoiando o celular no ombro enquanto reunia alguns papéis. — Cindy, estou surpreso! Você me atendeu estranhamente rápido. — Ele brincou, e eu ri. — Só não atendo quando estou no meio do mundo, mas, no momento, es