Depois de estacionar o carro do Felipe no ateliê da Carol, onde ele e os outros já nos esperavam, desço rapidamente para entregar as chaves. Ele agradece com um sorriso, mas não demora muito, já que todos pareciam ansiosos para começar a viagem. Enquanto Henrique aguarda ao volante, nos reunimos brevemente para alinhar os detalhes finais. Carol, sempre prática, pergunta: — Vamos parar em algum lugar no caminho ou seguimos direto? — Só se for algo urgente. — Responde Felipe, verificando o relógio. — Os carros estão abastecidos e já estamos um pouco atrasados. Henrique, do meu lado, concorda com um aceno. — É melhor seguir direto, assim chegamos antes do anoitecer. Todos concordamos, e a breve reunião é encerrada. Caminho de volta para o carro, sentindo o olhar de Henrique sobre mim enquanto me acomodo no banco do passageiro. — Tudo certo? — Ele pergunta, ligando o motor. — Tudo. — Respondo, olhando para o retrovisor, onde vejo os outros se preparando para sair. — Vamos nessa.
— Você me trouxe pra cá, Cíntia. Com todas essas mentiras, você me trouxe para cá sem me contar nada. Mas eu tenho certeza de uma coisa: todos eles sabem. Todos sabem dessa historinha… — A voz de Henrique soou dura, quase um golpe, enquanto ele mantinha os braços cruzados, os olhos fixos em mim com uma mistura de frustração e mágoa. Cada palavra era como uma faca, cortando fundo. Mas eu sabia que isso poderia acontecer. Assumi esse risco no momento em que decidi não contar nada antes de virmos para cá. — Eu vou entender se você preferir voltar pra BH — falei, a voz baixa, mas firme, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam cair. — Eu assumi esse risco, Henrique. Mas eu não vou ficar batendo na mesma tecla. Eu não tive nada com o Alonso. Minha voz falhou por um momento, mas continuei, olhando diretamente em seus olhos, mesmo que isso me causasse dor. — O Fernando foi comigo na oficina quando descobrimos do rastreador. Eu não tinha como saber antes, Henrique. Tudo isso… eu e
O som de um carro se aproximando me tirou dos pensamentos. Meu coração disparou, e saí da banheira. Peguei uma toalha e me enrolei. Henrique entrou, os olhos encontrando os meus imediatamente. Ele parecia exausto, como se estivesse lutando contra uma tempestade interna. — Você estava na banheira? — Ele perguntou, sua voz mais calma do que eu esperava. — Sim… — Respondi, hesitante. Ele assentiu, fechando a porta atrás de si. Depois, cruzou os braços e ficou ali, me olhando, como se estivesse tentando decifrar algo. — Henrique, eu… — Eu só quero saber uma coisa, Cíntia. — Ele me interrompeu, sua expressão séria. — Você realmente me ama? A pergunta atingiu meu coração como um raio. Dei um passo em sua direção, meus olhos fixos nos dele. E ali estava, tão evidente quanto o frio da noite que entrava pela janela, o medo. Não era só raiva ou decepção que o consumia — era insegurança. Uma dor que parecia mais profunda do que apenas o que tínhamos vivido ali, naquele chalé. Eu sa
Queridas leitoras, Essa semana passei por uma experiência muito difícil e estou de luto com o falecimento da mãe de uma amiga querida. Estive com ela nos seus últimos momentos, e tudo aconteceu de forma muito repentina, já que ela não estava doente nem nada. Estar presente nesse dia e ajudar ela em seus últimos momentos, foi algo muito marcante para mim, e ainda estou tentando processar tudo o que aconteceu. Por favor, peço que respeitem minha ausência neste momento. Agradeço pela paciência e pelo carinho de vocês. Espero poder voltar em breve, com o coração mais tranquilo. Com carinho, Marcela.
O sol ainda está nascendo quando Henrique e eu descemos para o refeitório do chalé. O aroma de café fresco e pão assado nos recebeu assim que entramos. Os outros casais já começavam a se reunir, conversando animadamente sobre o dia que tínhamos pela frente. Ana e Felipe estavam sentados perto da janela, um mapa aberto entre eles. Ana gesticulava enquanto explicava as opções de trilhas, e Felipe a ouvia com atenção, embora claramente estivesse mais interessado em ela do que no mapa. Quando nos viram, acenaram calorosamente. — Bom dia! Dormiram bem? — Ana perguntou, sorrindo. — Sim. — Henrique respondeu, puxando uma cadeira para mim antes de se sentar ao meu lado. Carol sorriu pra gente e me avaliou como se quisesse garantir que tudo estava bem entre nós dois. - Estamos escolhendo o que vamos fazer hoje. - Fernando disse tomando um pouco de seu café. — Temos algumas opções de trilhas, e o guia disse que todas valem a pena — completou Ana, voltando a olhar para o mapa sobre a mesa
Depois da degustação, cada casal seguiu para seu chalé. A viagem, além de reunir os amigos, também era uma oportunidade para momentos de conexão. Assim que entramos no chalé, Henrique tirou o casaco e passou a mão pelos cabelos, parecendo tão cansado quanto eu. A temperatura havia caído drasticamente, e a lareira já acesa tornava o ambiente aconchegante. Ele se aproximou, os olhos pousando em mim com um brilho sugestivo. — Estava pensando em ficarmos um pouco na banheira quente, o que acha? A ideia me pegou de surpresa, mas não de forma ruim. O calor do dia havia se dissipado completamente, e um banho quente parecia a maneira perfeita de relaxar. — Me parece uma ótima ideia — respondi, com um sorriso discreto. Henrique abriu um meio sorriso, satisfeito com minha resposta, e foi até a varanda preparar a água. Enquanto isso, tirei a roupa e coloquei um roupão, peguei uma garrafa de vinho e duas taças, colocando-as sobre a pequena mesa ao lado. O som da água enchendo a banheira, mi
O celular vibrou na mesinha de cabeceira, quebrando o silêncio do chalé mergulhado na penumbra da madrugada. Meu corpo despertou automaticamente ao ver o nome de Carol brilhando na tela.Atendi de imediato.— Cíntia, precisamos voltar pra casa. — A voz dela soou urgente, carregada de tensão.Demorei apenas um segundo para me sentar na cama, o coração disparado. Henrique, ao meu lado, despertou no mesmo instante, percebendo minha inquietação.— O que aconteceu? — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia.Do outro lado da linha, Carol hesitou. Pude ouvir sua respiração rápida, trêmula.— Cíntia… — Ela começou, mas sua voz falhou.Meu estômago se revirou, e minha garganta se fechou em um nó sufocante.— Carol, pelo amor de Deus, fala logo!Henrique tocou meu braço, preocupado, mas eu mal sentia qualquer coisa além da ansiedade crescente dentro de mim.— A fazenda pegou fogo.O ar me faltou.— O quê?— Não sabemos como começou. A Irene ligou agora, eles não sabem o que aconteceu, pare
O mundo ao meu redor parecia distante, como se eu estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Minha respiração estava rasgada, ofegante, e minha mente girava em pensamentos desconexos. O fogo… a fazenda… o corpo… Tudo aquilo parecia um cenário surreal, como se nada fosse real, mas a dor no meu peito me dizia o contrário. Henrique me segurava firme, sua mão forte me mantendo de pé enquanto eu tentava processar o que tinha acabado de ouvir. Meu peito subia e descia rapidamente, como se o ar estivesse escapando por entre os meus dedos, e o peso da notícia me fazia vacilar. Eu não conseguia focar em nada ao meu redor. Apenas o som do meu coração batendo parecia preencher o espaço. De repente, ouvi o barulho de pneus derrapando na terra seca, quebrando o silêncio pesado da manhã. Os outros tinham chegado. — Cíntia! — A voz de Carol foi a primeira a me alcançar. Ela saiu do carro às pressas, os olhos arregalados, e o pânico estampado no rosto. Antes que eu pudess