A música começou a tocar e Ana se agitou nos bastidores preparados para ela.
- Ele chegou?
Ela perguntou a Luis Felipe que entrou para conduzi-la até o salão.
Ele fez um sinal negativo com a cabeça.
- Sinto muito Ana, eu pedi que esperassem, mas como se passou meia hora da hora marcada e ele não veio, decidimos começar, e então? Acha que consegue?
Ela suspirou tentando controlar as lágrimas por saber que ele não estava lá e que ele de fato não viria, por mais que no fundo ela soubesse que seria muito difícil ele vir, ela tinha passado todos os dias pensando na possibilidade de o reencontrar, mais uma vez ela engoliu o choro e pôs um sorriso diplomático no rosto.
- Farei o melhor para resistir.
Luis Felipe lhe alcançou o braço e sorriu para ela.
- Então vamos nessa bailarina.
Os dois saíram dos bastidores e foram recebidos no salão pelas pessoas, Ana logo reconheceu os policias que a tinham ajudado no dia do sequ
Ana debruçou-se sobre o próprio corpo tentando a todo custo alcançar os dedos das mãos nos dedos do pé, a manhã tinha sido bastante produtiva, pensou, acordará às quatro horas da manhã apenas para treinar e ensaiar os últimos detalhes da coreografia, naquela noite, depois do jantar ela se apresentaria em uma apresentação solo para toda a equipe de funcionários da empresa em que seu pai era sócio, há meses ela vinha ensaiando para que tudo fosse perfeito, tinha 17 anos e estava pronta para começar a cursar dança, mas para isso precisava convencer seu pai de que ela era a melhor, e ela tinha trabalhado muito duro nisso, seu corpo doía de cansado, porém, ela precisava dar mais uma, duas, três piruetas, até alcançar a perfeição, ela se olhou no espelho e sorriu, tinha um corpo bonito, desde os três anos de idade resp
Arrumou as malas de forma organizada, colocou tudo que precisaria na bolsa, escreveu uma linda carta de despedida a mãe, deixando bem claro por que estava saindo de casa, na carta falava sobre a amante do pai e sobre o golpe que os três dariam em Luis Felipe, colocou em um envelope e deixou em um lugar que a mãe encontraria, no dia seguinte desapareceria do Rio de janeiro, indo a São Paulo onde entraria para uma grande academia de dança, só voltaria para casa quando fosse uma bailarina.“Dezessete anos e fugiu de casa, sete horas da manhã do dia errado, botou na bolsa umas mentiras pra contar deixou para trás os pais e o namorado”...Ao som de Natasha do Capital Inicial, Ana jogou o skate velho pela janela e saiu para o jardim, nas costas uma mochila não muito grande, mas com tudo o que precisava, dinheiro, uma roupa para o frio e outra para o calor, calçados confortáveis e
Ana chegou até a rodoviária e pegou um ônibus indo a São Paulo, ela tinha dinheiro suficiente para pegar um avião, mas queria economizar e ao mesmo tempo achava que seria muito mais difícil seu pai conseguir rastrear ela de ônibus, o celular ela entregou para um morador de rua, Cézar, Luis Felipe, sua mãe... Qualquer pessoa que fosse poderia morrer ligando, ela nem ao menos saberia, sabia também que ia sofrer com isso, mas era melhor assim, se acostumar com a solidão, por que se topasse conversar com qualquer um deles, perderia o foco e mudaria de ideia, ela seria uma bailarina, custasse o que for. O Ônibus encostou na rodoviária de São Paulo, Ana caminhou apressada até o ponto de Taxi e então percebeu que estava sendo seguida, era o cara do ônibus. - Ta com pressa gracinha? Ela abaixou a cabeça e apressou ainda mais o passo, quando se deu por conta estava correndo, não demorou muito para despistar o cara, porém a rodoviária tinha ficado para trás, ela tinha
Eram quatro da manhã e Ana já estava de pé, colocou uma música baixa para não atrapalhar quem estava dormindo e começou a se alongar, seu corpo inteiro doía muito das longas caminhadas e das horas em que ficou parada no ônibus, mas precisava se exercitar, não podia perder tempo, perdeu o equilíbrio pelo menos duas vezes, na terceira vez desistiu a dor era imensa, precisava descansar mais, caiu na cama e apagou, levou um susto ao perceber quando acordou que passavam das nove, arrumou a cama e desceu as escadas correndo, Maria a dona da pensão olhou para ela e sorriu. - Já estava recolhendo o café, mas sente-se querida vou esquentar a água. - Na verdade estou super atrasada, tenho que chegar ao centro da cidade. - Ao centro? Oh, pobre menina o ônibus que vai ao centro já passou na verdade, a menos que pegue um taxi, mas saiba que eles são bastante carreiros, esses dias me cobraram 50 reais, fiquei irada, era tudo que eu tinha na carteira! Disse a senhor
Antes de sair aquele dia Ana abriu a carteira, ela só tinha para mais uma viagem até o centro, teria que voltar a pé provavelmente, abriu o segundo compartimento e viu o dinheiro que tinha reservado para a terceira semana de estadia na pensão, ela tinha imaginado que depois de 14 dias ela já teria conseguido entrar para uma grande companhia de dança, mas isso não tinha acontecido, balançou a cabeça, seu pai tinha bloqueado seus cartões e ela sabia qual era a intenção dele com isso, fazer ela voltar parta casa quando o dinheiro terminasse, mas ela não ia voltar, suspirou sem saber o que fazer, foi quando ouviu umas batidas na porta, era dona Maria ela tinha vindo receber o aluguel da semana certamente, Ana se levantou e abriu a porta. - Bom dia menina, não saiu cedo hoje? - Não, hoje não, eu imaginei que a senhora viria para receber o aluguel. - Oh, mas não ligue para isso, pode me pagar mais tarde! Ana abriu a carteira e entregou o dinheiro que estava
Ana ia todas as noites trabalhar na boate e com isso conseguiu pagar o aluguel atrasado para dona Maria, porém uma coisa a estava preocupando, a filha de dona Maria, Carla, não tirava os olhos dela nos últimos dias, era como se estivesse cuidando ela. Cezar conseguiu vender a casa e também o carro que tinha, com o dinheiro comprou a antiga casa em que ele e a família costumavam viver, comprou um carro mais comum e também decidiu que pagaria Luis Felipe, ele queria recomeçar e para isso precisava iniciar do zero, como não tinha coragem de olhar para o antigo genro colocou o dinheiro em um envelope e entregou para a secretária dele, ele sabia que ela jamais trairia o patrão, dentro escreveu uma pequena carta, onde pedia desculpas por todo o incomodo e agradecia pelo tempo em que teve a oportunidade de trabalhar na empresa, ainda tinha sobrado um bom dinheiro da venda da casa e dos móveis então após passar na delegacia e ver que nada tinha sido descoberto sobre Ana ele decidiu
Naquela manhã de sábado Marcelo chegou mais cedo na delegacia do que costumava chegar, ele não tinha plantão, mas tinha decidido ir trabalhar o dia todo, precisava esvaziar a cabeça, nas ultimas noites tudo que ele tinha sonhado era com sua ex mulher Bianca e esses sonhos estavam começando a perturbar sua prudência, quando Peçanha o viu riu alto.- Caiu da cama chefe?Marcelo sorriu.- Às vezes faz bem, mas hoje sim de fato cai mesmo, não tive bons sonhos, ainda de plantão?- Ainda... Não tivemos uma noite fácil, to acabado, já tomei duas jarras de café, deixei uns pareceres em cima da sua mesa.- Onde está Raimundo, ele não devia estar de plantão com você?- Então... Ele saiu pra fazer uma ronda em Paraisópolis.- Paraisópolis? Aconteceu alguma coisa por lá? Nem mesmo é
Quando o dia amanheceu ela viu que não estava sozinha no quarto, por fim então ela tinha conseguido dormir um pouco, a garota na sua frente sorria e tinha um copo nas mãos.- Trouxe um calmante para você, como se sente?Era Valérie, Ana esfregou os olhos e aceitou o copo.- Foi horrível eu achei que ninguém viria me salvar, achei que ele me estupraria.- Eu corri o mais rápido que pude para chamar Leonel.- Foi você que o chamou?- Claro, não achou que tinha sido Juliana néh?- Não, na verdade eu estava bem confusa, ela foi bem fria comigo.- Ana querida não seja tola, foi ela quem entregou a chave para ele, só Juliana tem acesso à chave cópia dos quartos.- O que? Mas por que ela faria isso?- Você estava rendendo dinheiro, mas eles querem mais, eles sempre querem mais, ela sabia que não ia c