Ana debruçou-se sobre o próprio corpo tentando a todo custo alcançar os dedos das mãos nos dedos do pé, a manhã tinha sido bastante produtiva, pensou, acordará às quatro horas da manhã apenas para treinar e ensaiar os últimos detalhes da coreografia, naquela noite, depois do jantar ela se apresentaria em uma apresentação solo para toda a equipe de funcionários da empresa em que seu pai era sócio, há meses ela vinha ensaiando para que tudo fosse perfeito, tinha 17 anos e estava pronta para começar a cursar dança, mas para isso precisava convencer seu pai de que ela era a melhor, e ela tinha trabalhado muito duro nisso, seu corpo doía de cansado, porém, ela precisava dar mais uma, duas, três piruetas, até alcançar a perfeição, ela se olhou no espelho e sorriu, tinha um corpo bonito, desde os três anos de idade respirava e vivia pela dança e hoje não conseguia imaginar nada mais prazeroso em sua vida, ela poderia passar um dia sem se alimentar, mas dificilmente passaria um dia sem dançar.
O dia passou voando e ela gostaria de poder ter mais algumas horas para poder ter certeza de que tudo sairia perfeito, parece loucura levar algo tão a sério assim, mas para ela, isso era muito mais que sério, parou em frente ao espelho e firmou o coque na cabeça.
- Você é linda! Você é perfeita, você nasceu para fazer isso! – Disse para si mesma.
Terminou de se arrumar para a apresentação e viu o pai cruzar pelo corredor arrumando a gravata.
- Pai?
- Diga Ana...
- Depois da apresentação, será que podemos conversar sobre a faculdade?
O pai abriu um imenso sorriso.
- Mas é claro, vejo que finalmente decidiu por algum curso, estou louco para saber o que foi que escolheu, não quer me contar agora ainda temos 15 minutos...
- Não, quero que vá com a mamãe e chegue cedo para que peguem os melhores lugares, iremos conversar nós quatro depois da apresentação, eu você mamãe e Luis Felipe.
- Tudo bem então, Luis Felipe vem busca-la logo?
- Sim, ele já me mandou uma mensagem.
- Ótimo, vamos indo então.
O pai se despediu com um sorriso nos lábios, estava de bom humor, era o dia perfeito para contar a ele que decidirá por fazer dança, seguiria o seu grande amor como profissão e um dia estaria dançando no teatro municipal, seu grande sonho.
Luis Felipe era seu namorado, estavam juntos a pelo menos dois anos, mesmo ele sendo bem mais velho que ela, na verdade 15 anos mais velho que ela, ela não podia reclamar dele, era um homem bom, lhe tratava muito bem e não lhe exigia ou lhe cobrava nada, e seu pai fazia muito gosto da união já que Luis Felipe recentemente tinha se tornado o mais novo dono da empresa, os pais de Luis Felipe tinham falecido em um terrível acidente de forma repentina, tinha sido o pai de Ana que tinha ajudado ele a reerguer a empresa depois disso e faze-la crescer, quando Cézar percebeu o interesse do patrão em sua filha não pensou duas vezes em apoiar o relacionamento e juntar os dois, meses depois Luis o chamou para entrar para a sociedade da empresa.
Ana Paula subiu no palco e dançou, dançou como nunca tinha dançado antes, dançou iluminando o palco, não teve uma sequer pessoa que não aplaudiu sua apresentação em pé, até mesmo seu pai parecia estar orgulhoso da filha, ele sabia que Ana dançava muito bem, mas nunca tinha visto uma apresentação sua e muito menos a tinha visto dançar daquela forma, era como se ela flutuasse no palco, assim que a apresentação terminou e ela recebeu o cumprimento de todos, eles se dirigiram ao restaurante, ela segurou o braço de Luis Felipe com força e tomando coragem falou.
- Bom pai... Eu esperei até agora, mas acredito que não existe momento melhor para dizer, eu me inscrevi na faculdade... Na verdade, recebi a aprovação na semana passada e bom... – Ela fez uma pausa olhando para todos como se esperasse por apoio. – E eu vou fazer dança!
Nessa hora Cézar atirou o guardanapo que tinha nas mãos sobre a mesa e se levantou.
- Você só pode estar ficando maluca não é mesmo?
- O que?
- Acha mesmo que dançar vai encher a sua barriga? Mas é claro que não vai! Eu não vou investir meu dinheiro pagando uma faculdade para ensinar minha filha a dançar! Isso lá é curso que se preste!
- Mas é o que eu amo, foi você que sempre disse que eu deveria fazer o que fosse, mas fazer com amor!
- Amor, Ana, amor não te leva a nada, você não vai estudar dança está decidido, vai estudar contabilidade, economia, administração qualquer um desses cursos e vai assumir a empresa, está decidido!
Ana atirou o guardanapo na mesa e se levantou.
- Nunca! Nem mesmo nos seus sonhos papai!
Ela disparou porta afora do restaurante, sob os protestos de sua mãe e de Luis Felipe.
Ana estava inconformada pelo rumo que as coisas tinham tomado, ela tinha saído do restaurante sozinha, tomado um taxi e ido para casa, tinha abandonado Luis Felipe lá com seu pai e sua mãe, ela tinha que pelo menos m****r uma mensagem para ele dando a entender que não tinha condições de conversar com ele, afinal ele não tinha culpa.
Ela tinha se esforçado tanto, durante toda sua vida ela tinha sido uma bailarina, então por que não seguir sua paixão agora? Isso parecia tão injusto.
Quando Ana Paula abriu os olhos no dia seguinte ela sabia que tinha uma grande missão pela frente, encarar seu pai de frente depois de tê-lo abandonado na mesa de jantar do restaurante aos gritos, isso a fez suspirar e rolar para o outro lado, será que ela poderia adiar o café da manhã por tipo assim uns 20 anos? Quando finalmente tomou coragem e resolveu sair do quarto, se deparou com sua mãe parada no corredor como se estivesse perdida.
- Mamãe?
- Óh, querida, eu estava indo ver como você estava, quando chegamos ontem já estava dormindo e eu não quis lhe acordar, seu pai foi tão grosseiro ontem, eu sinto muito...
- Tudo bem, eu imaginava que ele não ficaria feliz, mas não pensei que ele odiasse tanto me ver dançar.
- Ele não odeia, não, não é isso... É só que... Ele quer que tenha um futuro melhor que o dele foi, bom você sabe como lutamos para conseguir a posição de temos hoje, não foi fácil para ele, ele tem tanto medo que termine nas ruas...
- A dança não vai me levar para as ruas mamãe, vai me levar para os palcos! Existem tantos dançarinos famosos e você sabe que eu tenho talento!
- É claro que eu sei... Sempre fui a sua maior fã!
- Ah mãe, será que se você falar com ele?
- Acredite, eu tentei ontem, mas ele parecia irredutível, mas estive pensando, por que não se matricula na faculdade de administração como ele tanto quer? Você não precisa parar de dançar por isso, faça os dois, eu sei que é esforçada, dará conta!
- Acha mesmo que ele deixaria?
- Bom, ele não teria no que se opor, estaria fazendo o que ele quer e ao mesmo tempo seguindo seus sonhos.
Ela deu um pulo e abraçou a mãe com força, sim, aquela era sem dúvidas a solução para os seus problemas.
Ana resolve ir visitar seu pai na empresa, assim podia mostrar algum tipo de interesse nos negócios. Ela tomou o elevador principal sem necessidade de ser anunciada pela recepcionista, todos ali a conheciam, quando chegou até o escritório do pai Paula vinha saindo da sala com uns papéis nas mãos.
- Ana, não sabia que viria.
- Eu e papai discutimos ontem, pensei em convidá-lo para almoçar e fazer as pazes, ele está?
- Não, desceu até a montagem para averiguar um novo projeto, eu estou saindo pro almoço agora se quiser pode esperar por ele na sala dele acho que não vai demorar.
Ela concordou com a cabeça e entrou na sala, se sentou por um tempo na cadeira, observou o retrato que o pai tinha em cima da mesa com a foto de sua mãe e dela, na foto Ana tinha uns quatro anos, detestava a foto por que ela aparecia desdentada, mas ficava feliz de saber que o pai se importava com ela a ponto de ter uma foto sua na escrivaninha.
Nessa hora ela ouviu um barulho estranho, como uma batida, olhou para trás e percebeu que alguém tinha esbarrado na porta, não demorou muito para ouvir risadas, uma mais forte provavelmente de um homem e outra mais aguda que era bem identificada pela de uma mulher, sem saber quem era Ana correu até um armário e se escondeu atrás dele, a porta se abriu e os dois entraram.
- Aí, Cezar, vai com calma já pensou se alguém nos pega aqui?
- E quem vai nos pegar Lúcia? Todos estão no almoço agora.
Ana espiou por de trás do armário e viu seu pai e uma moça bem mais nova que sua mãe, aliás, muito mais nova que sua mãe, na verdade poderia ser da sua idade, ela não quis acreditar no que via, sempre se orgulhou de seu pai, sempre acreditou que ele era perfeito, o marido ideal, ele sempre tinha lhe ensinado os valores da família e deixado bem claro o valor que ela tinha para ele, e então agora ele estava traindo sua mãe, ela juntou forças e respirou fundo deixando a raiva a dominar, invadiria a sala naquele momento e colocaria o pai contra a parede, mas exatamente nessa hora alguém abriu a porta e entrou.
- Eu sabia que você se encontraria com ela aqui hoje, não era de se espantar, afinal, é segunda feira, faz muito tempo que eu ando cuidando vocês dois, sei quando e como se encontram, aliás, tenho muitas provas dos encontros também, fotos e até vídeos inclusive.
Era José Carlos, tio de Luis Felipe e acionista da empresa.
- E o que você pretende com tudo isso, Zé Carlos?
Ana voltou para o seu lugar e rezou para que ninguém a tivesse visto.
- Eu se fosse você Cezar mudava o tom da entonação, até por que você está na minha mão agora.
Ana observou o pai, ela conhecia aquele olhar, ele detestava chantagem, mas parecia preocupado, o que será o que o tio de Luis Felipe queria?
- O que quer que eu faça?
- Luis Felipe vai assinar alguns documentos na terça feira, quero que coloque esses papéis junto, ele confia em você e não vai ler, mas é claro que se eu der os documentos ele vai desconfiar, aquele garoto nunca gostou de mim, aliás nem ele nem o pai dele, miserável, morreu e deixou tudo para o moleque!
Os pais de Luis Felipe tinham morrido em um acidente de carro quando viajavam para a segunda lua de mel, Luis Felipe era ainda uma criança, tinha apenas cinco anos quando tudo aconteceu, a empresa então passou a ser administrada pelo tio, mas quando ele completou dezoito anos exigiu que seu lugar fosse tomado, foi então que o pai de Ana foi contratado, ele era contador e famoso por sua honestidade, tornou-se o braço direito de Luis Felipe, juntos os dois reergueram a empresa e quando ela completou 15 anos o pai fez questão de lhe apresentar para Luis Felipe, ela até gostava um pouco dele, mas ele não era bem o homem que ela esperava para si, porém o pai insistia tanto no relacionamento que ela acabou aceitando o pedido de namoro de Luis, e agora o pai estava ali, prestes a lograr o próprio genro, em beneficio próprio para que ninguém soubesse sobre sua amante.
Ana estava enojada, assim que todos saíram da sala ela cuidadosamente saiu também e disparou pelos corredores saindo pelos fundos da empresa sem ser vista, ela queria chorar, chorar e por tudo que estava sentindo para fora, mas a raiva e indignação era tanta que ela simplesmente não conseguia, passou o dia inteiro fora tentando se acalmar, não atendeu nem as ligações de Luis Felipe e nem de sua mãe, como poderia fingir para eles? Ela não sabia nem mesmo como voltaria a olhar para a cara do pai.
Ana chegou em casa por volta das oito horas da noite, sua mãe a esperava na sala.
- Querida! Que preocupação! Eu liguei mais de trinta vezes, seu pai está furioso, por onde esteve esse tempo todo?
- Por aí...
- Disse que iria vê-lo na empresa e não foi, onde foi?
Ana se lembrou do que tinha visto na empresa, suspirou profundamente, a mãe era a única inocente ali e não merecia isso, quando se virou para subir as escadas deu de frente com seu pai, dele devia estar mesmo furioso, seus olhos estavam esbugalhados e seu rosto vermelho.
- Onde é que esteve até essa hora? Sua mãe ligou todo o dia, eu liguei! As empregadas ligaram! Luis Felipe também ligou, desapareceu! Disse para sua mãe que iria me ver, para negociar sobre a faculdade e então desapareceu, é dessa forma que quer negociar algo? Eu não deveria nem mesmo lhe pagar uma! Seu comportamento chegou ao limite!
- E quem é o senhor para falar em comportamento? O senhor é um nada! Um lixo! Desonesto e sujo! Tenho nojo de ser sua filha!
Ana cuspiu no chão e nesse exato momento o pai lhe desferiu um tapa no rosto com força, a mãe levou a mão ao rosto sem acreditar, Cezar nunca tinha sido violento com ela, pelo contrario sempre reclamava dela por ser muito dura com Ana.
- Enquanto morar sob o meu teto terá que me respeitar, agora suba para o seu quarto e não saia de lá até eu m****r!
Ana sorriu com deboche.
- Como queira, papaizinho...
Subiu as escadas correndo, ela não iria ficar, não depois de tudo, não conseguia olhar para ele, não conseguia vê-lo como seu pai ou seu herói ou como tudo que um dia ele tinha sido, se enquanto ela morasse ali ela teria que respeitá-lo, então isso seria um problema, pois ele já perderá todo o respeito que ela um dia teve por ele.
Arrumou as malas de forma organizada, colocou tudo que precisaria na bolsa, escreveu uma linda carta de despedida a mãe, deixando bem claro por que estava saindo de casa, na carta falava sobre a amante do pai e sobre o golpe que os três dariam em Luis Felipe, colocou em um envelope e deixou em um lugar que a mãe encontraria, no dia seguinte desapareceria do Rio de janeiro, indo a São Paulo onde entraria para uma grande academia de dança, só voltaria para casa quando fosse uma bailarina.“Dezessete anos e fugiu de casa, sete horas da manhã do dia errado, botou na bolsa umas mentiras pra contar deixou para trás os pais e o namorado”...Ao som de Natasha do Capital Inicial, Ana jogou o skate velho pela janela e saiu para o jardim, nas costas uma mochila não muito grande, mas com tudo o que precisava, dinheiro, uma roupa para o frio e outra para o calor, calçados confortáveis e
Ana chegou até a rodoviária e pegou um ônibus indo a São Paulo, ela tinha dinheiro suficiente para pegar um avião, mas queria economizar e ao mesmo tempo achava que seria muito mais difícil seu pai conseguir rastrear ela de ônibus, o celular ela entregou para um morador de rua, Cézar, Luis Felipe, sua mãe... Qualquer pessoa que fosse poderia morrer ligando, ela nem ao menos saberia, sabia também que ia sofrer com isso, mas era melhor assim, se acostumar com a solidão, por que se topasse conversar com qualquer um deles, perderia o foco e mudaria de ideia, ela seria uma bailarina, custasse o que for. O Ônibus encostou na rodoviária de São Paulo, Ana caminhou apressada até o ponto de Taxi e então percebeu que estava sendo seguida, era o cara do ônibus. - Ta com pressa gracinha? Ela abaixou a cabeça e apressou ainda mais o passo, quando se deu por conta estava correndo, não demorou muito para despistar o cara, porém a rodoviária tinha ficado para trás, ela tinha
Eram quatro da manhã e Ana já estava de pé, colocou uma música baixa para não atrapalhar quem estava dormindo e começou a se alongar, seu corpo inteiro doía muito das longas caminhadas e das horas em que ficou parada no ônibus, mas precisava se exercitar, não podia perder tempo, perdeu o equilíbrio pelo menos duas vezes, na terceira vez desistiu a dor era imensa, precisava descansar mais, caiu na cama e apagou, levou um susto ao perceber quando acordou que passavam das nove, arrumou a cama e desceu as escadas correndo, Maria a dona da pensão olhou para ela e sorriu. - Já estava recolhendo o café, mas sente-se querida vou esquentar a água. - Na verdade estou super atrasada, tenho que chegar ao centro da cidade. - Ao centro? Oh, pobre menina o ônibus que vai ao centro já passou na verdade, a menos que pegue um taxi, mas saiba que eles são bastante carreiros, esses dias me cobraram 50 reais, fiquei irada, era tudo que eu tinha na carteira! Disse a senhor
Antes de sair aquele dia Ana abriu a carteira, ela só tinha para mais uma viagem até o centro, teria que voltar a pé provavelmente, abriu o segundo compartimento e viu o dinheiro que tinha reservado para a terceira semana de estadia na pensão, ela tinha imaginado que depois de 14 dias ela já teria conseguido entrar para uma grande companhia de dança, mas isso não tinha acontecido, balançou a cabeça, seu pai tinha bloqueado seus cartões e ela sabia qual era a intenção dele com isso, fazer ela voltar parta casa quando o dinheiro terminasse, mas ela não ia voltar, suspirou sem saber o que fazer, foi quando ouviu umas batidas na porta, era dona Maria ela tinha vindo receber o aluguel da semana certamente, Ana se levantou e abriu a porta. - Bom dia menina, não saiu cedo hoje? - Não, hoje não, eu imaginei que a senhora viria para receber o aluguel. - Oh, mas não ligue para isso, pode me pagar mais tarde! Ana abriu a carteira e entregou o dinheiro que estava
Ana ia todas as noites trabalhar na boate e com isso conseguiu pagar o aluguel atrasado para dona Maria, porém uma coisa a estava preocupando, a filha de dona Maria, Carla, não tirava os olhos dela nos últimos dias, era como se estivesse cuidando ela. Cezar conseguiu vender a casa e também o carro que tinha, com o dinheiro comprou a antiga casa em que ele e a família costumavam viver, comprou um carro mais comum e também decidiu que pagaria Luis Felipe, ele queria recomeçar e para isso precisava iniciar do zero, como não tinha coragem de olhar para o antigo genro colocou o dinheiro em um envelope e entregou para a secretária dele, ele sabia que ela jamais trairia o patrão, dentro escreveu uma pequena carta, onde pedia desculpas por todo o incomodo e agradecia pelo tempo em que teve a oportunidade de trabalhar na empresa, ainda tinha sobrado um bom dinheiro da venda da casa e dos móveis então após passar na delegacia e ver que nada tinha sido descoberto sobre Ana ele decidiu
Naquela manhã de sábado Marcelo chegou mais cedo na delegacia do que costumava chegar, ele não tinha plantão, mas tinha decidido ir trabalhar o dia todo, precisava esvaziar a cabeça, nas ultimas noites tudo que ele tinha sonhado era com sua ex mulher Bianca e esses sonhos estavam começando a perturbar sua prudência, quando Peçanha o viu riu alto.- Caiu da cama chefe?Marcelo sorriu.- Às vezes faz bem, mas hoje sim de fato cai mesmo, não tive bons sonhos, ainda de plantão?- Ainda... Não tivemos uma noite fácil, to acabado, já tomei duas jarras de café, deixei uns pareceres em cima da sua mesa.- Onde está Raimundo, ele não devia estar de plantão com você?- Então... Ele saiu pra fazer uma ronda em Paraisópolis.- Paraisópolis? Aconteceu alguma coisa por lá? Nem mesmo é
Quando o dia amanheceu ela viu que não estava sozinha no quarto, por fim então ela tinha conseguido dormir um pouco, a garota na sua frente sorria e tinha um copo nas mãos.- Trouxe um calmante para você, como se sente?Era Valérie, Ana esfregou os olhos e aceitou o copo.- Foi horrível eu achei que ninguém viria me salvar, achei que ele me estupraria.- Eu corri o mais rápido que pude para chamar Leonel.- Foi você que o chamou?- Claro, não achou que tinha sido Juliana néh?- Não, na verdade eu estava bem confusa, ela foi bem fria comigo.- Ana querida não seja tola, foi ela quem entregou a chave para ele, só Juliana tem acesso à chave cópia dos quartos.- O que? Mas por que ela faria isso?- Você estava rendendo dinheiro, mas eles querem mais, eles sempre querem mais, ela sabia que não ia c
Ana terminou seu trabalho antes naquele dia, disse para Leonel que precisava que ele lhe compasse algumas coisas, pois queria que sua primeira noite fosse inesquecível, Leonel acreditou e saiu do escritório, enquanto isso Ana teve tempo para entrar e falar com Gabriele. - Vamos ter que antecipar os planos. - O que? - Parece que a policia está atrás de você, seu pai veio até aqui e Leonel vai fazer a sua negociação amanhã à noite, por isso vamos fugir hoje. - Hoje? - É... Está pronta para fugir? - Estou com medo e se não conseguirmos, e se eles pegarem a gente? - Acredite eu pareço firme, mas estou derretendo por dentro, eu não sei se vamos conseguir Gabi, mas precisamos fazer isso, entende? - Sim. - Ótimo. Quando Ana ia sair percebeu que a menina correu para o computador de Leonel. - O que vai fazer? - Preciso pegar umas coisas, não se preocupe, só guarde a porta por 15 minutos. A