Assim que Marcelo chegou na delegacia ele desabou atrás da mesa escondendo o rosto entre as mãos e procurando um pouco de silêncio para poder acalmar seus pensamentos que estavam a mil por hora.
Enquanto isso do outro lado da cidade Leonel deu um soco sobre a mesa.
- Então vocês a viram ser atropelada e simplesmente a deixaram lá? Nem ao menos tiveram o trabalho de garantir que a “piranha” estivesse mesmo morta?
Os dois capangas se entre olharam nervosos.
- Tinha muita gente chefe, a gente não podia ir até lá e pega a garota!
- Pelo menos viram quem a atropelou?
Um olhou para o outro sabendo que ao confirmar isso estariam mortos.
- Era um carro desses modelos novos, preto, quem dirigia era um homem, não deu para ver bem o rosto. – Mentiram, pois os dois sabiam que se tratava do delegado.
Leonel afundou o rosto entre as mãos.
- A menina não falou da gente e ainda não ligaram nós ao caso, mas não significa que não
Ana se despachou do consultório médico e saiu para o corredor esperando encontrar Marcelo, mas não o viu de imediato, andou de um lado a outro ainda com um pouco de dificuldade e decidiu esperá-lo. Porém, nessa hora as portas do corredor se abriram e ela viu dois homens passarem por ela, ela jamais conseguiria esquecer aqueles rostos, Ana deu um passo para trás vendo que ainda não tinha sido notada por eles e tentou se esquivar, eles se aproximaram de uma enfermeira e pareciam mostrar uma foto a ela como se quisessem saber de alguém, Ana pode ver pelo vidro que se tratava de uma fotografia dela, nervosa ela apressou o passo seguindo reto pelo corredor, porém ao fazer isso acabou chamando a atenção dos dois que observaram a garota que mancava para longe, um deles cutucou o outro. - Não é ela? - Será? Sem pensar duas vezes eles aceleraram o passo e começaram a seguir Ana, Ana tentou andar mais rápido, porém sentiu uma fisgada forte na perna. - D
Enquanto Marcelo atravessava a cidade para encontrar Natasha, Leonel pegou o telefone e ligou para alguém que já apareceu nessa história... - Eu já disse para não me ligar nesse número! Quer que sejamos descobertos? - Calminha aí, “dente afiado”... Temos que conversar. - Ninguém me chama de “dente afiado” há muito tempo e eu já disse que não podemos falar por esse telefone! - Então eu acho bom conseguir um tempo para mim dona Liane Guimarães, por que temos um assunto em comum para resolver e para logo! - Que assunto poderíamos ter em comum? Eu já paguei pelos seus serviços a cinco anos atrás! - Eu sei, não estou cobrando nada dona, porém apareceu alguém no nosso caminho e eu acho que a senhora vai adorar saber quem é. Liane cerrou os dentes e bateu o telefone com força após Leonel revelar o nome de “Marcelo”, o que diabos aquele delegadinho de meia quinta tinha feito agora? Marcelo pegou o ele
Ana não falou mais com Marcelo naquela noite, talvez ela devesse procura-lo pela manhã e tentar uma reaproximação, porém assim que acordou com a luz entrando pela janela ela percebeu logo que a casa estava sozinha, caminhou vagamente entre a sala e a cozinha e não o viu, voltou até o quarto e viu que a mochila com as provas contra Leonel tinha desaparecido, suspirou, sim é claro! Ele tinha conseguido o que queria e agora era uma questão de tempo para ele a por para fora dali, ainda mais agora que sabia que ela tinha mentido esse tempo todo para ele. Marcelo chegou à delegacia apressado e se trancou no escritório, Peçanha porém tinha algo que precisava mostrar a ele o mais rápido possível. Ele mal teve tempo de respirar sossegado e viu Peçanha fazendo sinal do outro lado do vidro, ele tinha papéis nas mãos e parecia falar alguma coisa, porém através do vidro ele não conseguia ouvi-lo, Marcelo encerrou o que estava fazendo no computador e caminhou até a porta.
Rapidamente Ana salvou aquele arquivo em um pen drive e o colocou no bolso da calça, voltou até a sala e percebeu que Marcelo tinha deixado a chave de casa em cima da mesinha, será que finalmente estava começando a confiar nela ou será que era o destino gritando a seu favor e dizendo que ela deveria ir atrás dele e lhe entregar aquele pen drive? Ana ouviu umas batidas na porta e ficou confusa se deveria ou não atender, Marcelo nunca recebia visitas, isso era muito estranho, não demorou muito para ela ouvir duas vozes grossas do outro lado. - Abra a porta e não reaja! É a policia e sabemos que está aí! Ana congelou, policia? Será que Marcelo tinha mandado a policia atrás dela? Mas por quê? Agora ele conhecia a verdade e sabia que ela era inocente! Por quê ele mandaria a policia? - Abra a porta Ana, ou teremos que invadir! Ana parou assustada, Ana? Marcelo não sabia que seu nome era Ana, ele a conhecia por Natasha, se ele tivesse enviado a
Do nada, e sem esperar, mais de 50 viaturas da policia invadiram a favela de Paraisópolis, três helicópteros também foram colocados no ar para ajudar nas buscas e de forma rápida os policiais foram ganhando os espaços da favela cercando os arredores do pavilhão abandonado onde Leonel estava com seus capangas e Ana Paula. Leonel ouviu o barulho dos carros de policia e dos helicópteros. - Merda! Eles enganaram a gente! Do lado de fora eles puderam ouvir a voz de Marcelo. - Vocês estão completamente cercados! Soltem a garota e saiam com as mãos para cima, eu repito, soltem a garota! Ana respirou aliviada ao ouvir a voz de Marcelo. - Pega a garota! Vamos usar ela como escudo! Ana se desesperou quando um dos capangas soltou a da cadeira e a amarrou contra ele, Leonel os acompanhou até a porta, porém assim que a porta abriu ele empurrou os dois para fora puxando as armas deles e atirando várias vezes contra os carros da policia, a po
Assim que Ana entrou no carro, Cezar a observou curioso. - Eu sei que eu a perdi no meio do caminho, e por isso eu gostaria de me desculpa, não fui um bom pai para você e sei que tudo que passou nesses últimos tempos foi boa parte culpa minha, porém há algo que eu gostaria de saber de você... - E o que é? - Qual é o seu real envolvimento com o delegado? Não que eu vá me opor a nada se disser que estão juntos, mais do que nunca aprendi minha lição com relação a não me meter nas suas escolhas, porém estou realmente curioso. Ana sorriu desanimada. - Não temos nada, somos apenas amigos, Marcelo me ajudou em um dos meus piores momentos, se não fosse por ele certamente os capangas de Leonel teriam me pegado, ele literalmente me salvou e foi mais de uma vez. – Ela se silenciou e depois retomou a fala. – E quanto a você, você não é culpado de nada pai, eu é que fui muito imatura quando decidi sair de casa, eu estava revoltada chateada e não pensei dir
A música começou a tocar e Ana se agitou nos bastidores preparados para ela. - Ele chegou? Ela perguntou a Luis Felipe que entrou para conduzi-la até o salão. Ele fez um sinal negativo com a cabeça. - Sinto muito Ana, eu pedi que esperassem, mas como se passou meia hora da hora marcada e ele não veio, decidimos começar, e então? Acha que consegue? Ela suspirou tentando controlar as lágrimas por saber que ele não estava lá e que ele de fato não viria, por mais que no fundo ela soubesse que seria muito difícil ele vir, ela tinha passado todos os dias pensando na possibilidade de o reencontrar, mais uma vez ela engoliu o choro e pôs um sorriso diplomático no rosto. - Farei o melhor para resistir. Luis Felipe lhe alcançou o braço e sorriu para ela. - Então vamos nessa bailarina. Os dois saíram dos bastidores e foram recebidos no salão pelas pessoas, Ana logo reconheceu os policias que a tinham ajudado no dia do sequ
Ana debruçou-se sobre o próprio corpo tentando a todo custo alcançar os dedos das mãos nos dedos do pé, a manhã tinha sido bastante produtiva, pensou, acordará às quatro horas da manhã apenas para treinar e ensaiar os últimos detalhes da coreografia, naquela noite, depois do jantar ela se apresentaria em uma apresentação solo para toda a equipe de funcionários da empresa em que seu pai era sócio, há meses ela vinha ensaiando para que tudo fosse perfeito, tinha 17 anos e estava pronta para começar a cursar dança, mas para isso precisava convencer seu pai de que ela era a melhor, e ela tinha trabalhado muito duro nisso, seu corpo doía de cansado, porém, ela precisava dar mais uma, duas, três piruetas, até alcançar a perfeição, ela se olhou no espelho e sorriu, tinha um corpo bonito, desde os três anos de idade resp