Ana não falou mais com Marcelo naquela noite, talvez ela devesse procura-lo pela manhã e tentar uma reaproximação, porém assim que acordou com a luz entrando pela janela ela percebeu logo que a casa estava sozinha, caminhou vagamente entre a sala e a cozinha e não o viu, voltou até o quarto e viu que a mochila com as provas contra Leonel tinha desaparecido, suspirou, sim é claro! Ele tinha conseguido o que queria e agora era uma questão de tempo para ele a por para fora dali, ainda mais agora que sabia que ela tinha mentido esse tempo todo para ele.
Marcelo chegou à delegacia apressado e se trancou no escritório, Peçanha porém tinha algo que precisava mostrar a ele o mais rápido possível.
Ele mal teve tempo de respirar sossegado e viu Peçanha fazendo sinal do outro lado do vidro, ele tinha papéis nas mãos e parecia falar alguma coisa, porém através do vidro ele não conseguia ouvi-lo, Marcelo encerrou o que estava fazendo no computador e caminhou até a porta.
Rapidamente Ana salvou aquele arquivo em um pen drive e o colocou no bolso da calça, voltou até a sala e percebeu que Marcelo tinha deixado a chave de casa em cima da mesinha, será que finalmente estava começando a confiar nela ou será que era o destino gritando a seu favor e dizendo que ela deveria ir atrás dele e lhe entregar aquele pen drive? Ana ouviu umas batidas na porta e ficou confusa se deveria ou não atender, Marcelo nunca recebia visitas, isso era muito estranho, não demorou muito para ela ouvir duas vozes grossas do outro lado. - Abra a porta e não reaja! É a policia e sabemos que está aí! Ana congelou, policia? Será que Marcelo tinha mandado a policia atrás dela? Mas por quê? Agora ele conhecia a verdade e sabia que ela era inocente! Por quê ele mandaria a policia? - Abra a porta Ana, ou teremos que invadir! Ana parou assustada, Ana? Marcelo não sabia que seu nome era Ana, ele a conhecia por Natasha, se ele tivesse enviado a
Do nada, e sem esperar, mais de 50 viaturas da policia invadiram a favela de Paraisópolis, três helicópteros também foram colocados no ar para ajudar nas buscas e de forma rápida os policiais foram ganhando os espaços da favela cercando os arredores do pavilhão abandonado onde Leonel estava com seus capangas e Ana Paula. Leonel ouviu o barulho dos carros de policia e dos helicópteros. - Merda! Eles enganaram a gente! Do lado de fora eles puderam ouvir a voz de Marcelo. - Vocês estão completamente cercados! Soltem a garota e saiam com as mãos para cima, eu repito, soltem a garota! Ana respirou aliviada ao ouvir a voz de Marcelo. - Pega a garota! Vamos usar ela como escudo! Ana se desesperou quando um dos capangas soltou a da cadeira e a amarrou contra ele, Leonel os acompanhou até a porta, porém assim que a porta abriu ele empurrou os dois para fora puxando as armas deles e atirando várias vezes contra os carros da policia, a po
Assim que Ana entrou no carro, Cezar a observou curioso. - Eu sei que eu a perdi no meio do caminho, e por isso eu gostaria de me desculpa, não fui um bom pai para você e sei que tudo que passou nesses últimos tempos foi boa parte culpa minha, porém há algo que eu gostaria de saber de você... - E o que é? - Qual é o seu real envolvimento com o delegado? Não que eu vá me opor a nada se disser que estão juntos, mais do que nunca aprendi minha lição com relação a não me meter nas suas escolhas, porém estou realmente curioso. Ana sorriu desanimada. - Não temos nada, somos apenas amigos, Marcelo me ajudou em um dos meus piores momentos, se não fosse por ele certamente os capangas de Leonel teriam me pegado, ele literalmente me salvou e foi mais de uma vez. – Ela se silenciou e depois retomou a fala. – E quanto a você, você não é culpado de nada pai, eu é que fui muito imatura quando decidi sair de casa, eu estava revoltada chateada e não pensei dir
A música começou a tocar e Ana se agitou nos bastidores preparados para ela. - Ele chegou? Ela perguntou a Luis Felipe que entrou para conduzi-la até o salão. Ele fez um sinal negativo com a cabeça. - Sinto muito Ana, eu pedi que esperassem, mas como se passou meia hora da hora marcada e ele não veio, decidimos começar, e então? Acha que consegue? Ela suspirou tentando controlar as lágrimas por saber que ele não estava lá e que ele de fato não viria, por mais que no fundo ela soubesse que seria muito difícil ele vir, ela tinha passado todos os dias pensando na possibilidade de o reencontrar, mais uma vez ela engoliu o choro e pôs um sorriso diplomático no rosto. - Farei o melhor para resistir. Luis Felipe lhe alcançou o braço e sorriu para ela. - Então vamos nessa bailarina. Os dois saíram dos bastidores e foram recebidos no salão pelas pessoas, Ana logo reconheceu os policias que a tinham ajudado no dia do sequ
Ana debruçou-se sobre o próprio corpo tentando a todo custo alcançar os dedos das mãos nos dedos do pé, a manhã tinha sido bastante produtiva, pensou, acordará às quatro horas da manhã apenas para treinar e ensaiar os últimos detalhes da coreografia, naquela noite, depois do jantar ela se apresentaria em uma apresentação solo para toda a equipe de funcionários da empresa em que seu pai era sócio, há meses ela vinha ensaiando para que tudo fosse perfeito, tinha 17 anos e estava pronta para começar a cursar dança, mas para isso precisava convencer seu pai de que ela era a melhor, e ela tinha trabalhado muito duro nisso, seu corpo doía de cansado, porém, ela precisava dar mais uma, duas, três piruetas, até alcançar a perfeição, ela se olhou no espelho e sorriu, tinha um corpo bonito, desde os três anos de idade resp
Arrumou as malas de forma organizada, colocou tudo que precisaria na bolsa, escreveu uma linda carta de despedida a mãe, deixando bem claro por que estava saindo de casa, na carta falava sobre a amante do pai e sobre o golpe que os três dariam em Luis Felipe, colocou em um envelope e deixou em um lugar que a mãe encontraria, no dia seguinte desapareceria do Rio de janeiro, indo a São Paulo onde entraria para uma grande academia de dança, só voltaria para casa quando fosse uma bailarina.“Dezessete anos e fugiu de casa, sete horas da manhã do dia errado, botou na bolsa umas mentiras pra contar deixou para trás os pais e o namorado”...Ao som de Natasha do Capital Inicial, Ana jogou o skate velho pela janela e saiu para o jardim, nas costas uma mochila não muito grande, mas com tudo o que precisava, dinheiro, uma roupa para o frio e outra para o calor, calçados confortáveis e
Ana chegou até a rodoviária e pegou um ônibus indo a São Paulo, ela tinha dinheiro suficiente para pegar um avião, mas queria economizar e ao mesmo tempo achava que seria muito mais difícil seu pai conseguir rastrear ela de ônibus, o celular ela entregou para um morador de rua, Cézar, Luis Felipe, sua mãe... Qualquer pessoa que fosse poderia morrer ligando, ela nem ao menos saberia, sabia também que ia sofrer com isso, mas era melhor assim, se acostumar com a solidão, por que se topasse conversar com qualquer um deles, perderia o foco e mudaria de ideia, ela seria uma bailarina, custasse o que for. O Ônibus encostou na rodoviária de São Paulo, Ana caminhou apressada até o ponto de Taxi e então percebeu que estava sendo seguida, era o cara do ônibus. - Ta com pressa gracinha? Ela abaixou a cabeça e apressou ainda mais o passo, quando se deu por conta estava correndo, não demorou muito para despistar o cara, porém a rodoviária tinha ficado para trás, ela tinha
Eram quatro da manhã e Ana já estava de pé, colocou uma música baixa para não atrapalhar quem estava dormindo e começou a se alongar, seu corpo inteiro doía muito das longas caminhadas e das horas em que ficou parada no ônibus, mas precisava se exercitar, não podia perder tempo, perdeu o equilíbrio pelo menos duas vezes, na terceira vez desistiu a dor era imensa, precisava descansar mais, caiu na cama e apagou, levou um susto ao perceber quando acordou que passavam das nove, arrumou a cama e desceu as escadas correndo, Maria a dona da pensão olhou para ela e sorriu. - Já estava recolhendo o café, mas sente-se querida vou esquentar a água. - Na verdade estou super atrasada, tenho que chegar ao centro da cidade. - Ao centro? Oh, pobre menina o ônibus que vai ao centro já passou na verdade, a menos que pegue um taxi, mas saiba que eles são bastante carreiros, esses dias me cobraram 50 reais, fiquei irada, era tudo que eu tinha na carteira! Disse a senhor