19 anos atrás…
— Camila, por favor, você precisa me ajudar — Débora estava transtornada quando pediu ajuda à sua irmã — Eu preciso desaparecer e preciso que fique com o David e o esconda com sua magia.
Camila podia ver a angústia no olhar de sua irmã.
— O que houve, Débora? Por que você está assim? E quem está atrás de você? — perguntou tentando entender a situação.
— Me escute, você sabe que agora não posso mais usar minha magia para protegê-lo, e você sabe que nem os vampiros, nem os lobos vão deixar isso passar — Débora disse chorando — Vou forjar minha morte e a do meu filho, e vou sumir por um tempo, o suficiente para ter certeza de que ele está seguro, então voltarei e o buscarei.
Débora não tinha muita opção naquele momento, pois ela e David corriam perigo. Camila olhou para sua irmã e disse com firmeza:
— Não se preocupe, você sabe que faço tudo por você, minha irmã, mas preciso fazer essa pergunta. — Camila olhou nos olhos de sua irmã e fez a pergunta: — Me diz, mesmo com tudo isso acontecendo, ele valeu a pena?
Débora deu um sorriso em meio às lágrimas e respondeu:
— Sim, ele é o amor da minha vida, o meu predestinado.
Camila deu um sorriso e afirmou para sua irmã:
— Então vou te ajudar com sua felicidade.
Dias atuais
Felipe se viu deitado em uma cama e notou alguém sentado próximo a ele. “O mesmo sonho”
pensa Felipe, “desta vez tenho que ver seu rosto.”Felipe levantou o braço e tocou na marca de nascença da pessoa à sua frente, a marca de uma lua crescente, a mesma marca que ele tem em seu ombro esquerdo também.Essa marca pertence ao clã de lobos da Lua Crescente. Todos os lobos do seu clã possuem essa marca, mas somente os que têm sangue de alfa possuem uma marca mais forte, o que é o seu caso. Felipe é filho de um alfa e também nasceu como alfa. Ele percebeu que a pessoa em seu sonho também era um alfa, pois a marca estava bem visível.
Assim que Felipe tocou a marca no ombro do outro, o indivíduo se virou, mas Felipe nunca conseguiu ver seu rosto, e nesse momento, acorda.
— Merda, novamente a mesma coisa — Felipe diz bufando — Por que não consigo ver seu rosto? E por que é um cara?
Felipe se sentou na cama e esfregou o rosto. Ele ficou pensativo, precisava descobrir por que ficava sonhando com esse homem e por que não conseguia ver seu rosto.
Ele sabia que os alfas podiam sonhar com suas almas gêmeas ou a pessoa predestinada, mas seria esse o caso? Afinal, Felipe nunca sentiu nada por outro homem; sempre se envolveu com garotas. No entanto, no sonho, ele parecia bem íntimo dessa pessoa e parecia feliz.
Essa sensação deixava Felipe desconfortável. Como não conseguiu mais dormir, decidiu sair para correr um pouco e esvaziar a mente. Ainda era madrugada, mas Felipe vestiu seu moletom e saiu para correr na floresta.
Depois de correr alguns quilômetros, Felipe voltou. Já tinha amanhecido quando ele chegou em casa, e sua mãe e sua irmã já tinham se levantado e estavam tomando café.
— Querido, por que saiu para correr tão cedo? — perguntou sua mãe.
— Não conseguia dormir, mãe, então decidi correr para esfriar a cabeça.
— Esfriar a cabeça? O que houve, brigou com alguma namorada? — indagou sua mãe, percebendo a tensão no ar.
Felipe respirou fundo, mas antes que pudesse responder, sua irmã falou primeiro:
— Acho que ele teve aquele sonho de novo.
Sua mãe olhou de um para o outro, sem entender o que estava acontecendo, apenas observando o rosto de travessura da irmã e o olhar preocupado de Felipe.
— Sonho? Que sonho? Do que se trata, querido? — perguntou ela.
Felipe deu mais uma olhada para sua irmã, respirou fundo e decidiu contar a sua mãe sobre os sonhos que estava tendo desde que completou 25 anos, o que aconteceu há não mais que um mês.
Depois de relatar tudo, sua mãe ficou um pouco pensativa, com um olhar distante, o que fez Felipe ficar curioso.
— Mãe? A senhora sabe de alguma coisa que não sei ou está assim porque estou sonhando com um homem? — indagou Felipe, querendo entender a expressão de sua mãe.
Sua mãe voltou a si, deu um sorriso e segurou a mão de Felipe, dizendo:
— Não estou preocupada por ser um garoto, querido. Se ele é sua alma gêmea, eu sei que ele te fará feliz. E você sabe que na alcateia há vários alfas que descobriram que suas almas gêmeas, no final, eram pessoas do mesmo sexo.
— Mas nunca senti nada por outro garoto — Felipe ainda estava relutante com essa ideia
— Mas se ele for, querido, você saberá assim que o ver. Você pode não ter sentido nada por outro, mas ele poderá despertar sentimentos em você que jamais sentiu. — Sua mãe sorriu novamente
Depois de dizer isso, Felipe percebeu que sua mãe estava em dúvida sobre contar algo mais.
— Mãe, acho que tem mais alguma coisa, não é? Por favor, preciso que me fale — insistiu Felipe.
Sua mãe o olhou por alguns instantes antes de finalmente decidir falar.
— Felipe, o que me deixou preocupada não é o fato de ser um garoto, mas sim o fato de você não ter conseguido ver seu rosto. — Ela respirou fundo e continuou — Já ouvi histórias de alfas que sonharam com seus predestinados e não conseguiam ver seus rostos. Isso costuma acontecer por dois motivos: ou porque eles não ficariam juntos por muito tempo ou porque eram do clã dos Twinkes.
— Twinkes? Espera, esse não é um clã de bruxas e bruxos que podem dominar lobos e vampiros? — Felipe disse um pouco assustado.
— Sim, eles se mantêm discretos porque não querem problemas, nem com os lobos, nem com os vampiros. Mas você disse que ele tinha a marca da Lua Crescente, então não tem como ele ser um bruxo — explicou sua mãe.
Felipe olhou para baixo e completou com uma expressão preocupada.
— Então, se ele não é um bruxo, talvez isso signifique que não vamos ficar juntos por muito tempo.
— Querido, seu sonho é um pouco confuso. Talvez haja outro motivo para isso. Não vamos pensar nisso até você conhecê-lo. — Sua mãe tentou acalmar Felipe.
Felipe concordou com a cabeça, mas, no fundo, de seu coração, ainda se sentia angustiado.
— Vou tomar banho e fazer a patrulha.
***********************
— O sangue desse garoto é incrível, reserve ele para mim na próxima semana. Da próxima vez, quero o serviço completo — disse o vampiro enquanto saía da sala, deixando um rapaz deitado na cama, meio desacordado e com marcas de mordidas pelo corpo.
Um gemido escapou dos lábios de David.
— Hum! Até quando ficarei nesse inferno? — sussurrou ele.
David acordou com a mesma expressão de tristeza que nos outros dias, verificou suas marcas de mordidas e viu que já estavam curadas. — Mais um dia nesse inferno — murmurou, suspirando profundamente. Naquele dia era o aniversário de David, ele completava 25 anos. — Queria que você viesse e me tirasse daqui, esse é meu desejo de aniversário. Ele falou isso olhando pela janela, onde a lua ainda brilhava. David sentia uma conexão inexplicável com a pessoa que o visitava em seus sonhos, embora não soubesse quem ele era. — Não sei por que venho sonhando com você e nem quem é, mas sinto que preciso de você. David observou a lua, desejando que a pessoa que gentilmente tocou seu ombro em seus sonhos viesse resgatá-lo daquele pesadelo. Ele continuou olhando pela janela até o nascer do sol, refletindo sobre como passou os últimos 15 anos sendo torturado e mantido prisioneiro por alguém que afirmava ser seu tio. David ouviu a porta de seu
Um longo suspiro ecoou pelo quarto de David. Já haviam se passado alguns dias do seu aniversário e desde que ele viu aquele estranho no portão. Desde então, seu coração estava inquieto, e ele notou que algo estranho estava acontecendo com seu corpo.Às vezes, David sentia uma pressão intensa em sua cabeça, em outros momentos, ele tinha arrepios seguidos de calor insuportável. Ele não conseguia controlar esses sintomas, e isso levou Pietro a cancelar os compromissos de David.Em uma noite, David estava com uma febre intensa, e Carlos tentava usar magia para estabilizar sua condição. No entanto, Carlos sabia que todos esses anos de supressão dos poderes de David poderiam resultar em complicações. Além disso, Carlos estava preocupado porque estava sentindo uma aura de lobo vindo de David.Depois de algum tempo, Carlos estava exausto, mas conseguiu estabilizar um pouco a situação. David estava semi-inconsciente, mas conseguiu ouvir parte da conversa.— Eu disse que isso poderia acontecer
David avançou para fora do quarto em uma velocidade que nem mesmo ele sabia que possuía. Devido ao barulho no quarto, os guardas subiram para verificar, e David foi passando por eles um por um, arremessando-os como se fossem brinquedos velhos sendo descartados.Ele não sabia como estava fazendo aquilo, mas seu corpo agora parecia ter vida própria. Era como se não pudesse controlar suas ações. Ele ainda sentia o latejar de sua cabeça e suas veias queimando como se estivesse passando fogo nelas e não sangue.Depois de deixar para trás um monte de vampiros desacordados, encontrou-se com Carlos e Pietro no andar de baixo. Pietro o olhava desesperado, como se estivesse vendo um monstro. O medo era nítido em seus olhos. Carlos o puxou para trás e, antes que pudesse lançar um feitiço, foi surpreendido por David, que os lançou para longe com apenas um olhar.Os dois estavam caídos no chão, machucados, e David avançou até a porta. Parou e olhou para Pietro com um olhar assassino.— Não tenho t
O Clima no escritório de Rômulo estava tenso com a falta de paciência de Felipe.— Por que não vamos simplesmente lá, batemos na porta e perguntamos para ele? — indagou Felipe.— Calma, Felipe, não seja impulsivo. Não é assim que resolvemos as coisas; existem regras e também temos o tratado — respondeu seu pai.— Regras? O senhor acha que ele está seguindo as regras?— Filho, por mais que a mansão esteja no território dos lobos, aquela mata é uma zona neutra. Ela pertence aos lobos e aos vampiros também. Agora que sabem que a bruxa do Santiago estava no local, devemos investigar e observar primeiro.— Ah! Eu que deveria estar lá naquela noite. Assim, eu teria ido atrás da pessoa que fugiu da casa.— Não adianta ficarmos olhando para o que aconteceu e o que podia ter acontecido. O que importa agora é o que vamos fazer daqui para frente.— Então, o que vamos fazer, pai?O pai de Felipe respirou fundo antes de responder: — Preciso comunicar com Mário primeiro. Ele é o líder da alcateia,
David olhou pela janela em direção ao jardim. Já era noite, e podia-se ver bastante movimento de vampiros do lado de fora. O medo e o nervosismo não deixaram de incomodar o seu coração. David se lembrou da conversa que teve com Santiago mais cedo, quando tinha garantido que ele não era um prisioneiro naquela casa e que queria ajudá-lo. No entanto, será que podia confiar naquele vampiro? Durante todos aqueles anos, ele foi trancado e usado por vampiros, então não seria tão fácil confiar nele.Ele decidiu não contar tudo para Santiago, principalmente o último episódio. Afinal, nem ele mesmo sabia o que tinha acontecido direito naquele dia, mas se lembrava claramente de que aquele monstro o havia chamado de tríbrido. O que isso significava, ele teria que buscar por respostas.Santiago havia garantido que ele poderia sair do quarto a hora que quisesse e que poderia passear no jardim também, mas disse que não seria seguro para ele sair daquela casa sozinho, já que não sabia quem poderia es
Já haviam se passado pelo menos uma semana desde que David havia acordado. Ele sentiu algumas dores de cabeça, mas nada preocupante. A força e o poder que ele sentiu antes não voltaram. Ele tinha feito amizade com Henrique e algumas outras pessoas na casa. Quanto aos vampiros, ele os cumprimentava e, às vezes, trocava algumas palavras, mas nada muito próximo.Naquela noite, David tinha dado um passeio pelo jardim e estava voltando para o seu quarto quando foi abordado por Santiago, que aproximou dele e o chamou.— David.David se virou e encarou o homem que se aproximava. Santiago vestia jeans e uma camiseta branca casual. Sua camiseta revelava sua clavícula bem delineada e seus músculos bem definidos. David engoliu em seco, pois tinha que admitir que Santiago era um homem muito bonito e atraente.— Você pode vir ao meu escritório? — Santiago convidou.Santiago fez um gesto com a mão, indicando o caminho do escritório, e David o acompanhou até a sala onde uma mulher o agua
Felipe saiu do escritório de seu pai com desgosto. Ele havia relatado tudo o que tinha observado na mansão de Santiago e também o que foi reportado por outros vigias, no entanto, seu pai estava evitando confrontar Santiago. Durante os dias em que vigiava a casa de Santiago, Felipe percebeu a presença de um estranho no local. Esse indivíduo ocasionalmente passeava pelo jardim ou tomava sol na sacada. Felipe não podia se aproximar muito, pois poderia ser detectado por algum vampiro. Apesar da excelente visão dos lobos, ele ainda não conseguia ver claramente o rosto daquele homem. O sol já estava se pondo, e naquele dia era a vez de Virgínia assumir o posto de vigia durante a noite. Felipe decidiu que também daria uma olhada à noite. Ele se encontrou com sua irmã e mais um amigo, e juntos se dirigiram à casa de Santiago. Eles se posicionaram em uma árvore que tinha vista para a janela onde o homem misterioso costumava aparecer. A mata estava a uma distância segura, evitando serem notad
No dia seguinte, o pai de Felipe o chamou até o escritório. Com seriedade, Felipe repassou tudo o que havia testemunhado ao pai e, com determinação, insistiu que tinham que pressionar Santiago para revelar a identidade do fugitivo da mansão na cidade. Rômulo, olhou fixamente para o filho, e trouxe uma notícia que trazia uma centelha de esperança. Com voz firme, ele anunciou: — Conversei com Mário, e ele vai voltar em breve. Enquanto ele não retorna, autorizou que fossemos confrontar Santiago. Melhor esperar pela noite e então vamos agir. Vou ligar para ele marcando essa visita. Agora que sabemos da presença dessa pessoa na casa, ele não poderá mais escondê-la. Felipe sentiu um frisson de excitação com a decisão do pai. Finalmente, teria a chance de encarar de perto o homem que o atormentava tanto. No entanto, Rômulo o advertiu com olhos sérios para não agir de forma imprudente ou impulsiva durante a visita à casa de Santiago.*******************