Confiança

O Clima no escritório de Rômulo estava tenso com a falta de paciência de Felipe.

— Por que não vamos simplesmente lá, batemos na porta e perguntamos para ele? — indagou Felipe.

— Calma, Felipe, não seja impulsivo. Não é assim que resolvemos as coisas; existem regras e também temos o tratado — respondeu seu pai.

— Regras? O senhor acha que ele está seguindo as regras?

— Filho, por mais que a mansão esteja no território dos lobos, aquela mata é uma zona neutra. Ela pertence aos lobos e aos vampiros também. Agora que sabem que a bruxa do Santiago estava no local, devemos investigar e observar primeiro.

— Ah! Eu que deveria estar lá naquela noite. Assim, eu teria ido atrás da pessoa que fugiu da casa.

— Não adianta ficarmos olhando para o que aconteceu e o que podia ter acontecido. O que importa agora é o que vamos fazer daqui para frente.

— Então, o que vamos fazer, pai?

O pai de Felipe respirou fundo antes de responder: — Preciso comunicar com Mário primeiro. Ele é o líder da alcateia, preciso informá-lo sobre esses acontecimentos em nossas terras. Mas, por enquanto, podemos montar guarda próxima à casa do Santiago. Já que sua casa fica próxima à floresta, ficará fácil para nossos homens ficarem de olho.

— Está bem, eu vou me encarregar disso.

— Já se passaram três dias e Santiago não falou nada. Vou fazer uma visita e investigar. Se ele não falar nada sobre o fugitivo, então aí poderemos presumir que ele está escondendo algo — declarou.

— Vou com o senhor. — Ofereceu-se.

— Não, sei o quanto você é impulsivo, Felipe. É melhor cuidar das pessoas que vão investigar o local.

Felipe deu uma bufada em sinal de desgosto, mas decidiu obedecer seu pai. Ele voltou para casa, tomou um banho e trocou de roupa antes de sair novamente. Ele estava na patrulha da noite e ainda não tinha ido em casa.

A mãe de Felipe estava na cozinha preparando o café da manhã. 

— Ei, mocinho, não fala mais com sua mãe não? — Sua mãe reclamou, abrindo os braços para receber um bom dia apropriado.

— Bom dia, mãe. Desculpe, estou vindo do escritório do pai e estava pensativo. — Felipe falou de uma maneira manhosa com sua mãe, e a abraçou em seguida. 

— Até parece que não é um lobo crescido. Não deixe seu pai te aborrecer, você sabe que ele te ama e se preocupa com você e sua irmã. Ele só não quer que você se machuque.

— Mãe… aaa… eu… eu…

— Por que está gaguejando para falar? Parece até que fez alguma travessura.

— Então, eu sou muito impulsivo?

— Era isso? Hum, um pouco, querido, principalmente quando se trata das suas coisas ou quando é algo com alguém que você ama. Você é, na verdade, um pouco possessivo. Mas por que essa pergunta agora?

— Nada, só uma conversa que tive com o pai. Vou subir e tomar um banho. Tenho algo para fazer.

Felipe agarrou uma maçã e subiu para seu quarto. Sua mãe balançou a cabeça e sorriu, vendo seu pequeno grande lobinho tendo uma crise existencial.

Ele entrou no seu quarto, tirou seu coturno e jogou-o em um canto. Tirou a camisa, revelando um peitoral bem definido, assim como sua barriga. Era natural para um alfa ter os músculos bem desenvolvidos, afinal, exercitavam-se bastante, tanto na forma humana quanto de lobo.

Felipe entrou no chuveiro, deixando a água escorrer pelo seu peito e abdômen. Precisava relaxar um pouco. Desde que ouviu aquele grito, sentia-se incomodado, inquieto, como se precisasse encontrar aquela pessoa o mais rápido possível. Fechou os olhos, deixando a água lavar sua angústia. Ele começou a lembrar do sonho que sempre estava tendo com aquele homem. Lembrou das suas costas largas e definidas, da marca e do toque que deu em seu ombro. Quase podia sentir a pele macia da pessoa à sua frente.

Os olhos de Felipe ainda estavam fechados, lembrando da cena. Nem percebeu o quanto seu corpo ficou rígido. Passou a mão pelos cabelos molhados e começou a descer sua mão pelo seu pescoço, indo em direção ao lugar que reclamava por sua atenção naquele momento. Sentiu-se extremamente duro e começou a se tocar, pensando naquela pessoa.

Felipe moveu a cabeça para trás e soltou um gemido abafado. Colocou uma mão no box e com a outra continuou a se masturbar, pensando em como seria o restante do corpo daquele homem, como seria beijar seu corpo. Ele passava a mão por sua glande lubrificada e continuava os movimentos para cima e para baixo, mantendo a pressão.

Ele tentava controlar os gemidos que saíam, para ninguém escutar. Os movimentos foram aumentando, e ele já estava quase atingindo o clímax quando foi interrompido pelo barulho do seu celular tocando.

Felipe se assustou, abriu seus olhos e saiu do box para atender. Viu no visor quem era e respondeu com mau humor: 

— O que foi?

— Cara, estou te esperando. Ainda vai demorar?

— Não, estou no banho. Daqui a pouco chego aí.

Felipe desligou, bufando. Ele entrou novamente no box e então se deu conta em quem estava pensando ao fazer aquilo, e lembrou das palavras da sua mãe quando lhe contou o sonho. “Não pode ser. Será que realmente estou sentindo desejo por um cara? Não, não, Felipe, deve ser porque você nunca mais ficou com alguém desde que começou a ter esses sonhos. É só isso. Eu acho,” pensou, tentando se convencer.

           *************************

Naquele mesmo dia, o pai de Felipe dirigiu-se à mansão de Santiago. Logo na entrada, havia seguranças, e, pelo menos, do lado de fora, todos eram humanos. Ainda era dia quando ele chegou, então, até anoitecer, seus guardas eram humanos. Santiago foi informado da presença do chefe e permitiu sua entrada.

Ele já tinha ido à mansão outras vezes, então estava acostumado com as coisas por ali. Ele não esperou muito para ser recebido por Santiago, que o cumprimentou com um sorriso. Santiago era um homem alto, de cabelos negros, moreno e com um corpo bem definido. Tinha uma tatuagem que descia até seu cotovelo e um diamante na orelha.

— Rômulo, como vai? Já faz algum tempo. — Santiago cumprimentou com um sorriso.

— Sim, já tem um tempo. Estou bem, e você? — respondeu Rômulo.

— Sim, tudo em ordem. Mas sente-se, em que posso ajudar? — convidou, indicando uma cadeira.

Rômulo aceitou o convite e se sentou. 

— Bom, você deve estar sabendo sobre o que aconteceu naquela mansão, afinal, tinha alguns vampiros envolvidos. — Começou Rômulo.

— Sim, eu fiquei sabendo. Já estou investigando para saber de quem se trata. Pelo que parece, são vampiros de fora, porque os meus não se atreveriam a fazer algo assim — explicou Santiago.

— Claro, não pensei em algo desse tipo. Só queria saber se você tem alguma novidade, afinal, esse fato ocorreu no território dos lobos e tem humanos envolvidos também.

— Não, ainda não sei de nada. O que sei, provavelmente você já sabe, que a casa era protegida por um bruxo Twinke — respondeu Santiago.

— Bom, espero que possamos trabalhar juntos como viemos fazendo durante esses anos, para continuar mantendo a paz por aqui — disse Rômulo.

— Não se preocupe, assim será — afirmou Santiago.

Depois de mais algumas palavras, Rômulo se despediu e foi embora. Santiago o observou pela janela vendo ele se afastar.

Santiago subiu as escadas e entrou no quarto do homem que estava desacordado há dias. Sentou na beirada da cama, levou seus dedos no rosto do homem misterioso e bonito deitado naquela cama e cariciou sua bochecha.

— Quem é você, gatinho misterioso? — murmurou Santiago.

Nesse instante, o homem abriu seus olhos e encarou os olhos de Santiago, que retraiu a mão no mesmo instante.

— Quem é você, e onde estou? — perguntou o homem misterioso, claramente assustado.

Santiago se levantou, deu um passo para trás para não assustar o já tão assustado homem na sua frente.

— Santiago, meu nome é Santiago, e você está na minha casa. Eu te salvei na mata quando ficou desacordado. Não se preocupe, não vou te machucar. Pode confiar. E seu nome, qual é?

— David, e confiança é algo que se conquista. 

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