David avançou para fora do quarto em uma velocidade que nem mesmo ele sabia que possuía. Devido ao barulho no quarto, os guardas subiram para verificar, e David foi passando por eles um por um, arremessando-os como se fossem brinquedos velhos sendo descartados.
Ele não sabia como estava fazendo aquilo, mas seu corpo agora parecia ter vida própria. Era como se não pudesse controlar suas ações. Ele ainda sentia o latejar de sua cabeça e suas veias queimando como se estivesse passando fogo nelas e não sangue.
Depois de deixar para trás um monte de vampiros desacordados, encontrou-se com Carlos e Pietro no andar de baixo. Pietro o olhava desesperado, como se estivesse vendo um monstro. O medo era nítido em seus olhos. Carlos o puxou para trás e, antes que pudesse lançar um feitiço, foi surpreendido por David, que os lançou para longe com apenas um olhar.
Os dois estavam caídos no chão, machucados, e David avançou até a porta. Parou e olhou para Pietro com um olhar assassino.
— Não tenho tempo para matar você agora, mas tenha certeza de que eu volto. — Deu um sorriso de lado e correu para fora da casa.
Ao chegar no portão, percebeu um feitiço de proteção em volta da propriedade que o impedia de sair. Com um simples movimento das mãos, desfez o feitiço e saiu correndo em direção à mata.
Próximo à mansão, havia dois grupos vigiando o local, um dos lobos e outro dos vampiros. A pessoa que vigiava o local para os lobos, informou o que havia acontecido.
— Alô, tem algo acontecendo na mansão. Tem muito barulho vindo de lá, e alguém acabou de destruir o portão e saiu em alta velocidade. Não deu para ver quem era. Acho melhor você vir para cá.
Os vampiros também ficaram surpresos e com eles havia uma bruxa.
— Você viu aquilo? A magia vindo dele era muito forte — deduziu, a pessoa que também vigiava o local.
— Sim, vou segui-lo.
— Tome cuidado. Não sabemos nada sobre ele.
David entrou na mata e parou próximo a um rio. Estava escuro, mas incrivelmente ele estava conseguindo enxergar no escuro, como uma espécie de visão noturna.
“Como isso é possível e como pude fazer tudo aquilo? O que está acontecendo comigo?”
Os pensamentos de David estavam explodindo em sua cabeça. Só nesse momento que se deu conta de que estava sem camisa e descalço.
Ele se aproximou do rio para beber um pouco de água. Ao tentar se abaixar, sentiu uma dor muito forte na cabeça. Parecia que até mesmo iria explodir. David agarrou sua cabeça com as mãos e caiu de joelhos no chão. Era como se algo estivesse tentando se libertar de dentro dele. David olhou para cima, ainda segurando sua cabeça, e pôde ver a imensa lua cheia que brilhava no céu. Ele soltou um grito, e sua visão começou a escurecer. David caiu ao lado do rio e, antes de perder sua consciência, pôde ver, mesmo com tudo borrado, que alguém estava se aproximando dele.
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Na mansão, tudo estava um caos. Carlos e Pietro estavam feridos, mas foram verificar o estado do vampiro que estava com David, afinal, ele é o principal cliente daquele lugar. Algumas garotas e garotos podiam ser vistos se encolhendo em alguns cantos com medo. Eram prisioneiros de Pietro, porém, eram humanos.
— O senhor está bem? — perguntou Pietro, segurando sua cabeça.
— O que você acha, seu imbecil? Vocês não tinham dado um sedativo a ele?
— Desculpe, senhor, mas acredito que algo aconteceu com o corpo dele. Por isso, a droga foi expulsa de seu corpo. — Carlos tentou explicar.
— Ele ainda estava com febre, e seu corpo estava suado, mas hoje seu sangue estava ainda mais incrível do que antes. Precisamos encontrá-lo com urgência. Longe dos remédios e da magia de supressão, ele vai despertar cada dia mais seus poderes, e se deixarmos ele progredir, não vamos mais conseguir segurá-lo.
Do lado de fora, barulhos de motos podiam ser ouvidos; várias motos podiam ser vistas chegando perto da mansão. Um homem saiu de trás de alguns arbustos e acenou para as motos; todos pararam próximo a ele. Felipe desceu da moto, retirou o capacete e sacudiu a cabeça para ajeitar o cabelo. Ele veio em direção ao homem com aquele ar de menino travesso e uma cara marrenta típica daquele Alfa de sangue puro.
— E então, alguma novidade?
— Parece que teve uma briga lá dentro. Pelo que consegui ouvir, era alguém que estava sendo mantido preso aí e conseguiu fugir. Pelo jeito, é alguém poderoso e fez um belo estrago.
Enquanto estavam conversando, viram alguns vampiros colocando as pessoas dentro de alguns carros e saindo do local. Todos se esconderam. Assim que os carros saíram, todos estavam se preparando para segui-los. Felipe parou ao ouvir um grito vindo da mata, e seu coração estremeceu.
— Vão, sigam eles e resgatem as pessoas. Tomem cuidado. Temos a vantagem da lua hoje, mas não podem facilitar, o.k.?
— Você também escutou, não foi? — Sua irmã perguntou, tocando seu ombro — Sei que não adianta dizer para não ir, então tome cuidado, bobão.
Virgínia deu um sorriso ao seu irmão e um soco no seu ombro, e o observou correr em direção à mata.
Lobos também podiam ser muito velozes, assim como os vampiros, ainda mais em uma noite de lua cheia como era naquela noite. Felipe adentrou a floresta com muita facilidade e seguiu o cheiro de algum vampiro que passou por ali.
Ele chegou rapidamente ao rio que passava ali dentro. O cheiro terminava ali, e era ainda mais estranho porque parecia que mais de um vampiro esteve no local. Ele viu que perto da margem a terra estava bem pisada.
Felipe observou bem o local, tentando entender o que podia ter acontecido ali, mas não conseguia imaginar o que houve e o motivo pelo qual o cheiro sumiu naquele lugar. Afinal, eles não poderiam ter sido engolidos pela terra.
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— Ele já está desacordado há algum tempo. O que quer que eu faça?
— Apenas monitore sua saúde, e assim que ele acordar, me comunique imediatamente. Nada de amarrá-lo ou qualquer outra coisa. Se queremos ganhar sua confiança, não podemos tratá-lo como estavam o tratando antes.
O Clima no escritório de Rômulo estava tenso com a falta de paciência de Felipe.— Por que não vamos simplesmente lá, batemos na porta e perguntamos para ele? — indagou Felipe.— Calma, Felipe, não seja impulsivo. Não é assim que resolvemos as coisas; existem regras e também temos o tratado — respondeu seu pai.— Regras? O senhor acha que ele está seguindo as regras?— Filho, por mais que a mansão esteja no território dos lobos, aquela mata é uma zona neutra. Ela pertence aos lobos e aos vampiros também. Agora que sabem que a bruxa do Santiago estava no local, devemos investigar e observar primeiro.— Ah! Eu que deveria estar lá naquela noite. Assim, eu teria ido atrás da pessoa que fugiu da casa.— Não adianta ficarmos olhando para o que aconteceu e o que podia ter acontecido. O que importa agora é o que vamos fazer daqui para frente.— Então, o que vamos fazer, pai?O pai de Felipe respirou fundo antes de responder: — Preciso comunicar com Mário primeiro. Ele é o líder da alcateia,
David olhou pela janela em direção ao jardim. Já era noite, e podia-se ver bastante movimento de vampiros do lado de fora. O medo e o nervosismo não deixaram de incomodar o seu coração. David se lembrou da conversa que teve com Santiago mais cedo, quando tinha garantido que ele não era um prisioneiro naquela casa e que queria ajudá-lo. No entanto, será que podia confiar naquele vampiro? Durante todos aqueles anos, ele foi trancado e usado por vampiros, então não seria tão fácil confiar nele.Ele decidiu não contar tudo para Santiago, principalmente o último episódio. Afinal, nem ele mesmo sabia o que tinha acontecido direito naquele dia, mas se lembrava claramente de que aquele monstro o havia chamado de tríbrido. O que isso significava, ele teria que buscar por respostas.Santiago havia garantido que ele poderia sair do quarto a hora que quisesse e que poderia passear no jardim também, mas disse que não seria seguro para ele sair daquela casa sozinho, já que não sabia quem poderia es
Já haviam se passado pelo menos uma semana desde que David havia acordado. Ele sentiu algumas dores de cabeça, mas nada preocupante. A força e o poder que ele sentiu antes não voltaram. Ele tinha feito amizade com Henrique e algumas outras pessoas na casa. Quanto aos vampiros, ele os cumprimentava e, às vezes, trocava algumas palavras, mas nada muito próximo.Naquela noite, David tinha dado um passeio pelo jardim e estava voltando para o seu quarto quando foi abordado por Santiago, que aproximou dele e o chamou.— David.David se virou e encarou o homem que se aproximava. Santiago vestia jeans e uma camiseta branca casual. Sua camiseta revelava sua clavícula bem delineada e seus músculos bem definidos. David engoliu em seco, pois tinha que admitir que Santiago era um homem muito bonito e atraente.— Você pode vir ao meu escritório? — Santiago convidou.Santiago fez um gesto com a mão, indicando o caminho do escritório, e David o acompanhou até a sala onde uma mulher o agua
Felipe saiu do escritório de seu pai com desgosto. Ele havia relatado tudo o que tinha observado na mansão de Santiago e também o que foi reportado por outros vigias, no entanto, seu pai estava evitando confrontar Santiago. Durante os dias em que vigiava a casa de Santiago, Felipe percebeu a presença de um estranho no local. Esse indivíduo ocasionalmente passeava pelo jardim ou tomava sol na sacada. Felipe não podia se aproximar muito, pois poderia ser detectado por algum vampiro. Apesar da excelente visão dos lobos, ele ainda não conseguia ver claramente o rosto daquele homem. O sol já estava se pondo, e naquele dia era a vez de Virgínia assumir o posto de vigia durante a noite. Felipe decidiu que também daria uma olhada à noite. Ele se encontrou com sua irmã e mais um amigo, e juntos se dirigiram à casa de Santiago. Eles se posicionaram em uma árvore que tinha vista para a janela onde o homem misterioso costumava aparecer. A mata estava a uma distância segura, evitando serem notad
No dia seguinte, o pai de Felipe o chamou até o escritório. Com seriedade, Felipe repassou tudo o que havia testemunhado ao pai e, com determinação, insistiu que tinham que pressionar Santiago para revelar a identidade do fugitivo da mansão na cidade. Rômulo, olhou fixamente para o filho, e trouxe uma notícia que trazia uma centelha de esperança. Com voz firme, ele anunciou: — Conversei com Mário, e ele vai voltar em breve. Enquanto ele não retorna, autorizou que fossemos confrontar Santiago. Melhor esperar pela noite e então vamos agir. Vou ligar para ele marcando essa visita. Agora que sabemos da presença dessa pessoa na casa, ele não poderá mais escondê-la. Felipe sentiu um frisson de excitação com a decisão do pai. Finalmente, teria a chance de encarar de perto o homem que o atormentava tanto. No entanto, Rômulo o advertiu com olhos sérios para não agir de forma imprudente ou impulsiva durante a visita à casa de Santiago.*******************
Após a ligação que Santiago recebeu, ele explicou toda a situação a David, incluindo detalhes sobre o tratado de paz que existia entre as diferentes raças sobrenaturais. Como o incidente ocorreu na área dos lobos, era protocolo informá-los, mas Santiago decidiu agir por conta própria. Santiago deixou a decisão de entrar em contato com o clã dos lobos nas mãos de David, uma vez que ele pertencia ao mesmo clã da lua crescente. David afirmou que analisaria todos os pontos apresentados por Santiago antes de tomar uma decisão final. Após sair do quarto de Santiago, deixando-o com Penélope, David foi para seu próprio quarto e começou a ponderar sobre todas as informações fornecidas por Santiago. Ele se concentrou especialmente na incerteza de até onde membros do clã dos lobos poderiam estar envolvidos na situação, mas também reconheceu seu direito de ter contato com as outras duas raças às quais pertencia. No quarto de Santiago, Penélope obser
David abriu os olhos, desorientado, tentando discernir o seu entorno. Ao erguer a cabeça, deparou-se com Santiago beijando sua barriga, suas mãos se aventurando na direção do cós de sua calça. A lembrança de tudo caiu sobre David, e ele prontamente soltou a cabeça de Santiago, que mantinha em suas mãos. Esse movimento brusco fez Santiago direcionar seu olhar na direção de David. Os olhos que Santiago encontrou não exibiam mais o azul profundo, e aquele olhar não mais transpirava desejo. Agora, era um olhar de surpresa e inquietação. David pôde sentir claramente a tensão e o desejo mútuo que haviam se transformado em um desconforto palpável.A ereção dura de Santiago pressionava contra sua perna, ele também podia sentir que ficou do mesmo jeito, mas aquilo tudo saiu de paixão para constrangimento. David desviou seu olhar para o pescoço de Santiago e, em seguida, tocou seus próprios lábios.Santiago notou os olhos de David repletos de lágrimas, e retirou suas mãos da barriga
Depois de se apresentar a todos, David se acomodou em uma poltrona próxima a Santiago, posicionada de frente para os demais. — Então, o que o senhor gostaria de saber? — indagou David. — Em primeiro lugar, quero pedir desculpas por toda essa pressão que estamos fazendo. Sei que não deve ser fácil para você ter que ficar respondendo perguntas, depois de tudo o que passou. Só quero chegar ao fundo disso e descobrir quem são as pessoas por trás desse absurdo. David ocasionalmente lançava olhares na direção de Felipe e toda vez que o fazia, seus olhos encontravam os daquele homem, que o observava atentamente. — Tudo bem, o que eu souber e puder responder, eu farei, mas algumas coisas eu desconheço, inclusive sobre meu passado. David respondeu demonstrando sua disposição para responder às perguntas, na esperança de que eles pudessem também compartilhar alguma informação. — Qual o motivo de te manterem preso naquele lug