Era a época perfeita do ano e o clima era agradável naquele domingo. Não chovia muito, os dias também não eram muito quentes, e quase não havia nuvens no céu. Dirceu cantarolava preparando a churrasqueira sorrindo para Sulivan, que ia e voltava da cozinha direcionando para ele, olhares amorosos. Lily e a nora de Dirceu tinham acabado a arrumação e agora ajudavam a levar os pratos para fora. Um pequeno garoto corria todo o jardim fazendo a volta pelo terreno da casa enquanto um menino e uma menina, gêmeos, e mais velhos corriam atrás dele encurralando-o dos dois lados. Ele tentava se esquivar e caía na risada. Um rapaz um pouco mais velho que Collin, conversava com Dirceu enquanto vigiava à distância, o carrinho onde um bebê dormia.
— Lily, onde ele está? — Sulivan refe
Os olhos de Lily percorreram o tablado, procurando por Collin entre as duplas de alunos vestidos com quimonos brancos. O que os diferenciavam eram apenas as faixas coloridas, atadas à cintura. Circulando entre eles, o 'Sensei' proferia os comandos e parava algumas vezes para acertar uma postura ou golpe mal-executado. O rosto de Lily resplandeceu em admiração, quando avistou seu namorado aprendendo a imobilizar o parceiro de treino. Ela reconheceu o jovem de faixa roxa que praticava com Collin. Tão logo a viu ali parada, ele falou ao ouvido de Collin, que reagiu erguendo a cabeça e abrindo um sorriso largo. Sabendo que falavam sobre ela, Lily revirou os olhos, enquanto os dois continuavam conversando e rindo. Finalmente eles se curvaram fazendo o cumprimento tradicional do judô. Leonardo e Collin encerraram o treino e depois de trocar algumas palavras com o professor vieram ao encontro dela.
Em agosto, Sulivan e Dirceu anunciaram a data do casamento. Casariam-se dali a dois meses numa cerimônia simples e intimista, e fariam uma recepção para poucos convidados, no próprio jardim da casa.Com a proximidade da data, as semanas consequentes foram bastante intensas.Enquanto Lily ajudava Sulivan com os preparativos, Collin seguia frequentando rigorosamente as aulas no instituto e estava cada vez mais dedicado ao judô. O esporte havia se tornado a segunda coisa preferida em sua vida. A sua primeira 'coisa' favorita era a moça corajosa, de perfume doce e voz cativante. A amizade dele e Leonardo se fortaleceu bastante durante esse período, uma vez que passavam mais tempos juntos, enquanto as parceiras estavam ocupadas com a organização do casamento.
— Como ela está, Lily? — a moça girou levemente o corpo para trás, para observar Sulivan entre os convidados.— Sorrindo tanto que parece nem ter ossos no rosto.— Foi uma ótima descrição. — Collin riu.Apesar de haver poucos convidados a festa estava bastante animada. A maior parte dos presentes eram da família de Dirceu. Até a banda de Tomás, o filho caçula de Dirceu, havia tocado algumas músicas logo no início da festa, e como eram conhecidas todos cantaram junto. Ficou evidente que o garoto tinha potencial.Depois de ter se apresentado para umas trinta pessoas, Collin ficou impaciente e quis procurar uma mesa afastada
Quase seis horas de voo e duas escalas depois de embarcarem no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão, os quatro viajantes desembarcaram em Porto Seguro, na Bahia.Assim que notaram a ausência da filha, Helena e Sócrates tentaram desesperadamente entrar em contato com ela. Mas, a moça ignorou suas ligações e quando entrou no avião desligou o aparelho.A viagem havia sido tranquila, embora Sulivan e Collin que nunca haviam entrado em um avião tivessem ficado bastante apreensivos. Corroída de remorso por ter fugido de casa e decepcionado os pais, Lily, não falou muito durante o voo. Isso fez Collin se preocupar depois do que havia acontecido no final do dia anterior durante a festa. Naquela manhã ela havia aparecido afirmando estar bem. Quando Collin a quest
— E aí? Já fez o pedido? — Ela perguntou impaciente e ele assentiu com a cabeça. — O que você pediu?O que ele queria, era que apenas por um momento, pudesse enxergar seus olhos, ver seu sorriso, contemplar a paixão no olhar dela quando olhava para ele. Ele adoraria se embevecer no seu olhar.— Collin, o que você pediu? — Ela insistiu em consequência do silêncio dele.— Se eu te contar, não vai se realizar. — respondeu emocionado.Lily se comoveu, imaginando que o pedido dele teria algo a ver com voltar a enxergar. Ela sentiu o peito contrair com o pesar.— Mas, eu tenho outro p
Depois de haver adormecido novamente em meio as suas reflexões, Lily despertou sentindo um leve formigamento nos lábios. Ao abrir os olhos, entendeu que Collin a beijava com ternura.— Bom dia, anjo. — Ele falou entre um beijo e outro. — Você dormiu bem?— Bom dia, meu amor! Sim. — Ela respondeu encarando o rosto dele, inchado e amassado.— Estou tão aliviado que não tenha apenas um sonho. — Ele desceu novamente até seus lábios, tomando-os apaixonadamente. — Meu Deus! Estou te amando de verdade.— Eu também te amo, Collin. Eu queria ter dito ontem, mas fiquei tão boba quando você falou, que perdi
— Desculpa, Lily! Mas eu não compreendi o que você disse.— Você tem razão, fez tudo certo naquele dia. Era improvável que algo desse errado. E não teria acontecido nada, se eu não tivesse sabotado você.— Fala algo que eu entenda, porque até agora, o que você falou não fez nenhum sentido. Você está brincando comigo? — Ele continuava se negando a entender.Lily, pensou em retroceder, fingir que era realmente uma brincadeira, fugir dali, mas se quisesse provar que o amava precisava contar a verdade. Ela ajoelhou-se diante dele, as lágrimas desciam abundantemente, a respiração dela era entrecortada, precisa falar devagar, ter cuidado com as palavras para que
Os olhos de Dirceu brilhavam de paixão enquanto observava sua esposa cuidar da pele levemente queimada de sol antes de se deitar. Instantes mais tarde, eles estavam deitados, aconchegados, trocando beijos e juras de amor, em clima de lua-de-mel. O assobiar de uma ventania forte provocou calafrios em Sulivan, quando invadiu o quarto agitando as cortinas e as páginas do livro de cabeceira que Dirceu folheava antes dela se deitar. Sulivan se desprendeu do abraço do marido e levantou para fechar a janela. O mar estava agitado e o céu encobria-se de nuvens, parecia que estava vindo uma frente fria. Ela tocou a janela na intenção de fechá-la, antes, porém, teve o ímpeto de dar uma última olhada no jovem casal que havia ficado conversando na areia próximo à casa. Mas não viu o filho, nem a nora. Ela apertou os olhos tentando localizá-los na praia.