Sulivan já estava quase tendo um ataque quando ouviu o ruído do carro estacionando na frente da casa. Passaram duas horas além do horário, e depois do estarrecedor comunicado de Lily ela já nem sabia o que pensar.
Quando a moça entrou logo atrás de Collin, seu olhar pousou direto nos olhos saltados e vermelhos de Sulivan. Ela sentiu coração pesar ao perceber que mulher chorara, certamente por sua causa.
— Está tudo bem, filho? — Sulivan perguntou virando o rosto para beijá-lo e em seguida voltou a encarar a moça que ainda estava perto da porta.
— Estou bem, mãe. — Collin respondeu com firmeza.
— Sério? &mdash
Era a época perfeita do ano e o clima era agradável naquele domingo. Não chovia muito, os dias também não eram muito quentes, e quase não havia nuvens no céu. Dirceu cantarolava preparando a churrasqueira sorrindo para Sulivan, que ia e voltava da cozinha direcionando para ele, olhares amorosos. Lily e a nora de Dirceu tinham acabado a arrumação e agora ajudavam a levar os pratos para fora. Um pequeno garoto corria todo o jardim fazendo a volta pelo terreno da casa enquanto um menino e uma menina, gêmeos, e mais velhos corriam atrás dele encurralando-o dos dois lados. Ele tentava se esquivar e caía na risada. Um rapaz um pouco mais velho que Collin, conversava com Dirceu enquanto vigiava à distância, o carrinho onde um bebê dormia.— Lily, onde ele está? — Sulivan refe
Os olhos de Lily percorreram o tablado, procurando por Collin entre as duplas de alunos vestidos com quimonos brancos. O que os diferenciavam eram apenas as faixas coloridas, atadas à cintura. Circulando entre eles, o 'Sensei' proferia os comandos e parava algumas vezes para acertar uma postura ou golpe mal-executado. O rosto de Lily resplandeceu em admiração, quando avistou seu namorado aprendendo a imobilizar o parceiro de treino. Ela reconheceu o jovem de faixa roxa que praticava com Collin. Tão logo a viu ali parada, ele falou ao ouvido de Collin, que reagiu erguendo a cabeça e abrindo um sorriso largo. Sabendo que falavam sobre ela, Lily revirou os olhos, enquanto os dois continuavam conversando e rindo. Finalmente eles se curvaram fazendo o cumprimento tradicional do judô. Leonardo e Collin encerraram o treino e depois de trocar algumas palavras com o professor vieram ao encontro dela.
Em agosto, Sulivan e Dirceu anunciaram a data do casamento. Casariam-se dali a dois meses numa cerimônia simples e intimista, e fariam uma recepção para poucos convidados, no próprio jardim da casa.Com a proximidade da data, as semanas consequentes foram bastante intensas.Enquanto Lily ajudava Sulivan com os preparativos, Collin seguia frequentando rigorosamente as aulas no instituto e estava cada vez mais dedicado ao judô. O esporte havia se tornado a segunda coisa preferida em sua vida. A sua primeira 'coisa' favorita era a moça corajosa, de perfume doce e voz cativante. A amizade dele e Leonardo se fortaleceu bastante durante esse período, uma vez que passavam mais tempos juntos, enquanto as parceiras estavam ocupadas com a organização do casamento.
— Como ela está, Lily? — a moça girou levemente o corpo para trás, para observar Sulivan entre os convidados.— Sorrindo tanto que parece nem ter ossos no rosto.— Foi uma ótima descrição. — Collin riu.Apesar de haver poucos convidados a festa estava bastante animada. A maior parte dos presentes eram da família de Dirceu. Até a banda de Tomás, o filho caçula de Dirceu, havia tocado algumas músicas logo no início da festa, e como eram conhecidas todos cantaram junto. Ficou evidente que o garoto tinha potencial.Depois de ter se apresentado para umas trinta pessoas, Collin ficou impaciente e quis procurar uma mesa afastada
Quase seis horas de voo e duas escalas depois de embarcarem no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão, os quatro viajantes desembarcaram em Porto Seguro, na Bahia.Assim que notaram a ausência da filha, Helena e Sócrates tentaram desesperadamente entrar em contato com ela. Mas, a moça ignorou suas ligações e quando entrou no avião desligou o aparelho.A viagem havia sido tranquila, embora Sulivan e Collin que nunca haviam entrado em um avião tivessem ficado bastante apreensivos. Corroída de remorso por ter fugido de casa e decepcionado os pais, Lily, não falou muito durante o voo. Isso fez Collin se preocupar depois do que havia acontecido no final do dia anterior durante a festa. Naquela manhã ela havia aparecido afirmando estar bem. Quando Collin a quest
— E aí? Já fez o pedido? — Ela perguntou impaciente e ele assentiu com a cabeça. — O que você pediu?O que ele queria, era que apenas por um momento, pudesse enxergar seus olhos, ver seu sorriso, contemplar a paixão no olhar dela quando olhava para ele. Ele adoraria se embevecer no seu olhar.— Collin, o que você pediu? — Ela insistiu em consequência do silêncio dele.— Se eu te contar, não vai se realizar. — respondeu emocionado.Lily se comoveu, imaginando que o pedido dele teria algo a ver com voltar a enxergar. Ela sentiu o peito contrair com o pesar.— Mas, eu tenho outro p
Depois de haver adormecido novamente em meio as suas reflexões, Lily despertou sentindo um leve formigamento nos lábios. Ao abrir os olhos, entendeu que Collin a beijava com ternura.— Bom dia, anjo. — Ele falou entre um beijo e outro. — Você dormiu bem?— Bom dia, meu amor! Sim. — Ela respondeu encarando o rosto dele, inchado e amassado.— Estou tão aliviado que não tenha apenas um sonho. — Ele desceu novamente até seus lábios, tomando-os apaixonadamente. — Meu Deus! Estou te amando de verdade.— Eu também te amo, Collin. Eu queria ter dito ontem, mas fiquei tão boba quando você falou, que perdi
— Desculpa, Lily! Mas eu não compreendi o que você disse.— Você tem razão, fez tudo certo naquele dia. Era improvável que algo desse errado. E não teria acontecido nada, se eu não tivesse sabotado você.— Fala algo que eu entenda, porque até agora, o que você falou não fez nenhum sentido. Você está brincando comigo? — Ele continuava se negando a entender.Lily, pensou em retroceder, fingir que era realmente uma brincadeira, fugir dali, mas se quisesse provar que o amava precisava contar a verdade. Ela ajoelhou-se diante dele, as lágrimas desciam abundantemente, a respiração dela era entrecortada, precisa falar devagar, ter cuidado com as palavras para que