— Querido, tente comer alguma coisa ou tome pelo menos um copo de suco, qualquer coisa. Você precisa estar forte para resolver esse problema — Minha mãe pediu com insistência. Derrotado, eu concordei e tomei apenas o suco de laranja que ela estendeu a mim. Mais tarde, mesmo relutante, eu tomei o chá, que Marta insistiu que tomasse. O líquido morno e adocicado fez o meu corpo relaxar imediatamente. Já passava das cinco e meia da tarde quando o telefone voltou a tocar e todos ficaram em alerta, tomando a sua posição diante de suas funções. Segurei o aparelho com firmeza e esperei o sinal do agente da polícia. Ele levantou um dedo, fazendo um gesto sutil de cabeça, eu atendi.— Alô? — Aguardei o som da voz áspera me dizer qual seria o próximo passo, mas o que eu escutei encheu o meu coração de desespero e o chão foi tirado de mim.— Luís? — Ouvi a voz da minha mulher e fui tomado por uma angústia, aumentando o meu desespero. Meu corpo tremia e meu coração chegou a falhar uma batida.— An
— É o Augusto! —Constatou. — Ele está morto.— Acho que encontrei a senhora Alcântara. — O detetive disse e foi para fora da casa. Todos o seguimos para os fundos do sítio, entrando em um mato alto e seco. As lanternas clareavam a trilha estreita de terra e eu forçava a visão para olhar pertos das árvores e arbustos. Escutamos sons vozes alteradas próximo a uma espécie de poço e seguimos a direção dos sons.— É a voz da Camilly e do Carlos? — Marcos indagou ao meu lado.— Eles estão discutindo sobre a fuga da Ana — Assenti para o meu amigo e falei em um tom baixo e irritado.— Você e aquele idiota não fazem nada direito! Eu disse para não a deixar solta. Vem, vamos voltar, não vamos encontrá-la nessa escuridão! — reclamou. E quando se viraram para voltar à casa, nos encontram com as armas apontadas para eles.— Camilly e Carlos, vocês estão presos. — O delegado deu voz de prisão e na sequência começou a ler os seus direitos. Camilly faz uma cara assustada, erguendo suas mãos para o al
Ana JúliaÀs vezes eu penso que tudo isso não passou de um grande sonho e que a qualquer momento eu vou acordar e ver que nada disso realmente aconteceu. Estou na casa da dona Joana, minha futura sogra, mais precisamente no quarto de Lilian, minha futura cunhada. E como havíamos combinado durante a nossa adolescência, minha melhor amiga fez a minha maquiagem, mas foi Lilian quem cuidou dos meus cabelos. Ela fez lindos cachos d'água e os adornou com uma linda e delicada coroa, cravejada com minúsculas pedrinhas de brilhantes e um véu fino e rendado, caía em cascatas por minhas costas, até se espalhar pelo chão. Confesso que estou muito nervosa e ansiosa também, mas acho que não sou a única agitada por aqui, pois em minha barriga está acontecendo um reboliço animado. É como se os bebês soubessem o que está acontecendo, em sua festa particular, eles param um só minuto.— Pronto. — Lilian diz se afastando um pouco e tanto ela, quanto a Mônica sorriem para o resultado final. Ponho-me de pé
— Estava pensando em sua mãe, certo? — Balanço a cabeça em afirmação. — Ana, você sabe que de onde ela estiver, ela estará muito feliz por você, não é? — Eu respiro fundo e assinto mais uma vez.— Eu sei. Eu só... eu queria tanto que ela estivesse aqui comigo! — digo com a voz embargada. Ele vem para mais perto de mim e me abraça.— E ela está, minha querida. Acredite, que ela está! — sussurra e depois beija o topo da minha cabeça. Sorrio.— Obrigada! — Ele arqueia as sobrancelhas para mim.— Vamos? Meu filho está quase tendo um ataque cardíaco naquele altar. — Ri do seu comentário. — Acredita que ele já me ligou umas dez vezes? — Logo o clima triste se foi, e eu abri um sorriso mais largo.— Sério? Isso é bem a cara do meu meninão — sibilei segurando o meu buquê em minhas mãos e o meu sogro me ofereceu o seu braço. — Vamos — concordei entrelaçando o meu braço ao seu.— A propósito, você está linda, Ana! — disse assim que entramos no corredor. — Meu filho é um homem de muita sorte e e
—Desculpa atrapalhar os seus planos matinais, chefinho! Mas a Ana precisa se preparar para o seu dia. — A morena infernal disse, olhando para um ponto dos lençóis, me deixando sem graça.— Para onde irão levá-la? — Indaguei quando vi a minha gravidinha vestida com um vestido branco e solto e que logo foi arrastada a porta de saído do quarto.— Não se preocupe, filho. Ela ficará bem! — Foi tudo o que dona Joana falou depois de fechar a porta. Saltei para fora da cama, em busca de uma roupa e pus apenas um short, na tentativa de impedir aquelas malucas de levá-la para longe de mim e estanquei no meio da minha sala, encontrando uma comitiva de machos me aguardando.— Que palhaçada é essa? Onde pensam que estão, na casa da sogra? — bradei para o meu pai, Marcos e Guilherme que estavam bem na passagem. Juro que tentei convencê-los a me deixar buscá-la e não importava o que eu dissesse, eles simplesmente não me ouviam. Me senti frustrado, vencido e fui obrigado a voltar para o quarto, para
— Era brincadeira, cara, relaxa! — pede e fica sério em seguida. — Mas agora é sério, cara. Eu estou muito feliz por você. Você, mais do que ninguém, merece tudo isso e como seu melhor amigo e padrinho do noivo, eu te desejo toda a felicidade do mundo, mano! — Ele me puxa para um abraço, me dando alguns tapas nas costas.— Obrigado, meu amigo! Por tudo, mesmo. Sabe que foi mais que um amigo pra mim, você foi o meu irmão. Não tenho e nunca terei como agradecer...— Na verdade, tem sim — interrompe-me. — Você me deixa dançar com a noiva? Tipo, assim, bem coladin... — Nem o deixei que terminasse a frase e dei-lhe outro tapa na nuca. Dessa vez ele não reclamou, apenas riu em alto e em bom tom. Rolei os olhos para ele. Imbecil! Idiota!— Sem noção! — rosnei e peguei o prato montado com alguns salgados e doces e me afastei. Encontrei a Ana rodeada por suas amigas na mesa e quando me aproximei, me vi envolvido pela conversa animada das meninas. E quando a minha pequena família já estava alim
Ana JúliaEstes dias não têm sido nada fáceis para mim. Para vocês terem uma ideia, eu estou imensa de gorda, apesar de meu marido dizer que estou linda e que continuo gostosa. Sei, me engana, que eu gosto! Estou me sentindo tão pesada, que uma baleia perderia para mim. A barriga está tão grande, que mal consigo ver os meus próprios pés, mas estou muito feliz e satisfeita com meu marido, com a minha vida e com a minha gravidez. Depois de ter completado seus nove meses, os bebês estão para lá de inquietos aqui dentro. Minha barriga faz ondas imensas, enquanto o papai conversa com eles e se diverte com os seus movimentos.— Está chegando a hora, pontinhos! — Ele fala em um tom baixo, acariciando o barrigão. — Hoje vocês completam nove meses. Estão fazendo festa aí, né? Tô vendo. Também estamos fazendo festa aqui e ansiosos pela chegada de vocês — diz tão carinhoso que eu chego a me derreter. Luís levanta sua cabeça e olha para mim. Ele pisca um olho e sorri, depois volta o olhar para a
— Muito bem, senhora Alcântara, quando a dor vier, quero que faça bastante força, ok? — O obstetra pediu se posicionando em uma cadeira. Segurei firme a mão de meu marido e quando a dor veio, soltei um som estrangulado e fiz força, soltando um grito animalesco em seguida. E quando a dor me deixava e eu conseguia respirar, Luís acariciava o meu rosto e beijava a minha testa.— Você está indo bem, amor, estou orgulhoso de você! — Ele fala com um tom calmo e baixo. As dores viam cada vez mais fortes e eu fazia cada vez mais força. Em ter um intervalo e outro me dediquei aos exercícios de respiração e com mais um grito de dor, ouvi finalmente o choro do primeiro bebê, relaxando um pouco.— Parabéns, é um lindo menino! — Doutora Kyara disse, segurando o Jonathan e o envolvendo em uma manta. Entre lágrimas e sorrisos, Luís beijou a minha testa.— Obrigado, meu amor! —Sua voz estava embargada. O pai coruja segurou o bebê nos braços colo e de cara já teve uma conversa com o menino, de homem p