Duas semanas antes do casamento...Ana JúliaQuem nunca sonhou com um dia de princesa, com todos os cuidados direcionados especialmente para você, o tempo todo? Pensar assim torna as coisas fáceis demais, mas a verdade é que estou muito nervosa. Falta apenas duas semanas para o nosso casamento e como prometido, Luís cuidou de tudo, de cada detalhe, eu não me preocupei com nada. Dona Joana estava sempre por perto, me auxiliando com uma coisa e outra. Os dias parece passar rápido demais e eu já me sinto mais pesada, com uma barriga de gêmeos de cinco meses. Seguro a mão do Luís e juntos, adentramos a sala de ultrassom. O papai aqui está muito ansioso e não consegue esconder o sorriso largo e bobo, a sua inquietude, o nervosismo tudo junto e misturado. Segundo a nossa obstetra, talvez hoje consigamos ver os sexos dos bebês. Já tentamos ver nos ultrassons anteriores, mas não tivemos êxito. Do lado de fora da sala ficaram três seguranças que me seguem onde quer que eu vá. Não é a melhor co
— Não, querida, é você quem me faz ser assim. O seu amor me moldou e me transformou nesse homem completamente apaixonado que eu sou agora. — Depois de se declarar da maneira mais intensa e envolvente que ele já fez, tornou a beijar-me com fervor. — Oh! — resmunga com desanimo. — Eu preciso ir trabalhar, pequena! Como eu queria ficar aqui com você! — Enlaço o seu pescoço e o beijo levemente na boca.— Nos vemos a noite, então? — Ele suspira resignado.— Sim, à noite. — E antes de sair, recebo mais um beijo demorado, que me deixa amolecida e desejosa. Assim que ele sai, vou para o quarto dos bebês. Confesso que estou ansiosa para segurar Cristal e Jonathan em meus braços. O cômodo se tornou muito especial para mim, mas especialmente para o meu noivo. Observo deslumbrada as paredes amarelas de um tom claro e suave, como Luís decidiu junto com nossos filhos, pelo menos é nisso que ele acredita. Algumas nuvens brancas estão espalhadas em todas as paredes e no centro do quarto, tem dois be
— Tudo bem! Depois das suas núpcias, quero ir para uma praia paradisíaca e levar comigo pelo menos umas três garotas. Quinze dias transando feito louco e eu fico pronto para outra — rosnou debochado e eu bufei. Entramos na sala de reuniões para a apresentação do novo hotel, que será construído no Japão. Até que enfim esse projeto sairá do papel! É um projeto que irá movimentar bilhões em dólares e que fará com que o turismo cresça ainda mais por lá.A reunião foi cansativa e demorada, porque tudo que se falava na sala, era repetido por um intérprete. Passamos pelo menos uma hora e meia entre a apresentação dos slides, discussões sobre os pontos positivos e negativos, apresentação de maquetes e assinaturas de contrato. E quando terminamos, iniciamos a reunião seguinte com uma equipe de empresários franceses. A pauta era um arranha-céu com uma estrutura toda espelhada e dessa vez, levamos apenas uma hora. Eu estava morto de cansado e cheio de saudade da minha pequena família. Já passava
Minutos antes do sequestro.... Ana JúliaFui despertada pelo toque do meu celular, que estava na mesinha de cabeceira. Apertei os olhos sonolentos para ver o relógio sobre o criado-mudo. Ainda eram dezoito e trinta. Atendi sem olhar quem era.— Alô?— Ana? — A voz feminina tirou qualquer resquício do meu sono, me despertando de uma vez. Meu coração disparou forte dentro do peito. Eu pensei em encerrar a chamada, quando ela falou algo que me chamou a atenção. — Se eu fosse você, não faria isso, querida. Me diga, o que você seria capaz de fazer para salvar a vida do seu noivinho — Sua voz tinha um tom debochado e ameaçador. Engoli em seco. Não sabia o que pensar, tampouco o que fazer. Decidi então levar a conversa adiante e saber o que ela queria realmente.— Do que você está falando?— Que você tem cinco minutos para sair da sua toca, sua vadia e me encontrar aqui embaixo, na lateral do seu prédio. — Sentia a raiva contida em sua voz. Eu puxei a respiração.— Como vou saber se
Já faz muito tempo que estou amordaçada, amarrada a uma cadeira e trancada aqui neste quarto. Estou com sede, com fome e os bebês estão bem agitados. Desde que todos saíram do cômodo, ninguém veio me ver. Em algum momento cheguei a dar alguns cochilos perturbados e foi exatamente em um desses cochilos, que o barulho da porta me despertou, e um homem de aparentemente trinta anos entrou. É o mesmo que me abordou na calçada com uma arma. Pensei o olhando diretamente. Ele caminhou lentamente até mim e eu respirei fundo calmamente. Preciso me manter calma, por causa dos bebês, mas confesso que não está sendo fácil. Eu definitivamente não sei o que se passa na mente deles, não sei o que pode acontecer aqui e isso me causa um medo irrefreável. Ele aponta o celular para o meu rosto e tira uma foto, depois sai, sem dizer uma palavra. Penso em Luís, no quão ele irá enlouquecer com tudo isso. Calma, Ana, só mantenha a calma e tudo vai dar certo! Tento me convencer. Para a minha surpresa, a port
Abro os meus olhos, sentindo o meu corpo reclamar do chão duro e só então percebo que adormeci em um amontoado de papelão no chão. Através das brechas das madeiras que prendem a única janela, vejo que a luz do dia já está perdendo a sua força. Escuto os sons das vozes no outro cômodo e me forço a levantar dos papelões e caminho até a porta, para ver se entendo sobre o que estão falando. Pelos sons alterados, penso que estão discutindo por alguma coisa. Será que algo deu errado? Alguém mexe na porta e eu me afasto apressadamente, me encostando na parede, no fundo do quarto. A porta se aberta e Camilly entra me lançando um olhar tão surpreso, quanto furioso. Ela para bem na entrada do quarto e fixa os seus olhos em cima de mim. — Por que diabos ela está solta? — Praticamente grita, apontando em minha direção. Eu olho para todos, que invadem o quarto imediatamente e observo ansiosa a porta aberta atrás deles. Não... não dá para fugir grávida e com todos reunidos aqui. É loucura!— Não v
Algum tem antes...Luís Renato— Luís? — Gisele me chamou, entrando em minha casa, e me abraçou apertado. — Eu sinto muito! — Vi Guilherme entrar com minha afilhada adormecida em seus braços. Droga! Não gosto disso, de ter que tirar os meus amigos do seu conforto, mas eu realmente precisava deles aqui comigo. Já eram dez da noite e o único contato após o sequestro da Ana, foi uma mensagem com a foto dela amarrada a uma cadeira e amordaçada. Eu me sentia inútil, estava arrasado, despedaçado e em frangalhos. Não conseguia pensar direito, e gelava só de pensar o que estariam fazendo com ela.— Os detetives não arredaram os pés da porta daquele apartamento, eles não saíram pela porta da frente — Ela disse. — Então resolvemos verificar se havia outra saída no prédio. Foi quando demos conta da saída de incêndio. Provavelmente sabiam que estavam sendo vigiados — explicou. Uma falha grave na segurança. Pensei. Como não pensamos nas saídas adjacentes?— Penso que fizeram o mesmo aqui, Gisele.
— Querido, tente comer alguma coisa ou tome pelo menos um copo de suco, qualquer coisa. Você precisa estar forte para resolver esse problema — Minha mãe pediu com insistência. Derrotado, eu concordei e tomei apenas o suco de laranja que ela estendeu a mim. Mais tarde, mesmo relutante, eu tomei o chá, que Marta insistiu que tomasse. O líquido morno e adocicado fez o meu corpo relaxar imediatamente. Já passava das cinco e meia da tarde quando o telefone voltou a tocar e todos ficaram em alerta, tomando a sua posição diante de suas funções. Segurei o aparelho com firmeza e esperei o sinal do agente da polícia. Ele levantou um dedo, fazendo um gesto sutil de cabeça, eu atendi.— Alô? — Aguardei o som da voz áspera me dizer qual seria o próximo passo, mas o que eu escutei encheu o meu coração de desespero e o chão foi tirado de mim.— Luís? — Ouvi a voz da minha mulher e fui tomado por uma angústia, aumentando o meu desespero. Meu corpo tremia e meu coração chegou a falhar uma batida.— An