Luís Renato— Eu... acho... eu não sei... quero dizer, você está dizendo que te faço sentir bem e que quer me conhecer... melhor? Tudo bem, eu acho. — Ela diz e sorri, nervosa. Tudo bem. Ela disse. Isso é um sim? Não sei ao certo. Engulo em seco e arrisco continuar.— Ana, podemos começar saindo, assim sem compromisso algum, só se conhecendo mesmo. Eu quero muito ter a sua amizade, entende? — Cacete, como é difícil se abrir com alguém! Ainda mais alguém como ela. — Ah, sim! Amizade, claro! Amizade tudo bem. Eu também gostaria de ser a sua... amiga. — Ela puxa a respiração. — Fica até mais fácil, não é? Para... para trabalharmos juntos. — gagueja. Ela parece nervosa, mas também parece aliviada de alguma forma. Suspiro baixinho. Parece que vou enfartar. Puxo a respiração devagarinho e a encaro, receoso. Também me sinto aliviado. Não queria que ela achasse que eu queria algo além da sua amizade. Não sei se conseguiria firmar algum compromisso sério com outra mulher na minha vida outra v
— Obrigado pela noite incrível! — sussurrei. Ela sorriu tímida e os meus olhos rapidamente pararam em sua boca. Observei seu rosto fica num lindo tom vermelho. Caralho! Eu amei essa cor em sua pele! Cheguei ainda mais perto, assim que os meus olhos ficaram presos aos seus. Procurei alguma rejeição à minha aproximação, algo que me fizesse parar, algo que me afastasse deste momento, mas não encontrei. Meu coração bateu acelerado, senti o meu sangue esquentar nas veias e a minha boca ficou seca. Para o meu desespero, Ana não recuou. Então eu cheguei ainda mais perto, até sentir os meus lábios perto demais dos seus. Pude sentir a sua respiração quente encontrar-se com a minha e o seu hálito se sobressair ao meu. Automaticamente fechei os meus olhos e encostei a minha boca na sua. Meu Deus! Não foi um beijo exatamente. Foi só um roçar de lábios... e tudo se incendiou dentro de mim. Eu perdi todo o meu foco, perdi o meu controle. Eu me perdi totalmente. Meu coração agora pulava dentro do me
— Sério, Ana, o curioso dessa relação, sou eu — diz em meio à risada. Relação, essa palavra me leva a um patamar mais distante. — Dificilmente você me faz uma pergunta — conclui. Faço careta para ele. — Ok, faça a sua pergunta. — Ele eleva as sobrancelhas grossas e me encara, aguardando que eu o interrogue. Eu puxo a respiração devagar e me deixo levar pela minha curiosidade.— Você é um homem muito bonito, Luís. É inteligente, gostoso. — começo a enumerar as suas qualidades. Luís faz um “O” lindo com a boca e seus olhos aumentam de tamanho.— Você me acha gostoso, é? —Sinto o meu rosto queimar com a sua provocação e isso não é bom. Provavelmente estou vermelha feito um tomate e ele pode ver isso. Mas, mesmo assim, não consigo segurar uma gargalhada alta e continuo agindo o mais natural possível. Isso o deixa mais à vontade.— Acho! — digo encarando-o com diversão. — Então, por que você está sozinho? Quero dizer, você não tem uma namorada, cara! Não dá pra entender! —Na mesma hora o s
Luís RenatoAcordo com a luz do sol invadindo o quarto e refletindo alguns raios no meu rosto. Aperto os meus olhos, tentando focar no ambiente e os abro, fazendo a minha visão se adaptar à luz do dia. Flashes da noite passada me vem em mente e eu suspiro cansado. Ontem, dia três de fevereiro, completou exatamente quatro anos que Camilly destruiu a minha vida por completo. Eu realmente achei que o fato de estar com a Ana nesse dia, seria o suficiente para não trazer as más recordações à tona. Funcionou, até o momento em que ela me fez aquela m*****a pergunta. Foi como se um dilúvio viesse por cima da minha cabeça e tomasse conta do meu corpo, me puxando mais para baixo, me afogando, me sufocando, trazendo todas a sensações ruins de volta. Eu precisava sair dali. Precisava me afastar dela e me esconder nas trevas outra vez. Saí da cabana, deixando-a sozinha, sem lhe dar nenhuma explicação e sentei na areia da praia, me deixando levar pelas lembranças e pela minha dor.— Querida, já esto
— Está louca, mulher? A única coisa que eu fiz nesses últimos dois anos foi me dedicar inteiramente a você. Me doei pra você, te amei loucamente, Camilly! Eu coloquei o mundo aos seus pés e o que recebi em troca foi isso? A sua traição? — Eu estava furioso. Gritei cada palavra exasperado. Explodi de raiva em cada palavra gritada. Confesso que estava me segurando para não fazer uma merda com ela aqui no meio desse escritório. Ela puxou a respiração, olhou ao seu redor e depois para mim.— Eu nunca te amei de verdade, Luís. Nunca disse pra você que te amava e nunca disse pra você que me casaria contigo um dia. — Isso é loucura, Camilly! Você me pediu pra comprar essa cobertura. Você mesma a mobiliou do jeitinho que você queria. Por Deus estávamos a alguns dias do nosso casamento. Como você vem e me diz que não queria isso, porra? — gritei.— Você era a minha última opção. Eu só queria um homem rico pra me dar tudo que eu precisasse, e você era esse homem rico, até que eu conhecer o Car
— Vamos? — falei, chamando a sua atenção. Ela apenas assentiu, se levantando do sofá e seguiu ao meu lado para a lancha. O seu silêncio e quietude me incomoda. Eu sei que a culpa foi minha, mas eu não quero estragar o que temos. Eu quero muito a sua amizade e sinto que agora, ela está distante de mim. Não trocamos uma palavra durante todo o caminho de volta. Ana parecia desligada. Acredito que esteja pensando em tudo que aconteceu entre nós, assim como eu. Ao chegarmos, eu beijo sua testa e a ponho em um táxi e ela se vai. Entro no meu carro e vou para a minha casa. ***Ana Júlia— Motorista, pode me levar para Copacabana? — pedi minutos táxi. Eu preciso pensar. Preciso me encontrar de novo. Olho pela janela, para nada em especial e depois de respirar fundo, solto o ar pela boca e me perco em meus próprios pensamentos. P Minutos depois, pago o motorista e saio do carro. Tiro minhas sandálias para caminhar descalça pela areia branca e molhada da praia. Queria entender o que aconteceu
Luís RenatoEntrei em meu apartamento e pela primeira vez não parei para olhar a sua decoração extremamente elegante e feminina que me faz lembrar do passado. Subo as escadas com pressa e entro em meu quarto, jogando a mochila em cima da cama e vou imediatamente para o banheiro. Tomo um banho rápido e visto uma roupa casual, para depois ir direto para o meu escritório na cobertura mesmo. Marta não está em casa e o lugar está quieto e silencioso demais. Sento-me na cadeira de couro, atrás da enorme mesa de mogno, com um copo de uísque na mão e logo os meus pensamentos voltam para algumas horas atrás. Eu deitado na cama, do pequeno quarto daquele chalé, com Ana do meu lado. Um beijo. Um único beijo abalou toda a minha estrutura, trazendo à tona toda a minha insegurança. Respiro fundo, esfrego as mãos no meu rosto e aperto os meus olhos, tentando impedir que as lembranças invadam a minha mente. Deus, eu senti o seu gosto e isso fez a escuridão dentro de mim estremecer. A minha estrutura
— Alô!— Marcela, oi! É o Luís, tudo bem? — pergunto com um sorriso largo. Faz tempo que não nos vemos e nem nos falamos. — Luís, há quanto tempo? Estou bem e você, como está? — Estou bem na medida do possível — digo e ela suspira. Ela sabe exatamente do que estou falando. — Preciso conversar com você, prima. Podemos marcar um horário?— Sim, claro! Pode ser amanhã, na hora do almoço?— Na hora do almoço está ótimo! A gente pode se encontrar naquele restaurante da praia pra relembrar os velhos tempos, o que acha?— Pode ser! Te vejo lá amanhã, então. Um beijo, querido!— Outro, Marcela! — digo encerrando a ligação e me ponho a andar pela sala me sentindo inquieto, exaltado. Está na hora de começar a enterrar o meu passado de vez! Sento-me no sofá e largo o celular ao meu lado, para logo voltar a olhá-lo. Como será que a Ana está? Deve estar chateada comigo. Sim, com certeza ela está. Será que se sentiu rejeitada? Droga! Meu Deus, eu não queria que isso acontecesse. Definitivamente,