Durante a volta para casa, decidi fazer uma visita ao meu pai e dar a grande notícia. Ao entrar no quarto observei que ele dormia, pedi aos enfermeiros que me deixassem a sós com ele, parei aos pés da cama e fiquei o olhando, encarando o rosto sereno que descansava como se não tivesse feito nada de mal a ninguém.
Aos poucos, notei que havia despertado, mexia algumas partes do corpo e por fim abriu os olhos, dando um grande sorriso ao me ver, senti meu sangue ferver ao vê-lo ter aquela expressão.
— Filha, veio me ver, quanto tempo. — Fez um esforço para se sentar na cama — Estava com sau…
— Não seja ridículo! — O interrompi, pareceu surpreso com o meu comportamento. — Não está com saudade coisa nenhuma, e eu não vim aqui por esse motivo.
— Então, o que te trouxe aqui?
— Vim te dar a feliz notícia do meu casamento, papai. — O sorriso ainda estava em seu rosto, mas seu olhar era confuso.
— Como? Não sabia que tinha um namorado, muito menos um noivo.
— E não tinha, mas meu futuro marido, acho que o conhece. — Caminhei até a janela do quarto que tinha grades reforçadas, a meu pedido. — Jason McKane.
— O que? — Me virei e notei que seu sorriso ridículo havia desaparecido. — Você está brincando comigo, não é? Claro que está! — Forçou uma risada, mas eu me mantive séria. — Richel…
— Daqui a uma semana irei me casar com o Jason, e concretizar a união dos tráficos como ele tanto queria. — Cruzei meus braços, notando seu desconforto.
— Você só pode estar ficando louca, Richel.
— Louca? — Ri com deboche, caminhei até a cama ficando a centímetros dele. — Muitas pessoas me chamam assim, sabia? Mas prefiro achar que sou apenas uma mãe desesperada buscando vingança. Vingança contra um homem cruel que não tinha consciência da dor que iria causar a uma menina ao arrancar sua filha de seus braços.
— Do que está falando? — Engoliu seco, sorri.
— Não seja cínico, sabe do que estou falando.
— Filha, eu não…
— VOCÊ VENDEU A MINHA FILHA! — Gritei, o fazendo se assustar. — Eu a quero de volta, você tem uma semana para trazê-la, e assim, eu cancelo a união.
— Eu não sei onde ela está!
— De seu jeito! — Caminhei até a porta. — Quero minha filha de volta.
— Isso é loucura Richel, não pode fazer isso. — me suplicava, sabia tamanha loucura que eu pretendia fazer, mas deitado naquela cama de hospital, estava impossibilitado de me impedir.
— Olho por olho, dente por dente, papai!
Sai do quarto escutando seus gritos e vendo os enfermeiros entrarem para acalmá-lo.
Os dias passaram se arrastando, eu não sabia se agradecia por ter demorado a chegar o grande dia, ou se odiava por tamanha demora do contato do meu pai.
Me olhava no espelho e tentava gostar do que via, mas não, me lembrava que desde criança sonhava em me casar na igreja, com vestido branco, véu e grinalda, com o amor da minha vida. Mas, estava ali, com uma maquiagem básica, um vestido longo bege com detalhes de brilhantes e uma fenda até a coxa, indo a um cartório me casar com um inimigo, unicamente para alcançar nossos interesses. Madson a todo momento me lembrava dos meus objetivos, do porque estava fazendo aquilo e me dizia que tudo iria valer a pena, eu apenas concordava.
Durante o caminho ao cartório, pedi que antes parasse no hospital, torcia para que meu pai tivesse alguma resposta positiva e que eu não precisasse continuar com aquela união.
— E então? — Foi a primeira coisa que disse ao entrar no quarto. — Tem novidades para mim?
— Está bonita. — Me olhou. — Mas vai se arrepender.
— Quero saber se tem algo sobre a minha filha!
— Se você se casar com aquele imbecil, nunca mais vai ver sua filha. — O olhei por alguns segundos, engoli seco, mas não demonstrei meu desconforto com suas palavras.
— Está blefando.
— Acredite no que quiser, mas se quiser ver a Alice de novo, não vai continuar com essa palhaçada.
— Você não vai me enganar, não sabe onde ela está e quer me deixar com medo para não concretizar a união.
Sebastian tinha um sorriso no rosto que me assustava, mas, ao mesmo tempo, sentia que ele estava mentindo. Decidi não continuar com aquela conversa, sai do quarto e voltei para o carro, contei a Madson o que tinha acontecido e ela também achava que ele estava blefando, mas não podia negar que me deixou amedrontada com sua ameaça.
Chegando ao cartório, Jason já estava lá, estava bonito, usando um terno azul marinho com as mangas dobradas, Melissa estava ao seu lado, com um vestido azul discreto, segundo ela, não queria ofuscar a noiva. Após os cumprimentos, entramos todos e fomos até a sala do juiz.
— Estamos aqui reunidos para celebrar a união de Jason McKane e Richel Decker. — E se iniciou a farsa, Jason estava visivelmente entediado. — É de livre e espontânea vontade que estão aqui hoje?
— Sim! — respondemos.
O juiz então fez um breve discurso, isso fez com que Jason ficasse ainda mais impaciente. Quando apertei levemente sua mão, ele notou que todos estavam percebendo sua irritação, me olhou e suspirou, voltando ao seu estado normal. Entendia que também não era fácil, a mulher que ele amava estava logo atrás de nós, olhando toda àquele teatro.
— Jason McKane, você aceita Richel Decker como sua legítima esposa? — Jason me olhou por alguns segundos.
— Sim! — respondeu convicto.
— Richel Decker, você aceita Jason McKane como seu legítimo esposo?
Engoli seco ao escutar aquelas palavras, tudo que foi dito pelo meu pai caiu como uma bomba, eu senti medo em dizer sim, senti medo de que ele estivesse dizendo a verdade. Jason me olhou preocupado, o juiz já havia repetido a pergunta.
— Está tudo bem? — o olhei após sua pergunta, mas eu não conseguia responder.
Ao mesmo tempo que o medo queria me consumir, as palavras de Madson também ecoavam na minha mente, por um instante, eu fiquei totalmente perdida.
— Eu aceito! — Falei por impulso, Jason me olhou desconfiado, porém, aliviado com a minha resposta positiva.— Assinem aqui, por favor. — O juiz nos entregou uma caneta, Jason assinou primeiro e eu logo em seguida, por fim, as testemunhas. — Pelo poder a mim concedido, eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.Nos olhamos, suspiramos e criamos coragem, Jason passou seus braços por minha cintura, roçou seus lábios nos meus e me beijou. Sorriu ao final do beijo, mas assim que o juiz não estava mais olhando, ele me soltou, fechando a cara novamente e segurando minha mão logo depois. Melissa evitou ver aquilo, ela sabia que iria acontecer mas optou por não ver.Ao sair do c
— Richel, o que vamos fazer? — Matthew me olhava apreensivo, eu não sabia o que fazer, não sabia o que dizer, pensava em uma maneira de nos tirar dali, mas não vinha nada na minha cabeça.— Tem uma saída pelos fundos, ela nunca é usada, apenas para emergência, seu pai a fez justamente para casos assim. — Olhei o segurança que mantinha sua mão em seu braço ensanguentado, apenas assenti e pedi que ele fosse na frente.Assim que saímos do escritório, as janelas foram atingidas, os vidros caindo no chão fez com que corrêssemos ainda mais. O que tudo indicava, era que os seguranças do lado de fora haviam sido abatidos, era questão de tempo para que entrassem, se nos pegassem, estaríamos perdidos. Richel DeckerApós alguns dias na casa do Jason, já mais calmos, estávamos eu, Madson e Matthew, encostados no pequeno muro nos fundos da casa, o sol da manhã já nos esquentava apesar de ser bem cedo, o ferimento de Madson estava melhor e por sorte havia realmente sido de raspão, Matt ainda questionava o porquê de ficarmos ali, cheguei a um ponto de apenas ignorar aquela pergunta antes que eu perdesse o pouco de paciência que me restava com ele.— Jason pediu que vá ao escritório, precisa falar com você. — Ryan havia acabado de chegar para me dar o recado.— Claro, obrigado. Eu já vou. — Agradeci.— E como você está? Ainda sente dor? — Ele olhou Madson e lhe Capítulo 7
Jason McKaneEu olhava a Richel sem saber o que dizer a ela, realmente, a menina e ela eram muito parecidas, mas não achava que aquilo poderia ser real, talvez ela estivesse tão obcecada e desesperada pra encontrar a filha que poderia estar vendo coisas onde não tinha. Tentei acalmá-la, guardei as fotos e pedi que ela fosse descansar, não retruquei, não fui contra suas palavras, não iria adiantar de nada contrariá-la naquele momento.Sai do quarto dela e fui para o meu, Melissa ainda estava acordada, olhava alguma coisa no computador, não perguntei, estava cansado demais e com a cabeça cheia de coisas, depois do último acontecimento então.— E então, como foi? — Pergu
Richel Decker— Vocês vão aproveitar a festa enquanto Madson e eu buscamos outra solução, não tem como darmos continuidade dessa forma, é muito arriscado.— Então, vamos aproveitar. — Olhei Jason que tinha um sorriso no rosto, após escutar Christian. Tudo o que ele mais gostava depois do tráfico, eram as festas.Começamos então a circular pelo salão, Jason e eu recebíamos cumprimentos de pessoas que nem conhecíamos, mas segundo Scott, eram loucos para nos conhecer. Matthew e Melissa também andavam pelo salão e observavam os convidados, em busca de poder identificar quem era segurança e quem não era, os garotos também faziam a mesma coisa, puxavam conversa com outras moças para
— Bryan, que surpresa, achei que não viria. — Me virei o olhando, ele não tinha uma expressão muito animadora.— Vim fazer uma surpresa para o meu padrinho, mas parece que cheguei em uma má hora, ele está bêbado, a festa está um caos, brigas, tiros, coisas quebradas, a polícia em breve vai chegar aqui, porque com certeza alguém chamou. — Ele foi caminhando em direção a mim, eu sentia meu coração acelerar a cada passo, parecia que iria sair pela boca. Eu estava perdida. — Mas, o que veio fazer aqui em cima? Não deveria estar lá embaixo com os outros convidados?— Não sou curiosa como os outros, e eu... Estou procurando a Madson, ela disse que iria ao banheiro mas já faz muito tempo, não está lá embaixo então resolvi procurar aqui em cima.
Jason mandou que saíssemos do escritório e que o deixássemos sozinho, Melissa e eu relutamos muito, ele parecia tão nervoso que não sabíamos o que ele poderia fazer, mas nos obrigou a sair, empurrou nós duas até o lado de fora e trancou a porta. Não tinha muito o que fazer, só investigar o que tinha acontecido, Madson não perdeu tempo, se juntou com Christian e foram para o jardim olhar nos computadores as câmeras de segurança que talvez tivessem gravado algum dos roubos, tanto o nosso quanto na festa do Scott.Enquanto isso, Melissa e eu andávamos pra cima e pra baixo na tentativa de lembrar alguma coisa suspeita nos últimos dias, se havia acontecido algo que passou despercebido, mas era difícil de lembrar, tudo parecia ter ficado em perfeita ordem, e também, estávamos tão ocupados com o plano do roubo que não focamos em outra coisa.
Decidi que não falaria nada ainda sobre minha conversa com o Nicolas, queria não ter um pingo de suspeita dele, ao mesmo tempo que pensava que meu irmão não era capaz daquilo, me lembrava que ele foi muito bem treinado pelo meu pai e era capaz de tudo. Mesmo não gostando de nada daquilo, Nicolas aprendeu a ser como meu pai, forte, inteligente, calculista, sem contar sua enorme inteligência.A folga já havia acabado, Jason queria todos de volta ao trabalho, os meninos voltaram aos seus postos, Madson e Christian voltaram as investigações, eu, Melissa, Matthew e Jason ficamos no escritório olhando alguns papéis. Ainda tinha tantas coisas para resolver, ficava me perguntando porque não tínhamos secretarias para essa função, aí me lembrei o motivo, ninguém era