Durante todo o caminho eu orava a Deus, aos santos, aos orixás, qualquer outro deus que existisse, eu sentia uma angústia tão grande dentro de mim que não conseguia sequer esconder, Jason conversava comigo no intuito de me distrair e me confortar, fazia planos para o futuro, um dos que mais gostei foi a ideia de irmos para outro país, o Canadá talvez, passar um tempo em uma fazenda, longe de tudo e todos, usufruir do ar puro do campo, das frutas tiradas do pé, ver as crianças brincando pela grama, no balanço de pneu pendurado em alguma árvore, só nós quatro, aquilo realmente me fez sorrir e me deixou sonhando com o futuro.
Mas assim que chegamos notei que toda calmaria era momentânea, que aqueles planos poderiam não se concretizar, porque alguma coisa me dizia que algo sairia errado daquilo tudo.
Eu não sabia quantos policiais tínhamos atingido, me mantive de olhos fechados desde que Jason havia pisado no acelerador até o momento em que ele disse que eu poderia olhar. O barulho alto das sirenes de inúmeras viaturas atrás de nós me deixava incomodada, e não nego, assustada também. Jason dirigia pela estrada de terra feito louco, como se daquilo dependesse nossas vidas, e talvez, dependesse mesmo. Entrava em caminhos que eu ainda não tinha visto, buscava alternativas pelo matagal próximo mas nada que fazia tirava os tiras da nossa cola, a alternativa que ele encontrou foi entrar na cidade, tentar usar ao nosso favor as avenidas lotadas, que ao mesmo tempo poderiam ser nossa ruína.Quando avistamos a primeira rua movimentada, vimos um helicóptero sobrevoando nossos carros, não era da polícia, talvez de alguma e
Fiquei tão desnorteada e apavorada em deixar a Olívia que nem sequer notei que tínhamos nos livrado da polícia e chegado ao aeroporto, um jatinho nos esperava e nosso primeiro destino era o Canadá, a mãe de Jason estava lá e foi para onde mandamos as crianças.— Tudo bem? — Ryan se sentou ao meu lado após entrarmos no avião.— Sou eu que te pergunto, como você está? Indo pra outro país, deixando seu filho e sua noiva.— Daqui alguns dias ela vai me encontrar, está na casa de uma tia dela cercada por seguranças, então, eu estou bem, sei que vou vê-los em breve. — Dei um leve sorriso de conforto por ele. — Mas e você?
Duas semanas, foi o tempo necessário para planejar tudo. Duas semanas dormindo amontoados, duas semanas presos dentro de uma casa pequena, duas semanas nos escondendo.Duas semanas.Mas estávamos prontos, documentos falsos em mãos, a localização da Melissa e do Sebastian, armamento e munições, dinheiro suficiente para pagar qualquer um que fosse nos ajudar, até mesmo alguns policiais.Era noite e Rose fez questão de nos fazer um jantar especial, ela conversava com cada um, contava piadas e histórias antigas, até mesmo as artes do Jason quando criança, todo
Dois anos depois…Há dois anos nós decidimos nossa rota de fuga, ilhas Canárias era o nosso destino, um arquipélago espanhol ao largo da costa noroeste da África. O melhor lugar para fugitivos do fbi, não podíamos ser extraditados, ninguém poderia colocar as mãos em nenhum de nós.O dia estava ensolarado, lá fora devia estar fazendo quase trinta e cinco graus, Justin e Alice me perturbaram a manhã inteira para irmos a praia, e se não fosse por Madson eu teria mesmo os levado, mas o sol estava muito quente, iria fazer mal a eles, mas ninguém conseguia colocar na cabeça da Alice que faria mal a sua pele branquinha se ela ficasse tanto tempo no sol. Eu não conseguia acreditar que aquela garota tinha nascido em um país frio, de
Christian dirigia o carro em alta velocidade pela cidade, tentava chegar ao hospital usando caminhos alternativos, não queríamos pegar uma avenida lotada, com certeza iríamos chamar atenção, e não era o que queríamos naquele momento.Demorou mais que o esperado para que chegássemos ao hospital, Richel estava gelada, sua boca estava roxa e eu mal sentia sua pulsação. Quando finalmente chegamos ao nosso destino eu gritei por ajuda, o lugar estava cheio, a atenção que não queríamos nas ruas com certeza iríamos ter ali.— O que houve com ela Jason? — Peter perguntou após chamar alguns enfermeiros com uma maca.— Levou um tiro no peito, ela devia estar c
— Parabéns, é uma menina — escutei a médica em meio ao choro de Alice. O nome escolhido por meu pai, em homenagem a minha mãe, que sonhava em ter mais uma filha com esse nome.— Posso vê-la? — Pedi, ainda exausta por ter feito tanto esforço, mas com meus olhos cheios de lágrimas de emoção.Com cuidado, Alice foi colocada em meus braços, enrolada em um lençol cor de rosa já não chorava mais. Passava levemente meu polegar por sua pele fina e lisa, sorridente, vi minha filha suspirar ao sentir meu toque e um leve sorriso aparecer em seus pequenos lábios. Mesmo sendo nova, o dom de ser mãe havia chegado a mim, e ao ver o rostinho de Alice, já não sentia tanto arrependimento de ter a concebido. Vingança? Era uma boa palavra para o “ato insano” que eu iria cometer segundo alguns, mas eu julgava como um ato desesperado, um último apelo de uma mãe, a última tentativa de encontrar minha filha.Quando eu era mais nova, escutava as pessoas dizerem que as mães são capazes de fazer tudo por seus filhos, que passariam por cima de tudo e de todos para protegê-los, e comigo não seria diferente, eu seria capaz de tudo pela minha filha, venderia minha alma ao diabo se fosse necessário, mas eu a teria de volta.— Fez o que eu mandei? — foi minha primeira fala ao entrar naquele escritório, Matthew fez sinal de negação e me deu um sorriso forçado como resposta.— Bom dia Richel, euCapítulo 1
Voltei para casa sem a resposta que eu queria, mas como consolo, Jason prometeu me dar algo definitivo até o fim da semana. Não nego que me senti frustrada por não receber a resposta concreta, achei que aquela união era o que ele mais queria, mas, por algum motivo precisou pensar.— Agarrou um marido? — Assim que entrei em casa fui recebida com o puro deboche.— Não teste a minha paciência, Matthew! — Coloquei as chaves do carro na mesinha próxima a porta.— Alguém não conseguiu o que queria. — Me olhou sorrindo, parecia feliz em me ver frustrada por não ter a resposta esperada.