— Eu aceito! — Falei por impulso, Jason me olhou desconfiado, porém, aliviado com a minha resposta positiva.
— Assinem aqui, por favor. — O juiz nos entregou uma caneta, Jason assinou primeiro e eu logo em seguida, por fim, as testemunhas. — Pelo poder a mim concedido, eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Nos olhamos, suspiramos e criamos coragem, Jason passou seus braços por minha cintura, roçou seus lábios nos meus e me beijou. Sorriu ao final do beijo, mas assim que o juiz não estava mais olhando, ele me soltou, fechando a cara novamente e segurando minha mão logo depois. Melissa evitou ver aquilo, ela sabia que iria acontecer mas optou por não ver.
Ao sair do cartório, os flashes nos pegaram de surpresa, alguns seguranças tentaram nos esconder, falhando miseravelmente. Em breve sairia a notícia:
"Richel Decker e Jason McKane, os dois maiores investidores de Los Angeles, se casaram às escondidas."
Aquela droga de vida dupla ainda iria nos prejudicar.
— Mas que droga! — Jason esbravejou.
— Mais cedo ou mais tarde, todos iriam saber, afinal, somos figuras públicas. — Tentei acalmá-lo.
Jason soltou minha mão, abriu a porta do carro para mim e entrou logo em seguida, ele estava nervoso, e com razão, não estava nos nossos planos sermos descobertos tão rapidamente, aquilo poderia nos prejudicar muito.
Jason Mckane
Depois de chegarmos a casa da Richel, fizemos uma breve reunião para anunciar oficialmente a união. Estávamos no escritório conversando sobre quais passos daríamos dali em diante, infelizmente chegamos ao consenso de que teríamos que viver na mesma casa, um casal recém casado morando em locais diferentes seria um escândalo, e nós não precisávamos daquela atenção, decidimos então ter uma casa para nós dois, onde Madson, Matthew e Melissa pudessem viver junto conosco, seria menos constrangedor tê-los por perto, melhor do que morarmos sozinhos. Nem longe da minha casa e nem da casa dela. Deveríamos manter as aparências de marido e mulher, afinal, tínhamos um disfarce, tínhamos uma imagem pública como investidores de uma importante empresa, e tínhamos que mantê-la.
Em determinado tempo da conversa, notei que Richel apenas concordava e discordava do mesmo modo que eu fazia, não dizia nada, parecia distraída, sua mente estava longe, nem sequer olhava para mim ou para os outros.
— Podem deixar eu e a Richel a sós, por favor? — Interrompi Melissa que falava sobre alguns carregamentos de cocaína que chegariam em breve.
— Claro, sem problema. — A mesma notou o motivo do meu pedido, me deu um beijo no rosto e saiu junto aos outros.
— No que tanto pensa Decker? — Desde que entramos naquele escritório, foi a primeira vez que ela me olhou. — Está longe, não prestou atenção em nada do que estávamos falando.
— Prestei atenção em tudo Jason, só estava pensativa, me desculpe. — Richel passou a mão no rosto, estava visivelmente estressada.
— O que houve? — Me olhou hesitante, parecia não querer falar. — Vamos, diga, não podem existir segredos entre marido e mulher. — Ela deu um dele sorriso e negou com a cabeça.
— Dei cinco dias ao meu pai para achar minha filha antes de nos casarmos, mas ele não a achou. Hoje antes de ir ao cartório fui visitá-lo, e ele me disse que se eu me casasse, jamais veria a Alice de novo. Madson e eu achamos que ele estava blefando, mas eu tenho medo.
— Richel Decker com medo? Você não tem medo de nada.
— Tenho medo de não ter minha filha de volta Jason. — Me olhou séria. — Eu mal tive tempo de conhecê-la, não vi seus primeiros passos, sua primeira palavra, não a levei no primeiro dia do maternal, não dei sua primeira mamadeira. Ela não sabe que sou a mãe dela, não sabe que eu a procuro, não sei onde ela está e nem sequer sei se ela está viva, e isso me amedronta. — Richel tentou segurar as lágrimas mas foi impossível.
— Ei! — Segurei sua mão — Você vai achar sua filha, um ano é muito tempo. Depois da Melissa, você é a mulher mais forte e inteligente que eu conheço, minha maior inimiga e agora minha maior aliada. Você vai conseguir. — Richel deu um leve sorriso, não precisei falar mais nada.
Depois da breve conversa, saímos do escritório encontrando os outros na sala, combinei com Richel que na manhã seguinte iríamos ver a tal casa, e durante a tarde, teríamos mais outra reunião importante. Melissa e eu nos despedimos e fomos embora, dali em diante seria uma nova vida, e nós dois tínhamos muito o que conversar.
Richel Decker
Depois daquele dia estressante, fui ao meu quarto e tomei um banho demorado, passei aquele tempo todo pensando em tudo, na maior parte do tempo, na minha filha. Será que ela se parecia comigo? Com o pai? Ou com os avós? Será que era tímida ou extrovertida? Será que eu iria achá-la? Como ela iria reagir ao me ver? Entrei em pânico ao pensar que ela poderia me rejeitar, Alice já estava prestes a completar cinco anos, será que contaram a ela que era adotada? E se não? O que eu poderia fazer?
Perdi a noção do tempo e do que estava fazendo, tão distraída com tantos pensamentos, nem me dei conta de que já havia saído do banho, já tinha me trocado e já estava novamente no meu escritório. Escutei algumas batidas na porta e dei permissão para que entrasse.
— Você está bem? — Madson entrou e logo em seguida Matthew também estava lá.
— Estou sim, só um pouco estressada, esse dia foi bem exaustivo. — A respondi relaxando em minha cadeira.
— Jason não pareceu aquele cara horrível que todos dizem, foram poucos momentos de conversa, poucos encontros, mas ele não parece ser tão ruim.
— Ele está conseguindo o que quer Mad, porque ele iria ser ruim? Jason me conhece, não adianta medir forças comigo, ou ele leva tudo a banho maria ou teremos muitos problemas, e nenhum de nós quer ter mais problemas.
— Isso tudo é muito estranho, ele está levando isso com muita calma. Vocês querendo ou não são inimigos, disputavam território, cargas de drogas e armas, sempre querendo ver quem estava no topo. Não acha estranho? — Olhei o Matthew por alguns segundos prestando atenção em sua fala. Não podia negar que Jason estava levando tudo com muita calma.
— Eu vou ficar de olhos bem abertos, não posso confiar, você tem razão Matt. — Ele sorriu, adorava quando eu concordava com tudo que ele falava.
Antes que pudéssemos entrar em outro assunto, um barulho de tiro do lado de fora da casa nos interrompeu. No mesmo instante Matthew e Madson pegaram as armas e ficaram à minha frente, dei a ordem para que não saíssem do escritório.
Um único tiro deu início a um confronto, um dos seguranças entrou no escritório com o braço ensanguentado e nos deu a notícia de um ataque, não sabiam quem era, não viram os rostos, chegaram em carros pretos sem placas, com os rostos cobertos e sem dizer nada, apenas abaixaram os vidros e começaram a atirar. Nossos homens não estavam dando conta, eram muitos e nós não estávamos preparados para aquele confronto. Matthew e Madson me olharam esperando alguma ordem, mas pela primeira vez, não sabia o que fazer.
— Richel, o que vamos fazer? — Matthew me olhava apreensivo, eu não sabia o que fazer, não sabia o que dizer, pensava em uma maneira de nos tirar dali, mas não vinha nada na minha cabeça.— Tem uma saída pelos fundos, ela nunca é usada, apenas para emergência, seu pai a fez justamente para casos assim. — Olhei o segurança que mantinha sua mão em seu braço ensanguentado, apenas assenti e pedi que ele fosse na frente.Assim que saímos do escritório, as janelas foram atingidas, os vidros caindo no chão fez com que corrêssemos ainda mais. O que tudo indicava, era que os seguranças do lado de fora haviam sido abatidos, era questão de tempo para que entrassem, se nos pegassem, estaríamos perdidos. Richel DeckerApós alguns dias na casa do Jason, já mais calmos, estávamos eu, Madson e Matthew, encostados no pequeno muro nos fundos da casa, o sol da manhã já nos esquentava apesar de ser bem cedo, o ferimento de Madson estava melhor e por sorte havia realmente sido de raspão, Matt ainda questionava o porquê de ficarmos ali, cheguei a um ponto de apenas ignorar aquela pergunta antes que eu perdesse o pouco de paciência que me restava com ele.— Jason pediu que vá ao escritório, precisa falar com você. — Ryan havia acabado de chegar para me dar o recado.— Claro, obrigado. Eu já vou. — Agradeci.— E como você está? Ainda sente dor? — Ele olhou Madson e lhe Capítulo 7
Jason McKaneEu olhava a Richel sem saber o que dizer a ela, realmente, a menina e ela eram muito parecidas, mas não achava que aquilo poderia ser real, talvez ela estivesse tão obcecada e desesperada pra encontrar a filha que poderia estar vendo coisas onde não tinha. Tentei acalmá-la, guardei as fotos e pedi que ela fosse descansar, não retruquei, não fui contra suas palavras, não iria adiantar de nada contrariá-la naquele momento.Sai do quarto dela e fui para o meu, Melissa ainda estava acordada, olhava alguma coisa no computador, não perguntei, estava cansado demais e com a cabeça cheia de coisas, depois do último acontecimento então.— E então, como foi? — Pergu
Richel Decker— Vocês vão aproveitar a festa enquanto Madson e eu buscamos outra solução, não tem como darmos continuidade dessa forma, é muito arriscado.— Então, vamos aproveitar. — Olhei Jason que tinha um sorriso no rosto, após escutar Christian. Tudo o que ele mais gostava depois do tráfico, eram as festas.Começamos então a circular pelo salão, Jason e eu recebíamos cumprimentos de pessoas que nem conhecíamos, mas segundo Scott, eram loucos para nos conhecer. Matthew e Melissa também andavam pelo salão e observavam os convidados, em busca de poder identificar quem era segurança e quem não era, os garotos também faziam a mesma coisa, puxavam conversa com outras moças para
— Bryan, que surpresa, achei que não viria. — Me virei o olhando, ele não tinha uma expressão muito animadora.— Vim fazer uma surpresa para o meu padrinho, mas parece que cheguei em uma má hora, ele está bêbado, a festa está um caos, brigas, tiros, coisas quebradas, a polícia em breve vai chegar aqui, porque com certeza alguém chamou. — Ele foi caminhando em direção a mim, eu sentia meu coração acelerar a cada passo, parecia que iria sair pela boca. Eu estava perdida. — Mas, o que veio fazer aqui em cima? Não deveria estar lá embaixo com os outros convidados?— Não sou curiosa como os outros, e eu... Estou procurando a Madson, ela disse que iria ao banheiro mas já faz muito tempo, não está lá embaixo então resolvi procurar aqui em cima.
Jason mandou que saíssemos do escritório e que o deixássemos sozinho, Melissa e eu relutamos muito, ele parecia tão nervoso que não sabíamos o que ele poderia fazer, mas nos obrigou a sair, empurrou nós duas até o lado de fora e trancou a porta. Não tinha muito o que fazer, só investigar o que tinha acontecido, Madson não perdeu tempo, se juntou com Christian e foram para o jardim olhar nos computadores as câmeras de segurança que talvez tivessem gravado algum dos roubos, tanto o nosso quanto na festa do Scott.Enquanto isso, Melissa e eu andávamos pra cima e pra baixo na tentativa de lembrar alguma coisa suspeita nos últimos dias, se havia acontecido algo que passou despercebido, mas era difícil de lembrar, tudo parecia ter ficado em perfeita ordem, e também, estávamos tão ocupados com o plano do roubo que não focamos em outra coisa.
Decidi que não falaria nada ainda sobre minha conversa com o Nicolas, queria não ter um pingo de suspeita dele, ao mesmo tempo que pensava que meu irmão não era capaz daquilo, me lembrava que ele foi muito bem treinado pelo meu pai e era capaz de tudo. Mesmo não gostando de nada daquilo, Nicolas aprendeu a ser como meu pai, forte, inteligente, calculista, sem contar sua enorme inteligência.A folga já havia acabado, Jason queria todos de volta ao trabalho, os meninos voltaram aos seus postos, Madson e Christian voltaram as investigações, eu, Melissa, Matthew e Jason ficamos no escritório olhando alguns papéis. Ainda tinha tantas coisas para resolver, ficava me perguntando porque não tínhamos secretarias para essa função, aí me lembrei o motivo, ninguém era
Senti um cheiro forte de álcool no nariz, era bem incômodo. Aos poucos ia abrindo os olhos, ainda estava com a visão um pouco embaçada, mas vi Olivia ao meu lado segurando um algodão, a empregada com o frasco de álcool na mão, e o segurança, possivelmente foi ele que me colocou no sofá em que eu estava.— Já podem ir. — Olivia disse entregando o algodão à empregada. — Obrigado aos dois.— O que houve? — Perguntei me sentando.— Você desmaiou, não se lembra?Ao escutá-la me lembrei, Alice tinha acabado de chegar na sala, com aquela roupinha e aquele sorriso lin