MayaDeitada na cama, encarava o teto. O relógio sobre a mesa de cabeceira marcava cinco da manhã. Demorei horas para conseguir dormir na noite passada. Augustus deixou meu corpo tão em alerta que, sozinha, não consegui relaxar.Levantei-me e parti para o banheiro, onde tomei um banho quente antes do trabalho. Ao sair de casa, todos ainda dormiam. Pela primeira vez em dias, Louise não acordou várias vezes na noite, gritando. Ela despertou apenas uma vez, chamando por mim.Quando cheguei no estacionamento do hospital, a Harley Davidson já estava ali. Ao descer, senti um certo nervosismo me invadir. No vestiário, troquei-me para o dia atribulado que teria. Passei horas em uma cirurgia onde por muitas vezes quase perdemos o paciente. Quando enfim acabou, eu estava cansada e precisava de um tempo. Depois que a sala foi esvaziada, escondi-me na galeria. É um ótimo lugar para se ter alguns minutos de paz.A porta foi aberta e Augustus entrou. Ele tinha dois cafés nas mãos. Entregou-me um de
MayaSem muita delicadeza, deitou-me em sua cama. De pé, encarou-me ofegante, retirando a sua camisa. Minha boca se encheu d'água. Seu corpo era torneado e bem definido. Já havia sentido os seus músculos antes, mas não imaginava que fossem assim, tão desenhados e perfeitos. A cruz de São Bento estava tatuado sobre o seu peito esquerdo.— Vou despir você — anunciou ele, retirando as minhas botas.Gus retirou peça por peça do meu corpo, com certa pressa, deixando-me apenas de calcinha. Não senti vergonha de ficar nua à sua frente, como senti à frente de Isaac. Acho que porque Augustus sabia o que havia guardado nas minhas profundezas. Sabia do meu segredo mais sádico.— Sua vez — eu disse.Ele sorriu e começou a tirar o restante das roupas. O volume que marcava a cueca cinza, fez minhas entranhas vibrarem. Vagarosamente, ele a retirou, deixando sua ereção saltar. Meu peito trepidou com o batimento alto. Augustus apanhou na gaveta da mesa de cabeceira um preservativo. Desenrolou-o em seu
MayaPassar algumas horas da noite no apartamento do Gus duas vezes por semana após um plantão exaustivo estava se tornando rotina. Não havia nada mais desestressante do que ficar nua para Augustus. Mas para ele, não sei se nossos encontros estavam sendo bons da mesma forma.Dominar para ele era uma necessidade, mais do que para mim. Às vezes, eu percebia a sua impaciência. Ele chegava a rosnar como um cachorro. Era engraçado, mas não quando ele rasgava os lençóis. Era como se ele estivesse fazendo todo o esforço do mundo para manter uma fera aprisionada dentro dele. Parecia até doloroso.Ajoelhado sobre o colchão, ele prendeu-me de bruços entre suas coxas. Augustus beijava e lambia minhas costas nuas, deixando leves mordidas nos ombros. De repente, senti algo quente ser derramado nas minhas nádegas. Ele havia gozado. Com a mão, espalhou seu gozo espesso pela minha pele.— Adoraria te levar para jantar assim, marcada por mim, exalando o meu cheiro — falou no meu ouvido.Olhei-o por ci
MayaQuando esvaziou o copo, ele o colocou no chão, ao lado da poltrona, e chamou-me com seu dedo indicador. Hesitante e com o corpo levemente trêmulo, comecei a engatinhar na sua direção. Parei no meio do caminho, encarando-o receosa com o que ele faria comigo quando chegasse mais perto. Meu coração batia muito rápido. A minha adrenalina estava no topo.— Não me faça ir até aí. — O seu tom era baixo, mas não calmo.Continuei a engatinhar até ele. Parei entre as suas pernas, encarando-o.— Eu disse que você podia olhar para mim? — perguntou, curvando-se para frente, apoiando os cotovelos sobre os joelhos.Lentamente, minha cabeça abaixou-se.Augustus escorou novamente, acomodando-se melhor, e abriu a toalha. Não resisti. Meus olhos se ergueram até o seu pau estocado para cima. Ele brilhava úmido e uma veia logo abaixo pulsava muito forte.Agarrando os cabelos no topo da minha cabeça, ele a puxou em direção ao seu membro.— Me chupe! E quando eu gozar, beba tudo. Se uma única gota esco
MayaQuando passei pela porta de casa, retirei os sapatos e caminhei para o corredor que levava ao escritório do Victor. As portas estavam fechadas. Depois da sua morte, nunca mais entrei ali. E se todo o medo que me acompanha for por falta de enfrentar os meus próprios demônios? Eu nunca soube onde eles estão. Mas, e se estiverem atrás dessa porta? Preciso abri-la. Girando a maçaneta, entrei. Caminhei para o tapete entre os sofás onde nós nos amamos inúmeras vezes. Senti meu peito se afundar.Aproximei-me da sua mesa e encarei as coisas ali em cima. Até mesmo a caneta sobre ela ainda estava do mesmo jeito que ele a deixou. Engoli o doloroso nó na garganta e olhei ao meu redor. Meus olhos foram até o pequeno armário ao canto sob o minibar, onde ele guardava todo o nosso arsenal erótico.Caminhei até lá e ajoelhei-me no chão, colocando a senha na fechadura eletrônica. As portas destravaram e eu as abri. Luzes se acenderam, reluzindo a coleira cravejada de pedras preciosas, que há muito
MayaLogo que passei pelas portas do hospital, eu saí pelos corredores à procura do Dr. Walters, cardiologista do Victor. Caçava-o como se fosse uma corsa. Ele estava em consulta quando abri a porta do seu escritório e entrei. Walters olhou-me confuso.— Maya? Eu estou em consulta. Alguma emergência?— Só me responda com sim ou não. — Usei um tom intimidador. — Ele sabia que ia morrer? — Senti um nó se formar na garganta novamente.— Me dê um minuto, por favor — pediu à mulher à sua frente.Ele se levantou e fez um sinal cortês para que eu saísse primeiro de sua sala, vindo logo atrás de mim. Caminhamos para um canto e paramos um de frente para o outro.— Maya, eu...— Apenas responda à minha pergunta, Walters. — interrompi-o.Ele me encarou tenso.— Sim.Uma decepção imensa se espalhou dentro de mim, deixando meu coração partido.— Quando?— Descobrimos que o coração dele não aguentaria muito mais nos exames que fizemos depois do Natal.Meus olhos se encheram de lágrimas. No início d
Maya— Louise já está indo à escola? — Augustus perguntou parando ao meu lado no balcão do andar cirúrgico.— Não. Mary já está indo à escola nova, mas ainda não conseguimos convencer Louise que ela pode fazer isso também.— Acha que ela aceitaria sair de casa?Olhei-o, confusa.— Para ir onde?— Tacoma.— Por que você quer levar a minha filha para Tacoma? — perguntei, com olhos estreitos.— Não quero levar apenas ela, quero levar vocês três.— Por quê?— Para casa dos meus pais no feriado do Dia dos Mortos.Parei de preencher o papel à minha frente e olhei-o novamente.— Conhecer a sua família?Ele sorriu.— Sim.— A gente já chegou nessa parte?— A parte que apresento você para toda a minha família? Sim.— Por quê? — Franzi o cenho.— Você ainda não entendeu, não é, Maya?Virei-me para ele, que me encarava de braços cruzados e olhar sério.— Eu quero você para além da minha satisfação carnal — disse baixinho.Meu batimento cardíaco repentinamente aumentou com meu nervosismo. Mesmo a
MayaA noite chegou, e Lúcia reuniu os netos, incluindo Mary e Louise, para ensiná-los a como montar um altar para os familiares falecidos. As gêmeas acharam aquilo incrível e perguntaram se em casa poderiam montar um altar para o pai. Eu concordei, embora achasse isso mórbido demais.— Vem. Vamos dar uma volta — disse Augustus, pegando-me pela mão.Deixamos a casa e começamos a caminhar calmamente em direção a um enorme galpão ao longe. Seus dedos se entrelaçaram nos meus, e eu me aconcheguei mais nele, abraçando o seu braço.— Então, o que achou do dia?— Eu gostei. Você tem uma família maravilhosa.— A minha mãe não disse coisas inconvenientes, não é? Ela faz isso, às vezes.— Camile conta como algo inconveniente? — Usei um tom humorado, observando a reação do seu corpo. Mas não aconteceu nada. Ele apenas me olhou e sorriu.— Então falaram dela para você.— Assunto proibido?— Não. Ela é minha ex, apenas isso. Alguém que me decepcionou de muitas maneiras.— Vocês iam se casar. Devi