Ao entrar no carro, Kleber liga para Henrique, ele estranha pois o amigo não era de demorar a atender as suas chamadas, mas parecia que ele não estava com disposição de falar com ele pois já estava pensando em desistir quando Henrique atende. — Você está na empresa? — Estou em casa, vou mais tarde hoje, na verdade eu nem estou com vontade de sair de casa, mas preciso trabalhar. — Estou passando por aí então, preciso conversar com você urgente, sobre um assunto muito sério. — O que foi dessa vez? — Henrique pergunta pensando ser problema. — Só pessoalmente, chego aí em alguns minutos, me espere. Kleber chega desesperado no apartamento de Henrique. — O que você fez dessa vez? As vezes você esquece que o advogado aqui é você e não eu. — Deixe de bobagem, você também é advogado só não exerce a profissão. Mas senta que o que eu vou te contar vai te deixar abalado. — Fala logo, nada mais me abala nessa vida. — Jade tem um filho, Nicolas, e você é o pai, com toda c
Henrique anda de um lado para o outro, com os cabelos totalmente bagunçados de tanto que passou as mãos neles. Estava cansado de pensar e de se martirizar, estava cansado de se condenar e se sentir prostado. Sempre se considerou um homem inteligente e decidido naquilo que queria fazer, se achava o mais esperto entre os seus amigos, se considerava uma pessoa altiva que nunca errava, capaz de conquistar com facilidade tudo o que desejasse, mas descobriu estar errado e descobriu da pior forma. A vida lhe provou que não passava de uma pessoa mesquinha e arrogante. Em meio a tantos dilemas, se sentia desprovido de inteligência, se sentia perdido e inseguro, sem coragem de enfrentar uma mulher e lhe reivindicar o direito de assumir o próprio filho. Jade em sua simplicidade e humildade se mostrou ser mais forte que ele e muito mais inteligente, ao se afastar daquele que não a valorizou, criando a sua própria independência e o deixando no passado. — Que merda eu fiz da minha vida? Tudo
Jade decidiu sair com Nicolas assim que Camila saiu para o trabalho. Ela vestiu o filho com uma bermuda de sarja e uma camisa polo infantil, lhe calçou um tênis e na bolsa que arrumou para levar, se preocupou em colocar uma outra peça de roupa e uma sandália, além de outras coisas que poderia precisar. Na lancheira ela pôs suco, frutas e água. Depois de tudo pronto eles saem com Nicolas fazendo festa por estar saindo com a mãe, ele adorava quando saiam juntos para passear, o dia deles sempre era divertido. E a manhã que passaram juntos não foi diferente, primeiro Jade foi conhecer o apartamento que o pai lhe deixou, mas antes de subirem para o apartamento ela levou Nicolas para conhecer o playground, permitindo que ele brincasse em alguns brinquedos, sempre na companhia dela que fazia questão de brincar com ele, havia poucas crianças, mas ele logo fez amizade com algumas que estavam ali. Com Nicolas já suado e com as bochechas vermelhas, eles seguem até o apartamento, antes quan
Jade ao ver o filho diante de Henrique percebe como era impressionante a semelhança entre os dois, ela não esperava que Nicolas acordasse e aparecesse na sala naquele momento e pensa em afastá-lo de Henrique o quanto antes. — Volta para o quarto Nicolas, a mamãe já vai até você. — Mamãe, a minha barriga tá dodói — Sem se importar com a ordem da mãe, Nicolas vai até ela e abraça as suas pernas a fazendo o pegar no colo. — A mamãe vai te dar remédio — Jade o leva para cozinha, mas antes faz um pedido a Henrique — Quando sair feche a porta. — Eu não vou embora, eu já disse. Quero conhecer Nicolas, o meu filho — O que ele diz faz Nicolas o olhar e Henrique decide se apresentar a ele — Oi filho, eu sou o seu papai. Nicolas fica o olhando e Jade sente o ar lhe faltar, não foi assim que ela planejou que Nicolas soubesse quem era o pai dele, todos os planos dela foram por água abaixo. — Você é o meu papai? — Nicolas pergunta inocente. — Eu sou o seu papai — Henrique sente a garg
Jade estava conversando com Camila, enquanto arrumava as suas coisas, Nicolas já dormia, isso depois dela prometer levá-lo ao parquinho que ele gostava, assim que chegassem em casa. — Jade, antes de ir embora procure Henrique, peça que ele venha ver Nicolas, o pobrezinho ficou tão feliz quando soube que tinha pai — Camila a aconselha — Mas agora ele só sabe dizer que está triste por não ter um papai. — Você mesma me disse que Henrique não atende a ligação de ninguém, além disso não quero mais dar esperanças a Nicolas. — A sua ligação com certeza ele irá atender... — Esquece, eu não irei procurá-lo. Nicolas vai esquecê-lo, vamos voltar para casa e as coisas voltarão a ser como antes. — Fico pensando o que se passa na cabeça de Henrique, ele simplismente desapareceu, deixando a empresa aos cuidados do pai, que também não parece estar muito satisfeito com alguma coisa. — Provavelmente está em viagem com a família que ele escolheu. — Quanto a isso eu não sei dizer, desde que Sof
Depois de tomar um banho, Henrique volta para a cama, estava pensativo olhando para o teto quando o seu telefone volta a tocar, mas deixar de atender parecia não ser a solução pois, com certeza Sofia não desistiria. — O que você quer? Que inferno! — Ele grita ao telefone — Eduarda está chorando chamando por você, tem semanas que você não vem vê-la. — Não estou com cabeça para sair de casa... — Como assim? Está querendo me dizer que pouco se importa com a tristeza de sua filha? Sabe muito bem como ela é apegada à você... — Henrique pensa em Nicolas — Pense o que quiser só me deixe em paz, quando eu quiser ver Eduarda, eu vou vê-la. — Henrique responde sem paciência, encerrando a ligação e jogando o celular de lado. Henrique pensa em procurar Jade, mas ele já tinha lhe feito tanto mal, que sabia ser tempo perdido a procurar. Ele pensa em Nicolas que não sabia de sua existência e era feliz mesmo sem um pai, talvez Jade
Sofia estava fadigada, não ter Henrique para perseguir a deixava entediada, era capaz de dizer que sentia falta dos gritos dele e dos xingamentos ofensivos. Ela estava em casa pensando em como foi o encontro dela com os pais de Henrique, achou muito estranho o pai dele não concordar com o seu retorno para a empresa, mas preferiu não questionar. Com certeza era por causa de Jade, pelo que parecia, o senhor Jaime gostava muito dela, por isso precisava se apegar mais a Lurdes, mãe de Henrique, essa sim parecia estar disposta a ajudá-la em tudo. — Senhor Jaime, quando eu volto para a empresa? — havia perguntado com naturalidade. — Acho melhor você se dedicar a Eduarda, ela precisa da mãe por perto. — Acho que o senhor está certo, ela vive dizendo sentir a minha falta — Sofia faz um carinho nos fios loiros da filha que a olha com seus lindos olhos verdes, lhe sorrindo. — A senhora soube o que Henrique teve coragem de fazer comigo? — Sofia não podia deixar passar a oportunidade de s
No mesmo dia em que Sofia foi expulsa da empresa por Henrique, Jaime ligou para ela, a convidando para ir em sua casa na manhã seguinte, disse que ficaria feliz se ela fosse tomar o café da manhã com ele e a esposa, e foi naquela manhã que ele conseguiu alguns fios de cabelos de Eduarda, apesar da neta ter reclamando, pensou ter sido sem querer o puxão de cabelo que ganhou, e o beijo que o avô lhe deu na testa a fez sorrir novamente. Jaime não ficou surpreso quando Sofia tentou se passar por inocente no encontro que teve com Jade, e pode perceber uma pontada de inveja ao saber de suas conquistas. Mas mesmo que ainda não soubesse quem era Sofia de verdade, defenderia Jade, pois independente de qualquer coisa sempre a admirou por sua competência e talento, e ao vê-la entrar tão confiante na sala de reunião, lhe deu certeza do que pensava a seu respeito. Jade tinha um grande diferencial, ela tinha usado os traumas da infância para se tornar uma pessoa forte. Agui