Sinto os ossos da minha mão, encanto aperto os punhos com força, ainda tomando o cuidado de mantê-los nas minhas costas. Estas que perfeitamente retas, compõem minha postura impecável, e claro, um sorriso gentil, e falso, no rosto. A poucos passos de mim, uma distância que poderia ser eliminada facilmente, se encontra a mesa de vidro temperado do meu chefe, o CEO da companhia de cosméticos Vitalli, Aspen Vitalli. Este que passa os olhos desdenhosamente na primeira página de um relatório de cento e trinta e duas, que passei cento e doze horas redigindo. Para apenas após três segundos ele jogar o calhamaço de folhas sob a mesa e direcionar-me uma única palavra.— Refaça — pronúncia cruzando os braços, o movimento ressalta os músculos definido contra o tecido branco da camisa social, resultado das muitas horas na academia. O ato desdenhoso me deixa incrédula, mas não surpresa, ele tem feito este tipo de coisa dês que comecei a trabalhar aqui, a exatos um ano e quarenta e seis dias atrás
Daise Vitalli, a mãe do meu chefe, é uma mulher de meia idade poderosa e elegante. O tipo que não passa despercebido em lugar algum. Bonita mesmo com a idade avançada. Claro, as aplicações de Botox ajudam a manter tudo no lugar, mas ela possui uma beleza natural que ainda é evidente. É nítido que Daise fora uma conquistadora em seu tempo de juventude. Ponha conquistadora nisso, afinal mesmo aos 52 tem uma vida amorosa mais badalada que a minha aos 32 anos. Quem eu quero enganar. Nunca tive uma vida amorosa mínima e perderia em comparação com qualquer um. Eventualmente saio em algum encontro quando Kimberly ou Charlize me carregam para encontros triplos. Onde seus maridos, tentam me apresentar algum amigo ou colega de trabalho. No fim, acabamos em conversa fiada, enquanto afundo minha amargura em uma lata de Coca-Cola. Penso em porque não me dediquei a encontrar um namorado a dez anos atrás quando não tinha nenhuma ruga e os bons partidos ainda estavam no mercado. Qualquer homem intere
Rio sem humor, Vitalli não é o tipo de pessoa que faz piadas. É natural que elas sejam tão ruins. Afinal ele não pode estar querendo dizer o que eu acho que ele disse. Como você pode imaginar, o CEO do grupo Vitalli, teve múltiplas viagens internacionais de negócios nesse último um ano que estive trabalhando para ele. Porém, nunca fui levada em nenhuma delas. Na verdade, quem ocupava a função de secretária em suas viagens era Rachel, secretaria de relações internacionais.Continuei parada encarando-o estática. Esperando o momento em que ele dira o quão tola eu era por cair em sua brincadeira.— Ainda aqui? — pergunta olhando-me de soslaio.—Desculpe, mas está dizendo que eu tenho que ir com você? Não é uma viagem pessoal? — questiono.— Se fosse uma viagem pessoal não estaria solicitando a sua presença — ele disse encarando-me friamente.— Mas e a Rachel? Ela comparece em eventos internacionais— rebato.— Até onde sei seu contrato abrange fins de semana e viagens ao exterior — lembrou
— Algum problema? — ele pergunta completamente ciente que tinha me atingido. Cruzando os braços sob o peito e me analisando, como se desafiasse-me a proferir uma queixa. Dando-me vontade de soca-lo. Vontade que se perde ao analisar sua postura com mais atenção. Os músculos do braço dele parece ainda maiores. Sua aura esnobe, porém, máscula me atinge com força. Causando meu modo de defesa e ela, que é, me encolher e concordar. Assim ele vai embora.—Certo, senhor! — digo pegando a pasta. Percebo a mesma reação padrão dele, de quando atinge seu objetivo, seus olhos perdem o foco e ele os desvia de mim, antes de deixar o cômodo voltando para sua sala.Atrasada invado o pub, como de costume correndo, seguindo diretamente para nossa mesa favorita, próxima a janela lateral. É um lugar bacana, geralmente tem a quantidade perfeita de movimento, algo entre barulhento o suficiente para precisar elevar o volume da voz para ser ouvido, mas não cheio ao ponto de ser necessário cuidado para não esb
Quando digo isso, quero dizer, uma longa lista de afazeres bobos e banais, que deixavam nítida a sua real intensão, me punir por me meter em sua vida pessoal. Afinal se antes Vitalli me dava esporadicamente essas missões, agora ele tinha ido além de sua cota pessoal. Tive que pegar seu café favorito a semana toda, também fiquei responsável pelo seu almoço e jantar. Jantar? Sim. Fiz as reservas de cada um deles. Vitalli jantou em restaurantes chiques todas as noites, mesas para dois. Não era difícil concluir que estava fazendo jus ao estereótipo de bilionário galinha. Eu tive o desprazer de conhecer algumas de suas parceiras de uma noite, garotas diferentes em cada dia da semana. Questionei, se estivéssemos permanecido na cidade veria alguma novamente, suspeitava que não. Pelo que vi, havia apenas um padrão, nenhuma delas era loira. Tudo bem, tinha vários padrões: todas eram mulheres jovens, bonitas, ricas, bem-sucedidas, contudo, notar que nenhuma delas era loira me deixou confusa.Pe