Início / Romance / Perdida com o Ceo / Como não odia-lo?
Perdida com o Ceo
Perdida com o Ceo
Por: Larissa Aguiar
Como não odia-lo?

Sinto os ossos da minha mão, encanto aperto os punhos com força, ainda tomando o cuidado de mantê-los nas minhas costas. Estas que perfeitamente retas, compõem minha postura impecável, e claro, um sorriso gentil, e falso, no rosto. A poucos passos de mim, uma distância que poderia ser eliminada facilmente, se encontra a mesa de vidro temperado do meu chefe, o CEO da companhia de cosméticos Vitalli, Aspen Vitalli. Este que passa os olhos desdenhosamente na primeira página de um relatório de cento e trinta e duas, que passei cento e doze horas redigindo. Para apenas após três segundos ele jogar o calhamaço de folhas sob a mesa e direcionar-me uma única palavra.

— Refaça — pronúncia cruzando os braços, o movimento ressalta os músculos definido contra o tecido branco da camisa social, resultado das muitas horas na academia.

 O ato desdenhoso me deixa incrédula, mas não surpresa, ele tem feito este tipo de coisa dês que comecei a trabalhar aqui, a exatos um ano e quarenta e seis dias atrás.

— Mas o senhor não leu o documento completo — ressalto utilizando todo o meu autocontrole para não romper a distância entre nós e puxar a gravata Lanvin de seda azul marinho até degolá-lo, fazendo assim que ele se arrependa do dia que me mandou comprá-la para começo de conversa.

— Tem um erro no terceiro parágrafo do artigo 90 — ele diz sem tirar os olhos da tela do seu computador, onde digita sem me dar atenção. O som de cada tecla faz com que minha raiva ferva um pouco mais. Rompo a distância entre nós e pego em mãos o documento. Os meus olhos viajam pela primeira página completamente ciente que não há erro algum, afinal revisei cada detalhe neste documento umas duzentas vezes. Presto atenção redobrada ao parágrafo citado. Nada. Nenhum erro.

— O que está errado aqui? — questiono colocando o documento de volta, desta vez minha voz vacila deixando minha frustração e raiva aparentes. Vitalli levanta o olhar me encarando diretamente, sua atenção está completamente em mim pela primeira vez desde que entrei na sua sala.

— Bem... aqui! — ele aponta com o dedo, aproximo-me, e percebo que se trata de uma virgula aplicada de maneira equivoca. Ela ficou entre o 2 e o 8, separando o número 1928. Nada que não seja obvio pelo contexto. É ridículo a ideia de refazer o documento completo por causa deste pequeno detalhe. Como se lesse minha mente Vitalli comenta — Se algo tão grotesco assim, passou despercebido por você na primeira página, prefiro não ver o que há nas demais — ele diz arrogantemente, voltando a teclar freneticamente.

 Estreito os olhos com a suposição, sabendo que ele mantém os olhos na tela, e o ato passará despercebido. Sentindo novamente as minhas unhas contra as palmas, graças aos punhos cerrados. As cento e doze horas de trabalho me vem à mente como um flashback.

— O que ainda faz aqui? Você não tem muito trabalho a fazer? — a pergunta soa irônica e podia jurar ver um vislumbre de vitória no olhar dele, ainda que Vitalli se quer tenha os desviado da tela. Formulo uma resposta, porém guardo-a para mim, sabendo que se pronuncia-se o que pensava seria demitida na mesma hora.

“Sou uma mulher de princípios. Não uma barraqueira” repito como um mantra. Com isso em mente deixo o escritório de Vitalli pisando pesado. Sigo pelo corredor até o cômodo ao lado. Onde a minha mesa se encontra em um hall de entrada aberto disposto no 52° andar visto assim que se sai do elevador. A minha mesa é tão moderna e elegante quanto a do meu chefe, porém menos confortável, principalmente no quesito assento, e definitivamente mais barata. Ainda assim, todo o escritório principal da Vitalli é o local mais requintado que já estive. A cafeteira no fim do corredor lateral tem capsulas de um café importado que custar mais do que o café da Latte, a cafeteria do outro lado da rua que vive lotada, e é mais saboroso também. Vitalli é conhecida por produzir beleza de luxo e todos os colaboradores têm um desconto nos produtos, esse é apenas uma das vantagens de trabalhar aqui. Por mais que isso signifique que tenho pequenas desvantagens como um padrão de vestimentas que foi um custo elevado para iniciar a trabalhar. Contudo, as demais desvantagens não chegam nem perto de ter que lidar diretamente com Aspen. O meu querido chefe, e o CEO da Vitalli, nasceu rico e nunca teve que trabalhar por nada na vida, tendo em vista que aos 30 anos já ocupa o cargo mais alto de uma indústria bilionária, é completamente ilusório imaginar que ele seria uma pessoa fácil de se lidar. Como pode imaginar, eu o odeio, como não odiá-lo quando parece ter prazer em me ver sofrer dês que comecei a trabalhar aqui? O que acabou de acontecer não é nada comparado com o que já tive que passar.

Irritada, movo o mouse para dar vida a tela do meu computador que estava no modo de espera, e abrir o arquivo novamente pronta para fazer o que me foi solicitado. Porém, paro ao me lembrar da máquina de café que acabei de citar. Isso! Mereço uma boa xicara antes de voltar a trabalhar. Quando estou pronta para levantar o telefone toca. Dou um suspiro antes de atendê-lo.

~Escritório do Sr. Vitalli em que posso ajudar? — Digo projetando aquele timbre gentil e espirituoso, polido e profissional que faço inconscientemente quando entro no modo secretária. O sorriso amarelo brota na minha face, mesmo que esteja ciente que seja quem estiver no outro lado da linha não pode vê-lo, que assim como a voz é um ato inconsciente.

~ Olá querida, aqui é a Daise — a familiar voz feminina é gentil e animada.

~Senhora Vitalli, em que posso ajudá-la? — questiono. Os ombros tensos relaxando simplesmente com a animação em sua voz.

~ Asp não tem atendido as minhas ligações. Aquele menino ingrato. Poderia passar para ele — ela pede.

~ A senhora me complica. Sabe que ele vai ficar irritado comigo por interrompê-lo — advirto.

~ Não se preocupe meu bem, se ele falar qualquer coisa para você. Pode me avisar, dou um tapa nele, é o que faltou em sua educação — ela diz.

Melhor levar o telefone.

           

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App