Larissa narrando. Olhei para aquele teste incrédula. Não estava realmente nos meus planos ser mãe novamente, mas se fosse os planos maiores eu aceitaria. Nós nos despedimos do pessoal, e voltamos para casa de mãos dadas. Cris já havia capotado, coloquei ele para dormir em sua caminha.Nada era melhor do que estar em casa, e era assim que eu me sentia aqui na grota. Rangel veio até mim, sorrindo. —Me sinto tão aliviado — falou me abraçando. — Por que? —falei enquanto dobrava os lençóis. — Estamos aqui, e eu não quero sair daqui nunca. Olho nos olhos dele. Ninguém nesse mundo poderia explicar o quanto eu o amava. Era um amor que não começou do jeito certo, convencional, que começou contra tudo que um dia eu imaginei. O chamei para o quarto e nos sentamos na cama. — Preciso falar com você. —segurei suas mãos. — O que aconteceu?— ele me encarou sem entender. — Eu ....Estou grávida. —falei insegura.Rangel ficou meio incrédulo por uns minutos sem saber o que dizer e eu o encare
Alguns meses se passaram. Hoje seria o chá revelação de nosso filho. Ou filha. Eu estava totalmente ansiosa... Amigos e familiares se reuniram na fazenda, criando uma atmosfera alegre e descontraída. A expectativa para descobrir o sexo do bebê era compartilhada por todos.— Larissa, você acredita que estamos prestes a descobrir se será um menino ou uma menina? — Carla comentou empolgada.— Mal posso esperar para saber! — respondi, sorrindo.De repente, o silêncio foi quebrado pelos estampidos dos tiros. Gritos e pessoas correndo para se proteger criaram um caos instantâneo. Olhei ao redor, tentando entender a origem daquela violência repentina.A troca de tiros começou entre os policiais e outros indivíduos, provavelmente ligados ao mundo do tráfico. O chá revelação transformou-se em um cenário caótico e assustador.— Larissa,se abaixa porra! — Luisa gritou, mas o medo já havia se apoderado de mim.Eu me joguei no chão, meu coração batendo descontroladamente. O som dos disparos ecoav
Meses depois. — Eu preciso de ajuda! — falei ao respirar fundo a cada contração. — Calma amiga, o carro já está chegando para lhe buscar.— Carla falou tentando segurar as minhas mãos. Isso mesmo. Minha filha já estava a caminho. Foram meses, eu passei por tudo sozinha, cada notícia da gravidez, contada por cartas ao meu amor. Essa situação doía, de uma forma que eu não conseguia nem explicar.Todos esses meses sem ele, tudo em mim era doloroso. Havia dias em que a vontade de comer simplesmente não existia. Mas eu precisava ser forte,pela minha Maya.Escolhemos o nome da nossa filha juntos. Rangel nunca me permitiu que eu fosse até lá visitá-lo. Eu sentia tanta saudade, do seu toque. Seu cheiro, seu corpo. Nosso amor era de outras vidas. Mas a culpa, a culpa me invadia. Eu sabia que quando ele saísse daquele lugar, e se saísse, não existiria um futuro para nós. Eu o amava. Mas o fato de eu amar ele, não significava que deveríamos ficar juntos. Já estava tudo certo. Quando eu ti
Um ano depois...**Larissa**Hoje era o aniversário de Cristopher. Ele completava dois anos, e a festa estava lindamente organizada para o meu príncipe.Cuidei de cada detalhe, escolhendo as melhores coisas para celebrar esse dia especial.— Oh, meus afilhados chegaram! — anunciei com alegria ao ver Camila e Caio, filhos de Carla e Marcelo.Carla tinha sido agraciada com gêmeos, uma surpresa para todos, mas certamente uma felicidade.Os primos se juntaram rapidamente para brincar, enquanto nós, adultos, conversávamos e aproveitamos a ocasião. Meu pai havia se casado com a mãe de Rangel, e os dois irradiavam felicidade.Luísa e Júnior esperavam outro bebê, desta vez um menino que nasceria em alguns meses.Maya estava uma princesa deslumbrante, uma cópia fiel de seu pai. Recebi notícias de que Bruno havia recuperado a mobilidade e agora tinha um filho com sua esposa. Fiquei sinceramente feliz por ele.As vidas de todos estavam se encaixando nos trilhos certos. Éramos felizes aqui no mor
Não poderia ser. Ele me abandonou depois de tirar minha virgindadeAcho que essa pode ser a prova mais cruel que uma garota pode passar pra parar de confiar em qualquer um. Bruno era meu namorado, primeiro e único que já tive em toda minha vida, o que me dói até hoje é que depois de tanto tempo eu ainda penso nele , sendo que agora ele está casado com uma garota rica e que tem " propriedades".Acredito que cada um têm seu destino. E o meu... Ah o meu foi esse, mas independente vou ser forte e aguentar as consequências dos meus erros, amar causa dor. E essa droga de sentimento eu espero não sentir nunca mais.Eu lembrava exatamente como e porquê vim parar aqui em uns dos morros do Rio de Janeiro.
Belo Horizonte, Dezembro de 2016Larissa narrando:Era um sábado gélido em Belo Horizonte. Acordei com uma vontade louca de permanecer na cama, especialmente porque era fim de semana e o friozinho lá fora tornava tudo ainda mais aconchegante.— Garota, acorda! — ouvi as batidas na porta do meu quarto.Era ela, a mulher que tornava minha vida um verdadeiro inferno.Melyssa, a esposa do meu pai, que mais parecia o capeta em forma de gente.Levantei emburrada, calçando minhas pantufas. O chão estava gelado por conta do frio que fazia hoje.— O que é? — disse ao abrir a porta.— Você tem que me ajudar com a limpeza! Tá pensando que tem empregada aqui? — ela disse com a voz áspera que a caracterizava.Idiota. Resmunguei enquanto a via se afastar.Fui para o banheiro da casa, tomei um banho e vesti uma roupa confortável, colocando um casaco por cima. Calcei minhas botinas e estava pronta.Isso mesmo, eu morava quase na "roça". Não era uma roça, era uma fazenda que meu pai herdara de seu pai
Uma semana depois.Larissa, narrando:Eu estava desesperada. Não podia ser verdade. Bruno não atendia mais minhas ligações, não respondia minhas mensagens. O que estava acontecendo, meu Deus?Terminei de arrumar a casa e me sentei no sofá da sala, tentando assistir a um desenho na TV, mas minha mente só pensava em Bruno.— Você vai pegar suas coisas e sumir da minha casa! — meu pai entrou em casa revoltado.— Mas, como assim, pai? — falei sem entender nada.— Bem que Melyssa falava, você não presta, Larissa! — desferiu um tapa em meu rosto.— O senhor é louco? Pode me explicar o que está acontecendo? — coloquei a mão em meu rosto.— Está todo mundo falando de você na rua, todos já sabem que você perdeu a honra com aquele tal de Bruno. Larissa... Você não têm vergonha não? Parece que eu criei uma prostituta!Peraí? Como assim todos sabem que eu fiquei com Bruno? Isso não pode ser verdade. Eu precisava acordar desse pesadelo.— Ah, você não criou uma prostituta. Você nunca me criou! — a
Larissa narrando:Peguei as poucas malas que tinha em mãos, me despedi daquela casa e recordei os poucos momentos felizes que tive com minha mãe. Talvez se ela estivesse aqui, tudo seria diferente.Sai do quarto, passei pela sala e, graças a Deus, a bruxa não estava lá. Não me despediria do meu "pai", porque para ele, se eu fosse embora, eu seria apenas um peso a menos em suas costas. Ele poderia ser feliz com sua amada bruxa, sem a filha bastarda para atrapalhar.Olhei ao redor da fazenda e vi aquela árvore. A árvore onde vivi os momentos mais bonitos com Bruno. Ah, Bruno, por que ele me abandonou? Será que há algo errado comigo? É difícil entender, muito difícil.Eu costumava acreditar que era a Cinderela e que Bruno era meu príncipe, que me tiraria da casa da minha madrasta e me levaria para seu palácio. Mas acorda, Larissa! Isso só acontece em contos de fadas. Minha realidade é essa, e não há como fugir dela.Estava prestes a colocar os pés na rua quando o carro que eu tinha chama