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Rangel narrando:

De volta à minha favela, eu era só paz e amor. Era meu aniversário hoje, vinte e poucos aninhos, tô ficando velho pra caralho. Lembro da primeira vez que meu pai me ensinou a segurar uma arma, a atirar, e me disse que essa favela toda seria minha. Agora mesmo eu observava o alto do morro sozinho, sorrindo, lembrando de como meu pai era querido. É... Quem escolhe essa vida só tem esse destino, parceiro, ou é morte ou é cadeião.

Meu pai não merecia isso. Ninguém merece a morte, mas às vezes tem que ser assim. Quem escolhe errado uma vez, traçou seu destino todinho. Dei sorte com uma mina firmeza, que eu amo tanto, um filho lindo, uma mãe que batalhou por mim e me apoiou em tudo. Claro que nenhuma mãe quer ver seu filho pegando arma pra matar e roubar os outros, mas não tinha jeito, ou ela aceitava ou me abandonava no mundão. Ela se apaixonou por meu pai, e ela sabia que aquilo ia trazer consequências pra sempre, e o que eu mais admiro é que ela ficou com o marido até o
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