[Lucas]Ao me aproximar de Patrícia no centro da sala, senti meu coração acelerar. Talvez ela não tenha notado, mas, se eu não estivesse usando o paletó, com certeza poderia ver o pulsar no meu peito. Havia algo sobre estar perto dela que sempre me deixava inquieto, uma mistura de nervosismo e curiosidade.– Queria saber se você estava bem. Ontem, quando fui embora, você ainda estava no quarto e não pude me despedir – falei, tentando manter minha voz firme, mas sem soar invasivo.Ela recuou um pouco, quase imperceptivelmente, e desviou o olhar por alguns segundos antes de responder:– Sim, estou bem. Só estava com enxaqueca ontem. Mas você não precisava vir até aqui para perguntar – disse ela, a voz tímida, mas com uma ponta de seriedade.– Eu sei que não precisava – respondi, com sinceridade. – Mas quis ter certeza de que você estava bem.Ela me olhou brevemente, talvez surpresa pela minha resposta, mas logo desviou novamente e foi até a garrafa de água que estava no chão próximo ao
[Patricia]Cheguei em casa e encontrei Ester sentada na sala, impecavelmente maquiada e vestida com uma roupa elegante.— Vai sair hoje? — perguntei, trancando a porta ainda de costas para minha amiga.— Sim. Miguel, Lucas, Lara e eu. Programa de casal. — disse Ester, sua voz carregada de uma leve hesitação.Virei-me para ela e me sentei ao seu lado no sofá. Notei a incerteza em seu olhar e tentei soar encorajadora, embora uma pontada de ciúmes insistisse em se fazer presente.— Ei, Ester, não precisa ficar com receio de me contar. Estou bem. Isso é legal, né? Sair em casal... — sorri, fingindo leveza.Ester suspirou, parecendo buscar as palavras certas.— Tem certeza, Paty? Há pouco tempo atrás, era a gente que fazia esse tipo de programa...Respirei fundo, ignorando a saudade que as palavras dela despertaram.— Tenho certeza, amiga. — Segurei sua mão. — Só espero não perder você para a Lara.Ela riu baixinho e me abraçou com carinho.— Isso nunca. Você é minha irmã de alma, Paty.So
[ Patricia]Cheguei na cafeteria primeiro que Leandro, estava nervosa sobre o que ele queria conversar comigo. Desde o beijo que ele roubou na cozinha naquele dia, não conversei com ele e também procurei não pensar muito no assunto, já havia deixado claro pra ele que gostaria apenas de manter a amizade. Enquanto tomava meu capuccino, meus pensamentos vagavam pela visita inesperada de Marcus nos meus pensamentos, desde a última aparição dele no meu apartamento ele não surgiu novamente, mas meu coração estava inquieto. Marcus era como água de um oceano, quando menos espera ele aparece como uma onda em meio às águas calmas. Sem perceber, minha mente vagou para aquele fatídico dia.Eu havia chegado em casa de uma entrevista de emprego para professora de balé, já que não estava mais na companhia de dança, talvez poderia continuar trabalhando com a dança de alguma forma. Ao chegar em casa Marcus estava em casa com um copo de uísque na mão, havia saído mais cedo do escritório.— Oi, amor, já
[ Patricia]Sequei uma lágrima solitária que deslizava pela minha bochecha, enquanto meus olhos perdidos acompanhavam o movimento das crianças no parque do outro lado da rua. Suas risadas soavam distantes, como ecos de uma felicidade que já não me pertencia. O fim de tarde tingia o céu de tons alaranjados, mas dentro de mim tudo parecia permanecer em um eterno crepúsculo.Eu me sentia suspensa entre o passado e o presente, presa em lembranças que insistiam em me assombrar. O aroma doce do cappuccino à minha frente deveria ser reconfortante, mas apenas servia para acentuar a sensação de vazio.Foi quando ouvi o ruído da cadeira se arrastando que voltei à realidade. Leandro sentou-se à minha frente, e seu olhar carregava aquela mesma preocupação de sempre. Suspirei, tentando disfarçar a tristeza que, mesmo sem querer, transparecia em cada gesto meu.— Desculpe, Paty. A academia estava lotada e o trânsito... — Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos úmidos de suor antes de se acomodar
[Patricia]Ester combinou um churrasco aqui em casa. Antes, eu ficaria animada em receber os amigos e aproveitar a churrasqueira da varanda, mas, ultimamente, tenho me sentido mais distante, quase antissocial. Especialmente depois da crescente amizade dela com a Lara. Estou tentando não deixar o ciúme me consumir, mas é difícil. Antes, fazíamos tudo juntas, agora parece que ela prefere a companhia de Lara. Talvez isso seja uma espécie de punição por eu tê-la deixado de lado quando estava com Marcus. Na época, eu não percebia que ele havia me afastado de tudo e todos, nos trancando em uma bolha romântica que, no fim, só me fez mal.Fiquei chateada quando Ester mencionou que Lara também ajudaria nos preparativos da festa de noivado. Meus pais viriam me visitar este fim de semana, mas pedi para adiarem e virem apenas no dia da festa. Confesso que, por pouco, não liguei pedindo para virem agora mesmo, só para ter uma desculpa para evitar estar no mesmo ambiente que Lara.Talvez minha anti
Lucas sentia o mundo ruir ao seu redor. A notícia havia sido devastadora, arrancando dele qualquer resquício de esperança. Sua noiva, seu futuro, seu amor havia partido de forma brutal e repentina em um acidente de carro. No corredor do hospital, os sons dos monitores e passos apressados soavam distantes, abafados pelo peso do luto que o sufocava. As paredes pareciam se fechar ao redor, como se quisessem esmagá-lo. Ele não conseguia encarar os pais ou os sogros, que também choravam em silêncio. O vazio em seus olhos espelhava o próprio vazio que sentia. “Com licença”, murmurou, sem realmente esperar uma resposta. Precisava sair dali, encontrar ar para respirar, mesmo que por um instante. No elevador, Lucas apoiou a testa contra a parede metálica, a superfície gelada um breve alívio para o calor sufocante da dor que o consumia. Quando as portas estavam prestes a se fechar, uma mulher entrou apressadamente. Ela evitava contato visual, enxugando discretamente as lágrimas que escorriam
Patrícia agradeceu com um aceno tímido e murmurou: — Obrigada… de verdade.Lucas apenas assentiu, observando enquanto ela se afastava lentamente, os passos hesitantes carregando o peso de sua dor. Ele ficou parado no terraço, o vento ainda frio batendo contra seu rosto, como se tentasse despertá-lo de um pesadelo que não tinha fim.Quando as portas do elevador se fecharam atrás dela, o silêncio pareceu ainda mais opressor. Lucas ergueu os olhos para o céu nublado, buscando respostas que não vinham. — Por quê? — pensou ele, os lábios se movendo sem som. — Por que ela? Por que agora?A imagem de Milena veio à sua mente. Seu sorriso brilhante, os planos que faziam juntos, as risadas que compartilhavam. Tudo parecia tão próximo e, ao mesmo tempo, inatingível. A perda era como uma ferida aberta, latejante e insuportável.Ele permaneceu ali por algum tempo, tentando encontrar sentido no caos. Mas as respostas não vieram, e Lucas soube que talvez nunca viriam. Respirou fundo, ainda sentindo
Conheci Milena Cruz em um lugar inesperado: uma boate. Admito, não era exatamente o cenário onde eu imaginava encontrar o amor da minha vida. Esses lugares geralmente são sobre curtição, encontros passageiros, algo leve e sem compromisso. Mas Milena… Milena não era qualquer pessoa.Eu estava no bar, um tanto deslocado. Não era muito de dançar nem de socializar como meus amigos. Leandro e Miguel, com toda sua popularidade e confiança, dominavam a pista de dança, atraindo olhares e sorrisos de todas as direções. Eu? Bem, estava no segundo ano de Ciência da Computação, o típico “nerd” do grupo, tentando decidir qual cerveja pedir, enquanto eles se divertiam sem preocupação.— Ei, rapaz,— disse o bartender, interrompendo meus pensamentos enquanto enchia um copo. — Aquela garota ali, de blusa vermelha… Ela não tira os olhos de você.Franzi a testa, surpreso. — Quem? Eu?Ele riu, inclinando-se um pouco mais próximo. — Você mesmo. Por que não vai lá e paga uma bebida pra ela?Olhei na direçã