[Lucas]Estou namorando Lara há algumas semanas. Ela é legal, divertida e tem um jeito leve de ver a vida. Nos damos bem no trabalho e, honestamente, também na cama. Mas, toda vez que vejo Patrícia, meu coração acelera, e agora, ao descobrir que ela e Leandro não estão juntos de forma romântica, senti uma pontada de felicidade que me pegou de surpresa. Sei que isso soa cruel da minha parte, mas estou feliz.Leandro é um cara incrível—meu melhor amigo, esteve ao meu lado em momentos sombrios. Mas quando se trata de mulheres, ele age como um verdadeiro Dom Juan. Ver Patricia envolvida com ele, mesmo que de forma superficial, me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. Sempre tive medo de que ela fosse apenas mais uma para ele, e o ciúme me corroía por dentro.Assim que Patrícia saiu da cozinha para atender o telefone, senti um impulso estranho de puxar conversa e prolongar o momento. Estar perto dela me fazia bem, sorrir com facilidade. E, droga, mais do que nunca, ela estava lind
[Ester] — Paty, onde você vai? O churrasco era para nós nos divertirmos. Estamos trabalhando tanto... Não temos tido tempo para conversar e relaxar. — Falei, tentando segurar seu braço suavemente, na esperança de fazê-la mudar de ideia.Patrícia suspirou, os olhos cansados encontrando os meus.— Eu sei, Ester, mas... você pode se divertir com seus novos amigos. — Ela forçou um sorriso. — Tente compreender, vocês estão em casal, e eu... eu não estou confortável aqui. Sinto que não pertenço mais a esse grupo, estou deslocada... uma intrusa.Aquelas palavras me atingiram em cheio.— Como assim, Paty? Você faz parte do grupo! Os meninos te adoram, e a Lívia é super legal. A Lara também tem sido simpática com você.— Não me sinto assim, Ester. — Sua voz saiu mais baixa, como se confessasse um segredo doloroso. — A Lara me atura porque sou sua amiga... e porque sou amiga do namorado dela. Eu entendo isso, mas não quero ser a pessoa que estraga o clima. Você mesma viu, Lara nem sequer me de
[ Patricia]As palavras de Ester ainda ecoavam na minha mente, e por mais que me magoassem, eu sabia que havia uma verdade dolorosa nelas. Eu estava me afastando, de novo. Mesmo sem perceber, mesmo sem querer. Mas como evitar isso quando a sombra de Marcus pairava sobre mim, sufocando cada tentativa de seguir em frente? Sua presença recente bagunçou tudo dentro de mim, e a última coisa que eu queria era arrastar minha amiga ou os outros para esse turbilhão.Peguei o carro e dirigi sem rumo, tentando dissipar os pensamentos que insistiam em me atormentar. A estrada parecia um refúgio temporário até que, sem perceber, acabei estacionando em frente ao estúdio. Assim que entrei, um suspiro escapou dos meus lábios. O silêncio familiar do lugar trouxe um conforto que há tempos eu não sentia.Fechei as persianas, não queria correr o risco de alguém – ou pior, Marcus – aparecer de surpresa. Conferi a porta duas vezes antes de caminhar até o vestiário. Lá, tirei minhas roupas casuais e vesti o
[Patricia]Foi então que Marcus desferiu o primeiro tapa no meu rosto. A dor estalou na minha pele, mas foi o choque que me paralisou. Fiquei atordoada, com a mente turva, sem entender como aquilo havia acontecido. Ele, no entanto, parecia firme, como se o que fizera fosse apenas uma reação natural.— Você é minha, Paty. Eu te amo. Fico furioso só de pensar que outro homem possa estar colocando as mãos em você, ou sequer pensar em você.As palavras dele ecoaram em minha mente, mas eu não consegui encontrá-las dentro de mim. A dor no rosto era apenas uma extensão da dor que já havia se instalado no meu peito. Não consegui responder, nem mesmo focar o olhar no rosto dele. Meu corpo parecia desconectado da realidade, como se estivesse em um lugar distante, onde a verdade fosse apenas uma sombra.Marcus, então, afrouxou a gravata e, com um movimento lento, retirou-a do seu pescoço. Seus dedos habilidosos deslizaram pelo tecido, e por um momento, vi sua atenção se fixar naquele simples ges
[Patricia]Eu queria dizer que confio, que acredito na sua preocupação genuína. Queria encontrar forças para admitir que meus sentimentos por ele vão muito além da amizade, que meu coração dispara toda vez que ele está por perto, que o simples toque de suas mãos me desperta sensações que eu não consigo controlar. Mas como dizer isso? Como confessar algo tão profundo para alguém que já pertence a outra pessoa, que nunca me olharia da mesma forma?Como abrir meu coração para o homem que está bem diante de mim, quando estou tão machucada que mal consigo acreditar nas palavras dele? O medo me paralisa. O passado me prende em correntes invisíveis, e a incerteza me consome dia após dia. As feridas que carrego ainda ardem, ainda sangram, e temo que, se der um passo em falso, elas possam machucar não só a mim, mas a ele também.Respiro fundo, tentando acalmar o turbilhão dentro de mim. Lentamente, abro os olhos, e os meus, de um verde sempre tão inseguro, encontram os dele — escuros, brilhant
[Lucas] Eu a observei em silêncio, minha mão ainda repousando suavemente sobre sua bochecha, sentindo o calor da sua pele contra a minha. Cada detalhe dela parecia tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Paty fechou os olhos, e por um instante, desejei que ela se permitisse descansar, que confiasse em mim, mas sabia que não era tão simples.Quando ela finalmente sussurrou que tinha medo, meu coração apertou. Eu sabia que existiam monstros em sua mente, sombras de um passado que ainda a perseguiam, mas não tinha ideia do tamanho da dor que ela escondia. Tudo o que eu queria era ser um lugar seguro para ela, alguém em quem pudesse se apoiar sem medo.— Medo de quê? De quem? — Minha voz saiu mais suave do que eu esperava, e vi seu corpo estremecer levemente.Ela desviou o olhar, como se procurar respostas no chão fosse mais fácil do que encontrá-las em mim. E então, tentou se afastar, mas eu não consegui soltá-la. Minha mão ainda segurava seu rosto, e a outra encontrou a dela, em um gest
[Patricia]Lucas deixou o estúdio e uma parte de mim foi com ele e a outra parte que ficou foram os resquícios de uma Patrícia atormentada por um desejo de dizer a ele o que sinto e o que ele provoca quando está perto. Mas tenho medo que ele não tenha os mesmo sentimento por mim. Sei que é covardia da minha parte. Mas não posso me entregar novamente, não agora. Cheguei em casa tarde da madrugada fiquei feliz que seria domingo e eu poderia dormir até mais tarde. Ao chegar em casa, o apartamento estava silencioso, a casa organizada apesar da festa que tinha acontecido horas atrás. Fui direto para meu quarto. Estava feliz que Ester não havia ficado acordada me esperando e iniciar uma discussão. Acordei tarde naquele dia, próximo ao almoço. Ao passar pela sala em direção a cozinha, deparei com Ester e Miguel na sala, conversando animadamente sobre algo, que possivelmente seria sobre o noivado. Murmurei um bom dia tímido.Miguel e Ester levantaram um olhar para mim e responderam meu b
[Ester]Assim que Patrícia saiu da sala, me virei e abracei Miguel, meu soluço era apenas o som ecoava naquele apartamento. — Eu acho que ela nunca vai me perdoar. Eu fui dura demais com ela. Miguel envolveu meus ombros com seus braços fortes, oferecendo o conforto silencioso que eu precisava. Meu rosto estava enterrado em seu peito, e eu sentia a batida compassada de seu coração, como se tentasse me acalmar.— Você só disse o que estava preso aí dentro, Ester — ele murmurou, afagando meus cabelos. — Não dá para guardar tudo para sempre.Afastei-me ligeiramente, secando as lágrimas teimosas que insistiam em cair.— Mas eu fui cruel, Miguel. Joguei na cara dela coisas que eu sei que doem, que fazem ela se sentir ainda pior do que já se sente. Eu sei que ela não fez nada de propósito, que não queria me afastar, mas... — minha voz falhou, e senti um nó na garganta. — Eu me senti tão deixada de lado, sabe? Como se eu não me importasse.Miguel segurou meu rosto com delicadeza, olhando no