Justin Assim que Justin saiu do hospital, sentiu o peso do mundo sobre seus ombros. O ar frio da tarde o envolveu enquanto ele dirigia para casa, os pensamentos dispersos entre tudo o que tinha acontecido e tudo o que ainda estava por vir. Ao estacionar diante da casa, respirou fundo antes de entrar. O aroma familiar de temperos e comida caseira invadiu suas narinas assim que cruzou a porta. Caminhou em silêncio até a cozinha e encontrou sua avó, dona Margarida, mexendo uma panela no fogão. — Vovó? O que fazes aqui na cozinha? — perguntou, franzindo a testa. A senhora, de cabelos grisalhos presos em um coque baixo e um avental florido amarrado à cintura, virou-se para ele com um sorriso cansado. — Meu filho, preciso me distrair — respondeu, mexendo a colher de pau lentamente. — Depois de tudo o que aconteceu, não consigo me concentrar em mais nada. Justin aproximou-se, observando-a com atenção. Havia tristeza em seus olhos, mas também a força de uma mulher que já havia enfrenta
Matondo Acordei com a mente ainda pesada, mas o corpo começava a se sentir um pouco mais leve. A notícia de que eu estava grávida ainda parecia surreal. Uma parte de mim estava incrivelmente feliz, mas outra parte tinha medo. Medo de tudo o que estava acontecendo ao nosso redor, medo do que poderia vir a seguir. Nesse momento lembre como seria bom partilhar essa noticia com a minha mãe, mas enfim. Justin estava ao meu lado, segurando minha mão como se quisesse garantir que eu não fugisse. Ele tinha aquele olhar determinado que eu conhecia tão bem, o olhar de quem não iria descansar até resolver tudo. – Bom dia, amor – ele disse, com um sorriso terno. – Bom dia – respondi, apertando sua mão. – Como foi com sua avó? Ele suspirou, o sorriso desaparecendo por um momento. – Difícil. Ela ficou devastada com tudo o que descobrimos sobre Braulio e Epifania. Mas está decidida a não deixar isso impune. Assenti, tentando processar tudo. Era difícil acreditar que Braulio, alguém co
EpifaniaA viatura policial balançava levemente conforme avançava pelas ruas da cidade. O ar dentro do veículo era pesado, sufocante, e minha mente fervilhava de pensamentos amargos. Olhei para Bráulio ao meu lado. Ele mantinha o olhar fixo na estrada à frente, os punhos cerrados sobre as pernas."Como foi que chegamos a esse ponto?"Desde o momento em que entrei naquela cela, soube que meu destino estava selado.A prisão era um ambiente sufocante. Cada som, cada olhar, cada palavra sussurrada entre os corredores trazia um aviso silencioso: sobreviva.Mas eu já estava morta por dentro.Fomos separados no momento da triagem — ele para o bloco masculino, eu para o feminino. Antes de nos afastarmos, ele me lançou um olhar rápido, carregado de incerteza.Eu queria gritar, mas me mantive em silêncio. Meu orgulho não permitiria que eu demonstrasse fraqueza.As primeiras noites foram as piores. O colchão fino, as paredes frias, o barulho constante dos outros detentos. Cada dia parecia se arr
MatondoO escritório estava iluminado apenas pelo brilho dos monitores e pelo reflexo da grande tela onde projetávamos nossas ideias. O relógio já passava das dez da noite, mas ninguém da equipe parecia se importar. O projeto em desenvolvimento era ambicioso: criar uma linha de roupas ecológicas para reduzir o impacto ambiental da empresa.Nosso desafio era encontrar materiais sustentáveis e métodos de produção que minimizassem o desperdício sem comprometer a qualidade. O departamento de criação queria tecidos que combinassem tecnologia e responsabilidade ambiental. Algumas das ideias em debate incluíam o uso de fibras recicladas, tingimentos naturais e até mesmo o desenvolvimento de um tecido biodegradável que se decompusesse mais rápido quando descartado.— Se conseguirmos um fornecedor que trabalhe com fibras de banana ou bambu, podemos criar peças leves e duráveis — sugeriu Amélia, minha designer de materiais.— E se investirmos em tecidos feitos a partir de garrafas PET reciclad
MatondoO sol já entrava pelas janelas quando abri os olhos. Olhei ao redor e notei que Justin não estava na cama. Toquei o espaço vazio ao meu lado, ainda morno. Suspirei, sentindo o leve cansaço que ultimamente me acompanhava. Eu já estava no terceiro mês de gravidez e, apesar de me sentir bem na maior parte do tempo, algumas manhãs eram mais difíceis.Virei de lado e deslizei a mão sobre minha barriga, sentindo o pequeno volume que começava a se formar.— Bom dia, meu amor — sussurrei, acariciando suavemente. — Hoje é um dia especial. Talvez finalmente descubra se você é um menininho ou uma menininha.Sorri sozinha. Era estranho falar com alguém que ainda nem conhecia, mas ao mesmo tempo, sentia uma conexão tão forte com esse pequeno ser que crescia dentro de mim.Levantei devagar e fui até o banheiro, onde fiz minha higiene matinal. A água morna do chuveiro relaxou meus músculos e me ajudou a despertar por completo. Depois de me secar, escolhi uma roupa confortável: uma blusa de t
Capítulo – Duas PrincesasNaquela tarde acompanhei a minha mulher a consulta não quero perder nada xomo perdir no Arthur. Depois dela ser avaliada recebi a melhor noticia do mundo. Eu sentiu o coração acelerar assim que a médica abriu um sorriso e disse que não seria apenas uma, mas sim duas princessas acaminho.*Uma horas atrás*— Na verdade, não é só uma menina… são duas!Ele piscou algumas vezes, como se tentasse processar a informação.— Como assim… duas? — sua voz saiu mais baixa do que o normal.A médica riu, apontando para a tela.— Vocês estão esperando gêmeas. Olhe aqui, dá para ver claramente.Ele olhou para Matondo, que estava com os olhos brilhando, completamente emocionada. Seu coração foi tomado por uma onda de amor e admiração. Duas meninas… duas pequenas versões deles.— Duas… — Justin repetiu, sorrindo. Ele se inclinou e beijou a testa de Matondo. — Estamos esperando duas princesas, meu amor.Ela riu, segurando o rosto dele.— Parece que nosso mundo vai ficar aind
MatondoMatondo estava radiante. O pedido de casamento de Justin ainda ecoava em sua mente, trazendo-lhe uma felicidade indescritível. Ela sorria sozinha enquanto dobrava suas roupas, organizando tudo com a ajuda de Margot, a governanta de Justin.— Estou tão feliz por vocês, querida. — Margot disse, ajudando-a a colocar as peças em uma mala.— Eu também, Margot. Nem acredito que finalmente vou morar aqui e que em breve iremos nos casar. — Já estava na hora! Olhe para você, essa barriga já está bem evidente. Não era mais seguro ficar se dividindo entre duas casas.Matondo riu, passando a mão sobre o ventre.— Sim… quase quatro meses já.Margot sorriu e continuou a ajudá-la, até que um grito infantil ecoou pela casa.— Papaiiiii!A voz estridente fez Matondo se virar surpresa. Antes que pudesse reagir, Hailey surgiu na entrada do quarto com Arthur nos braços. O menino, prestes a completar três anos, contorcia-se impaciente.— Justin! — Ele continuava chamando, enquanto Hailey tentava
Justin Ter Matondo finalmente morando comigo era um sonho realizado. Eu não conseguia parar de sorrir desde que ela aceitou o meu pedido e começou a organizar sua mudança. Saber que, a partir de agora, dividiríamos nossa rotina, que eu poderia cuidar dela e das nossas filhas, fazia meu coração transbordar de felicidade.Depois de passar um tempo brincando com Arthur, subi para o quarto ansioso para vê-la. Mas, ao entrar, encontrei Matondo na sacada, imóvel, olhando para o horizonte. O vento balançava suavemente seus cabelos, e sua mão repousava sobre a barriga.Ela parecia tão distante que meu peito se apertou.Me aproximei devagar.— No que está pensando? — perguntei.Matondo deu um pequeno sobressalto, como se eu a tivesse despertado de um transe.— Nada. — Ela forçou um sorriso, mas seus olhos diziam outra coisa.Franzi a testa. Eu a conhecia bem demais para não perceber que algo estava errado.— Tem certeza? Você parece preocupada.Ela hesitou por um momento, depois desviou o olh