Na Cidade S, a área mais próspera, o shopping de alta categoria, as marcas mais prestigiosas, havia uma mulher que disse:- Vou escolher um vestido.Os vendedores de marcas sabiam como identificar pessoas, essa mulher, mancando para entrar, qualquer pessoa perspicaz podia ver, ela estava mancando, mas essa mulher manca queria manter as costas retas, o que parecia ainda mais estranho.Nela, à primeira vista, não havua marcas de alto nível, tudo que ela usava, vestia, ou levava eram apenas objetos comuns.A vendedora alta, se recusou a dar um passo, o "Vou escolher um vestido" dito pela mulher foi apenas cumprido, o dedo delicado apontando para um canto:- As roupas ali, com setenta por cento de desconto.Ela nem se incomodou em se mover.Mas no segundo seguinte, todos os músculos do seu corpo se tensionaram, aquela mulher manca a estava olhando, o olhar era muito frio.Jane olhou calmamente para a vendedora na porta, sem uma única acusação, nem um pingo de raiva.Seu coração, agora tinh
No momento em que a porta se abriu, o cansaço no rosto de Jane desapareceu instantaneamente, revelando um sorriso radiante.Bruno, encostado na janela, olhou de relance ao ouvir a porta se abrir e viu Jane, sorrindo brilhantemente. Ele ficou atordoado por um momento, depois, seu coração se acalmou.- Entre. - Ele suspirou internamente, certo de que ela não tinha ideia de quão complexo era seu sorriso. À primeira vista era radiante, à segunda vista era vacilante, à terceira vista era uma dor extrema.Mas ela permaneceu parada na entrada, hesitante.Bruno se virou e caminhou em sua direção, de repente estendendo o braço e puxando-a para dentro sem aviso:- Pare de sorrir, ele não consegue ver.O sorriso de Jane congelou em seu rosto.- Ele foi baleado no peito, a menos de dois centímetros do coração. Foi imediatamente levado ao hospital para tratamento de emergência. Depois de oito horas de cirurgia intensiva, foi levado diretamente para a UTI. Sua vida foi salva por enquanto, mas a situ
Bruno e Tiago não sabiam que sentimentos Jane nutria enquanto estava ali sozinha. Quando a porta se abriu novamente, era mais uma vez para o resgate de Rafael.Os passos apressados no corredor, cada resgate, faziam todos ficarem apreensivos.Jane parecia esquecida, todos pensando apenas no homem que estava sendo resgatado.Ninguém falava, até que ao anoitecer, o médico declarou que a crise estava temporariamente resolvida.Mas isso não tinha acabado. Nos cinco dias e cinco noites que ela esteve ao lado dele, essa crise de estar à beira da morte sempre pairava sobre a sua cabeça.Cinco dias e cinco noites, onze vezes.Ela contou. Cada vez que ele foi resgatado, ela adicionava um número em sua mente.Ela nem sabia porque fazia isso.Ela nem sabia se ainda tinha força para continuar odiando-o em sua mente.Se ela nem entendia a si mesma, como poderia entender Rafael?Foi numa manhã, numa manhã de esperança.Ela vigiava sua cama de hospital, já acostumada a passar noites observando suas m
- Rafael, o que aconteceu com...Bruno só agora conseguiu reagir, estendeu a mão para o homem na cama de forma apressada.- Não me toque!O homem na cama recuou com medo, Tiago se adiantou, temendo que ele arrancasse os pontos.- Rafael, não se mexa! Cuidado com seus ferimentos.Desta vez, a reação de Rafael foi ainda mais intensa. Ele até estendeu o braço com a infusão, agitando-o aleatoriamente na direção de Tiago que de repente se aproximou.- Rafael, o que houve? Sou eu! Eu sou o Tiago!Bruno pegou Tiago com uma mão, antes que ele pudesse se adiantar novamente.- Se acalme, algo está errado com Rafael.- Quem são vocês? Saiam, saiam. - Com um tom de voz de criança.Ele olhou com medo e terror para o grande grupo de pessoas ao redor de sua cama. De repente, quando seus olhos passaram pela única mulher ao lado da cama, ele parou.No segundo seguinte, ignorando todos os instrumentos médicos que estavam inseridos em seu corpo, para a surpresa de todos, ele se jogou nos braços de Jane e
Depois de se recuperar na Itália até a situação de Rafael se estabilizar, eles voltaram para a Cidade S.Mas...Olhando para os dedos esguios em seu próprio manto, Jane não conseguia expressar seus sentimentos no momento.Ao olhar novamente para os olhos cuidadosos daquela criança, de repente, tudo mudou.Não eram muitas as pessoas que sabiam disso, além de Bruno e Tiago, e os guarda-costas que acompanhavam Rafael desde a infância.De Michel a Tomás, eles jamais iriam revelar qualquer detalhe sobre a condição de Rafael.Bruno e Tiago, certamente não o fariam.Mas, a pessoa realmente mudou.Enquanto estava na Itália estava tudo bem, mas uma vez que retornou à zona da Cidade S, não haveria garantia de que não seria descoberto.Por enquanto, não conseguiam pensar em outra solução.Bruno era mais sensato.- Agora só podemos deixar Rafael de "férias" temporariamente.Tiago acenou seriamente com a cabeça:- Por enquanto, só podemos fazer isso, espero que a condição de Rafael melhore a curto
A chuva caía pesada, o vento estava frio, mas ele dizia que não sentia frio.- Entre no carro comigo.Ela não deu espaço para argumentos, e se esgueirou dos braços dele.Com passos trôpegos, ela caminhou em direção ao carro não muito distante. Desde o momento em que saiu do carro e caminhou até ele, a caminhada parecia pesada, mas o caminho de volta, estava consideravelmente mais leve.Jane abriu a porta do banco traseiro.- Não.Ele disse:- Não.Com um rosto teimoso, ele estava parado como um "prego" ao lado da porta do carro, recusando-se a se mover.- Por que não?- Eu não quero sentar aqui.Ele falou com a teimosia de uma criança:- Eu não quero sentar aqui, quero sentar ali.Ele apontou, direto para o banco do passageiro.Jane estava atordoada e olhou para o homem ao seu lado em um estado de semiconsciência.- Esse é o motivo? Recusar-se a entrar no carro apenas porque quer sentar no banco do passageiro?Este homem podia ser um tolo, mas como que ela não consegue acompanhar seu r
- É grave?- É.- Em que ponto chegamos?Vivian estava um tanto inquieta, se Jane dissesse que era grave, então era realmente grave. Mas, por que ela não sabia disso?Como algo tão grande poderia acontecer no Grupo Pereira e ela não saber?Não era só ela, nem mesmo as outras pessoas que vieram com Jane da Fundação Só Amor não notaram isso?- O que é?Sua pergunta foi novamente interrompida por Jane:- O ex-presidente, Lucas, transferiu a maior parte dos ativos líquidos do Grupo Pereira para outro lugar.Como um trovão em um céu claro!Apropriação indébita de bens, uso ilegal de fundos!- Como uma coisa dessas pode acontecer sem que os outros na empresa percebam? - A fala de Vivian acelerou inconscientemente, refletindo a urgência em seu coração.- Eu soube disso quando a contabilidade foi liquidada.- Então por que, por que você não tomou nenhuma atitude naquele momento?Ela queria perguntar.A mulher no banco de trás do carro colocou o arquivo que estava em suas mãos e levantou a cabe
Cain olhou para a mão estendida em sua direção. Ela estava mais magra do que antes, e, em silêncio, ele também estendeu a mão, segurando aquela palma magra e calosa. Comparada àquela mão suave e delicada, a sua parecia tão deslocada.Uma sensação pesada surgiu em seu peito. Ela estava tão magra. Se ele tivesse dado a ela aqueles quinhentos mil antes, talvez ela não estaria nesse estado hoje.Ele não conseguiu resistir, estendendo o dedo e acariciando aquelas calosidades. Mas...- Senhor Cain, por favor, respeite-nos.Cain ficou atordoado. Respeito, ela estava pedindo respeito.Com relutância, ele soltou a mão dela.Seu olhar caiu na cicatriz em sua testa. Ele se lembrou do sentimento de beijá-la suavemente, seus lábios tinham uma sensação de coceira. Ele virou a cabeça bruscamente, temendo que não conseguisse resistir a tocar naquela cicatriz novamente.- Esta cicatriz...- Senhor Cain, acredito que talvez eu tenha me precipitado em aceitar essa colaboração.Enquanto falava, ela arrumo