Depois da primeira noite no nosso paraíso isolado, me senti em uma espécie de êxtase. Era como se o universo conspirasse a nosso favor, proporcionando momentos que eu nunca imaginaria viver. O sol amanheceu tímido, sua luz dourada adentrando pelas janelas do bangalô e iluminando o rosto sereno de Carter, que dormia ao meu lado. Deitada ali, o observando, me peguei sorrindo, me sentindo completa. Nos dias seguintes, aproveitamos cada instante. No café da manhã, ríamos de bobagens enquanto ele me roubava beijos entre uma mordida e outra de frutas frescas. À tarde, saíamos para explorar a pequena ilha, descobrindo praias escondidas e recifes de corais deslumbrantes. Em uma das vezes, ele me puxou para um mergulho inesperado, e quando voltei à superfície, o vi observando com aquele sorriso maroto, um misto de diversão e desejo. Ele nadou até mim, passou os braços ao meu redor, e antes que eu pudesse me recompor, me beijou com uma intensidade que me tirou o fôlego. — Cada segundo
JONH*Ao retornar daquela viagem com Hana, senti que a lua de mel havia sido uma espécie de refúgio, uma bolha em que o tempo parecia diferente, um mundo onde existíamos apenas nós dois. Estávamos completamente isolados de tudo e de todos, entregues a cada segundo de paz, amor e riso. O mundo parecia pequeno comparado ao amor que sentia por ela. Mas essa bolha estourou no momento em que cruzamos a porta de casa e fomos recebidos por Ingrid e por aquele olhar que carregava más notícias.A ideia de a mãe de Hana ter reaparecido, ainda mais depois de tudo o que ela já havia feito, fez meu sangue ferver. Eu queria poder descansar da viagem, segurar meu filho, matar a saudade dele... mas aquilo precisava ser resolvido antes. Não podia ignorar.Então, fui direto ao hotel onde Ingrid havia indicado que aquela mulher estava hospedada. Eu já sabia o que ela havia feito à Hana, e qualquer rastro de respeito que eu pudesse sentir por ela como mãe de Hana havia desaparecido. Alguém que coloca a
Voltei para casa com um peso nos ombros. A conversa com a mãe de Hana ainda ressoava na minha cabeça, cada palavra cheia de veneno e falsas intenções. No caminho, pensamentos ruins me tomaram. Imaginei a presença da mãe de Hana se infiltrando aos poucos, criando rachaduras nas bases sólidas que estávamos tentando construir. Eu não tinha dúvidas de que essa mulher não sentia remorso nem arrependimento. Uma mãe que não se importou em jogar a filha para fora de casa, seria capaz de fazer qualquer coisa para se manter confortável, mesmo que isso significasse trazer sofrimento para Hana e para nossa família. Era como se uma tempestade estivesse se formando no horizonte, e minha única vontade era barrá-la antes que nos alcançasse.Ao abrir a porta de casa, fui recebido pelo silêncio acolhedor do lar, e aquilo me fez perceber o quanto eu queria proteger esse espaço, proteger Hana e nosso filho de qualquer coisa ou pessoa que pudesse ameaçar nossa paz.Eu vi a Hana no sofá, os olhos brilha
Já passava das oito da noite quando o telefone tocou. O número era desconhecido, mas decidi atender mesmo assim. A voz do outro lado estava embargada, cansada. Levei alguns segundos para processar a quem pertencia, até que ela se identificou.— John, sou eu… a mãe da Hana.Um frio correu pela minha espinha, mas mantive o controle. Havia algo naquele tom de voz que já me preparava para o teatro que viria a seguir.— Ah, é você.Respondi, fingindo despreocupação. — Eu havia esquecido que tinha dado o meu número pra você.Ela ignorou a pergunta, indo direto ao ponto. O que veio depois foi uma sequência ensaiada, com uma falsa humildade que quase me fez rir.— John, eu só queria te pedir… uma ajuda. Sabe, dois milhões seriam o suficiente para eu recomeçar minha vida. Desde que a Hana foi embora, a minha situação não tem sido nada fácil.Soltei uma risada curta, não acreditando na audácia.— Dois milhões? É isso mesmo? Perguntei, com uma ironia afiada. — Achei que você fosse um pouco mai
HANA*Eu passei pelo inferno, conheci todas as faces da dor de ser despejada por alguém que deveria me proteger, não tive bons direcionamentos sobre relacionamentos saudáveis, e minha única conselheira se prostituía pra manter a vida de alto padrão que tinha, porém, ela foi a única que nunca soltou a minha mão.A conclusão que tiro é que existem realidades paralelas que podem ser erradas pra algumas pessoas, mas que pra outras pode ser a melhor coisa da vida.Era errado se prostituir? Minha resposta é: DEPENDE.Talvez olhando por outro ângulo, o John seria o tipo de homem que eu jamais iria querer voltar a olhar pra cara dele, mas pessoas feridas ferem outras pessoas, e eu escolhi olhar pra ele como vítima, quando ele expôs suas dores pra mim.Mas a minha dor diante do que a minha mãe me fez, não se comparava com nada no mundo, não havia justificativas pra todo o trauma psicológico e afetivo que ela causou em mim.Deixar Jonh tomar a frente das minhas batalhas não era sinal de fraque
Era inacreditável que eu tivesse tendo que encarar alguém que eu estava disposta a esquecer. Aquela figura a poucos metros de distância de mim era a última pessoa que eu esperava ver ali.Ela andava como se buscasse algo, ou alguém, e o coração deu um salto de inquietação. Não poderia ser coincidência, poderia? Tentei me esquivar do seu olhar, puxando John para mais perto, mas não demorou muito para que ela nos visse.Ela parou de andar, o rosto congelando numa expressão de surpresa ao ver Jonathan nos braços de John. Olhou fixamente para ele e depois para mim, como se precisasse confirmar o que seus olhos estavam vendo.— Esse… esse é o seu filho? Perguntou ela, a voz um tanto rouca.Senti o peso de seu olhar, mas mantive minha expressão firme.Antes que eu pudesse responder, John entrou no meio da situação, a voz dele firme como uma muralha.— Isso não é da sua conta.Ele respondeu, o tom frio e direto.Ela levantou o queixo, soltando uma risada seca, quase debochada.— Eu estou fal
O chão parecia ter desaparecido debaixo dos meus pés. Meu filho, meu bebê… ele estava ali, a poucos passos de distância, e num piscar de olhos, tudo virou um pesadelo. Meu coração batia tão forte que sentia o gosto de metal na boca, como se estivesse engolindo a própria dor. Minha respiração vinha curta e rápida, quase sem oxigênio. Olhei pro John, vendo o mesmo desespero que sentia. Ele começou a chamar por Jonathan, a voz carregada de uma angústia que jamais ouvi antes.Sem pensar, comecei a vasculhar o saguão, o olhar frenético passando por cada rosto, cada canto, cada sombra. Eu chamava pelo meu filho, a voz embargada e, ainda assim, alta o suficiente para chamar a atenção das pessoas ao redor. Meu corpo tremia, mas não podia me dar ao luxo de parar.— John… ele estava aqui… Ele estava aqui agora! Minha voz saiu fraca, mas cheia de um terror que eu mal conseguia controlar.Foi então que, em meio ao tumulto e ao pânico, meus olhos buscaram a última figura que eu jamais queria ver
O ar parecia um veneno. Era como se cada respiração que eu tomava me sufocasse ainda mais, me afundando num desespero do qual eu não conseguia escapar. A imagem do rosto daquele homem, o namorado da minha mãe, segurando o meu filho... Era como um pesadelo. Aquele homem abusador e nojento, que já tinha invadido minha vida antes, tinha levado o meu bebê. Minhas pernas pareciam de cera. Eu mal conseguia me sustentar de pé enquanto os policiais se movimentavam ao nosso redor, falando sobre investigações, estratégias, passos a serem tomados. Mas tudo aquilo me soava distante, uma névoa confusa. Um pensamento sombrio crescia dentro de mim, uma ideia horrível e que, aos poucos, começava a fazer sentido. Minha mãe. Ela estava no aeroporto. Ela sabia sobre a viagem. E aquele homem... Ela trouxe aquele homem para a minha vida novamente, só que dessa vez para me destruir por completo. — Não... Sussurrei, mais pra mim mesma do que pra qualquer um ao meu redor. — Ela sabia. Ela armou tud