Algumas perguntas surgiram na minha mente e eu tentei ignorar, mas elas penetraram de uma forma que eu não tive outra escolha a não ser responder pra mim mesmo.Afinal, quantas coisas mais eu teria que perder ou abrir mão até eu me conscientizar que eu tinha um problema? Todo o dinheiro e poder eram o suficiente pra me deixar feliz? Prazeres momentâneos seriam o suficiente pra fazer eu me sentir vivo?A resposta foi exatamente tudo aquilo que eu tentei ignorar.Era sempre o mesmo ciclo, eu ignorava como se isso fosse a solução.Eu me levantei da cadeira, peguei os meus documentos e fui falar com a Flávia, eu não poderia dizer que aquilo foi o impulso, na verdade aquele foi um grito de socorro pra mim mesmo.— Flávia, eu estou lhe dando completos direitos pra tomar qualquer tipo de decisão pelos próximos meses, contrate uma nova secretária pra lhe ajudar, aceite contratos que você julgar ser benéfico pra agência, abra uma nova seleção pras modelos, se precisar de mais ajuda, contrate,
HANA*Quando eu saí daquela agência sem retroceder, eu percebi que eu havia amadurecido, e apesar de ter passado pouco tempo, a lição que eu aprendi foi o suficiente pra eu entender que existiam amores da vida que não eram pra vida, eu havia lido aquilo em algum lugar, mas nunca havia entendido o real significado.O meu "EU" daquele momento não estava sendo compatível com o "EU" do Carter, e ele nunca havia me dado esperanças sobre os sentimentos dele em relação a mim, e aquela lágrima no dia do desfile não deixava nada claro.Eu peguei um táxi, fui pra casa e ao chegar lá eu peguei somente o necessário como documentos, cartão do banco, algumas peças de roupas, calçados e maquiagem, depois eu entrei na internet e procurei um destino, eu não havia parado pra pensar pra onde eu queria ir, pra mim qualquer lugar do mundo era melhor do que estar perto de Jonh Cárter.Eu achei passagens pra madrugada com destino ao Brasil, eu não sabia se a Ingrid iria concordar, mas eu sempre tive vontad
JONH * A gente não perdoa para deixar a pessoa que nos feriu livre, a gente perdoa para libertar a nós mesmos de uma vida cheia de feridas não curadas. Eu já estava bem cansado de carregar esse peso comigo, eu estava exausto de sabotar a mim mesmo, eu sabia que era preciso fazer algo de diferente, mas por mim e não pelos outros, não pelo o meu pai. O tempo não havia sido generoso com ele, a barba e o cabelo grisalho deixava claro o quanto ele tinha envelhecido, talvez não tivesse sido pelo tempo, mas pelo sofrimento da culpa que ele pudesse estar carregando. Ele ficou tão desacreditado que eu estava diante dele que nem me convidou para entrar, então eu fui invadindo a casa dele, procurei um lugar para sentar e esperei ele caminhar até onde eu estava. Eu repassei tudo o que eu precisava falar pra ele, eu não sabia se eu estava disposto a ouvi-lo, mas eu tinha bastante coisa pra colocar pra fora. Quando ele criou coragem, ele caminhou até o sofá que estava diante de mim e s
Eu me levantei com a fúria de um leão, eu estava me segurando pra não encher ele de porrada.— Eu cheguei onde cheguei porque eu trabalhei pra isso, eu cheguei onde cheguei porque eu me esforcei, porque eu saí de perto de você, se eu tivesse continuado aqui recebendo suas migalhas, eu com certeza não seria o homem que eu sou hoje, foi graças a mim, e não a você, eu achei que vindo aqui eu fosse encontrar um homem arrependido, um homem disposto a aparar as arestas, mas você está ainda pior, continua rico de valores corrompidos e de podridão, mas eu perdôo você, eu o perdôo por você ter sido um péssimo marido, um péssimo pai, um péssimo homem, um péssimo exemplo pra mim, eu perdôo você por ter feito de mim um homem sem coração, um homem frio e incapaz de oferecer amor, eu o perdôo por ter me ensinado que dinheiro e poder é tudo o que um homem precisa, eu o perdôo por implantar em mim o pensamento que uma mulher é uma mercadoria que o dinheiro pode comprar e que até o amor é negociável,
HANA*Eu olhei pra Ingrid e ela correu pra perto de mim, tirou o celular do meu ouvido e olhou pra tela.Ingrid: Ah não, que cara de pau...Ela colocou o celular no ouvido e começou a falar com a minha mãe.Ingrid: Aqui é a Ingrid, o que a senhora quer?— Oi Ingrid, tudo bem?Ingrid: Estava até a senhora ligar.— Eu preciso falar com a Hana.Ingrid: Como a senhora tem esse número? Quem deu ele pra você?Mãe: Eu tentei ligar pro número antigo dela e não consegui, então falei com um amigo que conseguiu o registro do novo número, agora que já respondi o seu interrogatório, eu posso falar com a minha filha?Ingrid: Na verdade não, a Hana está muito bem sem você na vida dela, então faça o favor de não ligar mais.— Espera Ingrid, deixa eu falar com ela.Ingrid: Mas Hana...— Por favor, deixe eu resolver logo isso.Ela devolveu o celular pra mim e eu tive a conversa mais difícil da minha vida, porém necessária.— OiMãe: Hana, filha...— Por favor, não me chame de filha, você não foi uma m
As semanas foram passando e tudo foi se organizando em nossas vidas, conseguimos um advogado pra resolver a questão das nossas documentações no Brasil, conseguimos encontrar uma casa pra alugar dentro de um condomínio de alto padrão em Copacabana, compramos dois carros, e depois deixamos nossa casa do nosso jeitinho.A intenção era comprar uma casa com um tempo, mas como iríamos colocar a casa da Ingrid pra alugar, o dinheiro do aluguel de lá pagava muito bem o valor do nosso aluguel.A nossa casa possuía vista pro mar, tinha 3 suítes, 2 banheiros sociais, cozinha, sala de jantar e sala de estar amplas, área de serviço e lavanderia, escritório, uma grande varanda, estacionamento pra três carros e uma grande piscina e área gourmet, era o suficiente pra abrigar uma família inteira, a mobília que nós compramos era de luxo, tudo o que sonhamos em ter.Estávamos na beira da piscina pegando sol, comendo uns petiscos e conversando sobre nossos próximos passos.— Acho que nós precisamos estab
JONH*Uma corrida na minha vida foi iniciada naquele momento, não havia mais tempo a ser perdido, e as semanas seguintes foram bem intensas.Eu fui pro Rio de Janeiro, procurei por um corretor comercial e acionei também os meus advogados pra irem até o Brasil me ajudar com a questão da documentação, por último eu consegui encontrar uma casa pra alugar pois eu estava de saco cheio de hotéis.Em um mês, estava tudo encaminhado pra abrir a nova agência, mas a ideia era investir em sonhos, eu não queria contratar modelos já conhecidas, eu queria encontrar garotas lindas que possuíam o sonho de se tornarem modelos e que tinham potencial pra isso.Como eu estava sozinho, usando a minha influência pra facilitar tudo, eu consegui boas recomendações pra começar a contratar pessoas pra me ajudar, a Flávia estava me fazendo bastante falta, mas eu tive que aprender a controlar as questões da minha própria empresa pois durante muitos anos eu me escorei na Flávia pra tudo, era hora de amadurecer c
Eu assisti ao desfile que foi impecável e no final, a organizadora do evento finalmente me apresentou ao público.A cara de muitos ali foi impagável, afinal ter uma agência internacional em território brasileiro era a oportunidade de muitas mulheres que sonhavam com uma vida nas passarelas, eu estava dando oportunidade pra elas.Eu peguei o microfone e fui falar dos meus planos sobre aquele novo ciclo, mas os flash dos repórteres eram constantes e eu fiquei com a minha visão turva, mas ao olhar pro lado, na tentativa de voltar a ter uma visão clara do público, eu vi a última pessoa que eu estava esperando ver naquele momento e naquele local, a Ingrid estava parada olhando pra mim, com um vestido rosé longo e um semblante assustado, enquanto outra mulher a puxava pelo pulso, por um instante eu achei que a outra mulher fosse a Hana, os cabelos eram parecidos, mas os quadris estava um pouco mais largos e eu tive uma leve impressão de ver uma barriguinha como se ela estivesse grávida, mas