JONH * A gente não perdoa para deixar a pessoa que nos feriu livre, a gente perdoa para libertar a nós mesmos de uma vida cheia de feridas não curadas. Eu já estava bem cansado de carregar esse peso comigo, eu estava exausto de sabotar a mim mesmo, eu sabia que era preciso fazer algo de diferente, mas por mim e não pelos outros, não pelo o meu pai. O tempo não havia sido generoso com ele, a barba e o cabelo grisalho deixava claro o quanto ele tinha envelhecido, talvez não tivesse sido pelo tempo, mas pelo sofrimento da culpa que ele pudesse estar carregando. Ele ficou tão desacreditado que eu estava diante dele que nem me convidou para entrar, então eu fui invadindo a casa dele, procurei um lugar para sentar e esperei ele caminhar até onde eu estava. Eu repassei tudo o que eu precisava falar pra ele, eu não sabia se eu estava disposto a ouvi-lo, mas eu tinha bastante coisa pra colocar pra fora. Quando ele criou coragem, ele caminhou até o sofá que estava diante de mim e s
Eu me levantei com a fúria de um leão, eu estava me segurando pra não encher ele de porrada.— Eu cheguei onde cheguei porque eu trabalhei pra isso, eu cheguei onde cheguei porque eu me esforcei, porque eu saí de perto de você, se eu tivesse continuado aqui recebendo suas migalhas, eu com certeza não seria o homem que eu sou hoje, foi graças a mim, e não a você, eu achei que vindo aqui eu fosse encontrar um homem arrependido, um homem disposto a aparar as arestas, mas você está ainda pior, continua rico de valores corrompidos e de podridão, mas eu perdôo você, eu o perdôo por você ter sido um péssimo marido, um péssimo pai, um péssimo homem, um péssimo exemplo pra mim, eu perdôo você por ter feito de mim um homem sem coração, um homem frio e incapaz de oferecer amor, eu o perdôo por ter me ensinado que dinheiro e poder é tudo o que um homem precisa, eu o perdôo por implantar em mim o pensamento que uma mulher é uma mercadoria que o dinheiro pode comprar e que até o amor é negociável,
HANA*Eu olhei pra Ingrid e ela correu pra perto de mim, tirou o celular do meu ouvido e olhou pra tela.Ingrid: Ah não, que cara de pau...Ela colocou o celular no ouvido e começou a falar com a minha mãe.Ingrid: Aqui é a Ingrid, o que a senhora quer?— Oi Ingrid, tudo bem?Ingrid: Estava até a senhora ligar.— Eu preciso falar com a Hana.Ingrid: Como a senhora tem esse número? Quem deu ele pra você?Mãe: Eu tentei ligar pro número antigo dela e não consegui, então falei com um amigo que conseguiu o registro do novo número, agora que já respondi o seu interrogatório, eu posso falar com a minha filha?Ingrid: Na verdade não, a Hana está muito bem sem você na vida dela, então faça o favor de não ligar mais.— Espera Ingrid, deixa eu falar com ela.Ingrid: Mas Hana...— Por favor, deixe eu resolver logo isso.Ela devolveu o celular pra mim e eu tive a conversa mais difícil da minha vida, porém necessária.— OiMãe: Hana, filha...— Por favor, não me chame de filha, você não foi uma m
As semanas foram passando e tudo foi se organizando em nossas vidas, conseguimos um advogado pra resolver a questão das nossas documentações no Brasil, conseguimos encontrar uma casa pra alugar dentro de um condomínio de alto padrão em Copacabana, compramos dois carros, e depois deixamos nossa casa do nosso jeitinho.A intenção era comprar uma casa com um tempo, mas como iríamos colocar a casa da Ingrid pra alugar, o dinheiro do aluguel de lá pagava muito bem o valor do nosso aluguel.A nossa casa possuía vista pro mar, tinha 3 suítes, 2 banheiros sociais, cozinha, sala de jantar e sala de estar amplas, área de serviço e lavanderia, escritório, uma grande varanda, estacionamento pra três carros e uma grande piscina e área gourmet, era o suficiente pra abrigar uma família inteira, a mobília que nós compramos era de luxo, tudo o que sonhamos em ter.Estávamos na beira da piscina pegando sol, comendo uns petiscos e conversando sobre nossos próximos passos.— Acho que nós precisamos estab
JONH*Uma corrida na minha vida foi iniciada naquele momento, não havia mais tempo a ser perdido, e as semanas seguintes foram bem intensas.Eu fui pro Rio de Janeiro, procurei por um corretor comercial e acionei também os meus advogados pra irem até o Brasil me ajudar com a questão da documentação, por último eu consegui encontrar uma casa pra alugar pois eu estava de saco cheio de hotéis.Em um mês, estava tudo encaminhado pra abrir a nova agência, mas a ideia era investir em sonhos, eu não queria contratar modelos já conhecidas, eu queria encontrar garotas lindas que possuíam o sonho de se tornarem modelos e que tinham potencial pra isso.Como eu estava sozinho, usando a minha influência pra facilitar tudo, eu consegui boas recomendações pra começar a contratar pessoas pra me ajudar, a Flávia estava me fazendo bastante falta, mas eu tive que aprender a controlar as questões da minha própria empresa pois durante muitos anos eu me escorei na Flávia pra tudo, era hora de amadurecer c
Eu assisti ao desfile que foi impecável e no final, a organizadora do evento finalmente me apresentou ao público.A cara de muitos ali foi impagável, afinal ter uma agência internacional em território brasileiro era a oportunidade de muitas mulheres que sonhavam com uma vida nas passarelas, eu estava dando oportunidade pra elas.Eu peguei o microfone e fui falar dos meus planos sobre aquele novo ciclo, mas os flash dos repórteres eram constantes e eu fiquei com a minha visão turva, mas ao olhar pro lado, na tentativa de voltar a ter uma visão clara do público, eu vi a última pessoa que eu estava esperando ver naquele momento e naquele local, a Ingrid estava parada olhando pra mim, com um vestido rosé longo e um semblante assustado, enquanto outra mulher a puxava pelo pulso, por um instante eu achei que a outra mulher fosse a Hana, os cabelos eram parecidos, mas os quadris estava um pouco mais largos e eu tive uma leve impressão de ver uma barriguinha como se ela estivesse grávida, mas
Quando eles saíram e a porta bateu, a Hana se assustou e olhou pra trás com os olhos vermelhos.Eu olhei pra barriga dela e era tão pequena, e eu só percebi porque ela não tinha nenhum pouco de barriga antes.Eu tentei me aproximar dela, mas ela me impediu.Hana: Não se aproxime.— Quem é o pai?Hana: Isso não é da sua conta.Ela gritou e as lágrimas começaram a cair dos olhos dela.Eu não sabia se eu avançava contra a vontade dela e tentava acalmá-la, ou se eu esperava o tempo dela me mantendo longe, mas eu precisava de respostas.— Você está com quantos meses? Você teve relações sexuais com o Klaus sem preservativo?Ela começou a balançar a cabeça em negativa como se não tivesse acreditando que eu estava perguntando aquilo.— Hana, eu preciso de respostas.Hana: E eu preciso que você me deixe ir embora, se eu soubesse que você estava por trás desse evento, eu jamais teria vindo, tudo o que eu quero de você é distância, Cárter.— Mas eu não, eu não quero você distante, e você só vai
HANA*Eu já estava acostumada com mudanças, elas já não me assustavam mais, o que me assustava era a possibilidade de colocar uma criança no mundo com o mesmo sangue que o Cárter e com o tempo ele descobrir e tentar me tomar ela.A Ingrid ficou mais impactada do que eu, mas virou uma tia altamente protetora e babona e a criança não tinha nem o tamanho de um grão de feijão direito.No mesmo dia que descobrimos sobre a gravidez ela marcou uma consulta com uma obstetra pro dia seguinte, afinal nós precisávamos acompanhar tudo dali em diante.Apesar de ser somente um pontinho pequeno, eu me senti emocionada, a Ingrid quase morre desidratada de tanto chorar, mas aquele ser humano tão pequeno traria muitas alegrias pra gente.Quando chegamos em casa depois da consulta, tivemos que conversar sobre como seria a nossa vida dali em diante, pois tudo mudaria com a chegada daquela criança.Ingrid: Eu tive pensando que essa vida de modelo é muito intensa Hana, e você vai precisar da minha ajuda e