Capítulo XIII
Goiânia
A tarde foi exatamente daquela maneira, conforme o combinado. Nós dois estávamos cansados e nos deitamos em seu quarto para ver um filme. Eu me deitei em seu peito e adormeci, sentindo aquele perfume delicioso dele. Ao acordar já era noite e ele não estava sob minha cabeça. Olhei em volta e o vi na sacada do quarto olhando Goiânia. Ele estava sem camisa e de calça jeans. Fui até ele devagar e ao ouvir algum pouco barulho dos meus pés no carpete, ele se virou ficando de lado para me ver.
- Dormiu bem? Vai perder o sono a noite.
- É... teu peito é bom de dormir, igual o do meu pai.
Ele sorriu e me estendeu a mão para olhar a cidade.
- Hum, não acho boa ideia, tenho medo de altura.
Olhava lá para baixo com medo
Capítulo XIVA FênixAna Maria deu à luz a um menino, Bernardo. Era a coisa mais linda do mundo. As bochechinhas rosadas e gordinhas davam vontade de apertar. Rapidamente aflorou em mim uma vontade doida de ter um daqueles. O grande problema é que eu não tinha um marido, nem sequer um namorado. Fiquei com Beatriz, minha sobrinha por dois dias até Ana se recuperar e sair do hospital. Nós tomávamos sorvete na varanda quando Eric chegou. O caubói veio caminhando até nós de chapéu, sorrindo com entusiasmo.- Essa é a Beatriz?- Sou, tio.- Ah! Como se fala, amorzinho? - Eu disse.- Oi, moço, eu sou a Beatriz - Ela respondeuNós rimos. Eric se agachou e estendeu a mão para ela dar um tapinha.- Isso, garota! - Ele me olhou - S
Capítulo XIV Ser feliz muda tudo Não tinha o que fazer, eu ia ao rancho de qualquer maneira, ele merecia saber a verdade. Devo ter trocado de roupa umas quinhentas vezes, até que me decidi pela mesma calça que ele achou bonita em mim, uma camiseta e sandálias de salto que ele tinha gostado tanto. Eu iria ficar com ele mesmo que ele não quisesse conversar sobre nós, somente para ficar com ele e o consolar com relação a sua mãe. Eu pertencia a ele e faria de tudo para deixar o homem que eu amava o máximo confortável possível. Digitei o endereço no GPS, localização aproximada e fui. Vi que meu pai me observava do estábulo e acenei para ele. O velho sorriu, certamente feliz por eu ter deixado aquele quarto escuro. Se eu saí da fazenda naquelas condições, só podia ter um motivo: para ir em direção ao homem da minha vida. Era um pou
Capítulo XVI O Encantado e o batismo da natureza. Podia sentir a avalanche de sentimentos que tomou conta de Eric naquele momento. Ele ganhava uma mulher e um filho e perdia a mãe. Tudo em um mesmo dia. O meu mouro estava perdido e só o meu amor podia consolá-lo e controla-lo naquela hora. Ele quis ver a mãe, assim como os irmãos. Meu pai não me deixou ver Anete por causa das emoções fortes que eu era obrigada a evitar. Foram dias difíceis. Não me deixaram ir ao enterro de Anete. Permaneci em casa, vendo a chuva pela janela. Aqueles dias foram dias chuvosos e frios. Eu acariciava minha barriga, feliz, sorrindo. Pensava em quantas roupinhas eu queria comprar para aquele bebezinho e no quanto minha mãe iria fazer de crochês para o meu bebê, assim como tinha feito para Beatriz e João Paulo. Ana Maria foi para a casa dos nossos pais com o Bernardo, que tinha dias. Ela p
Acidade mais populosa do país estava especialmente linda e ao mesmo tempo triste aquela noite. Eu estava me despedindo de São Paulo. O divórcio tinha sido exaustivo. Breno não queria se separar, como se ele tivesse algum direito a isso depois de eu provar suas traições. Eu era uma escritora com apenas dois livros lançados, de muito sucesso diga-se de passagem, mas ainda iniciando uma carreira. Lembro bem do dia em que saí de Pirenópolis, na minha Goiás, levando como bagagem todas as críticas da minha família. Breno era um importante editor chefe de uma das editoras mais famosas do país. Ele se achava no direito de trair. Quanto a mim? Tive todos os direitos a me divorciar mesmo ainda o amando. Aquela vidraça que dava vista para um dos locais mais bonitos da cidade, o centro de todos os edifícios nobres da cidade, ocupava toda a parede da minha sala, ou a sala da c
Capítulo IIPaixões impossíveisA distância se fez longa até aquele belo homem e a porta onde eu estava parada, esperando. O meu pai abriu um sorriso, como se precisasse. Eu já estava feliz de olhar para aquele roceiro bonito que tinha se tornado o Eric. Mais perto, eu podia reparar nos detalhes do rosto, a cor verde dos olhos, o perfeito desenhado dos lábios, o suor que escorria pela nuca vindo parar no peito e a calça de cós baixo dele que era puxada pelas coisas que havia nos bolsos. Ele trazia uma rédea nas mãos e outro acessório que eu não sabia o que era, mas queria muito saber.- Filha, lembra do Eric? Vimos ele na estrada, é o filho do Narciso.- Sim, pai, lembro.Eric retirou o chapéu e limpou a m&a
Capitulo IIISegredos da cachoeiraO barulho de caminhonete era inconfundível. Eu movi minha cabeça na direção do barulho do motor e vi que minha pick up estava chegando finalmente.- Minha pick up! - Gritei e fui em direção a caminhonete. - Hoje nós vamos tomar uma cerveja no centro da cidade, Eric!- Isso ai, Alice!Alma me olhou com raiva e foi até mim. A jovem senhora apressou o passo até me alcançar e segurar meu braço.- Você não vai sair com homens aqui e desonrar sua família, Alice.Soltei meu braço com rapidez e sorri.- Mamãe, vai ficar muito difícil superar meu sofrimento se a senhora ficar me dizendo o que fazer!Eric se aproximava da situação e tratou de jogar um balde de água
Capítulo IVInconstância e desesperoAs coisas aconteciam bem rápido em Pirenópolis. No dia seguinte, acordei já com o barulho no campo das colhedeiras, como chamava meu pai as colheitadeiras de soja. A soja fica pronta para plantio e colheita duas a três vezes no ano em um clico de sessenta até cento e vinte dias, portanto, era bem rápido e bem lucrativo. O chato era ser acordada pelo barulho da máquina saindo do celeiro, perto da casa para ir para o campo. Tomei o meu café e reparei que naquele dia havia ali uma família ajudando minha mãe a limpar a casa. Sentei-me na varanda e observei o trabalho. Naquele momento uma adolescente de, talvez, uns dezesseis anos veio ao meu encontro, parando o que fazia.- Eu li seu livro!
Capítulo V O que está oculto Eu estava em choque. Ver o animal daquele jeito, sofrendo, me deu um embrulho no estomago, uma vontade louca de chorar. Entrei em casa e vi minha mãe chorando sobre a pia da cozinha. - Mãe! A senhora está bem? - Estou, estou - Ela enxugava as lágrimas e bateu no meu braço de leve para não ser abraçada e ser deixada em paz. Minha mãe era uma mulher dura daquele jeito. Ela nos abraçava quando queria e não quando a gente queria um abraço. Ou precisava dele. Subi lentamente para meu quarto e me deitei em minha cama para ficar pensativa sobre o que havia acontecido com aquele animal. Não existia nas fazendas de soja nenhum animal que pudesse fazer um ferimento daqueles em um cavalo e ir embora sem deixar rastros. Eu tentava imaginar o que poderia ter sido, uma pessoa? Que pessoa poderia ser tão cruel a ponto de matar um cavalo, não ter sucesso e