Nazli Ylmaz Ao deitar ao lado de Leyla naquela noite, observei sua respiração suave, o rosto sereno. Era raro vê-la assim, sem as linhas de preocupação ou tristeza que tantas vezes marcavam seu semblante desde que nossa mãe se foi. Eu fiquei ali, no escuro, admirando minha irmã com o coração cheio de um misto de orgulho e dor. Ela era tão forte… muito mais do que ela própria imaginava.Minha mente então me levou de volta no tempo, ao dia em que conheci o pai dela. Eu era uma criança, e ele surgiu em nossas vidas de forma repentina, trazendo alegria e uma energia diferente para nossa casa. Minha mãe parecia tão feliz ao lado dele. Aqueles primeiros tempos foram como um sonho; ele me tratava bem, e eu, que nunca conheci meu pai verdadeiro, comecei a vê-lo como alguém que poderia preencher aquele vazio. Eu até cheguei a chamá-lo de “pai”, sem nem precisar de permissão, porque ele me fez sentir que eu podia.Lembro-me de quando minha mãe anunciou que estava grávida de Leyla. A felicidade
Lion Collins Na manhã seguinte, estava no consultório de Ferman, revisando alguns prontuários enquanto ele organizava alguns papéis na mesa. Era raro termos um momento para conversar fora da correria do hospital, então aproveitamos para atualizar um pouco a vida um do outro. Depois de alguns minutos de silêncio, Ferman fechou uma pasta e olhou para mim com um sorriso casual, mas que carregava algo mais.— Terminei com a Zeynep — ele disse de repente, como se fosse uma constatação banal, mas conhecendo Ferman, eu sabia que significava mais do que ele deixava transparecer.Levantei a cabeça, surpreso. — Sério? Mas você parecia tão tranquilo com ela…Ferman deu de ombros, desviando o olhar por um momento. — Zeynep é linda, mas... não faz meu tipo. Percebi que ela nunca foi alguém que despertou em mim o tipo de sentimento que me tira da zona de conforto. Sabe, aquele tipo de pessoa que faz você querer ser ousado, ultrapassar limites. E quando não existe essa faísca, acho que não vale a
Luna Collins Haviam se passado meses ao lado de Kerem e tinham sido os melhores da minha vida. A relação que construímos era tão sincera, tão cheia de amor e cumplicidade, que qualquer receio ou dúvida parecia ter se dissipado. Éramos só nós dois, um apoiando o outro. Mesmo no trabalho, ele fazia questão de valorizar minha presença, e me sentia respeitada e protegida. Mas, naquele dia, algo inesperado mudou tudo. Eu estava no escritório quando comecei a sentir uma tontura leve, seguida por uma náusea que me pegou de surpresa. Corri até o banheiro e, assim que cheguei, vomitei, sentindo-me ainda mais fraca. Olhei meu reflexo no espelho e vi meu rosto pálido. Aquele não era um simples mal-estar; algo diferente estava acontecendo. Kerem estava fora da empresa, ocupado com um dos seus projetos de arquitetura. Sabendo que não conseguiria me concentrar no trabalho, decidi voltar para casa. Tomei um remédio para o enjoo e me deitei. O sono veio rápido, mas o desconforto não passava. Hor
Luna Collins Relembrei a sensação de enjoo que me pegou de surpresa quando ele me beijou no elevador, e um pensamento repentino tomou conta de mim: talvez esse fosse o primeiro sinal de uma nova vida. Talvez nosso amor estivesse prestes a dar um passo que eu nunca tinha imaginado. Mas então, de novo, o medo também se misturava à alegria. Tantas mudanças… Será que eu seria uma boa mãe? E o que isso significaria para o futuro que eu e Kerem vínhamos construindo com tanto cuidado? Finalmente, o alarme no celular tocou, indicando que os resultados dos testes estavam prontos. Fechei os olhos por um momento, respirando fundo para reunir coragem. Então, abri-os e peguei o primeiro teste. As palavras apareceram como um sussurro, mas suas implicações eram gigantescas. "Positivo." Meu coração deu um salto e quase deixei o teste cair. Olhei para os outros dois que tinha feito, um por um, e todos confirmavam o mesmo: eu estava grávida. Uma enxurrada de emoções passou por mim: surpresa, aleg
Kerem Kaya Senti meu estômago dar um nó quando Luna fez aquela pergunta. “Já imaginou nós dois com um bebê?” Ela estava sorrindo, mas algo no brilho de seus olhos deixava claro que a pergunta era mais séria do que parecia. Uma onda de ansiedade me envolveu; palavras começaram a se acumular na minha garganta, mas só uma resposta verdadeira poderia sair. — Luna, eu… não imagino isso agora — murmurei, tentando manter o tom leve. — Não quero ser pai agora, ainda não. Ainda estou lidando com tanta coisa… não sinto que seja o momento certo. Vi um leve estremecer em sua expressão, mas antes que ela pudesse responder, me levantei. Senti uma pressão crescente no peito, como se estivesse sufocando. A ideia de ser pai, de novo, de uma forma ou de outra, trazia de volta todas as memórias que eu queria deixar no passado. Fui direto para o banheiro, lavei o rosto, tentando clarear a mente. Enquanto a água escorria pelo meu rosto, uma avalanche de lembranças tomou conta de mim. Eu já tinha vivid
Luna Collins A dor no meu peito era quase insuportável enquanto eu abria a porta do apartamento e olhava para Kerem. Ele tentou falar, sua expressão alternava entre surpresa e arrependimento, mas eu não deixaria que ele me fizesse fraquejar. A decisão estava tomada. — Vá embora, Kerem. — Minha voz saiu firme, embora eu pudesse sentir a dor rasgando por dentro. — E leve sua sopa com você. Não quero mais nada que venha de você. Ele me olhou como se não pudesse acreditar, mas ao perceber que eu não recuaria, abaixou os ombros e saiu, sem uma última palavra. Fechei a porta assim que ele passou pelo corredor. Deixei meu corpo cair contra a porta, e, finalmente, as lágrimas começaram a escorrer sem controle. Por um longo tempo, chorei sozinha, sentindo o peso da rejeição e da dor que Kerem havia deixado para trás. Tantas esperanças e planos desmoronaram em questão de segundos, e agora, a solidão parecia esmagadora. O toque da campainha me fez pular, e uma raiva súbita subiu à superfíc
Lion Collins Eu me levantei da cama da minha irmã com cuidado, tentando não fazer barulho. Ela finalmente havia adormecido depois de uma longa conversa, entre lágrimas e confissões, e me doía profundamente vê-la daquele jeito. Senti um nó na garganta enquanto a observava. Luna, minha irmã forte e independente, estava tão fragilizada. Antes de sair, apertei sua mão levemente, como uma promessa silenciosa de que eu estaria ali, não importa o que acontecesse.Fechei a porta devagar, deixando o quarto em silêncio. Caminhei até o quarto de hóspedes, onde Nazli já estava, vestida com um pijama simples que a deixava ainda mais encantadora. Ela levantou o olhar assim que entrei, e sorriu suavemente, como se soubesse o quanto eu precisava daquela presença acolhedora. Sem dizer nada, me aproximei e me deitei ao seu lado, sentindo o alívio de tê-la ali, a pessoa que se tornara minha paz.Ela se virou para mim, apoiando a cabeça na mão enquanto me observava com aqueles olhos calorosos e atentos.
Kerem KayaEu saí de casa logo ao amanhecer, o ar fresco da manhã me acertando o rosto, mas era incapaz de me tirar do desconforto. Dirigi sem rumo por mais de uma hora, cada quilômetro uma tentativa inútil de escapar do peso que pressionava meu peito. Quando finalmente estacionei em frente ao hospital, a dor apenas se intensificou. Eu sabia que não estava pronto para o que iria enfrentar ali, mas algo dentro de mim me impelia a seguir em frente.O hospital estava silencioso. O cheiro estéril e as luzes frias me lembraram o quanto eu odiava aquele lugar, mas esse era o único lugar em que eu me sentia disposto a estar. Passei pela recepção sem dar uma segunda olhada para os corredores ao redor, como se eles pudessem engolir meus próprios pensamentos. Caminhei até o quarto de meu irmão, o único lugar onde eu sentia que poderia encontrar alguma espécie de resposta, ou talvez algum consolo.Quando entrei, fui recebido pelo som rítmico das máquinas ao lado dele, mantendo-o vivo. O som do