Kerem KayaEu saí de casa logo ao amanhecer, o ar fresco da manhã me acertando o rosto, mas era incapaz de me tirar do desconforto. Dirigi sem rumo por mais de uma hora, cada quilômetro uma tentativa inútil de escapar do peso que pressionava meu peito. Quando finalmente estacionei em frente ao hospital, a dor apenas se intensificou. Eu sabia que não estava pronto para o que iria enfrentar ali, mas algo dentro de mim me impelia a seguir em frente.O hospital estava silencioso. O cheiro estéril e as luzes frias me lembraram o quanto eu odiava aquele lugar, mas esse era o único lugar em que eu me sentia disposto a estar. Passei pela recepção sem dar uma segunda olhada para os corredores ao redor, como se eles pudessem engolir meus próprios pensamentos. Caminhei até o quarto de meu irmão, o único lugar onde eu sentia que poderia encontrar alguma espécie de resposta, ou talvez algum consolo.Quando entrei, fui recebido pelo som rítmico das máquinas ao lado dele, mantendo-o vivo. O som do
Lion Collins Eu o segui desde que ele saiu do apartamento, observando cada movimento que fazia, as mãos apertando o volante, os olhos fixos na estrada como se quisesse escapar de tudo. Kerem não fazia ideia de que eu estava atrás dele, mas havia algo na expressão dele que me fazia questionar o homem que tinha machucado minha irmã. Luna estava arrasada por dentro, e eu sabia que precisava entender o que se passava na cabeça desse homem. Eu só queria uma chance de falar com ele e deixar claro que, se ele pretendia reaparecer na vida da minha irmã, seria melhor que fosse de verdade ou nem tentasse.Quando ele entrou no hospital, estacionei meu carro e o segui discretamente pelos corredores até o quarto onde ele parou. Fiquei do lado de fora, respeitando seu espaço, mas atento a tudo. Sabia que ele estava visitando alguém, provavelmente alguém que lhe era muito importante, e a ideia de confrontá-lo nesse momento me pareceu dura. Ainda assim, depois de ver a devastação no rosto da minha
Luna Collins Uma semana havia se passado desde que tudo aconteceu e os dias se arrastaram para mim. Havia uma angústia, uma incerteza que me consumia por dentro. Eu sabia que Kerem estava sofrendo, mas nunca imaginei que o impacto daquela perda fosse tão avassalador, ele não foi nenhum dia ao trabalho na semana inteira, Hoje, era sábado, enquanto preparava o café da manhã, perdida em pensamentos, a campainha tocou. Meu coração deu um salto, e, ao abrir a porta, encontrei o irmão de Kerem ali, com o rosto marcado pela preocupação. Ele parecia esgotado, os olhos cansados. — Luna, desculpe aparecer assim, mas preciso de sua ajuda — ele disse, em um tom quase suplicante. — Kerem… ele não está bem. Nunca o vi assim. Não come, não fala, não sai da cama. Estou realmente preocupado. Você é a única que talvez possa fazer algo por ele. Minhas mãos tremiam ligeiramente, mas fiz um esforço para manter a calma. Respirei fundo. As palavras dele ecoavam em minha mente. Kerem, o homem que sempr
Luna Collins — Me perdoe, Luna… Por ser tão fraco, tão… inútil — ele sussurrou, a voz embargada, carregada de culpa, enquanto chorava. Aquelas palavras me atingiram em cheio. Eu não esperava ver Kerem, um homem tão determinado, tão firme, se despedaçar assim diante de mim. Me aproximei e o abracei, sentindo meu coração apertar. — Você não é fraco, Kerem — murmurei, segurando-o firme. — Só está escondendo sua força. Mas agora é hora de mostrar essa força, por mim, pelo nosso bebê… por você. Aqueles dias foram difíceis. Kerem parecia estar numa batalha constante consigo mesmo, entre a dor e a necessidade de seguir em frente. Mas cada pequeno avanço era uma vitória. Ele começou a comer, a sair da cama, a reagir lentamente à vida ao seu redor. Não era fácil, mas estava tentando, e isso era o que importava. Um mês se passou desde a morte do irmão dele, e era noite, ao voltar para casa, após o trabalho, uma surpresa me esperava. Logo que entrei, senti o aroma suave de um jantar pre
Nazli YlmazA luz suave da manhã invadia o quarto, atravessando as cortinas finas e iluminando os traços fortes e serenos de Lion enquanto ele dormia profundamente. Meu coração se apertava ao vê-lo ali, tão vulnerável, tão tranquilo. Eu podia ficar horas o observando, mas sabia que precisava ir. Levantei-me com cuidado, tentando não fazer barulho. Meu corpo ainda carregava os vestígios da noite anterior, e um calor percorreu minha pele ao lembrar da intensidade que compartilhamos. Caminhei até encontrar minhas roupas espalhadas e me vesti com o máximo de silêncio possível. Cada movimento parecia um teste para não acordá-lo. Antes de sair, parei por um momento à porta, olhando para ele mais uma vez. Meu peito se encheu de um misto de amor e medo. Era inegável que Lion era o homem que eu amava, mas algo em mim ainda hesitava. Respirei fundo, segurei a maçaneta e saí, deixando o apartamento em silêncio. Quando cheguei em casa, minha irmã Leyla me esperava na sala, sentada no sofá c
Lion Collins Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela, aquecendo o quarto com uma luz suave. Espreguicei-me, estendendo a mão para o lado, mas a cama estava vazia. Nazli não estava mais aqui. Sentei-me, confuso, e olhei ao redor. Não havia sinal dela. Peguei meu celular e rapidamente disquei seu número. Ela atendeu ao terceiro toque, sua voz suave preenchendo o silêncio. — Lion? — Onde você está? — perguntei, tentando não soar preocupado. — Acordei e você tinha sumido. Ela riu de leve, aquele som que sempre me acalmava. — Desculpe, precisei vir para casa. Estava com saudades da minha irmã, Leyla. Suspirei, relaxando um pouco. — Entendi. Mas sabe que poderia ter me acordado, certo? — Não quis te incomodar, você parecia cansado. — Estou sempre cansado, mas você nunca me incomoda, Nazli. — Fiz uma pausa, tentando transmitir pelo tom o que as palavras não conseguiam. — Vamos jantar hoje à noite? Conheci um restaurante novo e quero te levar. Ela hesito
Luna Collins As semanas desde que Lion voltou para a Turquia passaram como um borrão. Mantínhamos contato constante, ele me ligava entre as cirurgias, e eu fazia o mesmo. Podia ouvir o peso em sua voz nos dias difíceis, mas também sua leveza nas pequenas vitórias. Era um conforto saber que, apesar de nossas vidas movimentadas, sempre nos apoiávamos. Enquanto isso, minha vida com Kerem parecia um sonho. Estávamos morando juntos no apartamento dele, e ele estava mais radiante e carinhoso do que nunca. Naquela manhã, ele insistiu em me levar para um dos seus trabalhos — um projeto de arquitetura que havíamos desenvolvido juntos desde a planta. Quando chegamos à casa, fiquei impressionada ao ver tudo pronto. Cada detalhe refletia o trabalho e o amor que tínhamos colocado ali. — Está perfeito, Kerem. — Sorri, admirando o espaço. — Mas... os clientes estão atrasados? Ele riu, aquele riso que sempre fazia meu coração acelerar. — Eles não vão chegar, amor. Quero te mostrar algo an
Kerem KayaO sangue... Nunca imaginei que algo tão simples e natural pudesse causar tanto pavor. Quando entrei na cozinha e vi Luna no chão, as mãos e a roupa manchadas de vermelho, meu coração parou. — Luna! — gritei, ajoelhando-me ao lado dela. Ela me olhou, mas era como se estivesse distante, perdida em um lugar onde eu não conseguia alcançá-la. — O bebê... — sussurrou, a voz tão baixa que mal consegui ouvir. Meu peito se apertou como se alguém tivesse arrancado o ar dos meus pulmões. Não havia tempo para pensar ou hesitar. Cuidadosamente, passei meus braços ao redor dela e a levantei. — Vai ficar tudo bem, amor. Vou te levar para o hospital. — Minhas palavras saíram mais como um pedido desesperado do que como uma certeza. Luna não respondeu. Não chorou. Não gritou. Apenas ficou ali, imóvel nos meus braços, olhando para o vazio, como se estivesse em transe. Isso me apavorou ainda mais. Abri a porta do carro com dificuldade, ajeitei-a no banco do passageiro e coloquei