Amber
O telefone estava em minhas mãos há pelo menos cinco minutos. O nome de Gabriela brilhava na tela, e meu dedo pairava sobre o botão de chamada, hesitante.
Sabia que precisava falar com ela, mas também sabia que essa conversa poderia ser difícil. Desde que deixou o hospital e voltou para a casa da mãe, Gabi se fechou em um silêncio doloroso. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Apenas o vazio de sua ausência.
Respirei fundo e apertei o botão.
O telefone tocou três vezes antes que ela atendesse.
"Amber?" Sua voz soou cansada, baixa.
Meu peito apertou imediatamente.
"Oi, Gabi…" Tentei soar leve, mas meu tom já carregava a preocupação que me consumia. "Como você está?"
Do outro lado da linha, o silêncio foi longo demais.
"Eu estou… bem." Sua resposta foi hesitante, frágil.
F
LeonardoO jato pousou suavemente na pista privada, mas o aperto no meu peito só aumentava. Eu deveria me sentir aliviado por finalmente estar de volta a Colorado Springs, longe de Positano e dos riscos que aquela cidade carregava para nós. Mas, no fundo, eu sabia que a guerra ainda não havia acabado.Assim que o avião parou completamente, soltei o cinto e passei a mão pelo rosto, tentando afastar a tensão que dominava meu corpo. Olhei para o lado, vendo Amber ajeitar-se no assento. Suas mãos repousavam sobre a barriga, um gesto inconsciente de proteção às nossas filhas. Seus olhos encontraram os meus e, mesmo que ela tentasse esconder, eu conseguia ver a preocupação refletida ali."Finalmente em casa", murmurei, mais para mim do que para ela.Amber assentiu, mas não disse nada. Apenas deslizou os dedos suavemente pela pele esticada da barriga, como se estivesse tentando se acalmar.Atrás de nós, Magnus soltou um suspiro pesado, claramente exausto.
AmberTerminei de dobrar a última peça de roupa e a guardei na gaveta, soltando um longo suspiro. Estávamos de volta. A casa, mesmo com sua grandiosidade, parecia diferente, como se o peso de tudo o que vivemos nos últimos meses tivesse se alojado entre suas paredes.Minhas mãos deslizaram para minha barriga, sentindo o leve movimento das meninas. Eu queria que esse fosse um recomeço. Eu queria acreditar que agora estávamos seguros.Mas quando Leonardo entrou no quarto, o semblante carregado, soube imediatamente que algo estava errado."Amber, preciso que se sente", ele disse, a voz firme, mas carregada de algo que não consegui decifrar de imediato.Franzi o cenho, minha mão instintivamente apertando a cama ao meu lado antes de finalmente me sentar."O que foi?" perguntei, meu coração acelerando de imediato. "As crianças estão bem?"Leonardo res
AmberO silêncio na sala era pesado, como se cada palavra trocada entre nós ainda pairasse no ar. Minha mente girava, tentando absorver tudo o que minha mãe—Uria Bayer—havia acabado de me contar.Ela se levantou do sofá, me lançando um último olhar carregado de expectativa. Mas eu não conseguia retribuir. Ainda não sabiao quesentir."Eu sei que você precisa de tempo,"ela disse, ajeitando a alça da bolsa no ombro."Mas estarei aqui, sempre que estiver pronta para conversar."Não r
LeonardoO relógio do escritório marcava quase onze da noite, mas o sono estava longe de me alcançar. O brilho frio da tela do computador iluminava meu rosto, refletindo as inúmeras pastas abertas, os relatórios escaneados e os documentos espalhados pela mesa. Minhas mãos estavam cerradas em punhos, os nós dos dedos esbranquiçados pela força da minha tensão.Amber era teimosa. Sempre foi. Mas hoje, depois da briga que tivemos, eu percebia que isso não era apenas insistência ou orgulho. Era um impulso emocional que a fazia querer cavar um passado que talvez devesse permanecer enterrado. E isso me deixava em alerta.Uria Bayer tinha aparecido na nossa vida como um fantasma, um espectro que não deveria existir, e o pior de tudo era que Amber queria acreditar nela. Queria acreditar que, depois de décadas, essa mulher havia reaparecido por amor. Eu não podia deixar isso acontecer.Pressionei o botão do telefone no viva-voz, ouvindo a chamada sendo direcionada diretamente para Hobbins. Ele
AmberO silêncio do quarto era absoluto quando abri os olhos. A luz suave do amanhecer se infiltrava pelas cortinas, pintando a mobília com tons dourados, mas o lado da cama onde Leonardo dormia estava vazio. Passei a mão pelo lençol frio e suspirei. Sabia que ele havia dormido tarde, provavelmente remoendo tudo o que descobriu sobre Uria. Mas, naquele momento, minha mente estava focada em outra coisa.A verdade.Passei boa parte da noite deitada, olhando para o teto, sentindo meu coração martelar contra as costelas. Eu precisava descobrir a verdade. O que realmente aconteceu? O que Walter Bayer escondeu de mim? O que mais foi uma mentira?Leonardo jamais aprovaria o que eu estava prestes a fazer, mas isso não importava. Era algo que eu precisava enfrentar sozinha.Levantei-me devagar e vesti um vestido confortável, ajustando a jaqueta sobre os ombros. Minhas mãos deslizaram instintivamente para minha barriga, como se pudesse proteger as meninas do que estava por vir e por um segundo
LeonardoO ar frio da manhã cortava minha pele, mas eu mal sentia. Minha paciência já estava por um fio e minha raiva fervia como lava dentro do peito. Encostado no carro, braços cruzados, respiração pesada, eu tentava controlar a explosão iminente.A penitenciária parecia um monstro de concreto cinza, feio e opressor. O lugar perfeito para o desgraçado que Amber teve a infeliz ideia de visitar.Ela realmente enlouqueceu.Eu nem conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Depois de tudo, depois da nossa briga, depois de eu deixar claro que não queria que ela mexesse no passado, Amber ignorou tudo e foi direto até a porra do covil do diabo.Quando o segurança me confirmou onde ela estava, eu quis socá-lo por ter deixado isso acontecer. Mas a culpa não era dele. Amber fazia o que queria. O problema era esse.Então eu o dispensei. Isso era entre mim e ela.Minhas mãos cerraram em punhos quando vi a porta da penitenciária se abrir. Meus olhos cravaram na figura de Amber enquanto ela
AmberAssim que entrei em casa, o peso da conversa com Leonardo ainda me pressionava o peito, como se estivesse sufocando. Eu queria gritar. Queria chorar. Queria socar alguma coisa, mas nada disso me traria as respostas que eu tanto precisava.Subi as escadas rapidamente e fechei a porta do quarto atrás de mim, girando a chave sem pensar duas vezes. O silêncio era absoluto, mas dentro de mim, o caos rugia como um furacão. Meu corpo tremia, minha respiração estava descompassada, e eu sentia as lágrimas queimando atrás dos olhos.Leonardo não entendia. Ele nunca entenderia.Andei de um lado para o outro, passando as mãos pelo rosto, tentando organizar os pensamentos, mas era inútil. As palavras de Walter ecoavam na minha mente, des
LeonardoAndava de um lado para o outro no escritório, o telefone preso à orelha, enquanto minha paciência se esvaía cada vez mais. A voz de Hobbins do outro lado da linha era profissional e calma, mas nada na situação me permitia manter a mesma serenidade."Ela foi casada com alguém rico, Hobbins", murmurei, a mandíbula tensa. "Isso já é um fato. O problema é: com quem? Essa mulher esconde algo grande, e eu quero saber o que é. Descubra quem é esse cara, e onde ele está.""Estou vasculhando registros financeiros, propriedades, casamentos registrados em estados diferentes. Mas ela é um fantasma, Leonardo. Ou pelo menos, se tornou um", respondeu Hobbins, soando frustrado. "Ela foi esperta."Passei as mãos pelos cabelos, sentindo o