Leonardo
O hospital já não me parecia tão frio quanto antes. Depois de três semanas, eu havia me acostumado ao som das máquinas, ao cheiro de álcool e à sensação sufocante de estar sempre esperando. Mas ainda assim, cada passo que eu dava em direção ao quarto de Amber fazia meu coração pesar no peito.
Acabei de visitar as meninas. Francesca e Sophie estavam se tornando cada dia mais fortes, lutando como pequenas guerreiras. Mas Amber…
Ela ainda não tinha voltado para mim.
Entrei no quarto em silêncio, como fazia todos os dias. O quarto estava na penumbra, o único som era o bip constante do monitor cardíaco. O corpo frágil de Amber ainda estava ligado a fios, tubos, máquinas que a mantinham estável.
AmberA consciência veio devagar, como se eu estivesse emergindo de um mar profundo e escuro. A dor em meu corpo era o primeiro sinal de que eu estava acordando, uma pressão incômoda em cada músculo, como se tivesse sido atropelada por um furacão. Minha cabeça latejava, minha boca estava seca e pesada, e um zumbido irritante preenchia meus ouvidos.Pisquei algumas vezes, tentando focar minha visão. A claridade me incomodava, mas, aos poucos, as formas começaram a se definir. Linhas brancas no teto. O cheiro forte de hospital. O som suave e constante de máquinas.Onde eu estava?Minha respiração ficou irregular quando tentei me lembrar do que aconteceu. Minha mente era um borrão confuso, como se peda
LeonardoMeus dias já não estavam tão tristes quanto antes. Talvez fosse porque Amber estava acordada, ou porque finalmente eu via esperança no fim do túnel. Mas a verdade era que, pela primeira vez em semanas, eu sentia que as coisas estavam começando a se encaixar novamente.Quando entrei no quarto, Amber estava com o celular em mãos, um sorriso suave brincando em seus lábios. Sua voz era baixa e doce, carregada de ternura enquanto falava com Bella e Louis."Eu prometo, meus amores, logo vamos estar todos juntos de novo," ela dizia, a expressão serena, mas com um brilho de saudade nos olhos.A tela do celular mostrava nossos dois pequenos. Bella segurava um dos brinquedos favoritos enquanto Louis, sempre mais contido,
AmberA manhã estava tranquila, e eu estava sentada na cama do hospital, olhando pela janela enquanto tomava um chá quente. O aroma suave preenchia o ambiente, mas minha mente estava longe dali. Meu coração ainda estava dividido entre a felicidade de estar viva e a ansiedade de ter deixado minhas filhas naquela UTI, pequenas e vulneráveis.O café da manhã estava diante de mim, mas meu apetite era quase inexistente. O som suave do monitor cardíaco, que já nem era necessário, preenchia o silêncio do quarto. Foi então que a porta se abriu, e o médico entrou com um sorriso leve no rosto."Bom dia, senhora Martinucci," ele cumprimentou, puxando a prancheta e olhando os registros. "Tenho boas not&ia
AmberTrês meses.Noventa e sete dias.Foi o tempo que esperamos para finalmente viver esse momento.Eu ainda sentia meu coração martelando dentro do peito enquanto segurava delicadamente as pequenas mãos de Francesca e Sophie, agora tão fortes e cheias de vida. Três meses de lutas, de noites mal dormidas, de incertezas, mas finalmente, finalmente, o dia havia chegado.A alta.As nossas filhas estavam completamente recuperadas.Eu e Leonardo estávamos no hospital, acompanhando os últimos procedimentos antes de levá-las para casa. Os médicos e enferme
MagnusO avião pousou suavemente na pista de Missoula, mas meu coração estava tudo, menos calmo. Meu peito ardia de saudade, de desespero, de necessidade. Eu não queria mais perder um segundo sequer. Durante todo o voo, minhas memórias voltavam como um turbilhão. Cada detalhe, cada risada, cada momento com Gabriela. E agora, finalmente, eu me lembrava de tudo.Ela.O amor da minha vida.Eu quis ligar para ela antes, quis avisá-la, mas não. Eu precisava vê-la, precisava sentir sua pele contra a minha, olhar em seus olhos e dizer o que estava preso em meu peito há tempo demais.Eu queria pegá-la entre minhas mãos e beijá-la até que o ar nos falta
Um ano depoisAmberO sol brilhava alto no céu azul, lançando uma luz dourada sobre os jardins perfeitamente decorados doVilla Eleganzza, o local onde tudo começou. O perfume das flores preenchia o ar, misturando-se com a brisa suave que fazia os tecidos brancos das tendas balançarem levemente. O som suave de música clássica tocava ao fundo, enquanto os convidados se acomodavam, esperando ansiosamente pelo momento que estava prestes a acontecer.Eu respirei fundo, sentindo meu coração acelerar.Hoje era o dia do nosso casamento.Nosso
"Positivo."Meus joelhos quase cederam quando vi as duas linhas rosas. Eu estava grávida. Leonardo e eu íamos ter um bebê. Por um momento, a felicidade tomou conta de mim. Imaginei o sorriso dele ao ouvir a notícia, o abraço quente que ele me daria, e como tudo finalmente faria sentido. Nós não precisaríamos mais esconder nosso relacionamento. Estávamos construindo uma família.Respirei fundo e voltei à minha mesa, tentando disfarçar o turbilhão de emoções. Ninguém na MGroup sabia do nosso romance, e era melhor assim. Se alguém descobrisse, com certeza pensariam que o meu cargo de Diretora de Segurança Cibernética era por causa dele, e não por minhas habilidades.Sentei-me e liguei o computador. Precisava pensar em uma maneira especial de contar a notícia. Algo que fosse a nossa cara. Leonardo e eu sempre adoramos jogos e enigmas tecnológicos, então imaginei esconder a mensagem em um código, algo que ele teria que desvendar."Você vai adorar essa surpresa, Léo", murmurei com um sorris
LeonardoAs mensagens recusadas e as insistentes tentativas de Amber, estavam me fazendo falhar e aquilo era intolerável para mim. "Se precisar de um minuto, senhor Martinucci." o Ceo do Grupo Taurus falou."Não, estou apenas com um problema..." não tive tempo de terminar.A porta da minha sala se abriu com violência, interrompendo minha videochamada com os diretores do Grupo Taurus. Por um momento, pensei que tivesse enlouquecido, aquela não podia ser a Amber, minha sempre controlada e profissional diretora. Mas era ela, seus cabelos ruivos emoldurando um rosto que eu nunca tinha visto tão transtornado."Que merda você está fazendo? Saia já daqui. Eu disse que falaria com você depois." Pausei a chamada e me ergui. As palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas estava no meio de uma negociação crucial."Eu preciso falar com você, senhor!" Sua voz tremeu ligeiramente, e aquilo me desarmou por um segundo. Em doze meses de relacionamento, eu nunca a tinha visto vacilar."Seguran