Leonardo
As mensagens recusadas e as insistentes tentativas de Amber, estavam me fazendo falhar e aquilo era intolerável para mim.
"Se precisar de um minuto, senhor Martinucci." o Ceo do Grupo Taurus falou.
"Não, estou apenas com um problema..." não tive tempo de terminar.
A porta da minha sala se abriu com violência, interrompendo minha videochamada com os diretores do Grupo Taurus. Por um momento, pensei que tivesse enlouquecido, aquela não podia ser a Amber, minha sempre controlada e profissional diretora. Mas era ela, seus cabelos ruivos emoldurando um rosto que eu nunca tinha visto tão transtornado.
"Que merda você está fazendo? Saia já daqui. Eu disse que falaria com você depois." Pausei a chamada e me ergui. As palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas estava no meio de uma negociação crucial.
"Eu preciso falar com você, senhor!" Sua voz tremeu ligeiramente, e aquilo me desarmou por um segundo. Em doze meses de relacionamento, eu nunca a tinha visto vacilar.
"Seguranças, tirem ela daqui." Ordenei, voltando a me sentar. O império Martinucci não foi construído com sentimentalismos, repeti para mim mesmo como um mantra.
"Você vai se arrepender, Martinucci. Ouça minhas palavras." A ameaça em sua voz me fez gelar, mas mantive a expressão impassível.
Através do vidro da sala, observei os seguranças a escoltarem. Amber, sempre tão discreta em nossos encontros, agora estava causando uma cena que poderia comprometer tudo que construímos. Continuei a reunião como se nada tivesse acontecido, mas meu interior estava em chamas.
Quando finalmente encerrei a chamada, com o contrato do Grupo Taurus devidamente assinado, peguei meu celular. As mensagens da minha secretária pipocavam na tela, Amber estava no restaurante, fazendo ameaças.
"Ninguém me ameaça, docinho. Acho que se esqueceu de com quem está lidando." Murmurei, tentando controlar a raiva que crescia em meu peito.
No elevador, observei através do vidro panorâmico o império que construí. O Vitta Eleganza, nosso hotel mais luxuoso, era o símbolo máximo do poder dos Martinucci. De um pequeno hotel de dois andares ganho numa aposta pelo meu avô, construímos um império que se estendia por todo o país. Cada detalhe gritava poder e sofisticação, do mármore polido às colunas douradas com nosso emblema.
Assim que sai do elevador, todos pareciam me olhar em desespero, como se a minha ruiva estivesse pronta para atear fogo no local. Mas eu a faria parar.
Encontrei-a no restaurante, sua postura rígida denunciando sua tensão.
"Amber?" Chamei, esperando ver culpa em seus olhos, mas ela apenas indicou a cadeira ao seu lado com frieza.
"Senta, Martinucci."
Me sentei, surpreso com sua atitude. "Por que está agindo como uma louca?" ?" sussurrei irritado, tentando me aproximar, mas ela empurrou o celular em minha direção me fazendo ver uma foto minha com Martina, minha noiva.
"Algum dia pensou em me contar sobre isso?" Seus olhos verdes faiscavam. "O que sou para você, Leonardo? Uma amante?" olhei em volta, percebendo que ninguém nos observava.
"Vamos conversar em outro lugar." me levantei e ela fez o mesmo.
Levei-a para uma sala de eventos privada. Assim que fechei a porta, ela explodiu:
"Você é noivo, Leonardo, noivo!"
"Não é o que você está pensando." As palavras saíram automáticas.
"Que piada. Está claro, bem aqui, viu?" Ela ergueu o celular novamente. "Há um ano você me usa. Um ano que sou seu brinquedinho, escondido dos holofotes. Mas agora eu entendi o porquê. Como eu fui burra."
"Amber, eu posso explicar. Eu tenho um motivo para isso."
"Então é verdade. Você é noivo da Martina Ricci e todos sabiam, menos eu? "ela deu um passo à frente, seus lábios tremendo.
"Sim, eu e a Martina estamos noivos há alguns anos."
"ANOS, LEONARDO?"Sua voz se elevou.
A segurei pelos braços, tentando acalmá-la. "Não grite, vai chamar atenção."
"Agora você está preocupado?" Ela me empurrou.
"Martina é apenas uma transação de negócios." Era verdade. Meu relacionamento com minha noiva era frio, calculado, envolvendo fusões e aquisições que não podia abandonar ainda.
"Para quantas mais você diz isso?"
"Só existe você, Amber." Tentei abraçá-la, mas ela me empurrou com violência. Sua bolsa caiu, espalhando os pertences pelo chão.
Enquanto ela recolhia suas coisas, celular, batom, um papel branco que não consegui identificar, notei algo diferente em seus movimentos, uma delicadeza incomum ao tocar sua própria barriga.
"Me dê alguns meses e resolverei o assunto." Falei, sentindo que estava perdendo o controle da situação.
"Não, eu já perdi 12 meses com você, não lhe darei mais nenhum minuto do meu precioso tempo." ela bufou se encaminhando em direção à porta, mas corri, me posicionando em frente a porta e a parando.
"Se sair daqui agora, não existirá mais um nós." Tentei ser persuasivo. "Somos bons juntos, Amber. Eu posso lhe dar uma vida de rainha, basta você querer."
"A rainha das amantes? É isso que está me oferecendo?" Seus olhos verdes queimavam como brasa. "Tomara que façam com você o que acabou de fazer com sua noiva e comigo, assim saberá a dor que está causando." ela se virou para sair, mas a segurei pelo braço.
"Eu não costumo voltar atrás." Falei sério, meus olhos fixos em seus lábios.
"Nem eu." ela puxou seu braço e saiu da sala me deixando irado e sem ter como remediar o que tinha acabado de acontecer. Fiquei olhando-a se afastar e rezando para que ela mudasse de ideia, mas isso não ocorreu.
Os minutos se passaram e resolvi que era hora de voltar para o meu apartamento e deixar que Amber Bayer, esfriasse a cabeça. Amanhã nós conversaríamos como adultos civilizados que éramos.
Minha secretária me encontrou segundos depois, me passando os relatórios que faltavam para acertar para a reunião de amanhã. Assinei a todos eles e disse que terminaria tudo no dia seguinte. Me encaminhei para fora do hotel, onde uma ambulância estava tendo as portas fechadas e disparava rapidamente entre o trânsito caótico.
"Pobre mulher." Ouvi alguém dizer, enquanto o público se espalhava de onde tinha acontecido um acidente. Um calafrio percorreu minha espinha quando lembrei do papel branco na bolsa dela, do jeito como tocou a barriga.
Entrei em meu carro e peguei o celular, discando seu número mais uma vez. Caixa postal. Tentei novamente. Nada. Na terceira tentativa, a ligação sequer completou.
"Onde você está, Amber?" murmurei para mim mesmo, um pressentimento sombrio me consumindo enquanto observava as luzes da ambulância desaparecerem no horizonte.
LeonardoNaquela manhã chuvosa, eu tinha certeza de que algo estava prestes a mudar. Meu instinto para problemas era muito aguçado, e desde o momento que Amber saiu do meu hotel, eu pude sentir que tinha acabado de tomar uma péssima decisão."Quando eles irão chegar?" Olhei para minha secretária que continuava a trocar mensagens com alguém do grupo Delux. "Eles já me fizeram aguardar mais do que o necessário, Sra. Torres. Se não houver resposta em 2 minutos, estamos indo embora.""Claro, senhor."Me afastei, deixando que ela tentasse resolver aquele problema. Puxei novamente meu celular do bolso e entrei nas mensagens trocadas com Amber. Não havia nenhuma nova visualização desde ontem, quando saiu do meu hotel."Senhor, eles chegaram."O salão estava impecável para aquela reunião. A mesa de guloseimas já disposta, o ar na temperatura que eu gostava, e os locais com todos os papéis necessários para a apresentação. Se tudo desse certo, eu fecharia um dos maiores contratos de entretenime
AmberA primeira coisa que senti foi dor. Uma dor lancinante que parecia partir minha cabeça ao meio. Tentei abrir os olhos, mas as pálpebras pesavam como chumbo. Um bipe constante ecoava ao meu lado, ritmado com as batidas do meu coração."Ela está acordando," uma voz feminina soou distante. "Chame o doutor Hans."Forcei novamente meus olhos, conseguindo abri-los dessa vez. A luz branca e forte me fez fechá-los imediatamente. Tentei erguer a mão para proteger meu rosto, mas algo me impedia. Senti o puxão de agulhas e tubos em meu braço."Calma, querida. Não se mexa muito," a mesma voz, agora mais próxima. "Você está no hospital."Hospital? Por quê? Tentei falar, mas minha garganta estava seca demais. Um gemido rouco foi tudo que consegui emitir."Aqui, tome um pouco de água." Um canudo tocou meus lábios e bebi devagar, sentindo o líquido gelado aliviar o desconforto. Abri os olhos novamente, dessa vez mais preparada para a claridade.Uma enfermeira de meia idade sorria gentilmente pa
Peter"Ela acordou, senhor Calton." A voz no telefone era baixa, discreta. "Ainda está confusa, como previsto."Desliguei o celular e olhei para os documentos espalhados em minha mesa. Três dias. Foram necessários apenas três dias para criar uma vida inteira para Amber Kane - certidão de nascimento, histórico escolar, fotos de família cuidadosamente manipuladas.A tecnologia pode fazer milagres nas mãos certas."Tudo pronto?" perguntei ao homem sentado à minha frente."Sim, Calton. Os registros médicos foram alterados. Segundo o sistema, ela deu entrada sem documentos. Todo o incidente foi apagado.""E quanto à investigação do acidente?""Sob controle. A placa era falsa, como ordenado. Sem câmeras funcionando no local. Sem testemunhas dispostas a falar." Ele hesitou. "Mas...""Mas?""Não conseguimos apagar as câmeras do hotel. Por mais que tentássemos, a segurança continua inviolável. E Martinucci viu a ambulância partir."Meus dedos tamborilaram na mesa. Leonardo. Claro que ele estar
Amber"Não, não e não! Esse vestido está horrível," Peter arrancou o vestido verde de minhas mãos. "É o evento mais importante do ano, não pode usar qualquer coisa."Observei através do espelho enquanto ele revirava meu guarda-roupa, jogando peças no chão com desdém. Em três anos, era a primeira vez que me levaria a um evento social."Aqui," ele jogou um vestido dourado na cama. "Use este. E pelo amor de Deus, faça algo com esse cabelo." Olhei para meu cabelo preto na altura dos ombros, que pareciam rebeldes demais."Peter, as crianças...""Já falei com a babá. Ela ficará a noite toda," ele checou o relógio pela terceira vez em cinco minutos. "Não me faça me arrepender de te levar, Amber. É o Baile Anual de Caridade do Setor Hoteleiro, todos os grandes nomes estarão lá. Ou quase..." eu não entendi o que ele quis dizer com isso, mas não iria perguntar. Sabia que ele não responderia.Mordi o lábio, pegando o vestido. Era lindo, tinha que admitir. O tecido cintilante parecia líquido entr
Leonardo"Ouvi dizer que Peter Calton trouxe uma acompanhante," Martina comentou, ajustando seu vestido vermelho. "Dizem que é sua noiva."Ignorei o comentário, como fazia com a maioria das coisas que ela dizia. Meus olhos percorriam o salão automaticamente, avaliando cada rosto, cada contrato em potencial. Era isso que eu deveria estar fazendo, networking, política, jogos de poder. Não pensando em Calton, meu principal concorrente."Que bom para ele. Estava na hora." ela riu sem graça, tentando chamar minha atenção, mas eu não queria saber dela."Léo, não vai me convidar para conhecer alguns de seus fornecedores?" ela me olhou interessada."E por que eu faria isso?" falei sério a encarando."Pare de me tratar assim , Martinucci. Eu sei que ainda está bravo, mas já passou." ela fala, e sinto o ódio subir em minha garganta."Se acha que vou aparecer naquele casamento, está completamente errada. Temos um acordo, e isso não faz parte dele." ela riu, alisando meu terno, e me olhando com g
Amber"Por favor, está me machucando." Minhas costas pressionadas contra a parede começavam a doer, mas o homem não se afastou. Seus olhos, tão parecidos com os de meus filhos, queimavam de ódio.A sala VIP do Plaza Royal, que momentos antes me pareceu elegante com sua decoração em dourado e vermelho, agora mais parecia uma prisão. O segurança, Magnus, como o outro o chamara, bloqueava a única saída."Você não entende," tentei novamente, lutando contra as lágrimas. "Eu realmente não sei quem vocês são. Se me deixarem ligar para o meu noivo...""Noivo?" O homem riu, um som frio que me fez tremer. "Ainda não terminou sua atuação? Quer continuar fingindo que não se lembra de nada?"Tentei me desvencilhar, mas ele era muito mais forte. O perfume dele, uma mistura de hortelã com algo amadeirado, me deixava tonta, despertando sensações que eu não compreendia.A porta se abriu e outro homem entrou apressadamente. Aproveitei a distração para tentar correr, mas não fui rápida o suficiente. Mag
AmberA primeira sensação foi de desorientação. Minha cabeça latejava e minha boca estava seca, com um gosto amargo. Tentei abrir os olhos, mas as pálpebras pesavam como chumbo."Ela está acordando," ouvi uma voz masculina dizer. Magnus, reconheci.Forcei meus olhos a se abrirem e pisquei várias vezes, tentando focar minha visão. O ambiente era amplo e elegante, decorado em tons de cinza e azul. Uma suíte, percebi, maior que qualquer quarto que já tinha visto. E ainda assim... familiar."Onde..." minha voz saiu rouca. "Onde estou?""Em um lugar que você conhece bem," a voz dele respondeu de algum lugar à minha direita.Me sentei lentamente, segurando a cabeça que ainda girava. Estava deitada em uma cama king size, ainda usando o vestido dourado da festa, agora amarrotado. O perfume dos lençóis, um toque de lavanda, despertou algo em minha memória, mas a lembrança nunca vinha completa."Por favor," tentei me levantar, mas minhas pernas tremiam. "Preciso voltar para festa. Peter deve es
LeonardoAndei de um lado a outro enquanto ela descobria sua história."Acha mesmo que é verdade o que ela diz?" Magnus me questionou."Não sei. Espero qualquer coisa dessa mulher." parei e me virei para ele. "Ainda assim, procure por Amber Kane e veja o que descobre. Procure também entender como Peter entrou nessa história. Não acredito que seja por acaso." Ele concordou, puxando o celular e começando a digitar.Voltei para o quarto depois de 15 minutos a encontrando sentada no chão, com várias fotos e relatos espalhados a sua volta."Eu não me lembro de nada disso." sua voz soou firme."Percebo que não. Mas eu posso te ajudar com isso, se você me devolver o que roubou."Ela se levantou e me aproximei perigosamente dela. Por mais que eu negasse, meu corpo ainda a desejava e em um movimento rápido, a puxei pela nuca, a trazendo bem perto do meu corpo."Eu só quero as minhas informações de volta, Amber...e pelo que eu vejo, você quer sua vida. É uma troca justa." Sua boca se moveu sedu