2. Ela descobriu

Leonardo

As mensagens recusadas e as insistentes tentativas de Amber, estavam me fazendo falhar e aquilo era intolerável para mim. 

"Se precisar de um minuto, senhor Martinucci." o Ceo do Grupo Taurus falou.

"Não, estou apenas com um problema..." não tive tempo de terminar.

A porta da minha sala se abriu com violência, interrompendo minha videochamada com os diretores do Grupo Taurus. Por um momento, pensei que tivesse enlouquecido, aquela não podia ser a Amber, minha sempre controlada e profissional diretora. Mas era ela, seus cabelos ruivos emoldurando um rosto que eu nunca tinha visto tão transtornado.

"Que merda você está fazendo? Saia já daqui. Eu disse que falaria com você depois." Pausei a chamada e me ergui. As palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas estava no meio de uma negociação crucial.

"Eu preciso falar com você, senhor!" Sua voz tremeu ligeiramente, e aquilo me desarmou por um segundo. Em doze meses de relacionamento, eu nunca a tinha visto vacilar.

"Seguranças, tirem ela daqui." Ordenei, voltando a me sentar. O império Martinucci não foi construído com sentimentalismos, repeti para mim mesmo como um mantra.

"Você vai se arrepender, Martinucci. Ouça minhas palavras." A ameaça em sua voz me fez gelar, mas mantive a expressão impassível.

Através do vidro da sala, observei os seguranças a escoltarem. Amber, sempre tão discreta em nossos encontros, agora estava causando uma cena que poderia comprometer tudo que construímos. Continuei a reunião como se nada tivesse acontecido, mas meu interior estava em chamas.

Quando finalmente encerrei a chamada, com o contrato do Grupo Taurus devidamente assinado, peguei meu celular. As mensagens da minha secretária pipocavam na tela, Amber estava no restaurante, fazendo ameaças.

"Ninguém me ameaça, docinho. Acho que se esqueceu de com quem está lidando." Murmurei, tentando controlar a raiva que crescia em meu peito.

No elevador, observei através do vidro panorâmico o império que construí. O Vitta Eleganza, nosso hotel mais luxuoso, era o símbolo máximo do poder dos Martinucci. De um pequeno hotel de dois andares ganho numa aposta pelo meu avô, construímos um império que se estendia por todo o país. Cada detalhe gritava poder e sofisticação, do mármore polido às colunas douradas com nosso emblema.

Assim que sai do elevador, todos pareciam me olhar em desespero, como se a minha ruiva estivesse pronta para atear fogo no local. Mas eu a faria parar.

Encontrei-a no restaurante, sua postura rígida denunciando sua tensão.

"Amber?" Chamei, esperando ver culpa em seus olhos, mas ela apenas indicou a cadeira ao seu lado com frieza.

"Senta, Martinucci."

Me sentei, surpreso com sua atitude. "Por que está agindo como uma louca?" ?" sussurrei irritado, tentando me aproximar, mas ela empurrou o celular em minha direção me fazendo ver uma foto minha com Martina, minha noiva.

"Algum dia pensou em me contar sobre isso?" Seus olhos verdes faiscavam. "O que sou para você, Leonardo? Uma amante?" olhei em volta, percebendo que ninguém nos observava.

"Vamos conversar em outro lugar." me levantei e ela fez o mesmo. 

Levei-a para uma sala de eventos privada. Assim que fechei a porta, ela explodiu:

"Você é noivo, Leonardo, noivo!"

"Não é o que você está pensando." As palavras saíram automáticas.

"Que piada. Está claro, bem aqui, viu?" Ela ergueu o celular novamente. "Há um ano você me usa. Um ano que sou seu brinquedinho, escondido dos holofotes. Mas agora eu entendi o porquê. Como eu fui burra."

"Amber, eu posso explicar. Eu tenho um motivo para isso."

"Então é verdade. Você é noivo da Martina Ricci e todos sabiam, menos eu? "ela deu um passo à frente, seus lábios tremendo.

"Sim, eu e a Martina estamos noivos há alguns anos."

"ANOS, LEONARDO?"Sua voz se elevou.

A segurei pelos braços, tentando acalmá-la. "Não grite, vai chamar atenção."

"Agora você está preocupado?" Ela me empurrou.

"Martina é apenas uma transação de negócios." Era verdade. Meu relacionamento com minha noiva era frio, calculado, envolvendo fusões e aquisições que não podia abandonar ainda.

"Para quantas mais você diz isso?"

"Só existe você, Amber." Tentei abraçá-la, mas ela me empurrou com violência. Sua bolsa caiu, espalhando os pertences pelo chão.

Enquanto ela recolhia suas coisas, celular, batom, um papel branco que não consegui identificar, notei algo diferente em seus movimentos, uma delicadeza incomum ao tocar sua própria barriga.

"Me dê alguns meses e resolverei o assunto." Falei, sentindo que estava perdendo o controle da situação.

"Não, eu já perdi 12 meses com você, não lhe darei mais nenhum minuto do meu precioso tempo." ela bufou se encaminhando em direção à porta, mas corri, me posicionando em frente a porta e a parando.

"Se sair daqui agora, não existirá mais um nós." Tentei ser persuasivo. "Somos bons juntos, Amber. Eu posso lhe dar uma vida de rainha, basta você querer."

"A rainha das amantes? É isso que está me oferecendo?" Seus olhos verdes queimavam como brasa. "Tomara que façam com você o que acabou de fazer com sua noiva e comigo, assim saberá a dor que está causando." ela se virou para sair, mas a segurei pelo braço.

"Eu não costumo voltar atrás." Falei sério, meus olhos fixos em seus lábios.

"Nem eu." ela puxou seu braço e saiu da sala me deixando irado e sem ter como remediar o que tinha acabado de acontecer. Fiquei olhando-a se afastar e rezando para que ela mudasse de ideia, mas isso não ocorreu.

Os minutos se passaram e resolvi que era hora de voltar para o meu apartamento e deixar que Amber Bayer, esfriasse a cabeça. Amanhã nós conversaríamos como adultos civilizados que éramos.

Minha secretária me encontrou segundos depois, me passando os relatórios que faltavam para acertar para a reunião de amanhã. Assinei a todos eles e disse que terminaria tudo no dia seguinte. Me encaminhei para fora do hotel, onde uma ambulância estava tendo as portas fechadas e disparava rapidamente entre o trânsito caótico.

"Pobre mulher." Ouvi alguém dizer, enquanto o público se espalhava de onde tinha acontecido um acidente. Um calafrio percorreu minha espinha quando lembrei do papel branco na bolsa dela, do jeito como tocou a barriga. 

Entrei em meu carro e peguei o celular, discando seu número mais uma vez. Caixa postal. Tentei novamente. Nada. Na terceira tentativa, a ligação sequer completou.

"Onde você está, Amber?" murmurei para mim mesmo, um pressentimento sombrio me consumindo enquanto observava as luzes da ambulância desaparecerem no horizonte.

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