Amber
O sol começava a se pôr quando deixamos o hospital, tingindo o céu em tons suaves de laranja e rosa. O contraste entre o clima tranquilo e o turbilhão dentro de mim era quase irônico.
Eu só queria ir para casa.
"Mal posso esperar para ver as crianças," murmurei, recostando a cabeça no assento enquanto Leonardo dirigia com firmeza.
"Tenho certeza de que eles estão ansiosos também," ele respondeu, um leve sorriso brincando em seus lábios. "Bella provavelmente já preparou um enxoval inteiro para as irmãs, e Louis… bem, ele provavelmente ainda está tentando entender como isso aconteceu."
Eu ri, imaginando a reação dos nossos pequenos. Eles eram tão diferentes e, ao mesmo tempo, complementavam um ao outro de maneira perfeita.
"Ele vai superar," brinquei, deslizando a mão so
MagnusA noite se espalhava pela propriedade Martinucci como um cobertor morno, trazendo uma ilusão de paz.Eu sabia que não duraria.O retorno de Amber era motivo de celebração. O clima dentro da casa era leve, cheio de risadas infantis, vozes animadas e um breve senso de normalidade.Mas meu instinto me dizia outra coisa.Sentei-me na poltrona da sala, observando Leonardo ao lado das crianças, o sorriso fácil nos lábios, enquanto Amber conversava com Nonna Rosa, tentando convencê-la de que não precisava de mais almofadas ao seu redor.Era esse tipo de momento que tornava tudo valioso.Era por isso que protegíamos essa família com a própria vida."Acho que está na hora de você ir para o quarto, descansar, B." Leonardo falou, e ela concordou, assim que ela se levantou ele novamente
LeonardoO silêncio da noite era absoluto, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Amber ao meu lado.Mas algo estava errado.Eu não sabia dizer o quê. Apenassentia.O peso no peito, a sensação de que alguma coisaterrivelmente errada estava acontecendo.Tentei me mover, masmeus músculos estavam pesados, como se meu corpo estivesse preso a algo invisível.Foi então que percebi queAmber não estava mais ao meu lado.Virei o rosto, meus olhos varrendo o quarto escuro.Vazio."Amber?" Minha voz ecoou no silêncio, masnão houve resposta.O pânico começou a me consumir.Levantei-me rapidamente, masmeus pés não tocavam o chão.
AmberO hospital estava à vista, as luzes pálidas da fachada cortando a escuridão da madrugada. O edifício parecia silencioso demais para o pânico que dominava meu peito.Magnus estacionou naárea de carga e descarga, um local menos movimentado do que a entrada principal.Era um procedimento padrão para manter nossa segurança.Minhas mãos estavamtrêmulasno colo, e eu apertava os dedos uns contra os outros, tentando controlar o arrepio que percorria minha espinha. Leonardo estava ao meu lado, os olhos fixos em mim,analisando cada detalhe do meu rosto como se pudesse enxergar a dor que eu tentava esconder."Aguardem aqui, vou pegar uma cadeira de rodas para você," Magnus disse, desligando o carro."Não precisa," tentei argumentar, mas Leonardo me lançou um olharafiado, o tipo de olhar que não admitia discussões
LeonardoAs portas da sala de emergência se abriram bruscamente, e médicos e enfermeiros se moveram rapidamente ao nosso redor.Ambernão parava de chorar.Seu corpo tremiaem meus braços, e sua respiração vinha rápida e entrecortada, quaseum soluço constante."Precisamos colocá-la na maca," uma enfermeira avisou, trazendo um tom de urgência para minha mente já em frangalhos.Deitei Ambercom o máximo de cuidado possível, mas ela agarrou minha mãocom uma força que eu nem sabia que ela ainda tinha."Leo..." Sua voz era quebradiça, o desespero puro em cada sílaba. "Magnus... Ele salvou minha vida!"Ela soluçou, apertando meu pulso com mais força."Eu sei, amor," murmurei, deslizando os dedos
LeonardoO hospital parecia mais silencioso do que deveria.Os corredores iluminados por luzes friascontrastavam com o caos dentro de mim. O cheiro de antisséptico e sangue ainda pairava no ar, misturado ao zumbido distante das máquinas monitorando os pacientes.Amber aindanão havia acordado, e a falta de notícias sobre Magnus me corroía por dentro.Eu não conseguia respirar direito.O medo estava me esmagando.Minha esposa desacordada.Meu melhor amigo lutando para sobreviver.E o desgraçadoque causou tudo isso… ainda respirando.A informação de que Peterainda estava vivobateu contra mim como um golpe seco no estômago.Eu não aceitava isso.Eu não podia aceitar.Saí do quarto de
AmberA primeira coisa que senti foi um peso estranho no peito.Meu corpo pareciapesado, como se estivesse preso a algo invisível. Minha cabeça latejava, e minha boca estava seca.Abri os olhos devagar, piscando algumas vezespara ajustar a visão ao ambiente branco do quarto de hospital.O ar era carregado com aquele cheiro forte de antisséptico.Luzes suaves iluminavam o espaço, e o som rítmico dos monitores ecoava no silêncio.Virei o rosto para o lado emeu coração parou.Leonardo estava ali.Mas ele não percebeu que eu estava acordada.Estavasentado no canto do quarto, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. Seus ombrostremiam levemente, e sua respiração era irregular.Ele esta
LeonardoA sensação de controle escorria pelos meus dedos como areia fina.Eu tentava segurá-la, tentavamanter a ilusão de que ainda podia proteger minha família, mas a vidaparecia determinada a me mostrar o contrário.Quando o segurança voltou com o rostofechado e tenso, eu já sabia quenada de bom sairia de sua boca."Senhor Martinucci," ele começou, mantendo um tom profissional, mas firme. "Temos confirmação visual.Martina foi vista novamente em Roma."O silêncio no quarto ficoupesado, sufocante.Ambernão reagiu de imediato, mas eu senti seus dedos apertarem os meus com força.Respirei fundo, controlandoo impulso de socar a parede mais próxima."Quero um reforço de segurança imediato neste andar." Minha voz saiu maisdura e controladado que eu esperava
GabrielaO celular escorregou dos meus dedos e bateu no chão com um som seco e distante, mas eu nem me mexi para pegá-lo. Minha respiração estava presa na garganta, meu peito apertado, ofegante, como se estivesse sufocando em um vazio invisível. O choque da notícia fazia meu corpo inteiro tremer, e minha mente se recusava a processar. Magnus… hospital… ferido… UTI… As palavras ecoavam na minha cabeça como uma sentença, e eu não conseguia organizar os pensamentos.Minha visão ficou turva, e o som ao meu redor parecia abafado, distante. Senti mãos quentes segurarem meus braços, me balançando levemente, tentando me trazer de volta à realidade."Gabriela!" A voz da minha mãe veio carregada de pânico. Ela me segurava pelos ombros, seus olhos arregalados, tentando entender o que estava acontecendo.Eu tentei falar, mas meu c