Leonardo
O silêncio da noite era absoluto, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Amber ao meu lado. Mas algo estava errado.
Eu não sabia dizer o quê. Apenas sentia.
O peso no peito, a sensação de que alguma coisa terrivelmente errada estava acontecendo.
Tentei me mover, mas meus músculos estavam pesados, como se meu corpo estivesse preso a algo invisível.
Foi então que percebi que Amber não estava mais ao meu lado.
Virei o rosto, meus olhos varrendo o quarto escuro. Vazio.
"Amber?" Minha voz ecoou no silêncio, mas não houve resposta.
O pânico começou a me consumir.
Levantei-me rapidamente, mas meus pés não tocavam o chão.
AmberO hospital estava à vista, as luzes pálidas da fachada cortando a escuridão da madrugada. O edifício parecia silencioso demais para o pânico que dominava meu peito.Magnus estacionou naárea de carga e descarga, um local menos movimentado do que a entrada principal.Era um procedimento padrão para manter nossa segurança.Minhas mãos estavamtrêmulasno colo, e eu apertava os dedos uns contra os outros, tentando controlar o arrepio que percorria minha espinha. Leonardo estava ao meu lado, os olhos fixos em mim,analisando cada detalhe do meu rosto como se pudesse enxergar a dor que eu tentava esconder."Aguardem aqui, vou pegar uma cadeira de rodas para você," Magnus disse, desligando o carro."Não precisa," tentei argumentar, mas Leonardo me lançou um olharafiado, o tipo de olhar que não admitia discussões
LeonardoAs portas da sala de emergência se abriram bruscamente, e médicos e enfermeiros se moveram rapidamente ao nosso redor.Ambernão parava de chorar.Seu corpo tremiaem meus braços, e sua respiração vinha rápida e entrecortada, quaseum soluço constante."Precisamos colocá-la na maca," uma enfermeira avisou, trazendo um tom de urgência para minha mente já em frangalhos.Deitei Ambercom o máximo de cuidado possível, mas ela agarrou minha mãocom uma força que eu nem sabia que ela ainda tinha."Leo..." Sua voz era quebradiça, o desespero puro em cada sílaba. "Magnus... Ele salvou minha vida!"Ela soluçou, apertando meu pulso com mais força."Eu sei, amor," murmurei, deslizando os dedos
LeonardoO hospital parecia mais silencioso do que deveria.Os corredores iluminados por luzes friascontrastavam com o caos dentro de mim. O cheiro de antisséptico e sangue ainda pairava no ar, misturado ao zumbido distante das máquinas monitorando os pacientes.Amber aindanão havia acordado, e a falta de notícias sobre Magnus me corroía por dentro.Eu não conseguia respirar direito.O medo estava me esmagando.Minha esposa desacordada.Meu melhor amigo lutando para sobreviver.E o desgraçadoque causou tudo isso… ainda respirando.A informação de que Peterainda estava vivobateu contra mim como um golpe seco no estômago.Eu não aceitava isso.Eu não podia aceitar.Saí do quarto de
AmberA primeira coisa que senti foi um peso estranho no peito.Meu corpo pareciapesado, como se estivesse preso a algo invisível. Minha cabeça latejava, e minha boca estava seca.Abri os olhos devagar, piscando algumas vezespara ajustar a visão ao ambiente branco do quarto de hospital.O ar era carregado com aquele cheiro forte de antisséptico.Luzes suaves iluminavam o espaço, e o som rítmico dos monitores ecoava no silêncio.Virei o rosto para o lado emeu coração parou.Leonardo estava ali.Mas ele não percebeu que eu estava acordada.Estavasentado no canto do quarto, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. Seus ombrostremiam levemente, e sua respiração era irregular.Ele esta
LeonardoA sensação de controle escorria pelos meus dedos como areia fina.Eu tentava segurá-la, tentavamanter a ilusão de que ainda podia proteger minha família, mas a vidaparecia determinada a me mostrar o contrário.Quando o segurança voltou com o rostofechado e tenso, eu já sabia quenada de bom sairia de sua boca."Senhor Martinucci," ele começou, mantendo um tom profissional, mas firme. "Temos confirmação visual.Martina foi vista novamente em Roma."O silêncio no quarto ficoupesado, sufocante.Ambernão reagiu de imediato, mas eu senti seus dedos apertarem os meus com força.Respirei fundo, controlandoo impulso de socar a parede mais próxima."Quero um reforço de segurança imediato neste andar." Minha voz saiu maisdura e controladado que eu esperava
GabrielaO celular escorregou dos meus dedos e bateu no chão com um som seco e distante, mas eu nem me mexi para pegá-lo. Minha respiração estava presa na garganta, meu peito apertado, ofegante, como se estivesse sufocando em um vazio invisível. O choque da notícia fazia meu corpo inteiro tremer, e minha mente se recusava a processar. Magnus… hospital… ferido… UTI… As palavras ecoavam na minha cabeça como uma sentença, e eu não conseguia organizar os pensamentos.Minha visão ficou turva, e o som ao meu redor parecia abafado, distante. Senti mãos quentes segurarem meus braços, me balançando levemente, tentando me trazer de volta à realidade."Gabriela!" A voz da minha mãe veio carregada de pânico. Ela me segurava pelos ombros, seus olhos arregalados, tentando entender o que estava acontecendo.Eu tentei falar, mas meu c
GabrielaA viagem pareceu duraruma eternidade.Mesmo no conforto do jato particular, eu não conseguia encontrar um instante de paz. Cada segundo que passava era uma tortura, cada minuto longe de Magnus era um a menos para que eu pudesse vê-lo, tocá-lo, sentir seu coração batendo sob minha mão.Eu não dormi. Não comi. Não pensei em nada além de chegar a tempo.O silêncio dentro da cabine era tão pesado quanto o peso em meu peito. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, minha cabeça latejava, e meu corpo doía de exaustão. Mas nada se comparava ao medo.Ao pavor absoluto de que ele não estivesse mais lá quando eu chegasse.Quando finalmente pousei na Itália, o ar quente e úmido não me trouxe alívio. Minha visão estava embaçada, minha garganta seca.
GabrielaO silêncio do quarto era interrompido apenas pelo som das máquinas monitorando cada batida do coração de Magnus. O ritmo constante e mecânico me dava esperança, mas ao mesmo tempo, cada bipe ecoava como um lembrete cruel de que ele ainda não havia despertado.Haviam se passadosete dias.Sete dias vendo-o imóvel, preso a fios e tubos, incapaz de me ouvir. Eu falava com ele todos os dias, segurava sua mão, implorava para que ele voltasse para mim. Cada dia que passava, minha esperança oscilava entre o desespero e a fé cega de que, em algum momento, ele abriria os olhos e tudo voltaria ao normal.Mas nada era normal agora.Minhas costas doíam por dormir naquela poltrona desconfortável ao lado dele, meu corpo estava exausto, e minha mente, um caos. Eu não queria sair de perto.E se ele acordasse e eu não esti