Leonardo
O hospital parecia mais silencioso do que deveria.
Os corredores iluminados por luzes frias contrastavam com o caos dentro de mim. O cheiro de antisséptico e sangue ainda pairava no ar, misturado ao zumbido distante das máquinas monitorando os pacientes.
Amber ainda não havia acordado, e a falta de notícias sobre Magnus me corroía por dentro.
Eu não conseguia respirar direito. O medo estava me esmagando.
Minha esposa desacordada.
Meu melhor amigo lutando para sobreviver.
E o desgraçado que causou tudo isso… ainda respirando.
A informação de que Peter ainda estava vivo bateu contra mim como um golpe seco no estômago.
Eu não aceitava isso. Eu não podia aceitar.
Saí do quarto de
AmberA primeira coisa que senti foi um peso estranho no peito.Meu corpo pareciapesado, como se estivesse preso a algo invisível. Minha cabeça latejava, e minha boca estava seca.Abri os olhos devagar, piscando algumas vezespara ajustar a visão ao ambiente branco do quarto de hospital.O ar era carregado com aquele cheiro forte de antisséptico.Luzes suaves iluminavam o espaço, e o som rítmico dos monitores ecoava no silêncio.Virei o rosto para o lado emeu coração parou.Leonardo estava ali.Mas ele não percebeu que eu estava acordada.Estavasentado no canto do quarto, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. Seus ombrostremiam levemente, e sua respiração era irregular.Ele esta
LeonardoA sensação de controle escorria pelos meus dedos como areia fina.Eu tentava segurá-la, tentavamanter a ilusão de que ainda podia proteger minha família, mas a vidaparecia determinada a me mostrar o contrário.Quando o segurança voltou com o rostofechado e tenso, eu já sabia quenada de bom sairia de sua boca."Senhor Martinucci," ele começou, mantendo um tom profissional, mas firme. "Temos confirmação visual.Martina foi vista novamente em Roma."O silêncio no quarto ficoupesado, sufocante.Ambernão reagiu de imediato, mas eu senti seus dedos apertarem os meus com força.Respirei fundo, controlandoo impulso de socar a parede mais próxima."Quero um reforço de segurança imediato neste andar." Minha voz saiu maisdura e controladado que eu esperava
GabrielaO celular escorregou dos meus dedos e bateu no chão com um som seco e distante, mas eu nem me mexi para pegá-lo. Minha respiração estava presa na garganta, meu peito apertado, ofegante, como se estivesse sufocando em um vazio invisível. O choque da notícia fazia meu corpo inteiro tremer, e minha mente se recusava a processar. Magnus… hospital… ferido… UTI… As palavras ecoavam na minha cabeça como uma sentença, e eu não conseguia organizar os pensamentos.Minha visão ficou turva, e o som ao meu redor parecia abafado, distante. Senti mãos quentes segurarem meus braços, me balançando levemente, tentando me trazer de volta à realidade."Gabriela!" A voz da minha mãe veio carregada de pânico. Ela me segurava pelos ombros, seus olhos arregalados, tentando entender o que estava acontecendo.Eu tentei falar, mas meu c
GabrielaA viagem pareceu duraruma eternidade.Mesmo no conforto do jato particular, eu não conseguia encontrar um instante de paz. Cada segundo que passava era uma tortura, cada minuto longe de Magnus era um a menos para que eu pudesse vê-lo, tocá-lo, sentir seu coração batendo sob minha mão.Eu não dormi. Não comi. Não pensei em nada além de chegar a tempo.O silêncio dentro da cabine era tão pesado quanto o peso em meu peito. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, minha cabeça latejava, e meu corpo doía de exaustão. Mas nada se comparava ao medo.Ao pavor absoluto de que ele não estivesse mais lá quando eu chegasse.Quando finalmente pousei na Itália, o ar quente e úmido não me trouxe alívio. Minha visão estava embaçada, minha garganta seca.
GabrielaO silêncio do quarto era interrompido apenas pelo som das máquinas monitorando cada batida do coração de Magnus. O ritmo constante e mecânico me dava esperança, mas ao mesmo tempo, cada bipe ecoava como um lembrete cruel de que ele ainda não havia despertado.Haviam se passadosete dias.Sete dias vendo-o imóvel, preso a fios e tubos, incapaz de me ouvir. Eu falava com ele todos os dias, segurava sua mão, implorava para que ele voltasse para mim. Cada dia que passava, minha esperança oscilava entre o desespero e a fé cega de que, em algum momento, ele abriria os olhos e tudo voltaria ao normal.Mas nada era normal agora.Minhas costas doíam por dormir naquela poltrona desconfortável ao lado dele, meu corpo estava exausto, e minha mente, um caos. Eu não queria sair de perto.E se ele acordasse e eu não esti
LeonardoO quarto estava silencioso, mas não era um silêncio confortável. Era o tipo de silêncio pesado, sufocante, que antecede uma tempestade. Gabriela ainda estava parada na porta, sem conseguir se mover, como se esperasse que, a qualquer momento, Magnus se lembrasse dela. Mas ele não se lembrava. Eu vi nos olhos dele.E aquilo me destruiu.Eu sabia exatamente o que Gabriela estava sentindo. Eu já passei por isso. Já vi Amber me olhar sem saber quem eu era, sem reconhecer nosso amor, sem lembrar da nossa história. Sei como é implorar por algo que deveria ser natural. E sei que Gabriela estava sentindo esse desespero agora.Magnus, por outro lado, estava claramente confuso. Sua respiração ainda estava acelerada, os dedos inquietos sobre o lençol, os olhos vagando entre Gabriela e eu como se estivesse tentando decifrar um código que não fazia sentido.Ele não entendia por que aquela mulher estava chorando por ele.Ele não entendia por que eu estava olhando para ele com tanta tensão."
MagnusO trajeto de volta ao quarto foi lento e exaustivo. Os enfermeiros não pareciam com pressa de me levar para o quarto, e ser arrastado de um lado para outro naquela cama de hospital, me deixava ainda mais irritado.Cada movimento era um lembrete do que meu corpo havia suportado.Meu braço e minha perna estavam enfaixados, o peso dos ferimentos me mantinha quase imóvel, e a dor no crânio latejava como um tambor constante. Eu estava ali, desperto, consciente, mas ao mesmo tempovazio.Minha mente era um abismo.Havia um buraco onde minha vida deveria estar.Eu tentava agarrar qualquer fragmento de memória que pudesse me ancorar, mas tudo que encontrava eram sombras. Sentia que deveria lembrar, que havia algo perdido em algum canto da minha mente, esperando para ser recuperado.Mas por mais que eu tentasse, o vazio permanecia.
GabrielaMeu coração batia forte enquanto segurava o celular em mãos.Eu não sabia se estava pronta para reviver nossa história dessa forma, na frente dele, como se tudo pudesse ser contado através de imagens.Mas ao mesmo tempo, era a única maneira que eu tinha para tentar trazê-lo de volta para mim.Respirei fundo e deslizei o dedo pela tela, abrindo nossa galeria.As fotos surgiram diante de nós, memórias congeladas no tempo.A primeira era uma imagem simples.Nós dois no café da manhã, ele mexendo no meu cabelo enquanto eu lia um livro.Era um momento cotidiano, masrepleto de significados.Magnus observava a foto com atenção, e eu via seus olhos analisando cada detalhe,como se tentasse encontrar um fio de reconhec