Leonardo
O quarto estava silencioso, exceto pelo som suave da respiração de Amber enquanto ela despertava. Seus olhos se abriram lentamente, encontrando os meus. Havia surpresa neles, misturada com algo mais – algo quente e familiar que despertou um aperto doce no meu peito.
"Como se sente?" perguntei, mantendo a voz baixa, tentando não a sobrecarregar. Resisti ao impulso de me aproximar imediatamente, deixando que ela tivesse seu espaço.
"Melhor, acho," respondeu, sentando-se na cama e passando as mãos pelo cabelo de maneira nervosa. "Só... um pouco confusa."
Me levantei da poltrona e caminhei até a beirada da cama. Sentei-me ao seu lado, observando-a cuidadosamente. O rubor que subiu em suas bochechas me deixou intrigado, algo a mais estava acontecendo, mas não queria pressioná-la.
"A Dra. Gabriela me contou sobre a sessão," comecei, observando-a com atenção
AmberO reflexo no espelho era implacável. Meu rosto estava uma aquarela de roxos e vermelhos, o lábio cortado e inchado como um lembrete cruel do ataque. Ergui a blusa devagar, hesitando antes de encarar minha barriga. As manchas se espalhavam em tons sombrios, como se minha pele fosse um campo de batalha. Respirei fundo, engolindo o nó que subia pela garganta.Eu não podia deixar os gêmeos me verem assim. Não de novo. Já tinham me visto machucada tantas vezes por causa de Peter, e não queria que tivessem mais essas lembranças. Eles finalmente estavam em um lugar seguro; eu tinha que protegê-los disso também.A porta do banheiro se abriu devagar, e o reflexo de Leonardo apareceu no espelho. Ele entrou silenciosamente, seus olhos fixando-se em mim antes de parar atrás de mim. Sua mão pousou no meu quadril com gentileza, a presença sólida e calo
MagnusEstava finalizando a conversa com a equipe de segurança, repassando os novos protocolos que Leonardo exigira, quando meu celular vibrou no bolso. O nome da Dra. Gabriela surgiu na tela. Pensei que fosse sobre Amber, mas o som de choro do outro lado da linha me alertou imediatamente."Dra. Gabriela?" minha voz saiu firme, mas a preocupação cresceu."Magnus..." ela conseguiu murmurar entre soluços. "Eu... não sei o que fazer...""Fazer? O que aconteceu?" mas seu choro se intensificou, tão doloroso e sofrido, que achei que ela tinha sofrido um acidente."Onde você está?" perguntei, já me movendo em direção ao carro. A adrenalina correu por minhas veias, o tom desesperado dela indicando que algo estava muito errado."No consultório," ela respondeu, o tom quebrado."Não saia daí. Estou a caminho."Acelerei pelas ruas escuras, minha mente processando as possibilidades. Peter? Martina? Ou algo pior? Quando cheguei ao prédio, as luzes estavam apagadas, e tudo parecia deserto. Toquei o i
LeonardoFechei a porta do escritório com mais força do que pretendia e disquei imediatamente para Magnus. Meu corpo estava tenso, um misto de frustração e preocupação me consumindo."O que exatamente aconteceu?" perguntei assim que ele atendeu, direto ao ponto."Peter mandou dois homens até o consultório da Dra. Gabriela," Magnus respondeu, sua voz carregada de raiva contida. "Eles ameaçaram ela, exigindo que parasse o tratamento da senhorita Bayer. Quando se recusou, destruíram o consultório inteiro. Disseram que era só um aviso."Passei a mão pelo rosto, sentindo o peso da situação aumentar. "Onde você está agora?""Na casa dela. Decidi ficar até termos certeza de que o local está seguro," ele disse, com uma firmeza que eu esperava dele."Ela está bem?" perguntei, mas já sabia a
Amber"Você não tem o direito de fazer isso!" Minha voz cortou o ar do escritório, mais alta e firme do que eu esperava. Encarei Leonardo, minha raiva queimando sob a pele. Ele estava atrás de sua mesa, os olhos faiscando, tão intensos que poderiam perfurar o mais duro aço."Tenho todo o direito de questionar seus métodos, Amber!" ele retrucou, sua voz carregada de autoridade. "Você está se expondo demais, indo longe demais com essas investigações.""Longe demais?" As palavras saíram como um desafio. "Estou fazendo meu trabalho. Alguém está tentando invadir o sistema, e você quer que eu finja que nada está acontecendo?""Quero que você siga os malditos protocolos!" Ele bateu na mesa com a palma aberta, o som reverberando pelas paredes. Mas eu não me movi. Não iria ceder."Os protocolos não sã
AmberO espelho do banheiro refletia uma versão minha que eu mal reconhecia. Meu rosto ainda exibia os hematomas do ataque, os tons arroxeados se misturando com a vermelhidão do corte no lábio. Suspirei, abrindo a pequena necessaire na esperança de encontrar algo que pudesse mascarar as marcas. Usei a pouca maquiagem que tinha, espalhando base com os dedos, mas cada camada parecia apenas destacar o que eu tentava esconder.O sonho ainda ecoava em minha mente. A voz de Peter, o pen drive, o peso de algo que eu não conseguia lembrar completamente. Cada detalhe parecia se sobrepor, formando um enigma que me deixava ansiosa e inquieta.Troquei de roupa rapidamente, vestindo algo simples, mas confortável. Quando saí do quarto, meu coração já estava acelerado. Precisava encontrar Leonardo, precisava contar o que estava me corroendo.Segui o som das vozes para a sala de caf&ea
AmberOlhei para Leonardo, tentando assimilar suas palavras, e senti uma sensação ruim, como se estivéssemos cercados.“Me leva até o apartamento.” As palavras saíram mais rápidas do que eu pretendia, mas o peso da necessidade não deixava espaço para hesitação.Leonardo olhou para o relógio, a mandíbula tensa. "O que exatamente você quer fazer lá?""Encontrar o pen drive," respondi, cruzando os braços. "Preciso saber o que tem nele que é tão importante."Ele suspirou, ponderando. "Temos uma reunião importante hoje, Amber. Não posso perder isso. Mas... se você prometer que será rápido...""Prometo," falei, sem hesitar."Ótimo," ele disse, estreitando os olhos. "Então vá se arrumar. Você vai participar da reunião comigo.""Eu?"
LeonardoA raiva queimava dentro de mim como fogo vivo enquanto observava os danos no carro. Era óbvio que não tinha sido um acidente. Era um movimento calculado: forte o suficiente para assustar, mas não para matar. Uma mensagem clara, e eu odiava ser jogado como uma peça no jogo de outra pessoa."Tirem a senhorita Amber daqui. Agora." Minha voz saiu mais dura, mas a urgência pulsava em cada palavra."Não," ela respondeu, sem hesitar, o tom desafiador. "Quero ficar com você.""É perigoso, Amber," insisti, virando-me para ela, tentando controlar minha frustração. "Você precisa voltar para casa.""Não!" Ela deu um passo à frente, a determinação brilhando em seus olhos. "Eu preciso ir ao apartamento. Se isso foi uma ameaça, como fizeram com a Dra. Gabriela, não posso fugir. Preciso enfrentar isso. Se eu encontrar o pen drive, quem sabe
AmberMeu coração batia como se estivesse correndo uma maratona enquanto subia as escadas do prédio. A digital ainda funcionava, emitindo o clique familiar da porta se destrancando. Um alívio passageiro, mas suficiente para me fazer entrar no apartamento com a sensação de que talvez algo estivesse prestes a se revelar."Nos deixe verificar primeiro, senhora," um dos seguranças disse, segurando a porta. Assenti impaciente, cruzando os braços enquanto esperava no corredor. Meu olhar varria as paredes, cada segundo se esticando como uma eternidade.Assim que eles liberaram a entrada, passei direto por eles, jogando minha bolsa no sofá e correndo para o quarto. Não havia tempo a perder. Comecei a abrir caixas, jogando roupas, papéis e objetos no chão em uma busca frenética."Vamos, vamos," murmurei para mim mesma, batendo com a palma na testa, como se p