Amber
Meu coração batia como se estivesse correndo uma maratona enquanto subia as escadas do prédio. A digital ainda funcionava, emitindo o clique familiar da porta se destrancando. Um alívio passageiro, mas suficiente para me fazer entrar no apartamento com a sensação de que talvez algo estivesse prestes a se revelar.
"Nos deixe verificar primeiro, senhora," um dos seguranças disse, segurando a porta. Assenti impaciente, cruzando os braços enquanto esperava no corredor. Meu olhar varria as paredes, cada segundo se esticando como uma eternidade.
Assim que eles liberaram a entrada, passei direto por eles, jogando minha bolsa no sofá e correndo para o quarto. Não havia tempo a perder. Comecei a abrir caixas, jogando roupas, papéis e objetos no chão em uma busca frenética.
"Vamos, vamos," murmurei para mim mesma, batendo com a palma na testa, como se p
LeonardoO som das caixas sendo abertas e fechadas ecoava pelo quarto como um lembrete constante da busca incessante. Quando Magnus finalmente encontrou o fundo falso no guarda-roupa, todos os meus sentidos se aguçaram. Lá estava ele, o pequeno pen drive que parecia carregar mais peso do que seu tamanho sugeria."Vamos para a empresa," sugeri, já formulando um plano em minha cabeça. "Podemos analisar isso com segurança lá.""Não," Amber respondeu imediatamente, pegando o pen drive da mão de Magnus. "Vou ver isso aqui mesmo."Olhei para ela, meus olhos estreitando. "Você lembrou a senha do seu computador?""Não," admitiu, já ligando o computador. Seus dedos tamborilavam na mesa enquanto esperava o sistema inicializar, a impaciência transbordando dela.Suspirei, sabendo que argumentar seria inútil. Ela estava determinada, como sempre. Me p
AmberEntrar na empresa era como mergulhar em um oceano desconhecido, mas com ecos familiares ao fundo. Assim que atravessamos a porta de entrada, senti a necessidade de soltar a mão de Leonardo, um gesto inevitável para manter as aparências, mas que deixou um vazio instantâneo. Meu olhar capturava os rostos que viravam em nossa direção, as sobrancelhas erguidas, os sussurros que não faziam esforço para serem discretos."É ela?""Eu ouvi dizer que...""Voltou mesmo... quem diria.""Bem-vinda de volta, senhorita Bayer." uma recepcionista me falou, e agradeci, ainda tensa com a situação.O elevador, por mais breve que fosse, me deu um momento para respirar. Leonardo aproveitou para pegar minha mão novamente, seus dedos se entrelaçando nos meus com a segurança que só ele conseguia
Leonardo"Agradeço a presença de todos," disse, encerrando a reunião com um tom firme. Observei os diretores levantarem-se, cumprimentando-nos rapidamente antes de saírem um a um. Quando finalmente a sala ficou vazia, voltei-me para Amber com um sorriso provocador. "Viu? Não foi tão difícil assim."Ela soltou uma risada curta e descrente, encostando-se na cadeira. "Fale por você," retrucou, sacudindo a cabeça. "Minhas pernas ainda estão bambas."Me sentei na borda da mesa, de frente para ela, e peguei sua mão entre as minhas. Seus dedos ainda tremiam levemente, e isso me fez querer acalmá-la de todas as formas possíveis. "Estamos no caminho certo," murmurei, acariciando sua palma com o polegar. "Logo tudo vai voltar a ser como antes."Amber inclinou a cabeça, seus olhos cravando-se nos meus. "E o antes era melhor que agora?" perguntou, sua voz
AmberLeonardo estava deitado no tapete da sala, segurando uma mamadeira de brinquedo e emitindo sons exagerados de choro. A cena era tão absurda que eu precisei apertar os lábios para não gargalhar alto. Ele, o poderoso e sempre sério Leonardo Martinucci, estava ali, interpretando o "bebê" de Bella com uma dedicação digna de um Oscar."Papai, bebês não cholam assim!" Bella reclamou, inclinando a cabeça com a seriedade de uma mãe de brincadeira. "Você tem que chorar mais baixinho!" Ela tentou empurrar a mamadeira para a boca dele novamente."Buáááá!" Leonardo respondeu, chorando ainda mais alto, balançando os braços de forma dramática. A sala explodiu em gargalhadas, até mesmo Nonna Rosa, que estava sentada no sofá, segurava o lenço no rosto para esconder as lágrimas de tanto rir.Lo
LeonardoColocar as crianças na cama era um dos momentos que mais apreciava no dia, um ritual que, de alguma forma, parecia selar nossa unidade como família. Bella estava enroscada em sua coberta cor-de-rosa com estampa de unicórnios, enquanto Louis já lutava contra o sono, piscando lentamente, embora ainda insistisse que não estava cansado.“Qual vai ser a história de hoje?” perguntei, ajustando o travesseiro de Louis enquanto Amber se sentava ao lado de Bella.“Uma de dagões!” Louis anunciou, seu entusiasmo ofuscado pelo bocejo que escapou logo em seguida.“E pincesas,” Bella acrescentou, lançando um olhar significativo para mim. “Mas o dagão é bonzinho.”Amber riu suavemente, a melodia de sua risada preenchendo o quarto. “Um dragão bonzinho que ajuda a princesa a encontrar o castelo encantado?”
AmberDepois da intensidade inicial, nossos corpos se encontraram novamente na cama, mas dessa vez com um ritmo diferente. Era um movimento lento, quase ritualístico, onde cada toque, cada suspiro, parecia carregar todo o amor e carinho que sentíamos um pelo outro. A sensação era de devoção mútua, de reverenciar não apenas o corpo, mas também o coração do outro. Era como se estivéssemos tentando gravar na pele o que as palavras muitas vezes não conseguiam transmitir. Quando finalmente nos entregamos ao cansaço, fui levada por um sono tranquilo, meu corpo envolvido no calor seguro de Leonardo.O barulho suave, mas insistente, de teclas sendo pressionadas me despertou. Pisquei algumas vezes, tentando me acostumar com a luz baixa do abajur que ele havia acendido. Me virei na cama, vendo Leonardo sentado à mesa, de costas para mim, sua atenção completamente focada no computador.Levantei-me, a suavidade do carpete contra meus pés nus, trazendo um pe
LeonardoApertei o nó da gravata em frente ao espelho, ajustando o último detalhe do terno enquanto Amber ainda estava no banheiro. O som da água correndo misturava-se ao eco dos meus próprios pensamentos. Caminhei até a mesa onde o laptop estava fechado, pegando o pen drive que agora parecia pesar mais do que deveria.Coloquei-o no bolso interno do paletó, sentindo o contorno do pequeno objeto pressionando contra minha camisa. Minha mente não conseguia parar de girar em torno do que havia dentro dele. As informações, as anotações... por que Amber tinha aquilo? E mais importante, como tudo foi parar no apartamento dela antes da briga? Ela não voltou lá, foi atropelada logo depois da nossa discussão.Essas perguntas me deixaram acordado a noite toda, mas as respostas pareciam cada vez mais distantes. As circunstâncias haviam mudado drasticamente. Amber n&
LeonardoMeus olhos corriam por cada linha do documento que Magnus havia trazido, até que uma frase específica fez o sangue gelar em minhas veias. Li em voz alta, sem conseguir evitar:"Walter Bayer está preso na Penitenciária Estadual de Millstone pela morte de Guinevere Hans, sua namorada. Ele pegou prisão perpétua pelos requintes de crueldade. O crime ocorreu há 15 anos e o preso é considerado de perigoso."Minhas costas cederam contra o encosto da cadeira, o peso daquelas palavras me atingindo como um golpe direto no peito. Passei a mão pelo rosto, tentando processar o que acabara de ler, e depois olhei para Magnus, que me observava com atenção."Quando você vai me trazer boas notícias, Magnus?" perguntei com um suspiro, tentando aliviar o peso da tensão com um comentário irônico.Ele riu baixo, puxando uma cadeira para