Leonardo
Colocar as crianças na cama era um dos momentos que mais apreciava no dia, um ritual que, de alguma forma, parecia selar nossa unidade como família. Bella estava enroscada em sua coberta cor-de-rosa com estampa de unicórnios, enquanto Louis já lutava contra o sono, piscando lentamente, embora ainda insistisse que não estava cansado.
“Qual vai ser a história de hoje?” perguntei, ajustando o travesseiro de Louis enquanto Amber se sentava ao lado de Bella.
“Uma de dagões!” Louis anunciou, seu entusiasmo ofuscado pelo bocejo que escapou logo em seguida.
“E pincesas,” Bella acrescentou, lançando um olhar significativo para mim. “Mas o dagão é bonzinho.”
Amber riu suavemente, a melodia de sua risada preenchendo o quarto. “Um dragão bonzinho que ajuda a princesa a encontrar o castelo encantado?”
AmberDepois da intensidade inicial, nossos corpos se encontraram novamente na cama, mas dessa vez com um ritmo diferente. Era um movimento lento, quase ritualístico, onde cada toque, cada suspiro, parecia carregar todo o amor e carinho que sentíamos um pelo outro. A sensação era de devoção mútua, de reverenciar não apenas o corpo, mas também o coração do outro. Era como se estivéssemos tentando gravar na pele o que as palavras muitas vezes não conseguiam transmitir. Quando finalmente nos entregamos ao cansaço, fui levada por um sono tranquilo, meu corpo envolvido no calor seguro de Leonardo.O barulho suave, mas insistente, de teclas sendo pressionadas me despertou. Pisquei algumas vezes, tentando me acostumar com a luz baixa do abajur que ele havia acendido. Me virei na cama, vendo Leonardo sentado à mesa, de costas para mim, sua atenção completamente focada no computador.Levantei-me, a suavidade do carpete contra meus pés nus, trazendo um pe
LeonardoApertei o nó da gravata em frente ao espelho, ajustando o último detalhe do terno enquanto Amber ainda estava no banheiro. O som da água correndo misturava-se ao eco dos meus próprios pensamentos. Caminhei até a mesa onde o laptop estava fechado, pegando o pen drive que agora parecia pesar mais do que deveria.Coloquei-o no bolso interno do paletó, sentindo o contorno do pequeno objeto pressionando contra minha camisa. Minha mente não conseguia parar de girar em torno do que havia dentro dele. As informações, as anotações... por que Amber tinha aquilo? E mais importante, como tudo foi parar no apartamento dela antes da briga? Ela não voltou lá, foi atropelada logo depois da nossa discussão.Essas perguntas me deixaram acordado a noite toda, mas as respostas pareciam cada vez mais distantes. As circunstâncias haviam mudado drasticamente. Amber n&
LeonardoMeus olhos corriam por cada linha do documento que Magnus havia trazido, até que uma frase específica fez o sangue gelar em minhas veias. Li em voz alta, sem conseguir evitar:"Walter Bayer está preso na Penitenciária Estadual de Millstone pela morte de Guinevere Hans, sua namorada. Ele pegou prisão perpétua pelos requintes de crueldade. O crime ocorreu há 15 anos e o preso é considerado de perigoso."Minhas costas cederam contra o encosto da cadeira, o peso daquelas palavras me atingindo como um golpe direto no peito. Passei a mão pelo rosto, tentando processar o que acabara de ler, e depois olhei para Magnus, que me observava com atenção."Quando você vai me trazer boas notícias, Magnus?" perguntei com um suspiro, tentando aliviar o peso da tensão com um comentário irônico.Ele riu baixo, puxando uma cadeira para
AmberAndar pela empresa era uma experiência surreal. Cada corredor, cada sala, parecia carregar um fragmento de memória que minha mente ainda relutava em acessar. Era estranho e familiar ao mesmo tempo, como caminhar por uma casa da infância depois de muitos anos longe. Algumas pessoas me cumprimentavam com sorrisos educados, outras com um calor que sugeria que nos conhecíamos bem. Eu retribuía todos os acenos, tentando esconder o desconforto crescente.Passei por uma sala quando a porta se abriu de repente, e Nadia saiu. Seu rosto se iluminou com uma surpresa que parecia quase teatral."Amber! Não sabia que você estava por aqui." Ela se aproximou com um sorriso que não chegava aos olhos. "Bom dia. Precisa de alguma coisa?"Eu hesitei por um momento, mas forcei um sorriso educado. "Não, só estou me ambientando novamente ao lugar.""Ah, claro," ela respondeu, inclinando a cabe&ccedi
LeonardoAinda estávamos tentando entender por que Nadia estava agindo daquele jeito. Eu olhei para Amber, que ainda parecia imersa nos pensamentos sobre o que tinha acabado de ouvir, e estendi minha mão para ela."Vem cá," murmurei, puxando-a suavemente para os meus braços.Ela veio sem hesitar, e quando estava ali, tão perto de mim, não consegui evitar um sorriso. "Sabe, eu gostei de ver você com ciúmes," confessei, rindo baixinho. "Minha ruiva explosiva está voltando aos poucos."Ela riu contra meu peito, o som leve e natural, algo que eu sempre ansiava ouvir. "Eu nunca pensei que me sentiria assim. Achei que tinha passado dessa fase," disse, mas havia um brilho divertido em seus olhos."Não acho que seja assim que funciona," o cheiro dela me inebriava. "Eu não consigo nem pensar em alguém se aproximando de você.""Vamos fazer uma pro
AmberAinda estava mexida com o que Leonardo havia acabado de me contar. Por mais que quisesse fingir que aquilo não me atingia, algo dentro de mim parecia se contorcer. Minha mente estava confusa, tentando processar a ideia de que minha vida poderia ter sido muito pior do que eu imaginava. Meu pai seria mesmo capaz de matar minha mãe e inventar aquela história? Não queria pensar muito sobre isso. Era demais para digerir.Com um suspiro pesado, saí das garras de Leonardo, sentindo o calor de suas mãos relutantes em me soltar. Caminhei até a mesa e peguei as pastas que Layla havia deixado. Olhei o conteúdo: eram os documentos para a reunião que aconteceria dentro de uma hora.Leonardo se levantou, ajeitando a gravata e observando-me com um sorriso leve. "Está animada para a reunião?" perguntou, mas o tom era de brincadeira."Apavorada," respondi sinceramente, bala
LeonardoO caminho até a sala de reuniões era tranquilo, mas eu podia sentir a tensão que Amber carregava. Cada passo parecia mais pesado para ela, e mesmo sem dizer nada, estava claro que sua mente estava cheia de preocupações. Assim que entramos na sala, percebi o motivo de sua rigidez imediata: Nadia já estava lá, mexendo em papéis sobre a mesa como se tivesse todo o direito de estar presente.Amber hesitou ao vê-la, seus olhos rapidamente buscando os meus. Era um pedido silencioso, mas claro: eu tinha que lidar com isso.Coloquei minha mão em suas costas, um gesto que dizia que estava ao lado dela. "Nadia," chamei, minha voz firme o suficiente para cortar qualquer conversa que pudesse começar. Ela olhou para mim, surpresa."Senhor Martinucci?" respondeu, com um tom que oscilava entre a surpresa e a defensiva."Você não irá participar
"Positivo."Meus joelhos quase cederam quando vi as duas linhas rosas. Eu estava grávida. Leonardo e eu íamos ter um bebê. Por um momento, a felicidade tomou conta de mim. Imaginei o sorriso dele ao ouvir a notícia, o abraço quente que ele me daria, e como tudo finalmente faria sentido. Nós não precisaríamos mais esconder nosso relacionamento. Estávamos construindo uma família.Respirei fundo e voltei à minha mesa, tentando disfarçar o turbilhão de emoções. Ninguém na MGroup sabia do nosso romance, e era melhor assim. Se alguém descobrisse, com certeza pensariam que o meu cargo de Diretora de Segurança Cibernética era por causa dele, e não por minhas habilidades.Sentei-me e liguei o computador. Precisava pensar em uma maneira especial de contar a notícia. Algo que fosse a nossa cara. Leonardo e eu sempre adoramos jogos e enigmas tecnológicos, então imaginei esconder a mensagem em um código, algo que ele teria que desvendar."Você vai adorar essa surpresa, Léo", murmurei com um sorris