LeonardoContinuei encarando as duas mulheres, esperando qualquer reação. "Dois minutos, Nadia? Está com problemas de audição também?" minha voz era cortante.Nadia engoliu em seco, o nervosismo evidente enquanto suas mãos entrelaçavam-se em seu colo. "Eu... eu só falei sobre a festa de confraternização da empresa," começou, a voz hesitante. "Nós conversamos bastante naquela noite, e a senhorita Bayer deve ter entendido errado."Uma risada seca escapou de mim antes que eu pudesse me conter. "Entendido errado?" repeti, arqueando uma sobrancelha. "Interessante. Então talvez seja melhor pedir as gravações da câmera da copa onde vocês conversaram sobre isso. Assim, podemos ver quem está dizendo a verdade." Inclinei-me levemente sobre a mesa, meu olhar fixo nela.O impacto foi imediato. Nadia empalideceu ainda mais, seus olhos arregalando-se brevemente antes de se recuperar e balançar a cabeça rapidamente. "Não, senhor Martinucci, não é necessário," disse ela, a voz ganhando um tom mais a
AmberMesmo com Leonardo garantindo que tudo estava sob controle, algo dentro de mim não acreditava. Uma sensação incômoda apertava meu peito, um pressentimento que eu não conseguia ignorar. Não era o momento para questioná-lo, não até que eu tivesse algo concreto, algo que pudesse nomear e enfrentar.Ele se sentou na poltrona ao meu lado, o contrato ainda em minhas mãos. Olhou para mim com um meio sorriso, aquele que fazia meu coração vacilar. "Então, o que achou?" perguntou, sua voz cheia de curiosidade e algo mais. Confiança, talvez?Desviei o olhar, nervosa. "Bem... eu não tenho certeza," comecei, ajustando a postura. Pousei o contrato sobre a mesa, passando os dedos pelas páginas. "Mas acredito que tem alguns erros aqui," apontei uma seção específica, "e aqui também. Além disso, temos que incluir as observações que fiz na reunião sobre segurança de dados."Ele inclinou-se ligeiramente, estudando o contrato onde eu apontava. "Você está certa," concordou, sua voz suave, mas com um
"Positivo."Meus joelhos quase cederam quando vi as duas linhas rosas. Eu estava grávida. Leonardo e eu íamos ter um bebê. Por um momento, a felicidade tomou conta de mim. Imaginei o sorriso dele ao ouvir a notícia, o abraço quente que ele me daria, e como tudo finalmente faria sentido. Nós não precisaríamos mais esconder nosso relacionamento. Estávamos construindo uma família.Respirei fundo e voltei à minha mesa, tentando disfarçar o turbilhão de emoções. Ninguém na MGroup sabia do nosso romance, e era melhor assim. Se alguém descobrisse, com certeza pensariam que o meu cargo de Diretora de Segurança Cibernética era por causa dele, e não por minhas habilidades.Sentei-me e liguei o computador. Precisava pensar em uma maneira especial de contar a notícia. Algo que fosse a nossa cara. Leonardo e eu sempre adoramos jogos e enigmas tecnológicos, então imaginei esconder a mensagem em um código, algo que ele teria que desvendar."Você vai adorar essa surpresa, Léo", murmurei com um sorris
LeonardoAs mensagens recusadas e as insistentes tentativas de Amber, estavam me fazendo falhar e aquilo era intolerável para mim. "Se precisar de um minuto, senhor Martinucci." o Ceo do Grupo Taurus falou."Não, estou apenas com um problema..." não tive tempo de terminar.A porta da minha sala se abriu com violência, interrompendo minha videochamada com os diretores do Grupo Taurus. Por um momento, pensei que tivesse enlouquecido, aquela não podia ser a Amber, minha sempre controlada e profissional diretora. Mas era ela, seus cabelos ruivos emoldurando um rosto que eu nunca tinha visto tão transtornado."Que merda você está fazendo? Saia já daqui. Eu disse que falaria com você depois." Pausei a chamada e me ergui. As palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas estava no meio de uma negociação crucial."Eu preciso falar com você, senhor!" Sua voz tremeu ligeiramente, e aquilo me desarmou por um segundo. Em doze meses de relacionamento, eu nunca a tinha visto vacilar."Seguran
LeonardoNaquela manhã chuvosa, eu tinha certeza de que algo estava prestes a mudar. Meu instinto para problemas era muito aguçado, e desde o momento que Amber saiu do meu hotel, eu pude sentir que tinha acabado de tomar uma péssima decisão."Quando eles irão chegar?" Olhei para minha secretária que continuava a trocar mensagens com alguém do grupo Delux. "Eles já me fizeram aguardar mais do que o necessário, Sra. Torres. Se não houver resposta em 2 minutos, estamos indo embora.""Claro, senhor."Me afastei, deixando que ela tentasse resolver aquele problema. Puxei novamente meu celular do bolso e entrei nas mensagens trocadas com Amber. Não havia nenhuma nova visualização desde ontem, quando saiu do meu hotel."Senhor, eles chegaram."O salão estava impecável para aquela reunião. A mesa de guloseimas já disposta, o ar na temperatura que eu gostava, e os locais com todos os papéis necessários para a apresentação. Se tudo desse certo, eu fecharia um dos maiores contratos de entretenime
AmberA primeira coisa que senti foi dor. Uma dor lancinante que parecia partir minha cabeça ao meio. Tentei abrir os olhos, mas as pálpebras pesavam como chumbo. Um bipe constante ecoava ao meu lado, ritmado com as batidas do meu coração."Ela está acordando," uma voz feminina soou distante. "Chame o doutor Hans."Forcei novamente meus olhos, conseguindo abri-los dessa vez. A luz branca e forte me fez fechá-los imediatamente. Tentei erguer a mão para proteger meu rosto, mas algo me impedia. Senti o puxão de agulhas e tubos em meu braço."Calma, querida. Não se mexa muito," a mesma voz, agora mais próxima. "Você está no hospital."Hospital? Por quê? Tentei falar, mas minha garganta estava seca demais. Um gemido rouco foi tudo que consegui emitir."Aqui, tome um pouco de água." Um canudo tocou meus lábios e bebi devagar, sentindo o líquido gelado aliviar o desconforto. Abri os olhos novamente, dessa vez mais preparada para a claridade.Uma enfermeira de meia idade sorria gentilmente pa
Peter"Ela acordou, senhor Calton." A voz no telefone era baixa, discreta. "Ainda está confusa, como previsto."Desliguei o celular e olhei para os documentos espalhados em minha mesa. Três dias. Foram necessários apenas três dias para criar uma vida inteira para Amber Kane - certidão de nascimento, histórico escolar, fotos de família cuidadosamente manipuladas.A tecnologia pode fazer milagres nas mãos certas."Tudo pronto?" perguntei ao homem sentado à minha frente."Sim, Calton. Os registros médicos foram alterados. Segundo o sistema, ela deu entrada sem documentos. Todo o incidente foi apagado.""E quanto à investigação do acidente?""Sob controle. A placa era falsa, como ordenado. Sem câmeras funcionando no local. Sem testemunhas dispostas a falar." Ele hesitou. "Mas...""Mas?""Não conseguimos apagar as câmeras do hotel. Por mais que tentássemos, a segurança continua inviolável. E Martinucci viu a ambulância partir."Meus dedos tamborilaram na mesa. Leonardo. Claro que ele estar
Amber"Não, não e não! Esse vestido está horrível," Peter arrancou o vestido verde de minhas mãos. "É o evento mais importante do ano, não pode usar qualquer coisa."Observei através do espelho enquanto ele revirava meu guarda-roupa, jogando peças no chão com desdém. Em três anos, era a primeira vez que me levaria a um evento social."Aqui," ele jogou um vestido dourado na cama. "Use este. E pelo amor de Deus, faça algo com esse cabelo." Olhei para meu cabelo preto na altura dos ombros, que pareciam rebeldes demais."Peter, as crianças...""Já falei com a babá. Ela ficará a noite toda," ele checou o relógio pela terceira vez em cinco minutos. "Não me faça me arrepender de te levar, Amber. É o Baile Anual de Caridade do Setor Hoteleiro, todos os grandes nomes estarão lá. Ou quase..." eu não entendi o que ele quis dizer com isso, mas não iria perguntar. Sabia que ele não responderia.Mordi o lábio, pegando o vestido. Era lindo, tinha que admitir. O tecido cintilante parecia líquido entr