Amber
Entrar na empresa era como mergulhar em um oceano desconhecido, mas com ecos familiares ao fundo. Assim que atravessamos a porta de entrada, senti a necessidade de soltar a mão de Leonardo, um gesto inevitável para manter as aparências, mas que deixou um vazio instantâneo. Meu olhar capturava os rostos que viravam em nossa direção, as sobrancelhas erguidas, os sussurros que não faziam esforço para serem discretos.
"É ela?"
"Eu ouvi dizer que...""Voltou mesmo... quem diria.""Bem-vinda de volta, senhorita Bayer." uma recepcionista me falou, e agradeci, ainda tensa com a situação.
O elevador, por mais breve que fosse, me deu um momento para respirar. Leonardo aproveitou para pegar minha mão novamente, seus dedos se entrelaçando nos meus com a segurança que só ele conseguia
Leonardo"Agradeço a presença de todos," disse, encerrando a reunião com um tom firme. Observei os diretores levantarem-se, cumprimentando-nos rapidamente antes de saírem um a um. Quando finalmente a sala ficou vazia, voltei-me para Amber com um sorriso provocador. "Viu? Não foi tão difícil assim."Ela soltou uma risada curta e descrente, encostando-se na cadeira. "Fale por você," retrucou, sacudindo a cabeça. "Minhas pernas ainda estão bambas."Me sentei na borda da mesa, de frente para ela, e peguei sua mão entre as minhas. Seus dedos ainda tremiam levemente, e isso me fez querer acalmá-la de todas as formas possíveis. "Estamos no caminho certo," murmurei, acariciando sua palma com o polegar. "Logo tudo vai voltar a ser como antes."Amber inclinou a cabeça, seus olhos cravando-se nos meus. "E o antes era melhor que agora?" perguntou, sua voz
AmberLeonardo estava deitado no tapete da sala, segurando uma mamadeira de brinquedo e emitindo sons exagerados de choro. A cena era tão absurda que eu precisei apertar os lábios para não gargalhar alto. Ele, o poderoso e sempre sério Leonardo Martinucci, estava ali, interpretando o "bebê" de Bella com uma dedicação digna de um Oscar."Papai, bebês não cholam assim!" Bella reclamou, inclinando a cabeça com a seriedade de uma mãe de brincadeira. "Você tem que chorar mais baixinho!" Ela tentou empurrar a mamadeira para a boca dele novamente."Buáááá!" Leonardo respondeu, chorando ainda mais alto, balançando os braços de forma dramática. A sala explodiu em gargalhadas, até mesmo Nonna Rosa, que estava sentada no sofá, segurava o lenço no rosto para esconder as lágrimas de tanto rir.Lo
LeonardoColocar as crianças na cama era um dos momentos que mais apreciava no dia, um ritual que, de alguma forma, parecia selar nossa unidade como família. Bella estava enroscada em sua coberta cor-de-rosa com estampa de unicórnios, enquanto Louis já lutava contra o sono, piscando lentamente, embora ainda insistisse que não estava cansado.“Qual vai ser a história de hoje?” perguntei, ajustando o travesseiro de Louis enquanto Amber se sentava ao lado de Bella.“Uma de dagões!” Louis anunciou, seu entusiasmo ofuscado pelo bocejo que escapou logo em seguida.“E pincesas,” Bella acrescentou, lançando um olhar significativo para mim. “Mas o dagão é bonzinho.”Amber riu suavemente, a melodia de sua risada preenchendo o quarto. “Um dragão bonzinho que ajuda a princesa a encontrar o castelo encantado?”
AmberDepois da intensidade inicial, nossos corpos se encontraram novamente na cama, mas dessa vez com um ritmo diferente. Era um movimento lento, quase ritualístico, onde cada toque, cada suspiro, parecia carregar todo o amor e carinho que sentíamos um pelo outro. A sensação era de devoção mútua, de reverenciar não apenas o corpo, mas também o coração do outro. Era como se estivéssemos tentando gravar na pele o que as palavras muitas vezes não conseguiam transmitir. Quando finalmente nos entregamos ao cansaço, fui levada por um sono tranquilo, meu corpo envolvido no calor seguro de Leonardo.O barulho suave, mas insistente, de teclas sendo pressionadas me despertou. Pisquei algumas vezes, tentando me acostumar com a luz baixa do abajur que ele havia acendido. Me virei na cama, vendo Leonardo sentado à mesa, de costas para mim, sua atenção completamente focada no computador.Levantei-me, a suavidade do carpete contra meus pés nus, trazendo um pe
LeonardoApertei o nó da gravata em frente ao espelho, ajustando o último detalhe do terno enquanto Amber ainda estava no banheiro. O som da água correndo misturava-se ao eco dos meus próprios pensamentos. Caminhei até a mesa onde o laptop estava fechado, pegando o pen drive que agora parecia pesar mais do que deveria.Coloquei-o no bolso interno do paletó, sentindo o contorno do pequeno objeto pressionando contra minha camisa. Minha mente não conseguia parar de girar em torno do que havia dentro dele. As informações, as anotações... por que Amber tinha aquilo? E mais importante, como tudo foi parar no apartamento dela antes da briga? Ela não voltou lá, foi atropelada logo depois da nossa discussão.Essas perguntas me deixaram acordado a noite toda, mas as respostas pareciam cada vez mais distantes. As circunstâncias haviam mudado drasticamente. Amber n&
LeonardoMeus olhos corriam por cada linha do documento que Magnus havia trazido, até que uma frase específica fez o sangue gelar em minhas veias. Li em voz alta, sem conseguir evitar:"Walter Bayer está preso na Penitenciária Estadual de Millstone pela morte de Guinevere Hans, sua namorada. Ele pegou prisão perpétua pelos requintes de crueldade. O crime ocorreu há 15 anos e o preso é considerado de perigoso."Minhas costas cederam contra o encosto da cadeira, o peso daquelas palavras me atingindo como um golpe direto no peito. Passei a mão pelo rosto, tentando processar o que acabara de ler, e depois olhei para Magnus, que me observava com atenção."Quando você vai me trazer boas notícias, Magnus?" perguntei com um suspiro, tentando aliviar o peso da tensão com um comentário irônico.Ele riu baixo, puxando uma cadeira para
AmberAndar pela empresa era uma experiência surreal. Cada corredor, cada sala, parecia carregar um fragmento de memória que minha mente ainda relutava em acessar. Era estranho e familiar ao mesmo tempo, como caminhar por uma casa da infância depois de muitos anos longe. Algumas pessoas me cumprimentavam com sorrisos educados, outras com um calor que sugeria que nos conhecíamos bem. Eu retribuía todos os acenos, tentando esconder o desconforto crescente.Passei por uma sala quando a porta se abriu de repente, e Nadia saiu. Seu rosto se iluminou com uma surpresa que parecia quase teatral."Amber! Não sabia que você estava por aqui." Ela se aproximou com um sorriso que não chegava aos olhos. "Bom dia. Precisa de alguma coisa?"Eu hesitei por um momento, mas forcei um sorriso educado. "Não, só estou me ambientando novamente ao lugar.""Ah, claro," ela respondeu, inclinando a cabe&ccedi
LeonardoAinda estávamos tentando entender por que Nadia estava agindo daquele jeito. Eu olhei para Amber, que ainda parecia imersa nos pensamentos sobre o que tinha acabado de ouvir, e estendi minha mão para ela."Vem cá," murmurei, puxando-a suavemente para os meus braços.Ela veio sem hesitar, e quando estava ali, tão perto de mim, não consegui evitar um sorriso. "Sabe, eu gostei de ver você com ciúmes," confessei, rindo baixinho. "Minha ruiva explosiva está voltando aos poucos."Ela riu contra meu peito, o som leve e natural, algo que eu sempre ansiava ouvir. "Eu nunca pensei que me sentiria assim. Achei que tinha passado dessa fase," disse, mas havia um brilho divertido em seus olhos."Não acho que seja assim que funciona," o cheiro dela me inebriava. "Eu não consigo nem pensar em alguém se aproximando de você.""Vamos fazer uma pro