Leonardo
Desligo o celular tremendo de raiva. Nem mesmo no dia mais importante da nossa vida tínhamos um pouco de paz.
"Cadê a mamãe?" A vozinha de Louis corta o ar como uma faca, carregada de preocupação infantil que só faz meu coração apertar ainda mais.
"Ela não estava se sentindo bem, piccolo," respondo com uma calma que não sinto, enquanto forço um sorriso para tranquilizá-lo. "Magnus a levou para casa para descansar."
Bella puxa minha camisa, seus olhos grandes e brilhantes fixos em mim. "A mamãe tá doente, papai?"
"Não é nada sério, principessa," murmuro, passando a mão em seu cabelo. "Ela só precisa descansar um pouco, está bem?"
Meus pais, sentados à mesa com os gêmeos, trocam olhares carregados de preocupação. Mamma tenta disfarçar, mas seus olhos revelam tudo.
LeonardoAndava de um lado para o outro no escritório, a raiva fervendo em meu sangue. O rosto machucado de Amber assombrava minha mente, como um lembrete cruel de minha falha em protegê-la."Como isso aconteceu, Magnus?" parei abruptamente, encarando-o. "Onde você estava que não percebeu o perigo?"Magnus manteve a postura rígida, mas a tensão era visível em cada linha de seu rosto. "Estava do lado de fora do banheiro, chefe. Não imaginei que ela pudesse ser atacada lá dentro. Não foi uma falha de protocolo, mas eu... eu sinto muito.""Sentir muito?" Minha voz explodiu, ecoando pelo escritório, enquanto eu batia a palma da mão na mesa. "Sentir muito não vai apagar os hematomas dela! Sentir muito não vai livrá-la do trauma! Precisamos ser melhores, Magnus. Mais rápidos. Não admito que isso aconteça de novo!"Respirei fundo, te
AmberA voz da Dra. Gabriela flutuava em algum lugar distante, abafada pelo peso do meu próprio medo. Apesar disso, os espasmos começaram a diminuir, deixando apenas um tremor fraco em minhas mãos e o eco das ameaças ainda martelando em minha mente."Amber," ela chamou suavemente, puxando minha atenção. "Você consegue me ouvir?" LeonardoO quarto estava silencioso, exceto pelo som suave da respiração de Amber enquanto ela despertava. Seus olhos se abriram lentamente, encontrando os meus. Havia surpresa neles, misturada com algo mais – algo quente e familiar que despertou um aperto doce no meu peito."Como se sente?" perguntei, mantendo a voz baixa, tentando não a sobrecarregar. Resisti ao impulso de me aproximar imediatamente, deixando que ela tivesse seu espaço."Melhor, acho," respondeu, sentando-se na cama e passando as mãos pelo cabelo de maneira nervosa. "Só... um pouco confusa."Me levantei da poltrona e caminhei até a beirada da cama. Sentei-me ao seu lado, observando-a cuidadosamente. O rubor que subiu em suas bochechas me deixou intrigado, algo a mais estava acontecendo, mas não queria pressioná-la."A Dra. Gabriela me contou sobre a sessão," comecei, observando-a com atenção127. Despertar
AmberO reflexo no espelho era implacável. Meu rosto estava uma aquarela de roxos e vermelhos, o lábio cortado e inchado como um lembrete cruel do ataque. Ergui a blusa devagar, hesitando antes de encarar minha barriga. As manchas se espalhavam em tons sombrios, como se minha pele fosse um campo de batalha. Respirei fundo, engolindo o nó que subia pela garganta.Eu não podia deixar os gêmeos me verem assim. Não de novo. Já tinham me visto machucada tantas vezes por causa de Peter, e não queria que tivessem mais essas lembranças. Eles finalmente estavam em um lugar seguro; eu tinha que protegê-los disso também.A porta do banheiro se abriu devagar, e o reflexo de Leonardo apareceu no espelho. Ele entrou silenciosamente, seus olhos fixando-se em mim antes de parar atrás de mim. Sua mão pousou no meu quadril com gentileza, a presença sólida e calo
MagnusEstava finalizando a conversa com a equipe de segurança, repassando os novos protocolos que Leonardo exigira, quando meu celular vibrou no bolso. O nome da Dra. Gabriela surgiu na tela. Pensei que fosse sobre Amber, mas o som de choro do outro lado da linha me alertou imediatamente."Dra. Gabriela?" minha voz saiu firme, mas a preocupação cresceu."Magnus..." ela conseguiu murmurar entre soluços. "Eu... não sei o que fazer...""Fazer? O que aconteceu?" mas seu choro se intensificou, tão doloroso e sofrido, que achei que ela tinha sofrido um acidente."Onde você está?" perguntei, já me movendo em direção ao carro. A adrenalina correu por minhas veias, o tom desesperado dela indicando que algo estava muito errado."No consultório," ela respondeu, o tom quebrado."Não saia daí. Estou a caminho."Acelerei pelas ruas escuras, minha mente processando as possibilidades. Peter? Martina? Ou algo pior? Quando cheguei ao prédio, as luzes estavam apagadas, e tudo parecia deserto. Toquei o i
LeonardoFechei a porta do escritório com mais força do que pretendia e disquei imediatamente para Magnus. Meu corpo estava tenso, um misto de frustração e preocupação me consumindo."O que exatamente aconteceu?" perguntei assim que ele atendeu, direto ao ponto."Peter mandou dois homens até o consultório da Dra. Gabriela," Magnus respondeu, sua voz carregada de raiva contida. "Eles ameaçaram ela, exigindo que parasse o tratamento da senhorita Bayer. Quando se recusou, destruíram o consultório inteiro. Disseram que era só um aviso."Passei a mão pelo rosto, sentindo o peso da situação aumentar. "Onde você está agora?""Na casa dela. Decidi ficar até termos certeza de que o local está seguro," ele disse, com uma firmeza que eu esperava dele."Ela está bem?" perguntei, mas já sabia a
Amber"Você não tem o direito de fazer isso!" Minha voz cortou o ar do escritório, mais alta e firme do que eu esperava. Encarei Leonardo, minha raiva queimando sob a pele. Ele estava atrás de sua mesa, os olhos faiscando, tão intensos que poderiam perfurar o mais duro aço."Tenho todo o direito de questionar seus métodos, Amber!" ele retrucou, sua voz carregada de autoridade. "Você está se expondo demais, indo longe demais com essas investigações.""Longe demais?" As palavras saíram como um desafio. "Estou fazendo meu trabalho. Alguém está tentando invadir o sistema, e você quer que eu finja que nada está acontecendo?""Quero que você siga os malditos protocolos!" Ele bateu na mesa com a palma aberta, o som reverberando pelas paredes. Mas eu não me movi. Não iria ceder."Os protocolos não sã
AmberO espelho do banheiro refletia uma versão minha que eu mal reconhecia. Meu rosto ainda exibia os hematomas do ataque, os tons arroxeados se misturando com a vermelhidão do corte no lábio. Suspirei, abrindo a pequena necessaire na esperança de encontrar algo que pudesse mascarar as marcas. Usei a pouca maquiagem que tinha, espalhando base com os dedos, mas cada camada parecia apenas destacar o que eu tentava esconder.O sonho ainda ecoava em minha mente. A voz de Peter, o pen drive, o peso de algo que eu não conseguia lembrar completamente. Cada detalhe parecia se sobrepor, formando um enigma que me deixava ansiosa e inquieta.Troquei de roupa rapidamente, vestindo algo simples, mas confortável. Quando saí do quarto, meu coração já estava acelerado. Precisava encontrar Leonardo, precisava contar o que estava me corroendo.Segui o som das vozes para a sala de caf&ea