Ela sacou a espada, o coração batia irregularmente no peito. Ela estava morrendo de medo.
" Fiquem longe." Ela mais pediu do que mandou.
Os guardas riram e se aproximaram com uma lentidão agonizante.
Ela, buscando um jeito de sair dali, atacou os dois que vinham à sua direita. Ela desferiu um golpe contra a perna de um deles e conseguiu cortá-lo um pouco antes que ele recusasse.
Ele fez uma careta de dor. " Eu vou adorar matar você. " Ele rosnou e desembainhou a espada.
Ela defendeu os dois primeiros golpes dele, mas o companheiro dele a golpeou com a parte chata da espada, fazendo-a quase cair.
Num segundo, a espada do primeiro estava sob sua garganta. Rápido o suficiente para sair do caminho, ela jogou a adaga contra ele e fez um corte fundo no braço direito dele.
Ele rosnou e ameaçou avançar novamente, mas uma voz grossa à esquerda de Tess o parou. " Tenha calma, Hernest, só queremos as jóias. Ela só está reagindo assim porque está morta de medo." Pelas medalhas que tinha no uniforme, o homem que falava era o capitão da guarda do castelo. "Olhe para ela, Hernest. Olhe."
Hernest a olhou com resignação. " É só uma garota, Matias. Uma ladra de nossa senhora."
Matias balançou a cabeça com desgosto e se virou para Tess. " Entregue as jóias e vá embora. "
Ela tirou o colar de esmeralda e jogou para o capitão. Ele ergueu uma sobrancelha e ela jogou mais algumas peças, deixando dois brincos de rubi e três broches de diamantes e safiras no bolso.
" Viu, Hernest, ela pode cooperar pacificamente. " Matias ergueu as sobrancelhas para ele.
Hernest bufou. " Vamos embora logo."
Matias e seus dois companheiros saíram em disparada para fora do beco. Mas Hernest e seu amigo permaneceram.
" Você precisa de uma lição, garota. " Hernest grunhiu e o estômago dela se contorceu.
Antes que ela pudesse evitar, Hernest deu um soco em sua bochecha, tão forte que ela foi ao chão.
Ele a chutou no estômago e nas costelas diversas vezes. Ela gritou sem parar, mas não conseguia reagir. A dor tingia sua visão de carmim.
Ela estava quase perdendo a consciência quando ouviu uma voz acima dela. "Já basta, Hernest. A garota vai morrer de frio aqui de qualquer jeito. "
Hernest gargalhou e a chutou novamente, fazendo com que ela encolhesse. Ouviu os passos se afastarem, mas eles pareciam tão longe para ela.
Tess sentia pontos gélidos caindo por seu corpo dolorido. Ela transitava entre a consciência e a inconsciência.
Poderiam ter se passado dez minutos ou uma vida quando ela achou que morreria de frio.
A dor era aguda e ela não conseguia ficar consciente. A consciência era dolorosa demais.
Dois segundos antes de voltar para a inconsciência, ela viu um vulto correndo em sua direção.
Então abraçou a escuridão mais uma vez.
Ela sentiu o calor antes mesmo de acordar. Aos poucos, foi tomando conhecimento do mundo ao seu redor. Estava deitada em algo macio e havia um cobertor por cima dela. Provavelmente havia uma lareira acesa ali perto, pois o fraco brilho avermelhado podia ser visto até de olhos fechados. E o calor. Ah, o calor era maravilhoso depois de quase ter morrido de frio num beco estúpido. Ela abriu os olhos devagar. Estava no que parecia ser uma sala. Estava deitada num sofá com um grosso cobertor de pele de alce sobre si. Era uma sala pequena, cuja maior coisa ali era a lareira de pedra. Não era muito decorada, fora cortinas verdes nas janelas. " Enfim acordou. " Uma voz veio detrás dela. Ela tentou se virar, mas gemeu de dor. A região do e
Tess acordou com um barulho de metal contra metal. Ela abriu os olhos, alerta, e se levantou. Ignorou a dor no abdômen e olhou ao redor. Atrás do sofá onde estava, ela podia ver Alek na cozinha. Como se algo o chamasse, ele olhou na direção dela. "Com fome?" Ele perguntou. Como se esperasse o momento, seu estômago roncou alto. Tão alto que o garoto ouviu da cozinha. Ele riu. " Venha comer." Ela se levantou. Por um milagre, a dor na barriga e nas costelas havia diminuído consideravelmente. " O que colocou nessas bandagens?" Ela tocou a barriga. " Uma pomada para dor. Sou apre
Antes mesmo de acordar, ela viu as imagens da cabeça dele. Ele sonhava com campos que ela sabia e não sabia que eram de Varinth, o antigo lar de Alek. Ele corria sobre um cavalo branco absolutamente lindo. Mas aquilo era errado. Tess não conhecia os campos de Varinth e jamais havia montado num corcel daqueles. Ela acordou abruptamente e se sentou no sofá duro e desconfortável. A dor no estômago e nas costelas havia diminuído consideravelmente no último dia, devido aos cuidados de Alek. Ela ouviu passos apressados vindos do corredor e Alek surgiu na sala. Ele estava sem camisa, apenas com uma calça larga de veludo barato cinza. Seus cabelos estavam espetados e desajeitados. Ela percebeu que ele saíra correndo da cama--isso explicaria os olhos estranhamente alertas.
Tess acordou com um leve balanço. Algo rígido a segurava, percebeu. Ela abriu os olhos devagar e viu que um dos ogros a carregava. Ele tinha o nariz achatado, cabelos ralos e embaraçados e cicatrizes demais no rosto e nos braços. Devia ter quase dois metros de vinte de altura e era extremamente forte, como um mercenário de guerra. O ogro percebeu que ela o examinava e bufou. Gandor, que ia na frente, se virou e sorriu para ela. " Ora, olá garota-Tess. Estamos quase chegando. Sinto muito por ter que usar a Calicia em você, mas vocês dois não estão acostumados a viajar com Narlfe, por isso achei melhor que dormisse. Mas não perderam nada, essa viagem é especialmente chata. Solte-a, Nythu." O ogro ,Nythu, obedeceu e a pousou no chão.
Tess estava na varanda, apreciando a bela vista da terra feérica, quando ouviu passos entrando no quarto. Ela se virou e viu três mulheres, paradas ali, encarando-a. A primeira era uma ninfa gorducha que parecia ter meia-idade, com grossos cachos loiros na cabeça. A segunda era uma Anjana, que se parecia muito com uma humana, mas tinha a pele branca e perfeita demais para isso. Ela usava um vestido de seda rosa fluido e belo e tinha a cabeça adornada com uma coroa de flores coloridas. Já a terceira, era uma fada do tamanho do antebraço de Tess. Tinha cabelos arroxeados e a pele branca como porcelana. Usava um vestido lindo e verde, que combinavam com suas asas. " Ora, então é esta a menina? Mas que beleza! " A ninfa gargalhou. " Olá criança, meu nome é Therae e estas são Danara e Wi
As entranhas de Tess se remoíam enquanto ela se decidia se entrava ou não no salão de treinamento dos Gêmeos. Ela encarava a porta enorme de madeira branca, cujos arabescos dourados se misturavam às estruturas da parede também, parecendo magia. Ela não duvidava que fosse. Estava ali há pelo menos cinco minutos, decidindo entre entrar ou correr para longe dali. Mas por fim, ela juntou o que restava da coragem dela e abriu a porta. O salão era enorme, um pouco menor do que um salão de baile comum. Ela viu as três partes que dividiam o salão. A primeira era algo parecido com uma área de treinamento físico. A segunda era um tatame enorme e azul. Mas foi a terceira que chamou sua atenção. Era a maior área, pegando quase metade do salão
Cinco dias haviam se passado até que um deles demonstrasse os poderes. E não foi Tess, para o descontentamento dela. Os dois estavam parados ao lado de Dannaer havia quase três horas e Tess estava sinceramente pensando em desistir, mas Alek ameaçava amarrá-la à cama se tentasse fugir. Então, enquanto fechava os olhos e se concetrava de novo, Tess ouviu arquejos e sentiu um súbito calor. Alek tinha uma bola de fogo na mão e parecia prestes a desmaiar. Apague isso!Ela gritou. Então a bola de fogo foi extinta, deixando pessoas boquiabertas encarando os dois. " Bem, parece que só falta um elemento, se é que
Reana curou os ferimentos de Alek facilmente. Contrey ficava sempre ao lado da companheira, como uma sombra protetora. Tess achou incrível o dom de Contrey. Ele podia fazer com que as pessoas vissem o que ele quisesse, criando uma ilusão por tempo o suficiente para matar alguém com uma espada. Tess agradeceu milhares de vezes à Reana, que tinha um rosto meigo em forma de coração. Já Contrey tinha o rosto duro e o olhar sempre protetor em cima da parceira. Tess não quis acompanhar os outros no almoço, por isso Alek, Krisa e Liam ficaram com ela enquanto treinava com seus novos dons do gelo. A linha mágica era fácil de achar agora, como se fosse natural, mas ela não conseguia controlar direito as rajadas gélidas ou a temperatura que descia a níveis preocupantes, criando camadas de gel