Ela sentiu o calor antes mesmo de acordar. Aos poucos, foi tomando conhecimento do mundo ao seu redor.
Estava deitada em algo macio e havia um cobertor por cima dela. Provavelmente havia uma lareira acesa ali perto, pois o fraco brilho avermelhado podia ser visto até de olhos fechados. E o calor. Ah, o calor era maravilhoso depois de quase ter morrido de frio num beco estúpido.
Ela abriu os olhos devagar. Estava no que parecia ser uma sala. Estava deitada num sofá com um grosso cobertor de pele de alce sobre si. Era uma sala pequena, cuja maior coisa ali era a lareira de pedra. Não era muito decorada, fora cortinas verdes nas janelas.
" Enfim acordou. " Uma voz veio detrás dela.
Ela tentou se virar, mas gemeu de dor. A região do estômago e as costelas estavam muito doloridas. Ela tocou a área e percebeu que haviam enfaixado seu abdômen.
O garoto se aproximou do sofá, entrando na visão da jovem. Ela quase perdeu o fôlego. Ele era lindo. Tinha os cabelos castanho-avermelhado e os olhos de um verde-esmeralda intensos. O cabelo caía em seu rosto, o que o deixava ainda mais bonito.
Ele se ajoelhou ao lado dela no chão. De perto, ela podia ver um aro negro nas íris dele, mas no olho direito havia um ponto em que o verde se misturava com cor de caramelo, tornando-o ainda mais belo.
" Como se sente?" Ele perguntou.
Ela se virou para ficar de barriga para cima e engoliu um gemido com a dor que acompanhou o movimento."Estou com menos frio, mas a dor não cedeu muito." Ela olhou para ele através dos cílios. " Obrigada. Se você não tivesse aparecido, eu com certeza seria um cadáver congelado."
"Não tem problema. " Ele disse, a voz parecia sempre ser dura. " Sou Alek."
Em qualquer outra situação, ela teria dito um nome falso mas sentia que devia pelo menos dizer o nome verdadeiro para o garoto que salvara sua vida. "Tess."
"Bom, Tess, durma. Estarei no quarto, aqui do lado, então grite se precisar de alguma coisa." Ele disse e se levantou. " Boa noite."
"Boa noite, Alek." Ela resmungou antes de fechar os olhos e adormecer instantaneamente.
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Finnick estava agoniado enquanto se movia de um lado para o outro no minúsculo apartamento que dividia com a irmã.
Ele sabia que não devia ter deixado ela ir sozinha ao baile, mas achou que seria mais fácil de entrar, pegar o colar e sair se ela estivesse sozinha.
Uma batida na porta o fez saltar. Algumas ruas longe dali, o relógio do templo batia seis horas da manhã.
Finnick correu para a porta e a escancarou sem pensar duas vezes. Dois soldados que ele reconheceu como do castelo do Lorde estavam parados à sua porta.
" Finnick Hayne?" Um deles perguntou.
" Sou eu." As palavras saíram engasgadas. Alguma coisa havia acontecido com sua irmã.
" Sou o capitão Matias Helmut, da guarda do castelo de meu lorde." O homem começou e o estômago de Finnick se afundou ainda mais. "Sinto muito, senhor, mas sua irmã, Tessalie Hayne, foi pega roubando um artefato precioso de minha senhora. Ela escapou do castelo com uma proeza que jamais vi, mas eu e meus homens a encurralamos num beco algumas quadras depois. "
Finnick interrompeu o homem. "Vá direto ao assunto, capitão. "
"Tessalie desafiou um de meus homens, o tenente Hernest Tolkien, e assim que ela entregou as jóias eu parti com meu grupo. Mas Hernest ficou e...segundo ele, bateu tanto nela que estava inconsciente quando ele saiu de lá. Eu voltei para procurar sua irmã, senhor, mas o corp...ela não estava mais lá. Achamos que ela foi levada por um qualquer, já sem vida. Sinto muito, senhor Hayne, mas presumo que sua irmã tenha falecido."
Finnick não sentia nada. Não conseguia. Ele estava estagnado. Não podia acreditar nas palavras do capitão. Morta. Não sua Tess, não ela que sempre fora tão mais esperta e habilidosa que ele. Não ela.
" O que fará com Hernest, capitão? " Ele perguntou, nenhuma emoção estava em sua voz.
" Hernest será punido com trinta e oito chicotadas. Se sobreviver, será mandado para o Muro dos Três Reinos. " O capitão respondeu com a voz tensa, os olhos intensamente sombrios.
Sem mais nada para dizer, Finnick assentiu e fechou a porta. Não se permitiria chorar ainda, mesmo que os olhos ardessem.
Só haviam três saídas para aquela situação.
Primeira, ela havia sido resgatada a tempo e estava viva. Mas ele achava a situação muito improvável.
Segunda, eles haviam prendido-na no castelo e a estavam torturando. Se fosse o caso, que a Deusa o ajudasse, mas ele derramaria cada gota de sangue preciso para tirar a irmã do castelo.
Terceira, ele não se permitia pensar naquela situação. Não podia pensar naquela saída que o capitão lhe dera. Mesmo não querendo, a palavra queimou em sua mente. Morta.
Ele desmoronou contra a janela, as lágrimas escorrendo por suas bochechas.
Morta.
Tess acordou com um barulho de metal contra metal. Ela abriu os olhos, alerta, e se levantou. Ignorou a dor no abdômen e olhou ao redor. Atrás do sofá onde estava, ela podia ver Alek na cozinha. Como se algo o chamasse, ele olhou na direção dela. "Com fome?" Ele perguntou. Como se esperasse o momento, seu estômago roncou alto. Tão alto que o garoto ouviu da cozinha. Ele riu. " Venha comer." Ela se levantou. Por um milagre, a dor na barriga e nas costelas havia diminuído consideravelmente. " O que colocou nessas bandagens?" Ela tocou a barriga. " Uma pomada para dor. Sou apre
Antes mesmo de acordar, ela viu as imagens da cabeça dele. Ele sonhava com campos que ela sabia e não sabia que eram de Varinth, o antigo lar de Alek. Ele corria sobre um cavalo branco absolutamente lindo. Mas aquilo era errado. Tess não conhecia os campos de Varinth e jamais havia montado num corcel daqueles. Ela acordou abruptamente e se sentou no sofá duro e desconfortável. A dor no estômago e nas costelas havia diminuído consideravelmente no último dia, devido aos cuidados de Alek. Ela ouviu passos apressados vindos do corredor e Alek surgiu na sala. Ele estava sem camisa, apenas com uma calça larga de veludo barato cinza. Seus cabelos estavam espetados e desajeitados. Ela percebeu que ele saíra correndo da cama--isso explicaria os olhos estranhamente alertas.
Tess acordou com um leve balanço. Algo rígido a segurava, percebeu. Ela abriu os olhos devagar e viu que um dos ogros a carregava. Ele tinha o nariz achatado, cabelos ralos e embaraçados e cicatrizes demais no rosto e nos braços. Devia ter quase dois metros de vinte de altura e era extremamente forte, como um mercenário de guerra. O ogro percebeu que ela o examinava e bufou. Gandor, que ia na frente, se virou e sorriu para ela. " Ora, olá garota-Tess. Estamos quase chegando. Sinto muito por ter que usar a Calicia em você, mas vocês dois não estão acostumados a viajar com Narlfe, por isso achei melhor que dormisse. Mas não perderam nada, essa viagem é especialmente chata. Solte-a, Nythu." O ogro ,Nythu, obedeceu e a pousou no chão.
Tess estava na varanda, apreciando a bela vista da terra feérica, quando ouviu passos entrando no quarto. Ela se virou e viu três mulheres, paradas ali, encarando-a. A primeira era uma ninfa gorducha que parecia ter meia-idade, com grossos cachos loiros na cabeça. A segunda era uma Anjana, que se parecia muito com uma humana, mas tinha a pele branca e perfeita demais para isso. Ela usava um vestido de seda rosa fluido e belo e tinha a cabeça adornada com uma coroa de flores coloridas. Já a terceira, era uma fada do tamanho do antebraço de Tess. Tinha cabelos arroxeados e a pele branca como porcelana. Usava um vestido lindo e verde, que combinavam com suas asas. " Ora, então é esta a menina? Mas que beleza! " A ninfa gargalhou. " Olá criança, meu nome é Therae e estas são Danara e Wi
As entranhas de Tess se remoíam enquanto ela se decidia se entrava ou não no salão de treinamento dos Gêmeos. Ela encarava a porta enorme de madeira branca, cujos arabescos dourados se misturavam às estruturas da parede também, parecendo magia. Ela não duvidava que fosse. Estava ali há pelo menos cinco minutos, decidindo entre entrar ou correr para longe dali. Mas por fim, ela juntou o que restava da coragem dela e abriu a porta. O salão era enorme, um pouco menor do que um salão de baile comum. Ela viu as três partes que dividiam o salão. A primeira era algo parecido com uma área de treinamento físico. A segunda era um tatame enorme e azul. Mas foi a terceira que chamou sua atenção. Era a maior área, pegando quase metade do salão
Cinco dias haviam se passado até que um deles demonstrasse os poderes. E não foi Tess, para o descontentamento dela. Os dois estavam parados ao lado de Dannaer havia quase três horas e Tess estava sinceramente pensando em desistir, mas Alek ameaçava amarrá-la à cama se tentasse fugir. Então, enquanto fechava os olhos e se concetrava de novo, Tess ouviu arquejos e sentiu um súbito calor. Alek tinha uma bola de fogo na mão e parecia prestes a desmaiar. Apague isso!Ela gritou. Então a bola de fogo foi extinta, deixando pessoas boquiabertas encarando os dois. " Bem, parece que só falta um elemento, se é que
Reana curou os ferimentos de Alek facilmente. Contrey ficava sempre ao lado da companheira, como uma sombra protetora. Tess achou incrível o dom de Contrey. Ele podia fazer com que as pessoas vissem o que ele quisesse, criando uma ilusão por tempo o suficiente para matar alguém com uma espada. Tess agradeceu milhares de vezes à Reana, que tinha um rosto meigo em forma de coração. Já Contrey tinha o rosto duro e o olhar sempre protetor em cima da parceira. Tess não quis acompanhar os outros no almoço, por isso Alek, Krisa e Liam ficaram com ela enquanto treinava com seus novos dons do gelo. A linha mágica era fácil de achar agora, como se fosse natural, mas ela não conseguia controlar direito as rajadas gélidas ou a temperatura que descia a níveis preocupantes, criando camadas de gel
Tess acordou com uma comoção, um burburinho constante, pela Academia. Ela estava de pé em um segundo ao ouvir passos do lado de fora de seu quarto. Uma cabeça de cabelos castanhos surgiu na porta. " Não vai acreditar quem está aqui!" A garota gritou. " Venha, você precisa vê-los." Tess gaguejou algo ininteligível e correu ao quarto de vestir. Colocou uma calça, uma túnica cinza e botas. Escovou os dentes enquanto Krisa penteava seu cabelo. Em menos de dois minutos as duas estavam correndo para o jardim principal. Tess quase derrubou um anão no meio do caminho. Ela gritou desculpas enquanto Krisa mandava ventos para impulsioná-las a ir mais rápido. Em menos de trinta segundos, as